Neuropatias Hereditárias Flashcards
Quando suspeitar de neuropatia hereditária?
- neuropatias crônicas com predomínio distal (sensitivo ou motoras) + reflexos diminuídos e deformidades em pés
- menos queixas sensitivas positivas
- evolução lenta
Tipos CMT
CMT 1 = desmielinizantes e autossômico dominantes
CMT2 = axonais (dominantes)
CMT3 = Dejerine-Sottas
CMT4 = recessivos e desmielinizantes
CMTX = padrão intermediário
Acomete 1:2500 pessoas (hereditária mais comum)
CMT - Quadro clínico
- polineuro lentamente progressiva, comprimento-dependente, simétrica, com fraqueza motora e atrofia predominantes mais do que alt sensitivas + deformidades (pé cavo, dedos em martelo -> atrofia mm intrínseca)
- pelo menos 1/3 com início na primeira infância (geralmente formas recessivas) até formas em adultos mais velhos (ex. CMT2)
- formas recessivas podem ser mais rapidamente progressivas, mimetizando CIDP principalmente em crianças
- outros sintomas: neuropatia óptica (MFN2), nefropatia (INF2), acometimento SNC (GJB1), perda auditiva
- bx: bulbo de cebola
- Qt podem descompensar CMT - ex. vincristina, taxanos
CMT - Genética
Principais mutações (90% de todos os dx):
- CMT1A -> PMP 22 duplicação (também da HNPP, mas deleção) - 70% dos casos de CMT1
- CMT1B -> MPZ
- CMT1X -> variações GJB1
- CMT2A -> MFN2
Painéis, exoma ou genoma completo -> exoma pode perder deleções, duplicações (ex. CMT1A), variantes intrônicas, e repetições de trinucleotídeos
CMT - Considerações pediátricas
- formas neonatais (podendo ter acometimento respiratório e bulbar) , infantis (Dejerine-Sottas = CMT 3)
- suspeitar em quadros de distúrbios da marcha, atraso no desenvolvimento motor com linguagem e cognição normais
CMT Desmielinizantes (CMT1)
ENMG: velocidades de condução motora < 38m/s - alguns subtipos de CMT podem ter bloqueio de condução e dispersão temporal - ex. GJB1*, FIG4, PCK2, mas raro em causas hereditárias
DD: CIDP
- CMT1A = mais comum (37% de todos CMT)
- autossômica dominante por duplicação do gene PMP22 (proteína estrutural da bainha de mielina)
- geralmente início nas 1as duas déc de vida
- deformidades em até 90% (pés, atrofia em garrafa de champagne)
- história familiar geralmente negativa
- nn palpáveis fora de pontos de entrapment
- formas atípicas CMT1A = hipotonia em crianças ou late-adulto-onset, raramente acometimento VIII - CMT1B = variações MPZ - clinicamente similar ao CMT1A mas também com fenótipos intermediários e later-onset axonal
CMT axonais (CMT2)
- 30% dos confirmados geneticamente
- apresentação clínica similar, mas com início mais tardio
- CMT2A = mais comum autossômico dominante (3-4% dos CMT); mut MFN2 - pode apresentar neuropatia óptica, déficit auditivo, paralisia de corda vocal, fraqueza diafragmática, sinais de NMS
CMT recessivas (CMT4)
- < 10% dos CMT
- geralmente desmielinizante
- idade de início mais precoce e curso mais progressivo
- também com fraqueza proximal (além de distal) + escoliose
- variações SORD = uma das mais comuns - quadro predominantemente motor, pode ser axonal, fraqueza para flexão plantar
CMT ligado ao X (CMTX)
- 10-15% dos CMT
- dominantes e recessivos
- CMTX1 = dominante, 2o CMT mais comum (após CMT1A), quadro mais grave em homens; variações GJB1
Quadro clínico similar CMT1A, mas de início na adolescência, com fraqueza e atrofia tentar proeminentes; pode estar associado a eventos stroke-like ou ADEM-like = déficits neurológicos transitórios e alterações reversíveis de substância branca (centro semioval simétrico, corpo caloso)
HNPP
- neuropatia hereditária sensível a pressão
- mononeuropatias episódicas, indolores, multifocais em sítios de compressão
- maior parte dos casos: mutação autossômica dominante deleção PMP22 - penetrância incompleta
- prevalência: 7,3-15 a cada 100 mil pessoas (uma das neuropatias hereditárias mais comuns)
- início na adolescência ou adultos jovens normalmente
- história familiar normalmente presente
- nn mais afetados: peroneal > ulnar > mediano; plexopatia braquial em 1/3, neuropatias cranianas raras
- resolução em poucas semanas, mas pode deixar sequelas
- ENMG: redução velocidade focal em sítios de compressão, por vezes com bloqueio de condução
- Bx (raramente necessária): tomacula = camadas irregulares de mielina resultando em segmentos hipertróficos em aspecto de salsicha
- T: evitar compressão
- DD: CIDP multifocal, NMM, vasculites, DM
Neuropatia Motora Hereditária (HMN/SMAd)
- envolvimento somente motor e predomínio distal
- qualquer padrão de herança
- fraqueza e atrofia comprimento dependentes lentamente progressivas com reflexo ausente ou diminuído nas primeiras 2 déc de vida
- geralmente sem sintomas bulbares ou respiratórios
- nova forma recessiva COQ7 - com sinais de NMS -> potencialmente tratável (deficiência tecidual de Coq10)
- DD: ELA e AME - mas os achados neurogênicos crônicos são distais e simétricos nas neuropatias motoras hereditárias; CMT axonal, SPG, miopatia distal
Neuropatia Hereditária Sensitiva e Autonômica (HSAN)
- acometimento sensitivo - motor e autonômico variável
- ulcerações cutâneas graves, alguns com insensibilidade a dor, outros com dor radicular/neuropática intensas, eritromelalgia = dor e eritema sensíveis a temperatura
- autossômicas dominantes ou recessivas
- HSAN1 = mais comum - geralmente causada por mutações missense no gene SPTLC1 ou SPTLC2 (dominantes) -> ferimentos indolores na adolescência, às vezes com necessidade de amputar o membro + artropatia Charcot
T em SPTLC1 = oral l-serine (menor produção de desoxifingolipidios neurotóxicos) - HSAN2-6 e 8 = recessivas
- HSAN2 = insensibilidade a dor e anosmia na infância
- HSAN3 (Riley-Day síndrome) = disfunção autonômica proeminente de início ao nascimento
- HSAN4 = prejuízo intelectual e anidrose com hipertermia grave
ENMG: redução amplitudes dos potenciais sensitivos
DD: hanseníase
Outros diferenciais genéticos que cursam com neuropatias
- paraplegias espásticas hereditárias - podem ter continua com CMT e neuropatias motoras hereditárias
- SCA - ex. SCA 4 com neuropatia sensitiva axonal
- ataxia Friedreich - acometimento coluna dorsal
- ataxia-telangiectasia (coreoatetose, imunodeficiência) - neuropatia sensitivo-motora axonal distal
- neuropatia axonal gigante - gene GAN - neuropatia + ataxia/nistagmo + sintomas bulbares + dismotilidade TGI + cabelo enrolado + sinais NMS
- CANVAS (expansão intrinca RFC1) - neuropatia semelhante a Friedreich + tosse crônica e sintomas vestibulares/cerebelares
- doenças mitocondriais, lisossomais (Fabry, Krabbe, leucodistrofia metacromática)
- amiloidose TTR
Fabry
- lisossomal, ligada ao X, alfa galactosidase A
- neuropatia de fibras finas (pode ter anestesia), ENMG pode ser normal
- hipo/hiperhidrose, angioqueratomas, córnea verticiliata, crises de dor lancinante em mãos (acroparestesia)
- meninos, pré adolescentes
- com tratamento modificador de doença