Hemato: Mieloma múltiplo e outras doenças plasmocitárias Flashcards

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1
Q

Mieloma múltiplo

A

Neoplasia hematológica

Proliferação clonal de plasmócitos CD138+, na medula óssea, produzindo proteína monoclonal sérica e/ou urinária

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Q

Mieloma múltiplo

Etiologia

A
  • Causa não é bem estabelecida
  • Exposição a pesticidas benzeno
  • Alguns grupos familiares
    • Parentes de 1° grau
    • Gêmeos idênticos
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3
Q

Mieloma múltiplo

Epidemiologia

A
  • 1% de todos os tipos de câncer
  • 2ª neoplasia hematológica mais frequente (10-15%)
  • Incidência de 4/100 mil
  • Predomínio discreto sexo masculino (1,4:1)
  • Negros: brancos 2-3:1
  • Idade mediana ao diagnóstico de 70 anos no mundo (No Brasil 60-65 anos)
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4
Q

Fisiopatologia

A

Plasmócitos mutados levam a produção de um tipo apenas de imunoglobulina (proteína M/monoclonal - gerando imunodeficiência), o excesso dessa acumula-se na corrente sanguínea e também é excretado na urina (lesão renal).

Essas proteínas monoclonais podem se ligar à:

  • Fatores de coagulação causando sangramentos (consumo do fator 10, TP alargado), coagulação ou flebite
  • Nervos → neuropatias periféricas
  • Hormônios circulantes → disfunção metabólica

Há, também, produção de fatores de ativação de osteoclastos → Aumento do cálcio + Lesões osteolíticas

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5
Q

Eletroforese de proteína no MM

A

Pico de produção monoclonal na região gama.

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6
Q

Proteína M é igual a mieloma?

A

Não!

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7
Q

Situações que podem cursar com pico monoclonal em gama na eletroforese de proteínas

A
  • Mieloma múltiplo
  • Pico monoclonal isolado pode ser uma fase pré-mieloma
  • Discrasias plasmocitárias (amiloidose, MW)
  • Doenças linfoproliferativas (LLC, linfomas)
  • Outras neoplasias e doenças (raro)
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8
Q

Fisiopatologia da lesão óssea do MM

A

Produção de fatores de ativação de osteoclastos, inibição de osteoblastos (impedindo o reparo ósseo normal) → aumento de cálcio sérico + lesões osteolíticas.

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9
Q

Principal sítio acometido pela lesão óssea do mieloma

A

Coluna vertebral (esqueleto axial)

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10
Q

Causas da nefropatia do mieloma

A
  • Nefropatia PRINCIPALMENTE pelo acúmulo de cilindros de cadeias leves precipitadas causando lesões tubulares

Outros fatores que podem contribuir para a nefropatia

  • Depósitos amiloides no rim
  • Aumento do cálcio sérico e do ácido úrico
  • Infecções recorrentes
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11
Q

Características do rim do mieloma (5)

A
  • Atrofia dos túbulos proximais
  • Obstrução dos túbulos distais e coletores
  • Inflamação
  • Fibrose intersticial
  • Acidose tubular tipo II
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12
Q

Mieloma múltiplo

Sinais, sintomas e consequências da hipercalcemia

A
  • Vômitos, anorexia, poliúria, desidrataçã, polidipsia, confusão mental, constipação,
  • Diurese osmótica
  • IR pré-renal e nefrite intersticial
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13
Q

MM

Patogênese da IR pela hipercalcemia

A

Hipercalciúria → aumento da diurese por osmose → depleção volêmica → IR pré renal

(Em adição a este mecanismo, o depósito de cálcio também pode comprometer o rim levando a um quadro de nefrite intersticial)

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14
Q

Mieloma múltiplo

Imunocomprometimento (causas e consequência)

A
  • Inibição da produção normal de anticorpos
  • Hipogamaglobulinemia (produzindo de apenas um clone de globulina)
  • Inibição dos linfócitos T
  • Leucopenia
  • Maior risco de infecção por bactérias encapsuladas → importante causa de mortalidade no MM (principalmente nos primeiros meses)
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15
Q

Plasmocitomas

A
  • Tumores causados pela proliferação de plasmócitos
  • Crescimento intramedular, extramedular ou em tecidos moles
  • Síndromes compressivas
  • Emergência médica
  • Indicação de radioterapia (são bastante sensíveis)
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16
Q

Quadro neurológico associado ao mieloma múltiplo

A
  • Compressão medular por fraturas ou plasmocitoma → Emergência médica
  • Hipercalcemia pode levar a: confusão, sonolência, coma
  • Neuropatia periférica (por depósito da proteína monoclonal, depósito amiloide, tratamento do mieloma)
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17
Q

Mieloma múltiplo

Mecanismo patogênico da anemia e fadiga

A
  • Infiltração plasmocitária na medula óssea
  • Diminuição da eritropoiese (inibição da eritropoetina)
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18
Q

Mieloma múltiplo

Mecanismo patogênico das infecções recorrentes

A
  • Hipogamaglobulinemia
  • Baixa contagem de CD4
  • Diminuição de plasmócitos normais
  • Alteração da função dos neutrófilos, macrófagoe e complemento
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19
Q

Mieloma múltiplo

Mecanismo patogênico dos sintomas neurológicos

A
  • Hipoviscosidade (muito proteína no sangue)
  • Hipercalcemia
  • Compressão (plasmocitomas p.ex)
  • Depósito de proteína amilóide
20
Q

Evolução natural do mieloma múltiplo

A
  • Inicialmente o paciente tem baixa produção de proteína M e é assintomático: (gamopatia monoclonal de significado indeterminado) ou mieloma indolente
  • Com o aumento dos níveis de proteína M, o mieloma se torna ativo e o paciente sintomático, com o tratamento ele tem remissão, recidiva, remissão, recidiva
  • Esse paciente pode ou não entrar na fase de recidiva refratária, na qual ele não responde ao tratamento e morre pela doença
21
Q

Mieloma múltiplo

Quadro clínico

A
  • 70% pacientes apresentam dor lombar ou em costelas
  • Dor repentina, muito aguda, pode indicar fratura
  • Hipercalcemia está presente em 30% dos pacientes, causando:
    • Cansaço
    • Sede
    • Náuseas
    • Deterioração da função renal
  • Pode ocorrer fadiga por anemia
  • Síndrome de hiperviscosidade (sangramentos, visão embaçada, cefaleias, sintomas neurológicos)
22
Q

Mieloma múltiplo

Laboratório

A
  • VHS aumentado
  • Aumento da creatinina
  • Imunoglobulinas diminuídas
  • Albumina diminuída
  • Proteína M aumentada
  • Fenômeno de rouleaux (empilhamento das hemácias que ocorre pelo excesso de proteínas na corrente sanguínea)
23
Q

Mieloma múltiplo

Dano orgânimo na progressão do mieloma - CRAB

A
  • C: Elevação do cálcio (>10 mg/dL)
  • R: Disfunção renal (creatinina > 2 mg/dL ou ClCr < 40 ml/min)
  • A: Anemia (Hb < 10 g/dL ou queda > 2g/dL do basal)
  • B: Bone, doença óssea (1 ou + lesões osteolíticas detectadas em RX, PET-SCAN ou PET CT oncológico)
24
Q

Quadro clínico com idoso, fadigado, com dor lombar ou fratura óssea, mais anemia e presença de fenômeno de rouleaux. Grandes chances de ser que patologia?

A

Mieloma múltiplo

25
Q

Mieloma múltiplo

Diagnóstico

A
  • Presença de proteína M sérica ou urinária (eletroforese de proteína, imunofixação sérica ou urinária, proteínúria de Bence Jones, dosagem de cadeias leves livres)
  • Presença de plasmocitoma ou ≥ 10% plasmócitos na medula-óssea
  • Lesão de órgão-alvo (CRAB)

Mielograma: Células de MOTT (bem sugestivas), infiltração plasmocitária.

26
Q

Mieloma múltiplo

Estadiamento ISS e R-ISS

A

Mais utilizado: ISS

  • ISS I: β2M (beta 2 microglobulina) sérica < 3,5 mg/L e Albumina sérica ≥ 3,5g/dL
  • ISS II: Nem ISS I, nem ISS III
  • ISS III: β2M ≥ 5,5 mg/dL

Outros critérios incluídos

  • Anormalidades cromossômicas e DHL: R-ISS
    • R-ISS I: ISS I + FISH risco padrão + DHL normal
    • R-ISS II: Nem R-ISS I, nem R-ISS III
    • R-ISS III: ISSI III + FISH alto risco + DHL alta
27
Q

Gamopatia monoclonal de significado indeterminado (GMSI)

A
  • Considerada fase anterior ao MM
  • Maior chance de evoluir para MM (mas não vai obrigatoriamente)
  • Diagnóstico
    • Proteína monoclonal < 3,0 g/dL (pico monoclonal) – Geralmente IgG
    • Sem indicadores de mieloma ativo
    • Células plasmáticas monoclonais na medula óssea < 10%
    • Ausência de CRAB
    • Assintomático
    • 1% de chance ao ano de evoluir para neoplasia
  • NÃO TRATA
28
Q

Mieloma múltiplo indolente (smoldering ou assintomático)

A
  • Componente M > 3g/dL (pico monoclonal) e/ou presença de células monoclonais na MO entre 10 e 60% SEM CRAB (sem lesão de órgão alvo)
  • Assintomático
  • Geralmente evolui para mieloma múltiplo ativo
  • NÃO TRATA
29
Q

Mieloma ativo inicial

A
  • > 60% células monoclonais na MO
  • Razão de cadeia leve livre > 100 (cadeias leves acometidas/cadeias leves não acometidas) – indicação de tratamento
  • ≤ 1 lesão focal na RNM
30
Q

Mieloma múltiplo não secretor

A

Proliferação rara monoclonal de plasmócitos, caracterizada pela ausência de proteína M na imunofixação de soro e urina e ausência de cadeias leves livres (kappa/lambda)

31
Q

V ou F?

O mieloma múltiplo pode ser curado com quimioterapia e transplante de medula óssea

A

Falso

Doença INCURÁVEL, mas dá pra melhorar bastante a sobrevida do paciente

32
Q

Tratamento

GMSI ou MM assintomático

A
  • NÃO TRATAR
  • Apenas observação
  • Atualmente testes clínicos em andamento
33
Q

Primeira coisa a ser definida no tratamento do mieloma múltiplo

A

O paciente aguenta um transplante de medula óssea (TMO) autólogo?

34
Q

Tratamento MM

Conduta se paciente apto a transplante de MO

A
  • Coleta MO
  • Quimioterapia com 3 drogas
    • Agente imunomodulador
      • Talidomida
    • Inibidor de proteassoma
      • Bortezomib
    • Dexametasona
  • Consolidação com TMO autólogo
35
Q

Tratamento MM

Conduta se paciente NÃO apto a transplante de MO

A
  • Apenas quimioterapia
  • Esquemas menos agressivos
36
Q

Mieloma múltiplo

Efeitos colaterais ao tratamento

A
  • Neuropatia
    • Talidomida e Bortezomib
  • Diminuição da imunidade e ativação de herpes zoster
    • Bortezomib, ixazomibe e carfilzomibe
  • Risco aumentado de trombose
    • Profilaxia com AAS
  • Infecção por herpes Zoster
37
Q

Medidas terapêuticas de suporte

A
  • Radioterapia para o controle da dor
  • Bifosfonados para o controle da destruição óssea
    • Eficaz no tratamento da hipercalemia (junto com hidratação intensa + furosemida)
    • Ácido xoledrônico, pamidronato, clodronato
    • EA: necrose de mandíbula e insuficiência renal (tem que ver se o rim do paciente não já está acometido pela doença)
  • Antibióticos e antivirais profiláticos
  • Eritropoetina
    • Aumenta os níveis de hemoglobina
    • Diminui as necessidades tranfusionais
  • Cirurgia ortopédica se necessário para corrigir alguma fratura
  • Pacientes com hiperviscosidade (cefaleia, turvação visual, epistaxe) são candidatos à plasmaférese
38
Q

Macroglobulinemia de Waldenstrom

A

Doença plasmocitária que cursa com proliferação de células linfoplasmocitárias (LPL) + produção de proteína monoclonal IgM (maior das imunoglobulinas - hiperviscosidade)

Imunofenótipos: CD19+, CD20+, CD 22+, Bcl2+ … + pequena população de plasmócitos CD138+

Apresentações clínicas diferentes

  • Envolvimento MO > Baço > Linfonodos
  • Hiperviscosidade
  • Fenômenos paraimunes
39
Q

Macroglobulinemia de Waldenstrom

Clínica

A
  • Sangramento nasal
  • Linfadenopatia (pelo acúmulo celular nos linfonodos, pode ocorrer esplenomegalia e hepatopatia também)
  • Anemia e trombocitopenia
  • Células linfoides e mastócitos na medula óssea
  • Hiperviscosidade (excesso de IgM monoclonal)
  • Aumento do VHS
  • Discrasia plasmocitária com pico monoclonal, porém achados diferentes do mieloma (não tem a dor óssea do mieloma, tem linfadenopatia e principalmente sinais de hiperviscosidade – cefaleia, epistaxe)
40
Q

Macroglobulinemia de Waldenstrom

Acometimento da MO e linfonodos

A
  • Medula óssea
    • Envolvimento focal ou difuso
    • População mista: linfócitos, plasmócitos e linfócitos linfoplasmacíticos (geralmente IgM que é a maior imunoglobulina)
    • Aumento de mastócitos
  • Linfonodo
    • Geralmente envolvimento difuso
41
Q

Macroglobulinemia de Waldenstrom

Patogênese da hiperviscosidade + sinais e sintomas

A

Geralmente a proteína monoclonal é do tipo IgM, sendo essa a maior imunoglobulina

Pelo excesso no plasma, há hiperviscosidade que dificulta o fluxo sanguíneo, causando: epistaxe, turvação visual, quadros neurológicos, fenômeno de Raynaud (dedos brancos no frio)

42
Q

Macroglobulinemia de Waldenstrom

Efeito Flair

A

Efeito colateral do tratamento

O Rituximabe usado no tratamento da MW pode causar em alguns pacientes maior liberação de IgM ao invés de diminuir os níveis dessa, causando piora clínica

Flare > 25% IgM

43
Q

Proteína de Bence Jones

A

Proteína monoclonal ou cadeia leve de imunoglobulina encontrado na urina.

A presença da proteína de Bence Jones na urina pode ser sugestiva de mieloma múltiplo ou Macroglobulinemia de Waldenstrom.

44
Q

Síndrome de POEMS

A
  • Forma de mieloma com quadro inflamatório importante
  • Muito Raro
  • Polineuropatia
  • Organomegalia (hepato-espleno)
  • Endocrinopatia
  • M - Proteína M
  • Skin (pele)
  • Aumento da IL-6, VEGF
45
Q

Amiloidose primária (ou AL amiloidose)

A

A amiloidose de forma geral, ocorre por um dobramento incorreto de proteínas que dificulta a lise pelas proteinases plasmática.

A amiloidose primária ocorre quando em algumas das desordens plasmocitárias (mieloma múltiplo, GMSI, macroglobulinemia de Waldenstrom) partes das cadeias leves das imunoglubilinas são má dobradas e como não são quebradas pelas proteases, se depositam nos tecidos.

46
Q

Amiloidose primária (ou AL amiloidose)

Sinais e sintomas

A

Depósito das cadeias leves das proteínas M em forma de fibrilas nos órgãos

  • Macroglossia por depósito amiloide na língua
  • Insuficiência cardíaca por depósito amiloide no coração
  • Hepatomegalia por depósito amiloide no fígado
  • IRC e proteinúria (síndrome nefrótica) por depósito amiloide no rim
  • Neuropatia por depósito amiloide nos nervos
  • Coagulopatia – olho de guaxinim (deficiência do fator X)
  • Biópsia (geralmente de gordura abdominal) com coloração especial VERMELHO CONGO POSITIVO