Canalopatias Flashcards
1
Q
Miotonias Não Distróficas
A
- raras, prevalência < 1 - 100 mil
- miotonia congênita (CLCN1 = perda de função), paramiotonia congênita e miotonia de canal Na (SCN4A = ganho de função)
- sintomas nas primeiras 2 dec: rigidez muscular = miotonia, fadiga e dor
- em crianças sintomas mais graves: marcha anormal, miotonia de pálpebra ou extraocular, estrabismo, estridor, engasgos, laringoespasmo em SCN4A e escoliose, contraturas e alterações de marcha em CLCN1
2
Q
Miotonia Congênita
A
- CLCN1 gene
- autossômica dominante (Thomsen) ou recessiva (Becker)
- pode haver heterogeneidade clínica
- hipertrofia muscular, miotonia de ação (durante movimento voluntário rápido), warm-up
- face menos afetada, mais em MMII
- fenótipo hercúleo
- T: mexiletine mas não disponivel no Brasil; ranolazina
3
Q
Paramiotonia Congênita
A
- SCN4A mutações missense cromossomo 17 - autossômica dominante
- piora dos sintomas com jejum, frio (mais exuberante) e repouso após exercício
- paramiotonia: piora com movimento (diferentemente da miotonia = warm up), acomete mais face
- podem ter fraqueza muscular durando várias horas até 2 dias após ex
- costumam ter muita dor - boa resposta a relaxante muscular (ex. tizanidina)
4
Q
Miotonias do Canal de Na ou Agravadas por K
A
- SCN4A
- primeira década de vida, sem sensibilidade ao frio ou fraqueza
- pode ter warm-up
- alguns pacientes podem piorar com ingestão de K
- subtipos: miotonia flutuante, permanente ou responsiva a acetazolamida
- sem fraqueza e menor sensibilidade ao frio
- miotonia mais face e periorbitária
5
Q
Diagnóstico
A
- 1o passo ENMG para pesquisa miotonia elétrica -> sensibilidade quase 100% (TA, QF, FDI e BB bilateralmente)
- 2o passo: teste genético
Mas taxa de falso negativo até 20% - Caso negativo: ENMG com teste esforço curto (frio ou repetição) 10s até 1 min: redução CMAP > 10% na paramiotonia congênita ou miotonia congênita recessiva
Teste esforço longo (contração mais prolongada 5 min e registro a cada 2 min até 1h): queda de amplitude 40% CMAP - rever slides Saboia - teste genético - painéis para mutações CLCN1 e SCN4A
- excluir diferenciais: distrofias miotônicas, Pompe, miofibrilar, anti-MUSK, medicamentos e dermatomiosite (miotonia ENMG), hipotireoidismo (miotonia clínica e elétrica)
- CPK normal a pouco aumentada
6
Q
Tratamento
A
- bloqueadores canais de Na (CBZ, LTG, flecainide/procainamida) = uso offlabel
- mexiletine 200mg 3xd -> melhora em qualidade de vida, mas risco de arritmias (monitorar com ECG) - importar Europa
- outros: ranolazine (500mg 2xd -> 1000mg 2xd) - tem no BR, quinina, acetazolamida (funciona menos se não tem paralisia periódica)
- cuidados com triggers: frio, evitar dietas ricas em potássio
- evitar succinilcolina; anestésicos voláteis e propofol podem ser usados mas há relatos de hipertermia maligna
- encorajar atividades aeróbicas
7
Q
Paralisias Periódicas
A
- hiper ou hipocalêmicas e Andersen-Tawil
- geralmente herança autossômica dominante
- início nas primeiras 2 décadas de vida
- ataques episódicos de paralisia flácida com duração de poucas horas até 2-3 dias desencadeados por jejum ou repouso após exercício
- reflexos normalmente abolidos durante os episódios
8
Q
Paralisia Periódica Hipercalêmica
A
- gene SCN4A (canal Na)
- prevalência < 1-200 mil
- mut por ganho de função -> influxo persistente de sódio para a célula (despolarização parcial que não atinge o limiar)
- ataques mais breves (1-4h), diurnos, com triggers (repouso pós ex, jejum, estresse, refeição rica em K, fadiga, frio)
- mm respiratória raramente afetada
- 50-75% associado a miotonia - geralmente só na ENMG
- T: dieta rica em carboidrato e hipocalêmica, acetazolamida ou diclorfenamida, HCTZ; b2 agonista e gluconato de cálcio nas crises
- atividade física leve pode ajudar a evitar que a crise se prolongue
- evitar succinilcolina e anticolinesterásicos -> pode ser trigger para miotonia e causar hiperK
9
Q
Paralisia Periódica Hipocalêmica
A
- mais comum
- prevalência 0,13-100 mil
- início geralmente nos primeiros 2 anos de vida, mais comum em homens (2:1)
- 70% mutações canais de Ca (CACNA1S - canal de Ca tipo L) e menos comumente Na (SCN4A - Nav1.4)
- mutações -> subunidade S4 do canal levando a influxo inapropriado de íons na fase refratária -> despolarização parcial insuficiente para gerar potencial de ação
- triggers -> atingem bomba Na/K -> redução K no extracelular
- ataques duram mais tempo (horas a dias), ocorrem ao despertar à noite e no início da manhã com triggers (consumo carboidratos, repouso pós exercício, estresse, álcool, menstruação, medicamentos como CE, insulina e beta-agonistas)
- pode ser generalizada ou durando horas
- não costuma afetar face, bulbar ou respiração
- formas com mut SCN4A causam mais mialgia após os ataques
- bx: sódio - agregados tubulares e cálcio - miopatia vacuolar
- T: dieta hipossódica e com baixo teor de carboidrato, evitar álcool, reposição oral/EV K (diluído em manitol 5% evitar SF ou glicosado), acetazolamida 250-1000mg ou diclorfenamida, espironolactona ou eplerenona
- se mut canal de sódio -> pode piorar com os ataques
- susceptibilidade a hipertermia maligna
10
Q
Síndrome Andersen-Tawil
A
- gene KCNJ2 - rara, autossômica dominante
- tríade: paralisias periódicas, anormalidades cardíacas e dismorfismos esqueléticos
- K pode ser normal, diminuído ou aumentado durante os ataques
- cardio: arritmias ventriculares, prolongamento QT, ondas U proeminentes
- alt esqueléticas: baixa estatura, baixa implantação de orelhas, micrognatia, ponte nasal larga, sindactilia, clinodactilia 5o dedo*, escoliose e junção de dedos na base
- fraqueza permanente é comum
11
Q
Diagnósticos Diferenciais
A
- hipocalemia e crise tireotóxica (mut KCNJ18 - principalmente asiaticos)
- mutações RYR1 (pesquisar em casos de paralisia periódica com SCN4A, CACNA1S e KCNJ2 sem mutações)
- mutação DNA mitocondrial ATP6/8 -> paralisia periódica e excelente resposta a acetazolamida
12
Q
Exames a serem solicitados
A
- potássio ictal (< 3 ou > 5) - mas pode ser normal nas hiperK ou Andersen-Tawil
- avaliar causas secundárias de distúrbios de K - hipoK (tireotoxidade, hiperaldo primário, acidose tubular renal, perda TGI, laxativos, uso CE, diuréticos) ou hiperK (Addison, hipoaldo, diuréticos, suplementação)
- CPK pode estar pouco elevada
- função tireoidiano
- ENMG: membrana despolarizada e inexcitável (durante o ataque) - silêncio elétrico ou padrão miopático + com teste longo (sensibilidade 70%)
- aval de acometimento cardíaco e dismorfismos
13
Q
Paralisia Periódica Tireotóxica
A
- 1/3 com mutação canal de KCNJ18
- asiáticos
- hipocaliemia, paralisia periódica e tireoxicose