T7 - Doenças Hepáticas Auto-Imunes (1) Flashcards

1
Q

Hepatite Imune?

A

► Inflamação crónica do fígado, de etiologia desconhecida, resultante da perda de tolerância imunológica do próprio ao tecido hepático
► Afeta tanto crianças como adultos.
► Curso da doença é progressivo, normalmente flutuante com períodos de remissão intercalados com períodos de agudização.

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2
Q

Hepatite Imune - Caraterísticas?

A

► Hepatite periportal
► Sexo feminino (jovens)
► Autoanticorpos
► Hipergamaglobulinemia
► Icterícia
► Amnorreia

► Leva ao desenvolvimento de um estadio de doença hepática terminal, nomeadamente cirrose.
► Carateriza-se por ser uma hepatite de interface com um infiltrado linfoplasmocitário na biópsia hepática, hipergamaglobulinemia e autoanticorpos séricos muito caraterísticos.

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3
Q

Hepatite Imune - Epidemiologia?

A

► Distribuição mundial
► Prevalência : 170 casos / 1.000.000
► Incidência : 1.9 / 100.000 / ano
► Mulher : Homem : 4 :1 – 10: 1
► Distribuição bimodal: 10-30 anos e 40-50 anos

► Pode aparecer em qualquer idade.
► Afeta todos os grupos étnicos e todas as regiões geográficas, mas é mais frequente no sexo feminino.
► Inicialmente parecia afetar fundamentalmente idades precoces, mas há evidência de que tem um segundo pico em idades mais avançadas, nomeadamente acima dos 60 anos (sendo igual em homens e mulheres).
Incidência e prevalência estão a aumentar.

► Incidência e curso clínico variam com o grupo etnico: mais frequente e mais grave nos Aborígenes da América do Norte comparativamente aos caucasianos.
► Os Afro-americanos têm evolução mais rápida para cirrose.
► Asiáticos têm prognóstico pior.
► Isto pode refletir diferenças na predisposição genética e nos estímulos ambientais, bem como classes socioeconômicas que podem atrasar o acesso aos serviços de saúde e, assim, ao diagnóstico.

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4
Q

Hepatite Imune - Etiopatogenia?

A

► O que se presume é que ocorre num indivíduo geneticamente predisposto, quando é estimulado por um antigéneo ambiental > vai despoletar uma resposta autoimune mediada por células T, e que são dirigidas para antigéneos hepáticos, levando a um processo inflamatório crónico e progressivo, cujo estadio final é o desenvolvimento de fibrose e de cirrose
► Susceptibilidade genética
– Associação HLA DR3 e DR4
– Outros polimorfismos (CTLA-4, TNF alfa2, TNFRSF6,…)
– Modificadores do fenótipo clínico (DR4- doença menos severa, idade mais tardia, menor recidiva)
► Não existe associação familiar; prevalência familiar aumentada de dças autoimunes
► Factores ambientais
– Mimetismo molecular (perda da “self-tolerance”) (infecções:VHC, CMV, HSV1, fármacos, produtos “naturais”)

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5
Q

Autoimmune Hepatitis - Presentation Spectrum?

A

► Incidental finding. aumento ALT/AST
► Extra-hepatic symptoms
► Drug induced - Autoimmune-like hepatitis
► Acute Severe or Acute Liver Failures
► Overlap Syndromes (PBC, PSC)
► Inactive ‘burned out’ cirrhosis

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6
Q

Autoimmune Hepatitis - Clínica?

A

► A clínica é muito heterogénea, tem um curso flutuante de atividade da doença> manifestações são
muito variadas.
► Pode ir de assintomática, até casos graves de hepatite aguda, ou então ser diagnosticada numa fase tardia de cirrose.
► O diagnóstico deve então ser pensado em qualquer indivíduo com sinais e sintomas de doença hepática, quer seja numa fase aguda, quer numa fase mais avançada da doença.
► Na maior parte das vezes o ex fisico é normal ou pode revelar uma ligeira icterícia de pele e das escleróticas e um ligeiro aumento do fígado e do baço.
► Mais raramente podem apresentar uma evolução aguda grave ou fulminante com coagulopatia e elevação muito marcada das transamínases, conduzindo a uma falência hepática aguda e com necessidade de transplantação
► Quando é diagnosticada pode então já estar numa fase descompensada e com complicações de descompensação da cirrose (com encefalopatia, ascite ou hemorragia por varizes)

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7
Q

Hepatite Imune - Manifestações Clínicas?

A

► Astenia 85%
► Icterícia 77%
► Dor abdominal 48%
► Prurido 36%
► Anorexia 30%
► Polimialgias 30%
► Diarreia 28%
► Febre 18%
► Manifestações de HTP, se cirrose
► Manifestações de outras doenças AI associadas (10-50%): tiroidite de Hashimoto, AR, DM, psoriase, anemia hemolitica AI,…

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8
Q

Hepatite Imune - Diagnóstico?

A

► Exclusão de outras causas de doença hepática
► Alterações laboratoriais : aumento TGO e TGP, hipergamaglobulinemia (elevação selectiva IgG) autoanticorpos
► Histologia

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9
Q

Hepatite Imune - Diagnóstico? (2)

A

► O diagnóstico assenta em alterações das provas hepáticas que refletem uma lesão hepatocelular com uma subida das aminotransférases em graus variáveis - pode haver uma elevação ligeira ou uma elevação mais expressiva quando temos uma atividade inflamatória mais acentuada com maior destruição hepatocelular.
► Pode também haver elevação da FA e da GGT, mas é uma elevação muito menor do que as transamínases,e portanto a elevação não exclui o diagnóstico de hepatite autoimune.
► Para além disso, como sinal quase patognomónico para o diagnóstico (ou necessário para o diagnóstico) é uma elevação generalizada das gamaglobulinas na sua fração IgG (marca caraterística) que aparece em 90% dos doentes.
► Outra marca - presença de autoanticorpos, que dependendo de quais estão presentes, também vai ser possível diferenciar 3 subtipos de hepatite autoimune.
► Os procurados são os anti-nucleares, antimúsculo liso, anti- LKM e os anti-LPS.
► Para além disso, é também importante termos uma biópsia hepática (é pré-requisito para estabelecer o diagnóstico) - para além de fazer o diagnóstico é importante para nos guiar nas opções terapêuticas, tanto na
instituição da terapêutica como na sua suspensão.

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10
Q

Hepatite Imune - Histopatologia?

A

► Confirmação histológica é um pré-requisito para o diagnóstico
► A histologia permite também fazer diagnósticos diferenciais de outras doenças que possam existir ou que possam ser as causadoras das alterações nas provas hepáticas

► Hepatite de interface
► Necrose zonal central / perivenulite da veia central
► Espaços portais alargados com infiltrado linfoplasmocitário
► Emperipolese e formação de rosetas de hepatócitos

► A avaliação histológica é fundamental para estabelecimento diagnóstico, diagnóstico diferencial, estadiamento da doença, indicação para tratamento e avaliação prévia á suspensão do tratamento

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11
Q

Hepatite Imune - Subtipos - HAI-1?

A

► Mais frequente (90% dos casos);
► ANA, anti-musculo liso ou anti-SLA/LP
► Associação a HLA DR3, DR4 e DR13;
► Qq idade de apresentação com gravidade clínica e histológica variável
► Boa resposta ao tratamento mas com taxas de recidiva variáveis após suspensão da terapêutica e necessidade de terapêutica de manutenção prolongada

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12
Q

Hepatite Imune - Subtipos - HAI-2?

A

► 10% dos casos;
► Anti-LKM1, anti-LC1 e anti-LKM3
► Associação com HLA DR3 e DR7
► Apresentação na idade pediátrica ou adulto jovem
► Apresentação clínica e histológica com doença aguda, grave e avançada
► Falência terapêutica mais frequente e recidivas frequentes após suspensão do tratamento
► Terapêutica de manutenção prolongada

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13
Q

Hepatite Imune - Subtipos - HAI-3?

A

► Anti- SLA/LP, Anti-Ro52 +
► Semelhante á HAI – 1
► Provavelmente mais grave

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14
Q

Hepatite Imune - Critérios Diagnóstico?

A

Atendendo à dificuldade de diagnóstico pela falta de critérios patognomónicos, foram propostos diversos sistemas de pontuação para ajudar ao dx de HAI

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15
Q

Hepatite Imune - Indicações para Tratamento?

A

► Idealmente, todos os doentes com uma HAI são candidatos a tratamento, temos é que saber qual é o melhor timming para esse tratamento
► Doentes com HAI que não são tratados têm um mau prognóstico com uma mortalidade que pode chegar aos
40% aos 6 meses
► Doentes tratados com terapêutica imunossupressora têm um prognóstico muito mais favorável

► Transamínases ≥ 10 N
► Transamínases ≥ 5N e γ-globulina ≥ 2N
► Necrose em ponte ou multiacinar
► Transamínases > 2N e hepatite interface

► Estas são as recomendações Americanas, as recomendações Europeias preconizam que deve ser oferecido tratamento a todos os doentes com HAI ativa desde que não tenham contra-indicações ou risco acrescido de
efeitos adversos pelos Corticóides ou pela Azatioprina

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16
Q

Hepatite Imune - Tratamento?

A

► Nos indivíduos com cirrose, o controlo da inflamação com imunossupressores pode levar à regressão
da fibrose
► Nos indivíduos com cirrose descompensada e atividade inflamatória mínima não se deve iniciar logo terapêutica pois os riscos da terapêutica são superiores ao benefício
► Nos indivíduos idosos, assintomáticos e com atividade inflamatória mínima os benefícios do tratamento são questionáveis - tratamento deve ser ponderado caso a caso

► Com esta dose alta de corticóide na indução conseguimos uma recidiva bioquímica mais rápida o que permite uma redução mais rápida da dose de corticóide até à dose de manutenção
► Devemos introduzir a Azatioprina de forma precoce também de modo a diminuir a dose e duração da terapêutica com corticóide
► Não devemos iniciar corticoterapia e azatioprina em simultâneo porque a azatioprina tem toxicidade hepática e, se esta ocorrer, enquanto as transamínases estão muito altas pela hepatite não conseguimos fazer
diagnóstico diferencial entre ausência de resposta à terapêutica e toxicidade hepática induzida pela azatioprina
► Azatioprina deve ser iniciada após 1 ou 2 semanas do início da corticoterapia e a dose vai sendo aumentada
até aos 2 mg/kg/dia

17
Q

Hepatite Imune - Tratamento - Efeitos?

A

► Efeitos da CCT e azatioprina: sao significativos - terapeuticas feitas durante muito tempo
► Nao basta pensar nas transaminases, temos de ponderar os efeitos.
► Como sao usados durante muito tempo, nao nos podemos esquecer das complicações associadas, sendo por vezes necessario se optar por tratamentos alternativos

► CCT: cataratas, DM, HTA, osteoporose, supressao da suprarrenal (quando paramos abruptamente uma CCT que ja tem muito tempo); fazer suplementos de cálcio e vit D quando iniciamos a CCT e fazer regularmente
densitometrias ósseas (osteoporose e osteopenia e necessidade de associarmos bifosfonatos). Monitorização
da TA e glicose serica; acompanhamento oftalmologico;
► Azatioprina: varios efeitos; os mais presentes é hepatotoxicidade (pancreatite), mielotoxicidade e risco de neoplasias cutâneas do tipo não melanótico. aconselhar a utilizarem fator proteção contra rad IV elevada, dermatoscopia anual (rastreio); monitorização crónica do hemograma e provas hepáticas.

18
Q

AIH - Maintenance Strategy?

A

► HIstologic remission lags by 3-8 months
► Avg. tx duration to full remission = 22 mo
► 85% of remission occurs within 3 years tx
► Rule of thumb: treat for at least 2 years before thinking about a repeat liver biopsy
► Only consider treatment withdrawal when:
– Treated approximately 2 years
– Normal aminotransferases/g-globulin 12 months
– Repeat liver biopsy - no inflammation
– Close laboratory monitoring for relapse

19
Q

Retirada Farmacológica?

A

► Redução sequencial da dose de imunossupressão e se a reduçao for estavel (–> monitorização das transaminases) podemos suspender completamente todos os farmacos e temos que continuar a monitorizar o doente ao longo da sua vida.
► Se temos recidiva quando estamos a tentar suspender , temos que fazer um esquema de re-indução da remissão (com a dose que foi utilizada inicialmente de prednisolona). se obtivermos remissao BQ vamos reduzir a CCT e aumentar a dose de azatioprina (como foi feito inicialmente) e depois nestes doentes não voltamos a tentar a suspensao de farmacos (fica com a terapêutica de manutenção para toda a vida → pois há maior mortalidade e efeitos adversos em doentes que entram em ciclos de remissão-recidiva)

20
Q

HAI - Transplante Hepático?

A

► Falência hepática aguda
– indicações são as mesmas de qualquer etiologia de doença hepatica: cirrose descompensada ou falencia aguda hepatica
► Cirrose descompensada

► Sobrevida = 92% aos 5 anos
– é uma boa indicação para transplante
► Recidiva pós TX = 11-35%
– recidiva de hep autoimune no fig transplantado que pode ser recorrente ou de novo → tratado da mesma forma (CCT e azatiorpina)
► Persistência dos autoatc após o TX