Surdez Hereditária Flashcards

1
Q
  • Qual a mais comum das deficiências sensoriais congênitas?
  • Qual porcentagem dos pacientes com perda auditiva grave pré-lingual tem causa genética?
  • Qual o tipo de surdez genética mais comum, sindrômica ou não-sindrômica?
A

Surdez. Chega a ser 20x mais frequente que muitas doenças detectadas no teste de pezinho. Atinge crianças na proporção de 1:1000.

  • 60%
  • NÃO-SINDRÔMICA (são 70% dos casos). Perdas sindrômicas correspondem a apenas 30%
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2
Q
  • Sobre as perdas não-sindrômicas, a maioria geralmente é autossômica recessiva ou dominante?

Cite também qual desses dois tipos costuma ser mais grave e qual geralmente surge na fase pré-lingual e pós-lingual.

A
  • Cerca de 85% são autossômicas recessivas (costumam ser mais graves, pré-linguais e com defeitos cocleares importantes).
  • As dominantes representam 12-14% (costumam ser menos graves, progressivas, perdendo a surdez por volta de 20-30 anos de idade).

O restante dos casos seriam os casos ligados ao X.

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3
Q

Um mesmo gene pode proporionar surdez sindrômica ou não sindrômica, recessiva ou dominante?

A

Sim! Exemplos:

  • Gene PDS = podem causar a Síndrome de Pendred (sindrômica) ou a PANS não-sindrômica relacionada ao locus DFNB4.
  • Gene MYO7A = relacionado com DFNA11 (dominante), DFNB2 (recessivo) ou com síndrome de Usher.

(Obs: a sigla DFN significa deafness. O sufixo A significa dominante e B recessivo)

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4
Q

Sobre a surdez NÃO-SINDRÔMICA. Quantos genes tem sido estudados atualmente?

A

Cerca de 98 genes

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5
Q
  • Qual gene corresponde a 80% dos casos de perdas não-sindrômicas autossômicas recessivas e a 30% dos casos de PANS ao nascimento?
  • Qual o cromossoma afetado?
  • Qual a mutação que ocorre?
  • Como sua alteração causa perda auditiva?
A
  • CONEXINA 26 ou GENE GJB2 (sinônimos, significa gap junction protein beta-2). Causa perdas autossômicas (DFNA3) e recessivas DFNB1).
  • CROMOSSOMO 13.
  • Mutação 35delG (geralmente em homozigose. Se houver heterozigose, ou seja, apenas 1 alelo, devemos solicitar outro gene, citado a seguir).
  • As junções tipo gap fazem manutenção do potencial endococlear e formam comunicações intercelulares entre células de suporte do órgão de Corti. Sua alteração faz faltar a passagem do potássio para a estria vascular (importante para a CCI passar o potencial para o nervo auditivo).
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6
Q

Quando devemos associar à pesquisa do gene da Conexina 26, outro gene, a Conexina 30 (GJB6)?

A

Pesquisamos esse gene quando a pesquisa da mutação do 35delG da Conexina 26 apresentou heterozigose (apenas 1 alelo, aos invéz de homozigose). Nesses casos, se houver perda, o gene Conexina 30 (GJB6) provavelmente está associado e deve ser pesquisado.

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7
Q

Qual gene representa a segunda ou terceira causa de perda não-sindrômica recessiva, com importância atrás apenas da Conexina 26 e 30?

A
  • PDS

É o gene relacionado a alteração do tranporte de ÍONS IODO E CLORO, levando a fluidos anormais na cóclea e SÍNDROME DO AQUEDUTO VESTIBULAR ALARGADO (SAVA). Sua importância fica atrás apenas da Conexina 26 e 30.

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8
Q

Qual o nome do gene que causa perda não-sindrômica, pré-lingual, de intensidade grave a profunda e associada a NEUROPATIA AUDITIVA?

A
  • OTOF (proteína citosólica otoferlina. Envolvida na fusão de vesículas, contendo neurotransmissores com a membrana plasmática).
  • Causa neuropatia auditiva (EOA positivas e BERA negativo) e quando há associaçao desse gene OTOF, indica BOA RESPOSTA AO IMPLANTE COCLEAR (outras neuropatias não são tão boas candidatas, tendo respostas erráticas).
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9
Q

Qual o nome do gene que causa perda não-sindrômica pós-lingual do tipo dominante, lentamente progressiva (cerca de 3dB ao ano), inicialmente em ALTAS frequências e comumente associado a LABIRINTOPATIA (zumbido e tontura), sendo DFNA9?

A
  • COCH (proteína Coclina).
  • Esse gene representa a PRINCIPAL PERDA AUTOSSÔMICA DOMINANTE PÓS-LINGUAL!
  • Tem início por volta de 16-28 anos de idade, com média em 21 anos, causando anacusia por volta da meia idade.
  • Por causar hipoacusia progressiva, zumbido e vertigem, em jovens, tem como principal diagnóstico a Síndrome de Ménière, mas diferentemente de Meniere que causa perda em graves e médios, na alteração do COCH temos perdas em ALTAS FREQUÊNCIAS.
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10
Q

Qual gene é relacionado a surdez não-sindromica por alterações dos CANAIS DE POTÁSSIO da superfície basolateral de CCE?

A
  • KCNQ4 (esse gene causa surdez autossômica dominante progressiva, que se inicia em altas frequências, e é relacionado a alterações dos canais da superfície basolateral de CCE.
  • Obs: pode causar surdez sindrômica também, sendo as mais comuns Sd. de Jervell e Lange-Nilson).
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11
Q

Cite um gene relacionado a perda não-sindrômica, de origem mitocondrial (passa apenas da mãe) e que predispõe a surdez após uso de AMINOGLICOSÍDEO?

A
  • Gene Ribossômico 12S RRNA (MTRNR1).
  • Gravar odefeito = A1555G (mutação mitocondrial que predispõe à surdez na eventualidade de uso de aminoglicosídeo). A surdez pode ser sindrômica ou não-sindrômica.
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12
Q

Faça um resumo com os principals genes que causam surdez não-sindrômica:

  • Autossômica recessiva pré-lingual.
  • Autossômica dominante pós-lingual.
  • Alteração mitocondrial.
A

Autossômica recessiva pré-lingual:

  • Conexina 26 (principal) e Conexina 30 (ás vezes pedir).
  • PDS (segunda causa, SAVA)
  • OTOF (neuropatia auditiva)

Autossômica dominante pós-lingual:

  • COCH (principal, DD Ménière)

Mitocondrial:

  • Defeito A1555G (surdez após uso de aminoglicosídeo).
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13
Q

Cite o principal nome das causas de surdez hereditária SÍNDRÔMICAS do tipo:

  • Dominante
  • Recessiva
  • Ligada ao X
A
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14
Q

Sobre as causas sindrômicas, no caso, a síndrome de Waardenburg:

  • Qual o padrão de herança?
  • Quais os genes relacionados?
  • Qual sua clínica?
  • Quais seus 4 subtipos?
A
  • Autossômica dominante
  • Genes PAX3 e MITF
  • PANS, alterações pigmentares (mecha branca no cabelo), heterocromia de íris e distopia canthorum (distância do canto dos olhos aumentada).

Existem 4 tipos:

  • Tipo 1 = distopia canthorum.
  • Tipo 2 = Sem distopia canthorum.
  • Tipo 3 = Distopia canthorum com anormalidades de MMSS (chamada de Sd. de Klein-Waardenburg).
  • Tipo 4 = Doença de Hirschsprung (intestinal) associada a anormalidades de MMSS e distopia (chamda de Síndrome de Waardenburg-Shah).
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15
Q

Sobre a síndrome de Treacher-Collins:

  • Qual o padrão de herança?
  • Quais os genes relacionados?
  • Qual sua clínica?
A
  • Autossômica dominante
  • Gene TCOF1
  • MALFORMAÇÃO DA ORELHA MÉDIA, associada a PERDA AUDITIVA CONDUTIVA (50% dos casos) e presença de ALTERAÇÕES DO 1/3 MÉDIO FACIAL.

Pode haver coloboma de pálpebra inferior, micrognatia, alteração de pavilhão, apêndices auriculares, coloboma auris, estreitamento de CAE, fenda palatina, atresia de coana, hipoplasia mandibular e queda do canto dos olhos).

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16
Q

Sobre a síndrome Branquio Oto-Renal:

  • Qual o padrão de herança?
  • Quais os genes relacionados?
  • Qual sua clínica?
A
  • Autossômica dominante
  • Gene EYA1, SIX5, SIX1.
  • Alterações do 2° ARCO BRAQUIAL (ver imagem abaixo) associadas a malformações RENAIS e presença de CATARATA.

Entre as malformações do segundo arco é possível haver malformações do pavilhão, apêndices auriculares, ausência de ossiculos ou fixação do estribo (PASC), CSC e/ou cóclea ausentes ou malformados, Mondini (PANS), pode haver SAVA (PANS flutuante).

17
Q

Sobre a síndrome Stickler:

  • Qual o padrão de herança?
  • Quais os genes relacionados?
  • Qual sua clínica?
A
  • Autossômica dominante
  • Genes COL2A1, COL11A1, COL9A1.
  • PANS em altas frequências, não progressiva e leve (50%) e presença de MIOPIA precoce (aos 10 anos de idade).

Outras alterações incluem degeneração vitreorretiniana, catarata, descolamento de retina, cegueira, degeneração prematura de articulações (epífises anormais), irregularidades dos corpos vertebrais, hipoplasia de terço médio da face, fissuras palatinas e prolapso de válvula mitral.

18
Q

Sobre a síndrome de Jervell e Lange-Nielsen:

  • Qual o padrão de herança?
  • Quais os genes relacionados?
  • Qual sua clínica?
A
  • Autossômica RECESSIVA
  • Genes KCNQ1 e KCNE1
  • Intervalo QT prolongado associado a ARRITIMIAS VENTRICULARES e a uma PANS severa a profunda (altas frequências).

As arritimias podem levar a síndromes, convulsões e morte súbita.

19
Q

Sobre a síndrome de Pendred

  • Qual o padrão de herança?
  • Quais os genes relacionados?
  • Qual sua clínica?
A
  • Autossômica RECESSIVA
  • Genes PDS (mesmo gene que pode causar surdez não-sindrômica) e SLC26A4
  • PANS pré-lingual (severa a profunda), em alguns casos vestibulopatias, e associada a BÓCIO (geralmente causa hipotireoidismo).

Pode vir associado hipoplasia de cóclea (Mondini), SAVA (>80%) e alargamento do saco endolinfático. Se esses pacientes evoluirem para implante coclear, risco altíssimo (praticamente certo) de gusher (saída de líquido, complicação durante cocleostomia).

20
Q

Sobre a síndrome de Usher

  • Qual o padrão de herança?
  • Quais os genes relacionados?
  • Qual sua clínica?
  • Quais seus 3 subtipos?
A
  • Autossômica RECESSIVA
  • Vários genes.
  • PANS pré-lingual (severa a profunda) associada a atraso no desenvolvimento devido compromentomento vestibular (criança só vai andar com 18-24 meses) e RETINOPATIA PIGMENTAR (com cegueira).

Pode ter 3 tipos:

  • Tipo 1 = PA congênita profunda com labirintopatia
  • Tipo 2 = PA “em declive” e sem labirintopatia (+ COMUM)
  • Tipo 3 = PA progressiva com acometimento labiríntico variável.

Essa criança terá prioridade para implante coclear porque vai ter 2 deficiências (auditiva e visual).

21
Q

Sobre a síndrome de Alport:

  • Qual o padrão de herança?
  • Quais os genes relacionados?
  • Qual sua clínica?
A
  • Geralmente LIGADA AO X (mas pode ser autossômica recessiva).
  • Genes COL4A5 (ligado ao X, representa 80% dos casos e inicia aos 10 anos com NEFRITE progressiva e uma PANS de frequências agudas. Pode ter alterações OCULARES).
  • Gene COL4A3 e COL4A4 (minoria, autossômica recessiva).
22
Q

Sobre a síndrome de Norrie:

  • Qual o padrão de herança?
  • Quais os genes relacionados?
  • Qual sua clínica?
A
  • Recessiva LIGADA AO X
  • Genes NDP (difícil diagnóstico).
  • Alterações OCULARES associadas a PANS progressiva (< 50%) e RETARDO MENTAL.

Alterações oculares: pseudotumor de retina, hiperplasia de retina, hipoplasia e necrose da camada interna da retina, catarata, descolamento de retina, atrofia e sinequias da íris, cegueira e phthisis bulbi.

Outras alterações: psicose, suscetibilidade aumentada para infecções, criptorquidia, hipogonadismo e microcefalia.

23
Q

O que seria a Sd. de Bjornstad que o tratado cita?

A

PANS congênita com “pili torti”(cabelo nasce na metade da cabeça, fio fica frágil e torcido). O gene BCS1L tem uma mutação que induz a produção de radicais livres que danificam o aparato auditivo levando a surdez.

24
Q

Durante a investigação das causas de surdez hereditária, o que significa o mneumônico “HEARING”?

A
25
Q

No caso de após história clínica minunciosa não definir uma causa, como inicio a pesquisa genética?

A

Se for pedir apenas um único gene, começar pelo GJB2 (Conexina 26). Hoje temos 23 painéis genéticos, com 129 genes (“gene chip”).