T9 - Glaucoma (1) Flashcards

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1
Q

Definição de Glaucoma?

A

Doente com glaucoma é assintomático, o diagnóstico depende do grau de suspeita. Se não for tratada a tempo → Cegueira.
Glaucoma é uma neuropatia do nervo óptico incurável, irreversível, que se controla com maior ou menor facilidade.
É caracterizado classicamente por uma tríade diagnóstica:
→ Alteração da cabeça (papila) do nervo óptico – escavação ou atrofia (alteração típica);
→ Alteração dos campos visuais – escotomas;
→ Hipertensão ocular – deixou de ser um critério de diagnóstico porque cerca de 50% dos glaucomas são normotensionais.

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2
Q

Alteração da Papila?

A

Marca do glaucoma é escavação (buraco) no meio do disco óptico que corresponde a uma perda atrófica da população axonal. A escavação surge com uma cor esbranquiçada.
→ Papila – cabeça do nervo ótico; constitui a porção do nervo passível de visualização por oftalmoscopia.
→ O glaucoma produz escavação ao destruir a borda neural. Escavação central torna-se aumentada e profunda.
→ Na oftalmoscopia direta, não dá para visualizar um buraco/escavação, mas identifica-se porque corresponde a um círculo branco rodeado pelo anel neuroretiniano (avermelhado) – a oftalmoscopia direta não tem estereopsia

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3
Q

Relativamente a escavação é importante?

A

→ Quantificar a relação C/D (cup/disk);
A relação C/D constitui o rácio entre o diâmetro da escavação e o diâmetro do próprio disco. Deverá ser calculado no sentido vertical e horizontal. Usa-se para referenciar as dimensões do buraco em comparação com a área de disco óptico (papila).
→ Documentar a progressão – o glaucoma é uma escavação que o progride ao longo da vida. A progressão da escavação permite fazer o diagnóstico de glaucoma, mesmo que a relação C/D seja normal.

O desvio nasal dos vasos permite inferir a existência de escavação (indicia mergulho dos vasos na escavação).

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4
Q

Importante?

A

Importante: o que define glaucoma não é a relação C/D aumentada, é preciso documentar a progressão da escavação (confirma o diagnóstico de glaucoma).

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5
Q

Produção de humor aquoso?

A

→ Parte é ultrafiltrado, mas é principalmente secretado (secreção ativa), a partir do sangue.
→ Produzido pelos processos ciliares do corpo ciliar (presentes na câmara posterior).

Processo ciliar (são aproximadamente 20 e no conjunto formam o corpo ciliar):
→ Estroma com vasos sanguíneos entre os dois epitélios.
→ Epitélio pigmentado (interno)
→ Epitélio não pigmentado (externo) – produz humor aquoso através de uma secreção ativa, pelo que é um tecido muito rico em mitocôndrias.

O limiar do processo ciliar (estroma) está repleto de sangue/plasma, a partir do qual se faz a secreção ativa do humor aquoso.

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6
Q

Funções do Humor Aquoso?

A

→ Fornecimento de nutrientes às estruturas avasculares (cristalino e córnea).
→ Manutenção da forma do olho (mantendo a tensão intra-ocular) – se esvaziarmos ligeiramente a câmara anterior, perde-se a visão.

Nota: inibidores da anidrase carbónica, também inibem a produção de humor aquoso.

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7
Q

Escoamento do humor aquoso - Trabéculo?

A

O trabéculo localiza-se no ângulo irido-corneano e tem 3 camadas (de dentro para fora):
→ Uveal
→ Corneo-escleral
→ Justacanalicular – próxima do canal de Schlemm; é o local de maior resistência ao escoamento do humor aquoso – aumento da tensão intra-ocular.

    • A maioria dos glaucomas deve-se não a aumento da produção (a produção é relativamente constante), mas sim a dificuldade de escoamento de humor aquoso.
    • O humor aquoso tem que atravessar o trabéculo (que é igual a uma malha) para chegar ao tubo coletor/canal de Schlemm.
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8
Q

Escoamento do humor aquoso - Uveal-Escleral?

A

O fluxo uveo-escleral (difusão passiva) ou Circulação extra-trabecular (circulação alternativa) é responsável pelo escoamento de 50% de humor aquoso (responsável por 30-50% do total do escoamento).
O humor aquoso difunde-se através do corpo ciliar e esclera para o espaço subconjuntival

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9
Q

Alterações da estrutura da lamela trabecular?

A

→ Jovens: normal
→ Idosos: normal. Espessamento da membrana basal (+) e aumento das fibras (+)
→ Glaucoma: Espessamento da membrana basal (++) e aumento das fibras (++)
- Os buracos da malha que constitui o trabéculo vão sendo ocluídos, o que leva a aumento da resistência à passagem do humor aquoso e diminuição do escoamento.

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10
Q

Circulação no disco ótico?

A

Irrigação muito complexa:
→ Artérias ciliares posteriores (longas e curtas): a artéria ciliar curta posterior tem a seu cargo a vascularização da cabeça do nervo ótico e dá ramos para a coroideia.
→ Artéria central da retina
A circulação que alimenta a cabeça do nervo ótico é de alta resistência; a que alimenta a corodeia é de baixa resistência.

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11
Q

Teoria Vasogénica?

A

Aumento da PIO → Roubo sanguíneo para a coroideia (desvio do sangue da rede de alta pressão para a de baixa pressão) → Isquemia do nervo ótico → Dificuldade no transporte axonal → Atrofia do N.Ótico → Glaucoma de causa isquémica ou vasculopatia

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12
Q

Teoria Mecânica?

A

Aumento da PIO → Efeito mecânico de esmagamento das fibras do disco ótico (axónios das células ganglionares) contra a lâmina crivosa → Dificuldade no transporte axonal → Atrofia do N.Ótico → Necrose dos axónios → Glaucoma de causa mecânica

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13
Q

Camada de fibras nervosas?

A

→ Trajeto curvilíneo dos axónios (exceto da região foveal, que têm o trajeto retilíneo).
→ Ou seja, os axónios das células ganglionares da retina dirigem-se de forma curvilínea para o disco ótico (onde formam o nervo ótico), não se cruzando entre si – faz com que grande parte dos axónios entrem pelo pólo superior (6h) e pelo pólo inferior (12h) no disco ótico, formando uma rafe horizontal.
→ Assim, os axónios da metade superior da retina estão separados por uma linha horizontal (anatómica) dos da metade inferior.
→ Os axónios da metade nasal da retina estão separados dos da metade temporal por uma linha vertical (virtual), que representa decussação quiasmática, e que passa pela fóvea

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14
Q

Defeitos e linhas?

A

Por isso, os defeitos dos campos visuais podem corresponder a uma lesão neurológica ou retiniana:
→ Lesão neurológica ou de origem central: respeita o meridiano vertical.
→ Lesão ocular ou de origem retiniana: respeita o meridiano horizontal.

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15
Q

Lesão do disco: notch – perda axonal localizada?

A

Há um conjunto de células ganglionares que deixou de receber estímulos, porque há atrofia dos axónios que constituem o nervo dessa região.
O notch é responsável por um escotoma (zona do campo visual que não vai corresponder à zona recetora do axónio – repercussão funcional). A luz nesta zona não é percecionada.
O aumento do notch determina o aumento do escotoma, no entanto há sempre respeito pelo meridiano horizontal, o que reflete a existência de uma rafe anatómica (rafe horizontal).

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16
Q

Alterações dos campos visuais/Defeitos campimétricos?

A

O glaucoma é uma lesão estrutural com correspondência na perda de campo visual (há uma correlação anatomo-patológica). só podemos dizer que estamos perante um glaucoma se houver correspondência anatomo-funcional, ou seja, obriga a fazer perimetria.
→ Perda do quadrante nasal
→ Perda do campo para-central (fóvea)
→ Perda do campo visual na média periferia

Avaliação dos campos visuais desde cedo é essencial no glaucoma, porque só através de técnicas perimétricas se consegue avaliar pequenas perdas do campo visual (pequenos escotomas).
Nos testes perimétricos o que se pesquisa é a sensibilidade retiniana à luz.

17
Q

Tipos de glaucoma?

A

→ Primário de ângulo aberto (mais frequente)
→ Nornotensional (tensão intra-ocular < 21mmHg)
→ Ângulo fechado (causa de olho vermelho)
→ Congénito (raro)
→ Infantil (raro)
→ Secundário, por exemplo, a uma patologia ocular ou sistémica
→ Crónico

18
Q

Glaucoma primário de ângulo aberto (Glaucoma simples)?

A

No glaucoma primário de ângulo aberto, a elevada amplitude do ângulo irido-corneano permite um normal fluxo de humor aquoso.
Contudo, esta drenagem encontra-se interrompida, por exemplo, por obstrução da via de drenagem – tal obstrução pode resultar da presença de sangue, células inflamatórias, células neoplásicas…
Para além de alterações do trabéculo, também alterações da pressão episcleral podem resultar numa perturbação da drenagem do humor aquoso

19
Q

Quadro Clínico de Ângulo Aberto?

A
→ Hipertensão ocular
→ Perdas campimétricas
→ Escavação glaucomatosa
→ Ângulo aberto (gonioscopia)
→ Ausência de dor e de congestão ocular
→ Bilateral, mas nem sempre simétrico
→ Ínicio na idade adulta
→ Alteração das características do nervo ótico e do campo visual – correlação morfo-funcional
→ Ausência de sintomas
→ Ausência de causa secundária (daí dizemos que é primário)
20
Q

Etiologia e Incidência de Glaucoma de Ângulo Aberto?

A

Etiologia: aumento da resistência ao escoamento do humor aquoso (a resistência está na rede trabecular).
Incidência: 1-2,5% indivíduos com mais de 40 anos.

21
Q

Glaucoma de ângulo fechado (Glaucoma agudo)?

A

No glaucoma agudo, normalmente atingem-se valores de pressão intra-ocular superiores a 70mmHg!
O diagnóstico é imediato porque há dor e hipovisão marcada. Não é raro! O tratamento da crise de glaucoma de ângulo fechado é médico.

22
Q

Quadro Clínico de Glaucoma de ângulo fechado (Glaucoma agudo)?

A
→ Aumento súbito a tensão intra-ocular
→ Encerramento do ângulo
→ Pupila midriase média não reativa
→ Olho vermelho
→ Dor periocular violenta com irradiação para a cabeça
→ Diminuição da visão
→ Halos corados (edema da córnea)
→ Cefaleias, náuseas e vómitos
→ Escavação glaucomatosa
→ Perdas campimétricas

De entre os fatores de risco para glaucoma de ângulo fechado, destaque para a hipermetropia, sexo feminino e idade avançada

23
Q

Avaliação do ângulo irido-corneano?

A

Lanterna de bolso junto ao limbo:
→ Se iluminarmos o olho todo: angulo aberto;
→ Se iluminarmos apenas do lado onde está a laterna: ângulo fechado;
Nunca devemos dilatar um olho se suspeitarmos de ângulos estreito, porque podemos causar glaucoma agudo! É aconselhável dilatar para realizar uma correta avaliação, desde que com os devidos cuidados.

24
Q

Tratamento do glaucoma agudo?

A

Consiste em quebrar este ciclo vicioso, fazendo um bypass no trajeto do humor aquoso, através de uma iridotomia – faz-se um orifício a laser na íris, permitindo o acesso direto de humor aquoso ao trabéculo (manobra curativa).
Contudo, quem tem glaucoma agudo pode perder o olho – estes doentes têm uma tensão intra-ocular cerca de 70-80mmHg, o que determina uma lesão irreversível do nervo ótico, ou uma ligeira recuperação com grande perda funcional. Por isso, o é que se faz, é profilaticamente, fazer uma iridotomia no olho adelfo, porque este também está propenso a ter uma crise aguda de glaucoma.

25
Q

Classificação de Schaffer?

A

A gradação faz-se pela gonioscopia (ângulo irido-corneano) – graduamos o risco do doente, que sabemos ser maior quando tem o ângulo estreito.
→ IV Aberto – 30-45º → Crise aguda impossível (por definição, um ângulo aberto não fecha);
→ III Estreito – <20º → Crise aguda possível
→ II Muito estreito – <10º → Crise aguda provável: grande risco
→ I Fechado – 0º → Crise aguda (está em crise, com a íris encostada à córnea!)

26
Q

Diagnóstico diferencial de glaucoma agudo?

A

→ Conjuntivite (não costuma ter dor ou tem dor em picada)
→ Ceratite – dor em picada (diferente da dor lancinante do glaucoma agudo)
→ Uveíte (dor agrava com movimento ocular)