Miastenia Gravis Flashcards

1
Q

Miastenia Gravis - Epidemiologia

A
  • rara - 4-12 casos novos por 1 milhão hab por ano
  • prevalência: 278 casos por milhão
  • bimodal - mulher jovem (20-30 anos) e homem velho (40-60 anos)
  • 80-85% anticorpos Anti AchR +
  • 5% miastenia soronegativa
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2
Q

Estruturas da junção neuromuscular

A
  • CHAT = acetilcolinotransferase (enzima que unifica moléculas de colina e acetil em Ach que vai ser armazenada em vesículas)
  • VGCC = canal que permite influxo Ca para liberação vesículas
  • acetilcolinesterase = enzima na fenda sináptica que metaboliza Ach; fica ancorada na COLQ
  • pós sinápticas: receptor de Ach, MuSK, LRP4, DOK-7
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3
Q

Fisiologia JNM

A
  • despolarização do neurônio motor-> abertura dos VGCC com influxo de Ca -> liberação vesículas Ach na fenda -> liga-se ao AchR
  • AGRINA se liga ao LRP-4 e junto ao MuSK integram e estabilizam sinal do AchR -> despolarização muscular via influxo de sódio
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4
Q

Fisiopatologia Doenças JNM

A
  • miastenia gravis: Ac anti AchR - 1ª leva de vesículas (fadiga após 1-2 min); contração voluntária curta (10s) estimula influxo de Ca com liberação de 2ª leva de vesículas, havendo uma melhora transitória
    Teste do gelo: inibe acetilcolinesterase, prolonga abertura dos canais, reduz limiar de despolarização
  • Anti MuSK e miastenia congênita (exceto mut AchR): pouca resposta a piridostigmina porque não adianta aumentar biodisponibilidade de Ach
  • Lambert Eaton: Ac anti VGCC; pouca resposta a piridostigmina; melhor resposta a 3-4 diaminopiridina = diminui limiar despolarização do canal de Ca
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5
Q

Patogenia Anti Ach

A
  • Anticorpo anti Ach - patologia tímica com timoma (10-15%) ou hiperplasia folicular (70%) -> timo é o local de sensibilização e perpetuação - linfócitos B dentro do timo produzindo Ac
    No timoma -> prod céls T reativas que estimulam linf B da periferia; pacientes mais velhos e geralmente maior refratariedade
  • Ac positivo em 80-85% forma generalizada e 70% forma ocular
  • concentração total Ac não se correlaciona com gravidade da doença
  • subtipos Ac anti-Ach IgG1: ligador, modulador e bloqueador
    Ac classe IgG1 e IgG3 também ativam a cascata de complemento -> alisamento da placa com down regulation de receptores = atrofia mm progressiva
  • falsos positivos - mais comuns se baixos títulos: LES, Hashimoto, AR, fibrose pulmonar idiopática, eosinofilia primária, hepatite autoimune e doença granulomatose
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6
Q

Patogenia dos outros Ac

A
  1. Anti MuSK
    - 1-10% dos pacientes com MG; desencadeador é desconhecido
    - Ac da classe IgG4
    - resposta Th2 principalmente, mas também Th1 e Th17
    - bloqueia interação MuSK e LRP4 -> diminuição densidade de AchR
  2. Anti LRP4
    - 1-5% dos pacientes
    - Ac classe IgG1 = ativa complemento
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7
Q

Quadro Clínico

A
  • fadigabilidade
  • início com acometimento ocular 60% (ptose assimétrica, diplopia principalmente por acometimento reto medial), 15% bulbar (fala nasal, rouquidão, dificuldade de mastigação e para fechar mandíbula, tosse), 25% generalizada
  • fraqueza de flexores > extensores do pescoço
  • dor e mialgia são incomuns
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8
Q

Formas Clínicas - Critérios

A
  • curso: ocular puro (10-20% dos pacientes com MG) ou generalizada ou sintomas bulbares
  • idade: antes da puberdade, início precoce (antes 40-50 anos) ou tardio (pós 50 anos)
  • tipo de Ac
  • patologia do timo
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9
Q

Fenótipos

A
  • início precoce: mais mulheres, maior positividade anti Ach, timo hiperplásico, associação com doenças auto imunes, HLA-DR3 e B8
  • início tardio/relacionado a timoma: forma ocular ou generalizada, curso mais grave, timo pode ser atrófico ou involuído nos de início tardio, HLA-B7, DR2 ou DR4 ou DQw8 no início tardio, sem HLA nas formas relacionadas a timoma
  • forma ocular pura (20% dos pacientes): 50% com Anti AchR positivo, mais comum em asiáticos
  • forma anti-MuSK (5-10%): 40% dos pacientes anti AchR negativos, mulheres, acometimento bulbar mais proeminente, fraqueza mais axial (extensores do pescoço = dropped head), menor comprometimento ocular, atrofia mm (língua trissulcada), responsivo a imunossupressores (exceto azatioprina), pouca resposta a piridostigmina, fraqueza respiratória proeminente, sem relação com timoma, IgG4 que não ativa complemento
  • anti-LRP4: mulheres, formas leves
  • MG soronegativa: clinicamente heterogênea
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10
Q

Diagnóstico

A
  • teste do gelo (aumento 2 mm na fenda após 2 min) - sensibilidade 80-100% se ptose
  • anti AchR ligador (mais sensível) - sensibilidade 75-90% (se ocular puro 50%) e anti MuSK (metade dos pacientes negativos para anti Ach)
  • ENMG estimulação repetitiva (sensibilidade 60%) ou fibra única (82-99%) - ver instabilidade da junção (jitter - mas especificidade ruim, pode se alterar em miopatia, doença neurônio motor)
  • teste de neostigmina 1mg em adultos - esperar 5 min ou teste do edrofônio (71-95%)
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11
Q

Fenótipos Atípicos

A
  • Anti- Ach com fenótipo que lembra anti-MUSK
  • Anti- Ach com fraqueza distal e padrão pseudo miopático
  • MG relacionada a Ac anti músculo estriado - principalmente late onset sem timoma (ex. titina, rianodina e Kv 1.4)
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12
Q

ENMG

A
  1. Estimulação repetitiva baixa frequência (2-3Hz)
    - Individuos normais: diminuição da liberação de Ach = diminuição dos PPM (pot placa motora), mas que não é menor que o limiar de excitabilidade do pot ação da fibra muscular -> PAMC não muda
    - Distúrbios JNM: diminuição dos PPM excede o limiar -> não é disparado pot ação em algumas fibras = queda PAMC progressiva = decremento > 10%
  2. Estimulação repetitiva alta frequência (30-50Hz)
    - Normais ou pós sinápticos: incremento até 40%
    - Botulismo 40-60% e Eaton > 60-100%
    - equivale à contração voluntária = abertura canais Ca
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13
Q

Diagnóstico Diferencial

A
  • miastenia congênitas - ptose simétrica sem resposta a imunoterapia
  • Lambert Eaton
  • doenças da tireoide
  • distrofias óculo faríngeas
  • miopatias (ex. mitocondriais) - pouca diplopia, pouca flutuação
  • doença do neurônio motor
  • doença cerebrovascular
  • doença desmielinizante
  • toxinas
  • SGB
  • botulismo
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14
Q

Manejo na Descompensação Aguda Leve/Moderado

A
  • identificar e tratar desencadeantes (infecções, cirurgias, medicamentos)
  • forma ocular pura: excluir acometimento de outros pares (neuroimagem), teste do gelo, iniciar piridostigmina 30mg 4xd e postergar corticoide - início ambulatorial e dosar Ac
  • forma generalizada: considerar internação para fechar dx com ENMG ou Ac, iniciar piridostigmina 30-60mg 4xd e corticoide 10mg/dia até dose 1mg/kg lentamente
  • corticoide piora nas primeiras 1-2 sem
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15
Q

Manejo na Descompensação Grave

A
  • sinais de alarme: uso de mm acessória, taquipneia, taquicardia ou dessaturação, disfagia (teste copo d’água), fala entrecortada, fraqueza mm cervical (sustenta < 30s), tosse ineficaz, incapacidade de contar até 15 em fôlego único
  • CV < 20 mL/kg, Pinsp < - 30cmH20 ou Pex < 40cmH20 para avaliar necessidade de IOT ou VNI (BiPAP para pacientes que consigam manejar secreções da via aérea)
  • identificar e tratar desencadeantes (infecções, cirurgias, medicamentos)
  • piridostigmina 30-60mg 4xd + corticoide 1mg/kg + IVIG 400mg/kg/dia por 5 dias ou 2g/kg dose total em 2-5 dias ou PLEX
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16
Q

Manejo na Crise Miastênica

A
  • crise miastênica (15-20% dos pacientes com MG vão apresentar durante a vida) = insuficiência respiratória secundária à fraqueza mm respiratória e bulbar/via áerea superior com necessidade de IOT
  • maior risco: MG início tardio, infecção
  • mortalidade 4-10%
  • identificar e tratar desencadeantes (infecções, cirurgias, medicamentos)
  • suspender piridostigmina (para diminuir secreções) + corticoide 1mg/kg durante ou após terapia imune (PLEX tem efeito mais rápido, melhor resposta em anti MuSK)
  • se refratariedade: pode-se repetir IVIG ou tentar mudar a estratégia; rituximab como alternativa
17
Q

Medicamentos que pioram MG

A
  • ATB (quinolonas, amonoglicosídeos, clindamicina, polimixina, macrolídeos, nitrofurantoína)
  • medicamentos que contenham Mg
  • toxina botulínica
  • IFN alfa, cloroquina
  • penicilamina
  • beta bloqueadores, inibidores canal Ca
  • bloqueador neuromuscular (succinil)
  • inibidores checkpoint
18
Q

Tratamento Ambulatorial

A
  • 1a linha: piridostigmina (até 120mg 4xd) e corticoide (iniciar 20mg/dia e aumentar 5mg a cada 5d até 60mg/dia ou até 1mg/kg)
  • desmame após estabilidade clínica - se dose até 7,5mg e sem efeitos colaterais, pode-se manter só CE. Mas 1/3 dos casos são refratários -> necessário associar imunossupressor
  • Hb glicada, aval PA + DEXA scan e aval Oftalmo anual + reposição Ca e vit D
19
Q

Imunossupressores

A

1a linha: azatioprina: iniciar 50mg/dia e aumentar até 150mg/dia -> início ação em 6m
- hemograma, ALT e AST 1-4x no 1o mês, mensal por 6m e depois a cada 3m
- ajustar dose se adm com allopurinol ou sulfalazina
- ajuste de dose/troca se leuco < 3000, neutrófilos < 1000 ou transaminases > 3x VR

2a linha: trocar imunossupressor (micofenolato, MTX, tacrolimus, ciclosporina) // RTX (30% em Ach e 70% em MuSK)
3a linha: eculizumab (inibidor de complemento), IVIG ou PLEX mensal, RTX para Ach+ ou ciclofosfamida

Estabilidade 3-5 anos -> pode-se considerar redução de dose

20
Q

Rituximabe

A
  • maior benefício em anti-MusK
  • 2021 BEATMG: RTX para casos refratários, desfecho negativo
    Mas estudo JAMA -> parece haver efeito se início precoce e em late-onset (> 60a)
  • monitorar hemograma, perfil metabólico, contagem CD19
21
Q

Eculizumabe e Ravalizumabe

A
  1. Eculizumabe
    - Ac monoclonal contra C5 do complemento
    - 2017 REGAIN - melhora de desfechos secundários
    - indicado para Anti-AChR generalizada
    - 900mg/sem por 4 semanas e após 1200mg a cada 2 sem
    - início de ação em 2 sem e máx em 3m
    - susceptibilidade a infecção por encapsulados - vacinar 2 sem antes da infusão
  2. Ravalizumabe
    - inibidor de C5 de ação prolongada
    - CHAMPION-MG
    - melhora rápida (2 sem) e sustentada
    - indicado para Anti-AChR generalizada
    - 2400-3000mg baseado no peso -> 3000-3600mg após 2 sem da dose inicial e após a cada 8 semanas
    - mesma susceptibilidade a infecções

Ambos: pacientes com MG em uso de CE + pelo menos um imunossupressor sem controle da doença ou com uso recorrente de IVIG/PLEX ou MG rapidamente progressiva

22
Q

Outros tratamentos

A

Zilucoplan
- peptídeo sintético que previne clivagem de C5
- SC 1xd
- em processo de avaliação FDA
- estudo fase 3 RAISE

Efgartigimod:
- Inibidor FcRn - ADAPT
- Risco de infecções respiratórias e do trato urinário
- Monitorar hemograma (neutropenia)

23
Q

Miastenia na Gravidez

A
  • mesmo tratamento, incluindo manutenção de azatioprina
24
Q

Timectomia

A
  • se timoma sempre
    Sem timoma:
  • anti Ach; contraindicada para anti-MuSK e forma ocular pura
  • 18-65 anos
  • uso de prednisona
  • < 5 anos de doença
    Efeito após 1 ano + aumenta a chance de remissão

No pré-op: CE na menor dose possível para melhorar cicatrização + PLEX/IVIG de MG generalizada grave, comprometimento bulbar ou respiratório (CVF < 70%)

25
Q

Terapia Não Farmacológica

A
  • atividade física: pacientes não graves e estáveis; evitar aeróbicos resistência (natação, bike); preferir exercícios de média intensidade intercalados com períodos de repouso
  • fadiga: 80% casos - CBT, atividade física, aval sono, controle de dor e humor
26
Q

MG refratária

A
  • 10 a 15% dos pacientes com MG generalizada
  • falência de resposta ou intolerância a CE + ao menos 1 imunossupressor em dose e duração adequadas ou impossibilidade de reduzir imunoterapia sem recidiva clínica
  • T: inibidores de complemento, RTX, ciclofosfamida, efgartigimod
27
Q

Tratamento Anti-MuSK

A

CE, RTX e PLEX