T11 - Pálpebras (1) Flashcards
Anatomia das Pálpebras?
- As pálpebras revelam-se úteis para afastar as poeiras.
- O orbicular do olho constitui o músculo responsável pelo seu encerramento, sendo constituído por três porções – orbital (central), pré-septal e pré-tarsal.
- A abertura da pálpebra superior é mediada pelo elevador da pálpebra superior e, em menor escala, pelo músculo do Muller (a sua inervação simpática explica porque é que a síndrome da Horner cursa com ptose ligeira).
- Por seu turno, a abertura da pálpebra inferior é de responsabilidade do músculo tarsal (também inervado pelo sistema nervoso simpático), registando-se retração palpebral no distireoidismo
Anomalias Congénitas das Pálpebras?
→ Epicanto: constitui uma causa de pseudo-estrabismo (ou seja, simula estrabismo). Em Portugal, não cursa com ambliopia, contrariamente ao Japão e países do extremo Oriente. Entre nós tem caráter transitório; aperta-se a base do nariz e fica normal. Causa de suspeita de estrabismo.
→ Coloboma: ausência de tecido palpebral (problema estético de difícil correção).
→ Anquilobléfaro: fusão das pálpebras, geralmente parcial. Ligação parcial (por vezes, pode ser total) da pálpebra superior à inferior. Raro. Correção cirúrgica simples.
→ Síndrome blefarofimose (geralmente associado a ptose)
→ Eversão congénito das pálpebras. Tratamento cirúrgico. Não carreta qualquer risco patológico.
→ Criptoftalmia: situação grave; ausência da pálpebra (a maioria das vezes associa-se a ausência do olho). Normalmente integra um quadro malformativo.
Ectrópio?
Consiste no bordo palpebral inferior virado para fora, com eversão do ponto lacrimal inferior.
→ Ectrópio involucional (com a idade – senil; é o mais frequentes)
→ Ectrópio cicatricial: ferida nessa região, que foi mal suturada (estas situações devem sempre ser reparadas por oftalmologia)
→ Ectrópio congénito: tipicamente envolve a parte externa do bordo palpebral
→ Ectrópio paralítico: lesão do VII
→ Ectrópio mecânico: provocado por um tumor que repuxa a pálpebra.
Entrópio?
Consiste no bordo palpebral virado para dentro – é mais incomodativo que o ectrópio, porque as pálpebras tocam na córnea (triquíase).
→ Entrópio involuvional
→ Entrópio cicatricial
→ Entrópio congénito – tipicamente envolve a metade medial do bordo palpebral.
Ptose Palpebral?
→ Ptose involucional → Ptose iatrogénica → Ptose traumática → Ptose congénita -- se for uma ptose muito marcada, fecha a fenda palpebral e causa ambliopia de privação (com o queixo levantado ainda não têm ambliopia) → Ptose Marcus Gunn (“Jaw-winking”) -- Por mau direcionamento (erro de enervação) das fibras nervosas (nervo oculomotor/nervo trigémio). -- Tem ptose que desaparece ao abrir a boca → Ptose neurogénica → Ptose miogénica → Ptose mecânica → Síndrome blefarofimose
Dermatocalásia?
Pálpebra com pele a mais, que ultrapassa os próprios limites do bordo palpebral.
É um defeito estético que em regra não tapa a pupila.
Contudo, a dermatocalásia pode reduzir o campo visual (atuando como uma pala periférica) – nesse caso, a cirurgia é funcional, e não estética
Blefarites?
Estafilocócica (+frequente)
Seborreica
Disfunção das glândulas de Meibomius
Blefarite Estafilocócica (+frequente) ?
# Localização -- Pálpebra anterior (diagnóstico a olho nú – bordo palpebral ruborizado) # Perda e coloração branca dos cílios (pestanas) -- Frequente # Úlcera na pálpebra -- Ocasional # Conjuntivite -- Papilar # Ceratite -- Infiltrados marginais, EEP (erosões epiteliais periféricas) que condicionam fotofobia # Deficiência lacrimal -- ++ # Dermatite seborreica -- - # Rosácea -- -
Blefarite Seborreica?
# Localização -- Pálpebra anterior # Perda e coloração branca dos cílios (pestanas) -- Ocasional # Úlcera na pálpebra -- Não # Conjuntivite -- Folicular ou papilar tarsal (a conjuntivite folicular é + comum) # Ceratite -- EEP constituindo a principal diferença da blefarite seborreica face à estafilocócica # Deficiência lacrimal -- + # Dermatite seborreica -- +++ # Rosácea -- +
Blefarite - Disfunção das glândulas de Meibomius?
# Localização -- Pálpebra posterior (diagnóstico a olho nú – glândulas de Meibomius repletas de gordura) # Perda e coloração branca dos cílios (pestanas) -- Não # Úlcera na pálpebra -- Não # Conjuntivite -- Papila Tarsal # Ceratite -- EEP # Deficiência lacrimal -- - # Dermatite seborreica -- - # Rosácea -- -
Tratamento Blefarites?
Tratamento: calor húmido, pomada de tetraciclinas e pomada de corticoides (em situações mais graves, dever-se-á aplicar tetraciclina ou doxiciclina per os durante um mês).
Chalázio / Hordéolo?
Condição inflamatória aguda palpebral, a qual deverá ser tratada com antibioterapia e corticoterapia.
Em condições crónicas, forma-se um granuloma, o qual carece de sinais inflamatórios agudos (chalazo – condição bastante frequente e que pode requerer cirurgia)
Tumores Benignos?
→ Quisto sebáceo (ex. glândulas de Zeiss) – são os mais vulgares;
→ Xantelasma: condiciona defeito estético
→ Verruga vulgaris
→ Papiloma escamoso
→ Queratose seborreica
→ Queratose solar ou actínica
– Há quem considere esta lesão como pré-cancerosa;
→ Queratose folicular invertida
→ Hiperplasia pseudoepiteliomatosa – defeito estético
→ Quisto de inclusão epidérmico
→ Queratoacantoma
– Há quem considere esta lesão como pré-cancerosa
→ Hemangioma (tipicamente, na criança são pequenas e regridem)
→ Neurofibromas – pequenos nódulos na região palpebral
Tumores Malignos?
→ Carcinoma de células basais/basocelular (baixa malignidade)
→ Carcinoma das células escamosas
– Grande poder invasivo – mais raro, mas altamente maligno.
→ Adenocarcinoma sebáceo
– Raro
→ Melanoma (pouco vulgar)
→ Sarcoma de Kaposi
– Duas variantes:
▪ Associada à SIDA (30 a 40%)
▪ Sem associação à SIDA, mais no homem adulto, mais no Mediterrâneo.
Traumatismos Palpebrais?
→ Queimadura química: muito comum. Devemos lavar o olho abundantemente com água (é errado evitar o contacto com água). No serviço de urgências, devemos dar um anestésico/analgésico e colocar um sistema de soro a correr gota-a-gota até o pH ficar neutro.
→ Avulsão do tendão medial e laceração do canalículo inferior
→ Tatuagem após expulsão
→ Telecanto traumático após fratura orbitária
Tratamento: soro antitetânico + antibioterapia geral e local, penso compressivo. Eventualmente pode haver necessidade de tratamento cirúrgico.