T3 - Cataratas (2) Flashcards
Catarata sindermatótica?
Associada a uma lesão de pele - opacidade subcapsular anterior
Cataratas relacionadas com afetação da pele (pele e cristalino derivam de ectoderme superficial).
A associação deve-se apenas à origem ectodérmica comum, porque não há relação de causa-efeito.
→ Dermatite atópica – presente em 10% dos doentes entre os 15 e os 30 anos. Bilateral em 90% dos casos. Subescapular anterior. A mais frequente.
→ Doença de Rothmund – atrofia cutânea, zonas pigmentadas e despigmentadas, Opacidades zonulares congénitas bilaterais.
→ Síndrome de Werner (envelhecimento precoce) – após os 20 anos, diabetes, hipogonadismo, osteoporose, envelhecimento precoce. Subcapsular posterior.
Catarata por ação física?
→ Variações térmicas – vidreiros, por exemplo.
→ Corrente elétrica - uma corrente elétrica atravessa a face (e choques elétricos em geral) pode terminar o aparecimento de uma catarata que pode apenas desenvolver-se anos depois – importância médico legal.
→ Radiação – micro-ondas, infravermelhos, ultravioletas e radiação ionizante (perigo apenas quando há exposição de elevado nível, nomeadamente, exposição industrial – aparelhos domésticos não apresentam qualquer problema).
→ Tóxicas
– corticosteroide (por via tópica ou sistémica), sobretudo os corticosteroides sistémicos. A catarata induzida pelos corticosteroides é frequentemente subcapsular posterior. Pensa-se que a patogénese esteja no facto dos corticosteroides reduzirem o metabolismo. O risco é maior na criança
– mióticos, cloropromazina, tálio, selénio, naftaleno, etc.
Catarata traumática?
Secundária a traumatismo aberto ou fechado.
Ocorre catarata por desalinhamento de alteração das fibras do cristalino.
Os traumas do olho são perigosos porque é um santuário imunológico
→ Anel de Vossius : deposição de pigmento sobre a cápsula anterior do cristalino na área pupilar – uma catarata traumática deixa de ficar a “impressão” da íris na face anterior do cristalino quando é empurrada contra ele;
→ Opacidades subcapsulares (fundo de cristal – imagem altamente sugestiva de catarata traumática)
→ Pérolas de Elschnig – são restos epiteliais que tentam reconstruir o cristalino, ocorrendo formação de fibras, que não são transparentes e que preenchem a câmara pupilar
Alterações do cristalino?
Dimensões
Posição
Forma
Alterações do cristalino - Dimensões?
→ Coloboma do cristalino
→ Microfaquia
→ Esferofaquia – cristalino solto com forma esférica, permanente (diâmetro de acomodação).
→ Afaquia primária e secundária.
Alterações do cristalino - Posição?
→ Ectopia – luxação ou sub-luxação do cristalino, defeito no tecido conjuntivo da zónula.
- Miopia
- Glaucoma secundário
- Catarata
- Fragilidade com possível consequência: esferofaquia
→ Síndrome de Marfan – aracnodactilia, articulações laxas e infantilismo em longilíneos (predisposição à sub-luxação do cristalino).
→ Síndrome de Weil-Marchesani – membros e dedos curtos, articulações sinoviais proeminentes, mas pouco móveis.
→ Homocisteinúria
Alterações do cristalino - Forma?
→ Lenticone anterior e posterior (protusão anterior e posterior) – a solução é retirar o cristalino e colocar uma lente artificial.
→ Lentiglobo anterior e posterior (Síndrome de Alport)
→ Coloboma – anomalia congénita em que se observa uma ausência de substância ao nível do equador do cristalino, no local onde se deveria ter desenvolvido a zónula (ocorre por não ter havido fusão da tacícula ótica). Também há colobomas da íris
→ Catarata polar anterior
Avaliação pré-operatória da catarata?
→ Acuidade visual → Campos visuais → Tensão intra-ocular → Gonioscopia → Reflexo pupilar → Oftalmoscopia indireta → Interferómetro laser → Sensibilidade ao contraste → Perceção e projeção luminosa → Verde-vermelho → Ultrassonografia → Eletrofisiologia
Nas cataratas ligeiras, onde é possível avaliar o fundo ocular, a avaliação e prognóstico são mais facilmente determinados. Nas cataratas com muita opacidade é necessário fazer outros testes.
Por exemplo, com uma catarata completa pode coexistir com atrofia total do nervo ótico – tem que se avaliar a função ocular para termos um prognóstico da cirurgia.
→ Com uma lanterna de pulso, pesquisamos o reflexo pupilar
→ Perceção luminosa
→ Colocando à frente da lanterna que incide no olho, um filtro verde e vermelho, o doente tem que ter a capacidade para distinguir a cor da luz
Importante?
Garantir que o doente não tem outra lesão além da catarata.
Uma catarata nunca afeta o reflexo pupilar à luz (reflexo fotomotor). Se este não existe, é indicação que há doença concomitante.
Ausência do reflexo fotomotor ou alterações da perceção da luz nunca podem ser devidas a cataratas.
Facectomia intra capsular com crio extrator?
Já não se usa.
Técnica: abertura do olho em 180o, junto ao limbo(entra-se diretamente na câmara anterior). A sonda toca no cristalino e forma uma bola de gelo (congela-se o cristalino). Movimentando essa bola de gelo, liberta-se o cristalino da zónula e retira-se a catarata no seu conjunto (cristalino mais cápsula) – a quebra dos ligamentos zonulares, que se faz com a movimentação, é essencial. Fecha-se o olho com vários pontos.
Nota sobre lentes e distância aos olhos?
→ Uma lente positiva ou convergente tem maior valor quanto mais longe tiver do olho: diminuição das D.
- Lente convergente aumenta a potência quando se afasta – por isso, o hipermetrope, quando começa a ver mal, põe os óculos na ponta do nariz.
→ Uma lente negativa ou divergente tem maior valor quanto mais próxima estiver do olho: diminuir as D.
- Lente divergente aumenta a potência quando se aproxima – por isso, o míope, quando começa a ver mal, puxa os óculos para cima.
Facectomia extra capsular – com aplicação de lente intra-ocular?
Técnica popular em Portugal nos anos 80.
Técnica: Incisão na córnea, incisão na cápsula anterior do cristalino. Coloca-se um peso em cima do olho, que provoca o esvaziamento do cristalino. Introduz-se uma lente intraocular dentro da cápsula (D consoante outras correções)
Faco emulsificação (com aplicação de lente intra-ocular moldável)?
Técnica usada atualmente. Popularmente e erroneamente designada por “cirurgia por laser”.
Técnica: Incisão na esclera (e já não é na córnea), sendo esta incisão muito pequena. Micro-incisão de 3mm. O núcleo do cristalino é destruído pela energia da sonda (mecanicamente) e os fragmentos são lavados e aspirados após ter feito na abertura circular do cristalino (capsulorrexis). Introduz pela micro-incisão, o FACO para destruição do núcleo. Uma lente moldável é injetada no olho e depois inserida, abre-se e ocupa o seu espaço. Não se dá pontos para cicatrizar (devido a micro-incisão). O doente vê 10/10 sem dificuldade no dia seguinte.
Vantagens FACO?
→ Não astigmatiza, porque não é preciso dar pontos
→ Rápida recuperação da visão (passadas horas) – visão 10/10
→ Faz-se uma micro-incisão
→ Retém o saco capsular para manter a lente
→ A lente é moldável
→ Lente de fixação escleral – a lente fixa à esclera quando não existe cápsula (situação de traumatismo, por exemplo). É raro.
Desvantagens de FACO?
Doente perde a capacidade de acomodação, mas isto é pouco importante, uma vez que geralmente estes doentes são idosos e já não têm naturalmente essa capacidade.