Raiva Flashcards
Descrição 📝
Antropozoonose transmitida ao homem pela inoculação do vírus presente na saliva e secreções do animal infectado, principalmente pela mordedura e lambedura. Caracteriza-se como uma encefalite progressiva e aguda que apresenta letalidade de aproximadamente 100%.
Sinonímia
Encefalite rábica
Hidrofobia
Agente etiológico 💀
Familia: Rhabdoviridae
Gênero: Lyssavirus
Aspecto de projétil e genoma constituido por RNA
Antígenos principais do ag. etiológico
DE SUPERFÍCIE: constituído por uma glicoproteína, responsável pela formação de anticorpos neutralizantes e adsorção vírus-célula
INTERNO: constituído por uma nucleoproteína, que é grupo específico.
Gênero Lyssavirus
8 genótipos, sendo que o Genótipo 1 - Rabies vírus (RABV), o único presente na América Latina e no Brasil, pode ser expresso de acordo com o perfil, em 12 variantes antigênicas, conforme seus hospedeiros naturais
7 Variantes antigênicas no BR
✔ 1 e 2: isoladas em cães;
✔ 3: morcego hematófago Desmodus rotundus
✔ 4 e 6: de morcegos insetívoros Tadarida brasiliensis e Lasiurus cinereus.
Outras duas variantes encontradas em Cerdocyon thous (cachorro do mato) e Callithrix jacchus (sagui de tufos brancos) não são compatíveis com o painel estabelecido pelo Centers for Disease Control and Prevention (CDC), para estudos do vírus rábico nas Américas.
Reservatórios
⚜ Apenas mamiferos transmitem e são acometidos;
⚜ BR: caninos e felinos são as principais fontes de infecção na areas urbanas;
⚜ Quirópteros são os responsáveis pela manutenção da cadeia silvestre, porém outros mamiferos como: canídeos silvestres (raposas e cachorro do mato), felídeos silvestres (gatos do mato), outros carnívoros silvestres (jaritatacas, mão pelada), marsupiais (gambás e saruês) e primatas (saguis), também apresentam importância epidemiológica nos ciclos enzoóticos da raiva;
⚜ Na zona rural, a doença afeta animais de produção, como bovinos, equinos e outros.
Modo de Transmissão
- penetração do vírus contido na saliva do animal infectado pela mordedura, arranhadura e lambedura de mucosas;
- O vírus se multiplica no local de inoculação, atinge o SNP e posteriormente o SNC. Disseminando-se para vários órgãos e glandulas salivares, onde tambem se replica, sendo eliminado pela saliva das pessoas ou animais enfermos;
- 4 ciclos de transmissão: urbano, rural, silvestre aéreo e silvestre terrestre. o urbano é passivel de eliminação por se dispor de medidas eficientes de prevenção, tanto em relação ao homem quanto à fonte de infecção;
Período de incubação - infos gerais
Variável, vai desde dias até anos. Em kids tente a ser menor.
Está relacionado com a localização, extensão e profundidade da mordedura, arranhadura ou contato com salica; distância entre o local do ferimento, do cerebro e troncos nervosos; [] de partículas e cepa viral.
Período de incubação por espécie
Canina - 40 a 120 dias
Herbívora - 25 a 90 dias
Quiróptera - Prolongado (sem infos)
Período de Transmissibilidade
Cães e gatos: eliminação de vírus pela saliva ocorre de 2 a 5 dias antes do aparecimento dos sinais clínicos e persiste durante toda a evolução da doença. A morte do animal acontece em média entre 5 a 7 dias após a apresentação dos sintomas.
Não se sabe sobre animais silvestres
Susceptibilidade e imunidade
Todos mamíferos são susceptíveis
Imunidade por vacina, acompanhada ou não por soro. Logo, pessoas que se expuseram a animais suspeitos de raiva devem receber o esquema profilático
Manifestações Clínicas - pródromos
Após um período variável de incubaçaõ, surgem os pródromos, que duram em média 2 a 10 dias, e os sinais clínicos são inespecíficos.
O pct apresenta:
- mal-estar geral
- pequeno aumento de temperatura
- anorexia
- cefaleia
- náuseas
- dor de garganta
- entorpecimento
- irritabilidade
- inquietude
- sensação de angústia
Pode ocorrer linfoadenopatia, por vezes dolorosa à palpação, hipestesia e parestesia no trajeto de nervos periféricos, próximos ao local da mordedura, bem como alterações de comportamento.
Manifestações clínicas
- ansiedade e hiperexcitabilidade crescentes
- febre
- delírios
- espasmos musculares involuntários, generalizados, e/ou convulsões.
Espasmos dos músculos da laringe, faringe e língua ocorrem quando o paciente vê ou tenta ingerir líquido, apresentando sialorreia intensa. Os espasmos musculares evoluem para um quadro de paralisia, levando a alterações cardiorrespiratórias,
retenção urinária e obstipação intestinal.
Observa-se, ainda, a presença de disfagia, aerofobia, hiperacusia, fotofobia.
O paciente se mantém consciente, com período de alucinações, até a instalação de quadro comatoso e a evolução para óbito. O período de evolução do quadro clínico, depois de instalados os sinais e sintomas até o óbito, é, em geral, de 2 a 7 dias.
O PCT COM RAIVA FURIOSA E/OU PARALÍTICA DEVE SER ISOLADO E A EQUIPE MÉDICA DEVERÁ USAR EPI
Diagnóstico Laboratorial ⚠
✔ Imunofluorescência direta nas amostras da mucosa lingual (swab) ou tecido bulbar de folículos pilosos, obtidos por biópsia de pele da região cervical. A sensibilidade dessas provas é limitada e, quando negativas, não se pode excluir a possibilidade de infecção;
✔ Prova biológica - isolamento do vírus através da inoculação em camundongos ou cultura de células;
✔ Detecção de anticorpos no soro ou nó LCR, pela técnica de soroneutralização em cultura celular, em pcts sem antecedentes de vacinação;
✔ PCR
Diagnóstico Diferencial
transmitida por morcegos hematófagos, cuja forma é predominantemente
paralítica, o diagnóstico é incerto e a suspeita recai em outros agravos que podem ser confundidos com raiva humana:
✔ tétano;
✔ pasteurelose, por mordedura de gato e de cão;
✔ infecção por vírus B (Herpesvirus simiae),
por mordedura de macaco;
✔ botulismo e febre por mordida de rato (Sodóku);
✔ febre por arranhadura de gato (linforreticulose benigna de inoculação);
✔ encefalite pós-vacinal;
✔ quadros psiquiátricos; outras encefalites virais, especialmente as causadas por outros rabdovírus;
✔ tularemia.
Cabe salientar a ocorrência de outras encefalites por arbovírus e intoxicações por mercúrio, principalmente na região Amazônica, apresentando quadro de encefalite compatível com o da raiva.
No exame físico, frente à suspeita clínica, observar atentamente o fácies, presença de hiperacusia, hiperosmia, fotofobia, aerofobia, hidrofobia e alterações do comportamento.
TTO
Protocolo de Recife (2008) é um Protocolo de Milwaukee (2004) adaptado ao BR.
PR connsiste em: indução de coma, uso de antivirais e reposição de enzimas, além da manutenção dos sinais vitais do paciente. Sua aplicação deve ser orientada diretamente pela equipe da SVS/MS
Características epidemiológicas
Ocorre em todos continentes, com exceção da Oceania e Antártida. É endêmica na maioria dos países africanos e asiáticos.
Ultimos casos variantes 1 e 2 BR:
- 1981 na Região Sul;
- 2001 na Região Sudeste;
- 2004 na Região Norte;
- 2013 na Região Nordeste;
- 2015 na Região Centro-Oeste.
2016 zerou
Objetivos da vigilância Epidemiológica
- Investigar todos os casos suspeiros de raiva humana e animal, assim como determinar sua fonte de infecção, com busca ativa de pessoas sob exposição de risco ao vírus rábico;
- Determinar as áreas de risco para raiva;
- Monitorar a raiva animal, com intuito de evitar ocorrência de casos humanos;
- Realizar e avaliar os bloqueios de foco;
- Realizar e avaliar as campanhas de vacinação antirrábica de caninos e felinos;
- Propor e avaliar as medidas de prevenção e controle;
- Realizar ações educativas de forma continuada.
Caso Suspeito
Todo paciente com quadro clínico sugestivo de encefalite, com antecedentes ou não de exposição à infecção pelo vírus rábico
Caso Confirmado
Critério laboratorial: caso suspeito com sintomatologia compatível, para a qual a IFD, ou PB, ou PCR, foi positiva para raiva.
Critério clínico-epidemiológico: paciente com quadro neurológico agudo (encefalite), que apresente formas de hiperatividade, seguido de síndrome paralítica com progressão para coma, sem possibilidade de diagnóstico laboratorial, mas com antecedente de exposição a uma provável fonte de infecção.
Nos casos em que a suspeita da raiva humana for mencionada após óbito, sem diagnóstico laboratorial, a possibilidade de exumação deve ser considerada, pois há técnicas laboratoriais disponíveis que apresentam grande sensibilidade e especificidade.