Leptospirose Flashcards
Ag. Etiológico
Bacteria Leptospira
Ordem: Spirochaetales
Família: Leptospiraceae
Gênero: Leptospira
Aeróbia estrita
Forma: helicoidal, muito finas. Extremidades encurvadas. Grande motilidade.
Quais são os principais reservatórios no meio urbano?
Os principais são os roedores (especialmente o rato de esgoto)
Outros reservatórios são: suinos, bovinos, equinos, ovinos e cães.
Qual o papel do homem no ciclo?
Hospedeiro terminal e acidental
Infecta-se ao entrar em contato com a urina de animais infectados de modo direto ou indireto, por meio do contato com agua, lama ou solo contaminados.
Padrões epidemiológicos no Brasil
1) doença de distribuição endêmica no País, com ocorrência durante todos os meses do ano e com coeficiente médio de incidência anual de 1,9/100.000 habitantes;
2) epidemias urbanas anuais, principalmente em comunidades carentes, pós-enchentes e inundações, onde se encontra a maioria dos casos anuais detectados;
3) surtos em áreas rurais, ainda pouco detectados pelos sistemas de vigilância, principalmente em locais de cultura de subsistência, como em plantadores de arroz, na região de Várzea Alegre, Ceará, 2009, onde foram confirmados 68 casos;
4) surtos relacionados à ocorrência de desastres naturais de grande magnitude, como inundações ocorridas no Acre em 2006 (470 casos) e em Santa Catarina em 2008 (496 casos; dados preliminares de abril, 2009).
Tempo de incubação
1-30 dias
Mais frequente de 5-14 dias
Fase Precoce (leptospirêmica)
Maior parte das formas clínicas (90%), a menor parte dos casos é identificada
Características Clínicas da fase Precoce
Inicio subito de:
- Febre;
- Cefaleia;
- Mialgia;
- Anorexia;
- Náuseas;
- Vômitos.
Pode ocorrer: diarreia, artralgia, hiperemia ou hemorragia conjuntival, fotofobia, dor ocular e tosse.
Exantema ocorre em 10-20% e apresenta componentes de eritema macular, papular, urticariforme ou purpurico, distribuidos no tronco ou região pré-tibial.
Hepatoesplenomegalia e lingadenopatia são menos comuns (< 20%)
Tende a ser autolimitada e regride em 3-7 dias sem deixar sequela.
Cite um achado característico de leptospirose na fase precoce.
Sufusão conjuntival é observado em cerca de 30% dos pacientes.
Aparece no final da fase precoce da doença e é caracterizado por hiperemia e edema da conjuntiva ao longo das fissuras palpebrais.
Com a progressão da doença, os pacientes também podem desenvolver petéquias e hemorragias conjuntivais.
Fase tardia (imune)
10-15% evoluem para manifestações graves, que se iniciam após a primeira semana de doença, mas pode ocorrer mais cedo, especialmente em pcts com apresentações fulminantes.
A manifestação clinica grave é a SINDROME DE WEIL e a SINDROME DE HEMORRAGIA PULMONAR.. Podem ocorrer em pcts anictéricos.
Tríade da Sindrome de Weil
- Icterícia;
- Insuficiência renal;
- Hemorragias (mais comumente pulmonar).
Podem apresentar concomitantemente ou isoladamente na fase tardia.
Letalidade da leptospirose no Brasil
10%
nos casos de hemorragia pulmonar: > que 50%
Características Clínicas da fase Tardia
Icterícia é um sinal característico e tipicamente apresenta tonalidade alaranjada muito intensa (rubínica), em geral aparece entre o 3º e o 7º dia. Preditor de mal diagnóstico devido à associação com a Sd de Weil.
Pode ocorrer IRA em 16-40%, caracteriza-se por não ser oligúrica e hipocalêmica devido à inibição de reabsorção de sódio e consequente perda de potássio. No inicio, o debito urinário é normal ou elevado, a creatinina e ureia aumentam e o pct pode desenvolver hipocalemia moderada a grave. Com a perda do volume intravascular, passa a ter oliguria devido à azotemia pré-renal, necessitando de diálise
Dependendo da gravidade, os sinais vitais deverão ser monitorados a cada 3h
Apresentação de comprometimento pulmonar
- Tosse seca;
- Dispneia;
- Dor torácica;
- Cianose;
- Expectoração hemoptoica: quando franca, denota extrema gravidade e pode ocorrer de forma súbita, levando a insuficiência respiratória e óbito.
Deve-se suspeitar de forma pulmonar grave em pcts com febre e sinais de insuficiência respiratória, independente da presença de hemoptise. Pode causar SDRA, mesmo sem sangramento.
Pode causar outros tipos de diátese hemorrágica, frenquentemente associados à trombocitopenia. Podem ocorrer petequias, equimoses, sangramentos no local de venopunção, nas conjuntivas e em outras mucosas, incluvise no SNC.
Outras manifestações da forma grave
- Miocardite, acompanhada ou não de choque e arritmias agravadas por distúrbios eletrolíticos;
- Pancreatite;
- Anemia;
4 Distúrbios neurológicos como confusão, delírio, alucinações e sinais de irritação meníngea (meningite asseptica).
Com menor frequência ocorrem: encefalite, paralisias focais, espasticidade, nistagmo, convulsões, distúrbios visuais de origem central, neurite periférica, paralisia de nervos cranianos, radiculite, síndrome de Guillain-Barré e mielite.
Fase da Convalescença
Astenia e anemia podem ser observadas.
Leptospirúria pode continuar por uma semana ou, mais raramente, por vários meses após o desaparecimento dos sintomas.
A icterícia desaparece lentamente, podendo durar dias ou semanas.
Os níveis de anticorpos, detectados pelos testes sorológicos, diminuem progressivamente, mas, em alguns casos, permanecem elevados por vários meses. Não deve ser interpretado como uma infecção prolongada.
Uveíte unilateral ou bilateral, caracterizada por irite, iridociclite e coriorretinite, pode ocorrer até 18 meses após a infecção, podendo persistir por anos.
Caso Suspeito
Individuo com febre, cefaleia e mialgia, que apresente pelo menos um dos critérios.
Caso Suspeito - Critério 1
antecedentes epidemiológicos sugestivos nos 30 dias anteriores à data de início dos sintomas:
• exposição a enchentes, alagamentos, lama ou coleções hídricas
• exposição a esgoto, fossas, lixo e entulho
• atividades que envolvam risco ocupacional como coleta de lixo e de material para reciclagem, limpeza de córregos, trabalho em água ou esgoto, manejo de animais, agricultura em áreas alagadas
• vínculo epidemiológico com um caso confi rmado por critério laboratorial
• residir ou trabalhar em áreas de risco para a leptospirose
Caso Suspeito - Critério 2
pelo menos um dos seguintes sinais ou sintomas:
• sufusão conjuntival
• sinais de insuficiência renal aguda (incluindo alterações no volume urinário)
• icterícia e/ou aumento de bilirrubinas
• fenômeno hemorrágico
SINAIS DE ALERTA
um mias
- Dispneia, tosse e taquipneia
- Alterações urinárias, geralmente oligúria
- Fenômenos hemorrágicos, incluindo hemoptise e escarros hemoptoicos
- Hipotensão
- Alterações do nível de consciência
- Vômitos frequentes
- Arritmias
- Icterícia
Conduta quando sinais de alerta presentes
1) Se o paciente apresentar um ou mais dos sinais de alerta acima relacionados, deve-se indicar a internação, iniciar a antibioticoterapia e as medidas de suporte direcionadas para os órgãos-alvo acometidos, principalmente pulmões e rins.
2) Os pacientes que não apresentarem sinais de alerta poderão ser tratados ambulatorialmente. A antibioticoterapia é indicada sempre que há suspeita do diagnóstico de leptospirose. Alguns trabalhos sugerem que sua efetividade é maior quando iniciada no início da doença, na primeira semana de início dos sintomas, porém sua indicação pode ser feita em qualquer momento da doença.
3) Os pacientes que não apresentarem sinais de alerta deverão ser orientados quanto à hidratação, uso de sintomáticos e busca por atendimento médico para reavaliação após 24 a 72 horas, ou retorno, a qualquer momento, se constatarem o aparecimento de sinais de alerta ou piora do quadro clínico.