IC e Descompensação Flashcards
Qual a principal etiologia de insuficiência cardíaca no Brasil?
Cardiomiopatia isquêmica crônica
Quais os principais fatores de risco para a insuficiência cardíaca?(4)
- HAS
- DM
- Tabagismo
- História familiar de DCV
Descreva com detalhes a fisiopatologia da insuficiência cardíaca.
O coração apresenta problemas em torno da função sistólica pelos seguintes motivos:
- Pré-carga alta: exemplo de uma hipervolemia, dessa forma, o coração apresenta dificuldades de bombear todo aquele sangue que chega aos ventrículos.
- Contratilidade cardíaca: exemplo da isquemia cardíaca em que o coração perde a “força” de contração.
- Dificuldade com a pós-carga: exemplo da HAS que oferece grande resistência ao bombeamento do ventrículo, forçando demais este.
Esses motivos acima geram como resposta fisiológica a ativação do SRAA, ADH e ativação do simpático (aumento de FC e vasoconstrição). Em um primeiro momento esse mecanismo compensatório dá conta, mas a longo prazo, causa um remodelamento cardíaco importante que gera a perda progressiva da função sistólica.
Quais os principais SINTOMAS da insuficiência cardíaca?
- Dispneia
- Fadiga
- Intolerância aos esforços
- Dispneia paroxística noturna
- Ortopneia
PS: outros sintomas menos comuns são noctúria (posição horizontal facilita o retorno e aumenta a perfusão renal), oligúria (acontece quando o débito cardiaco já está baixo demais e diminui a perfusão renal), tosse noturna (aumento da pressão pulmonar) etc.
Quais os principais SINAIS da insuficiência cardíaca?
- Terceira bulha cardíaca (B3 - ritmo de galope)
- Refluxo hepatojugular (aumento da jugular ao pressionar o HD por 10s)
- Turgência jugular
PS: outros sinais menos típicos são edema periférico e crepitações pulmonares (ambos quando há descompensação), taquicardia, extremidades frias, etc.
Com qual alteração cardíaca a presença da 3° bulha está relacionada?
Disfunção de ventrículo esquerdo.
Como fazer o diagnóstico de insuficiência cardíaca? (resposta sem detalhes, apenas o passo a passo)
1 - Avaliar os sinais e sintomas e aplicar os critérios de Framinham de preferência.
2 - Solicitar o BNP ou NT-proBNP (valores negativos praticamente descartam IC e valores positivos nos direcionam ao próximo passo).
3 - Solicitar o ECOCARDIOGRAMA, exame fundamental para fechar o diagnóstico e classificar a IC.
4 - Identificar a causa de base.
Qual o mnemônico para decorar os critérios maiores de Framingham?
ABCDEF
A: aumento da jugular
B: 3° bulha
C: cardiomegalia
D: dispneia paroxística noturna
E: edema agudo de pulmão/congestão pulmonar
F: perda de pelo menos 5kg em 5 dias com o uso de furosemida
Quantos critérios de Framingham são necessários para uma alta suspeita de IC?
- 2 critérios maiores
OU - 1 maior + 2 menores
Descreva a classificação funcional da IC.
De acordo com a NYHA (New York Heart Association):
Descreva a classificação estrutural da IC.
De acordo com a AHA (American Heart Association):
Qual o valor de referência para uma fração de ejeção reduzida na IC?
FEVE ≤ 40%
Qual o valor de referência para uma fração de ejeção levemente reduzida na IC?
FEVE 41 - 49%
Qual o valor de referência para uma fração de ejeção preservada na IC?
FEVE ≥ 50%
Além dos exames essenciais para o diagnóstico de IC, quais outros exames complementares podem ser solicitados?
- ECG
- RX tórax
Qual a importância do ECG para o diagnóstico de IC e que alterações podem ser encontradas?
Serve apenas de forma complementar e apresenta bom valor preditivo negativo.
As possíveis alterações encontradas são: sobrecarga de ventrículo esquerdo, onda Q patológica, BRE, arritmias, etc.
Qual a importância do RX de tórax para o diagnóstico de IC e que alterações podem ser encontradas?
Serve apenas de forma complementar para identificar manifestações da IC, como aumento do índice cardiotorácico (> 0,5) e sinais de congestão, por exemplo.
Quais valores de BNP denotam uma IC improvável, provável e muito provável?
- Improvável: < 100
- Provável: 100 - 400
- Muito provável: > 400
Qual o tratamento não farmacológico da IC?
- Evitar consumo excessivo de sal (< 7g/dia de NaCl).
- Suspender tabagismo e bebidas alcoólicas.
- Atividade física.
- Restrição hídrica em pacientes descompensados (1000 a 1500ml)
Quais as medicações pilares do tratamento da insuficiência cardíaca?
O tratamento visa bloquear o SRAA e o simpático.
- IECA/BRA
- Betabloqueadores
- Espironolactona
PS: atualmente há uma preferência pelo uso da valsartana.
Como escolher um esquema terapêutico para um paciente com IC?
Primeiramente só tratamos aqueles com fração de ejeção reduzida.
- O tratamento é feito de acordo com a classificação estrutural. Aqueles A ou B se beneficiam do IECA/BRA + Betabloqueador.
- Caso seja C, associamos a espironolactona.
- Caso seja D, além da terapia tripla, podemos associar outras medicações, como os inibidores do SGLT2 ou digitálicos (estes só melhoram a sintomatologia).
PS: pacientes D são sérios candidatos a um futuro transplante cardíaco.
Quais medicações de segunda linha podem ser utilizadas na insuficiência cardíaca? Explique também a função de cada uma.
- Nitrato e hidralazina: boas opções para pacientes classe C e que possuem contraindicações aos IECA/BRA
- Inibidores do SGLT2: otimizam a terapia por promoverem uma diurese mais acentuada e reduzir a hipervolemia. Além disso, possuem propriedades anti-inflamatórias que ajudam a “frear” o remodelamento cardíaco.
- Digitálicos: apenas melhoram a sintomatologia por melhora do inotropismo.
Descreva uma possível prescrição para um paciente com terapia tripla para insuficiência cardíaca.
- Enalapril 5 - 40mg/dia fracionado em 1 ou 2 vezez ao dia
ou - Captopril 25 - 100mg/dia fracionado em 2 ou 3 vezes ao dia
ou - Losartana 25 - 100mg/dia fracionada em 1 ou 2 vezes ao dia
ou - Valsartana 80 - 320mg/dia 1x ao dia
+
- Carvedilol 3,125 - 25mg/dia fracionado em 2x ao dia
ou - Bisoprolol 1,25 - 10mg/dia 1x ao dia
+
- Espironolactona 25 - 50mg/dia 1x ao dia
Qual a possível clínica de um paciente com IC descompensada?
Pode apresentar sinais de congestão e/ou má perfusão:
- Congestão: turgência jugular, crepitações pulmonares, edema de extremidades, etc.
- Má perfusão: pele fria, TEC > 3s, oligúria, redução de PA, etc.
Quais os possíveis perfis para uma IC descompensada e qual a clínica de cada?
- Perfil A: lembrar de A de ALTA. Paciente sem sinais de congestão ou má perfusão.
- Perfil B: lembrar de B de Brasil (quente e úmido). Paciente apresentando sinais de congestão e boa perfusão (melhor prognóstico).
- Perfil C: lembrar de C de Curitiba (frio e úmido). Paciente apresentando sinais de má perfusão e congestão (pior prognóstico).
- Perfil L: lembrar de L de Las Vegas (frio e seco). Paciente apresentando má perfusão, mas sem sinais de congestão.
PS: lembrar sempre de investigar a causa da descompensação.
Qual o tratamento para o perfil B de Insuficiência cardíaca? (descrever detalhes da prescrição)
Diurético + vasodilatador
- Furosemida 20-40mg (1 ou 2AMP) + 10ml SF 0,9% EV lento
+ - Se caso brando: Captopril 25mg 2x ao dia
ou - Se grave: Nitroprussiato de sódio 1 AMP + 248ml SG 5% 3ml/h BIC (nitroglicerina é a alternativa caso síndrome coronariana aguda)
O que fazer em relação ao betabloqueador que o paciente utiliza regularmente quando este encontra-se descompensado?
Jamais suspender. Se refratariedade do quadro, reduzir pela metade.
PS: a suspensão do BB pode gerar um efeito rebote e acelerar demais o coração do paciente.
Qual o tratamento para o perfil C de Insuficiência cardíaca? (descrever detalhes da prescrição)
Diurético + Inotrópico positivo
- Furosemida 20-40mg (1 ou 2AMP) + 10ml SF 0,9% EV lento
+ - Dobutamina 1 AMP + 230ml SF 0,9 15ml/h em BIC
PS: caso a dobutamina não esteja dando conta, associar temporariamente a noradrenalina.
Qual o tratamento para o perfil L de Insuficiência cardíaca? (descrever detalhes da prescrição)
Geralmente esses pacientes são os hipovolêmicos.
- Medida inicial: 250ml SF 0,9% de tempos em tempos e ir avaliando.
- Se o paciente evoluir para o perfil B, tratar como B, se evoluir para o C, tratar como o C.