PAIR e Trauma Sonoro Flashcards
Qual a definição de PAIR?
Perda auditiva induzida por ruído por alteração coclear irreversível, decorrente de exposição prolongada a níveis sonoros elevados, resultante do exercício da profissão. Diagnóstico ocorre durante triagem ou quando paciente apresenta queixas.
- Qual o melhor momento para realização da audiometria?
- Quais os achados característicos?
- Exame deve ser realizado pelo menos 24-48h após sair da exposição do barulho (evitar fadiga auditiva). Inclusive em um quadro de reconhecimento médico-legal de uma surdez por PAIR, um intervalo de 3 dias deve ser observado entre a parada da atividade ruidosa e a audiometria.
- PANS pura BILATERAL e SIMÉTRICA, com predomínio em frequências AGUDAS no estado inicial (audiometria do tipo “colher”). Pode apresentar entalhe característico como um V, centrado em uma das frequências agudas = 3, 4 (principal) ou 6 kHz.
Qual exame posso solicitar para ter uma suspeita antes mesmo de alterações clínicas e audiométricas?
- Emissões Otoacústicas por Produtos de Distorção.
Como é necessário ao menos 30% das minhas CCE para ter alteração na audiometria, esse exame pode ajudar a detectar mais precocemente (serve como triagem de alterações auditivas subclínicas).
O que é a fase de acomodação inicial da PAIR?
Fase que antecede os outros estágios evolutivos (I, II, III, IV) e que é considerada ainda REVERSÍVEL. É a chamada “fadiga auditiva”. Paciente pode referir orelha tampada, zumbido, cefaleia e aumento dos limiares.
Descreva os achados clínicos e o gráfico audiométrico observado no estágio 1 (surdez latente).
- Sem sintomas clínicos e comportamentais
- Queixa eventual de zumbido intermitente
- Entalhe em 4 kHz atingindo ou ultrapassando 30-40 dB.
Descreva os achados clínicos e o gráfico audiométrico observado no estágio 2 (surdez iniciante).
- Zumbido mais frequente e algumas dificuldades de comunicação (queixa auditiva).
- Entalhe se aprofunda em 4 kHz e começa uma perda de 30dB em 2 kHz.
Descreva os achados clínicos e o gráfico audiométrico observado no estágio 3 (surdez confirmada).
- Zumbido permanente e dificuldade de comunicação importante, com isolamento social
- Perda atinge 1 kHz (passando de 30dB) e se estende para 8 kHz.
Descreva os achados clínicos e o gráfico audiométrico observado no estágio 4 (surdez grave).
- Percepção da fala é difícil e isolamento social é maior.
- Perda se estende a 500 Hz (passando 30dB nessa faixa) e aprofundando nas demais.
- Qual porcentagem de pacientes expostos a ruído na PAIR vão de fato apresentar zumbido?
- Como costuma ser a perda em relação a simetria e lateralidade?
- Cerca e 1/3 dos pacientes. Os zumbidos serão mais constantes quando a perda for mais pronunciada.
- A surdez é bilateral, simétrica ou relativamente simétrica (dependendo da profissão, caminhoneiro por exemplo tem maior perda à esquerda).
A PAIR evolui após cessar o estímulo?
NÃO! Ao cessar estímulo estacionamos a perda. Porém é IRREVERSÍVEL.
Cite alguns fatores associados que pioram a PAIR.
- Nível sonoro (quanto maior dB, maior risco. Valor considerado tolerável para se trabalhar por 8 horas é de até 85 dB).
- Tempo de exposição = A perda tende a progredir lentamente após os 10 ou 15 primeiros anos de trabalho.
- Idade = devido ao tempo de exposição, porém piora com a idade devido a presbiacusia.
- Uso de protetores auditivos = correlação inversa e significativa entre perda nas altas frequências (4 a 6 kHz).
- Atividades extraprofissionais = lazer, prática de tiro.
- Genética = negros tem menos susceptibilidade. A presença de contato com citocinas (IL-1, IL-6, TNF alfa) e presença de EROs (radicais livres de oxigênio).
- Legislação = NR 7 (norma regulamentadora) na CLT atualmente é controlada pela portaria n°19 do MS = Exames audiométricos periódicos e demissionais devem ser realizados (programa de conservação auditiva).
- Lazer = Casas de show = limite de 105 dB = sabendo que já tem risco a partir de 80 dB. Não deveria passar de 2h de exposição
Qual nível sonoro é considerado tolerável para um indivíduo trabalhar por 8 horas diárias?
Quanto maior a intensidade sonora exposta, pior a gravidade da PAIR. O valor considerado tolerável para se trabalhar por 8 horas é de até 85 dB.
O tempo de exposição ao ruído tem relação com a PAIR?
Sim. A perda tende a progredir, porém isso ocorre MAIS LENTAMENTE APÓS 10-15 ANOS de trabalho.
A idade tem relação com a PAIR?
A idade tem relação com o tempo de exposição e também com a presbiacusia associada.
O uso de protetores auditivos influenciam na PAIR?
Uso de protetores auditivos tem correlação INVERSA e significativa entre a perda auditiva, protegendo especialmente nas altas frequências (4 a 6 kHz).
Atividades extraprofissionais como prática de tiro podem influenciar?
Óbvio.
Fator racial tem relação com a Presbiacusia?
Sim, é pior em brancos (negros tem menos susceptibilidade à presença citocinas (IL-1, IL-6, TNF alfa) e presença de EROs, radicais livres de oxigênio).
- Qual a norma regulamentadora do programa de conservação audittiva do MS?
- Casas de show tem um limite de até quantos dB?
- NR 7 (norma regulamentadora) na CLT atualmente é controlada pela portaria n°19 do MS. Ela indica exames audiométricos periódicos e demissionais que devem ser realizados (programa de conservação auditiva).
- Limite de 105 dB (sabendo que já tem risco a partir de 80 dB). Teoricamente não deveria passar de 2h de exposição, pois acima desse tempo já temos lesão auditiva.
Sobre os Traumas Sonoros Agudos (TSA), qual sua definição?
Exposição a um ruído intenso, seja ele súbito ou contínuo.
- Súbito (disparo de arma de fogo, fogos de artifício, bombas)
- Contínuo (exposição em shows e concertos musicais ou próximo a maquinários industriais de alta energia sem a devida proteção).
Quais os dois mecanismos de TSA?
- Mecânico (energia que ultrapassa os limites fisiológicos da OI e causa movimento abrupto da membrana basilar, rompendo as células ciliadas).
- Metabólico (isquemia, excesso de liberação de glutamato e radicais livres, com aumento excessivo do fluxo de potássio e cálcio).
Quais fatores intrínsecos do paciente servem como fatores de proteção e risco para TSA?
- PROTEÇÃO: doenças da orelha média como OTOESCLEROSE e OMC geram atenuação do ruído que chega à orelha interna.
- RISCO = doenças da orelha interna como presbiacusia, meniere e ototoxidade. Perdas
sinérgicas ao ruído causando maior PANS. Isso também vale para pacientes de otosclerose já operada, que perde a proteção.
- A distância da fonte sonora influencia no TSA?
- Qual o limiar da dor (em dB) após uma estimulação sonora?
- A partir de qual limiar (dB) os efeitos lesivos são instaurados?
- Porque os reflexos musculares protetores não conseguem inibir o TSA?
- Sim. Cada vez que se dobra a distância de uma fonte sonora, ocorre a supressão de 6 dB em sua intensidade. – ou seja, quanto mais perto da fonte sonora, pior.
- O limiar da dor na estimulação sonora ocorre em 120 dB. É muito alto.
- A partir de 140 dB os efeitos lesivos são instaurados.
- Estapédio e tensor do tímpano tem latência de 30 ms para funcionar, por isso não atuam contra o trauma sonoro agudo (estímulos súbitos). Além disso entram em fadiga, deixando de proteger (sons contínuos).
Após um TSA, a perda auditiva pode ser temporária?
Sim. A recuperação depende do fim do estimulo e dá-se em até 2 minutos (curta duração) ou até 16 horas (longa duração).
- Qual o quadro clínico, em geral, do TSA?
- Qual sinal pode ser visto em otoscopia?
- Hipoacusia e zumbido (geralmente assimétrico, agudo e não pulsátil), otalgia (imediata após trauma), hiperacusia dolorosa, instabilidade, cefaleia, tensão muscular.
- Sinal de Muller (Hiperemia Perimaleolar)
Quais são os sinais de mau prognóstico em audiometria e EOA?
- Perda em agudos é ruim (melhor prognóstico se perdas graves).
- EOA ausentes indica mau prognóstico.
Qual o tratamento indicado?
- Corticosteroide (Metilprednisolona 15mg/kg/dia, ou considerar Prednisolona via oral).
- Pentoxifilina 400mg 3x/dia.
- Prevenção (protetores auditivo e/ou evitar ambientes propícios ao TSA)