Otoesclerose Flashcards

1
Q

Qual a definição de Otoesclerose?

A

Osteodistrofia localizada da cápsula ótica, raramente acometendo os ossículos auditivos, podendo gerar alterações auditivas e vertigem.

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2
Q

Explique como funciona o remodelamento ósseo e a fisiopatologia da Otoesclerose, levando em consideração os mediadores osteoprotegerina (OPG), RANK-L, RANK e TRAIL.

A
  • O ligamento espiral produz osteoprotegerina (OPG) , um mediador que age inibindo o recrutamento, formação e ativação de osteoclastos. A Remodelação óssea depende do equilíbrio da OPG e os fatores de RANK e RANK-L. Pacientes com otosclerose tem desequilíbrio entre esse mediador e os fatores.
  • O RANK-L (das células da linhagem dos osteoblastos) se liga ao receptor RANK nas células precursoras dos osteoclastos. Isso promove ativação e diferenciação do osteoclastos. Como consequência aumenta a reabsorção óssea. A osteoprotegerina (produzido no ligamento espiral) é um fator inibidor de osteoclastos, fazendo isso por meio da sua ligação com o RANK-L (portanto ele inibe a ligação do RANK-L com o receptor RANK. Caso haja uma MENOR quantidade de OPG, sobrará mais RANK para ligar ao RANK-L aumentando a reabsorção óssea. Além disso, a OPG também se liga ao TRAIL (TNF-related apoptosis-inducing ligand), uma substância responsável por apoptose de osteoblastos. Sua falta leva também á perda óssea.
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3
Q

Qual a diferença dos termos, ottoesclerose e otoespongiose?

A
  • Otospongiose = Atividade da doença.
  • Otosclerose = Doença inativa. Inatividade da remodelação.
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4
Q

Cite a diferença dos 4 tipos de otoesclerose (histológico, clínico, coclear e muito avançada) e sua sintomatologia.

A
  • Histológico: foco limitado à cápsula ótica. Início da otospongiose. Paciente sem sintomas.
  • Clínico : fixação da platina do estribo. Sintomas de PAC. Se afetar endósteo coclear também pode ter PAM, zumbido e tontura.
  • Coclear: invasão do endósteo coclear mas sem fixação da platina do estribo. Cursa com PANS pura.
  • Muito avançada: envolvimento extenso da cápsula ótica. PANS > 85 dB e ausência de estímulo pela via óssea.
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5
Q
  • Qual o nome desse achado?
  • O que ele representa?
  • É visto na maioria ou minoria dos pacientes?
  • Qual tipo de otoesclerose ele está presente?
  • Faz DD com quais outras doenças?
A
  • Sinal de Schwartze
  • Dilatação vascular no promontório.
  • Visto em uma pequena porcentagem dos pacientes.
  • Presente na forma HISTOLÓGICA (otoespongiose).
  • Faz DD com glomus timpânico e carótida interna aberrante.
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6
Q
  • Qual o nome desse achado?
  • O que ele representa?
  • Está presente em qual tipo de otoesclerose?
A
  • Zona de Cozzolino (Fissula ante fenestra).
  • Hipodensidade ou rarefação anterior à janela OVAL.
  • Visto na forma CLÍNICA.
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7
Q
  • Qual o nome desse achado?
  • O que ele representa?
  • Está presente em qual tipo de otoesclerose?
A
  • Sinal do duplo halo.
  • Rarefação da cóclea
  • No tipo COCLEAR.
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8
Q
  • Qual o tipo de herança genética da otoesclerose?
  • Quais os genes e cromossomos associados?
  • É mais comum em negros ou caucasianos?
A
  • É autossômico DOMINANTE
  • Gene COL1A1 e aos cromossomos 15 e 7 (embora tenha vários outros relacionados).
  • É mais comum em caucasianos.
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9
Q

Cite as principais teorias etiológicas associadas ao surgimento da otoesclerose (incluindo um tipo de infecção viral que foi comprovada relação).

A
  • Hereditária (genética), endocrinológica (perda de estrógeno, GRAVIDEZ), vascular, mecânica-traumática, embriônica-constitucional, metabólica-mineral, autoimune e secundária à infecção viral (SARAMPO).
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10
Q

Por qual razão sarampo pode induzir a otoesclerose?

A

No sarampo temos autoimunidade. Nucleocapsídeos virais do paramixovírus é muito similar às estruturas dos osteoblastos que acabam sendo atacados pela defesa do corpo junto do vírus (reação cruzada).

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11
Q
  • Qual idade afeta com maior frequência?
  • Mais comum em negros ou caucasianos?
  • Costuma ser uni ou bilateral?
A
  • Afeta 15-35 anos, pico na 3° década.
  • Mais comum em caucasianos.
  • Bilateral em 70-90% dos casos.
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12
Q
  • Quais os principais sintomas?
  • Pode haver sintomas vestibulares?
  • O que pode vir na otoscopia e acumetria?
  • O que seria a Paracusia de Willis, vista em alguns casos?
A
  • Hipoacusia bilateral associada a zumbido (presente em 75% dos casos, por shunts, circulação prejudicada na estria vascular, hialinização do ligamento espiral, efeito ttóxico de enzimas proteolíticas e própria fixação do estribo).
  • Sintomas vestibulares são pouco frequentes (teste calórico positivo apenas em 27% dos casos).
  • Acumetria indicaria PAC bilateral, porém pode variar. Otoscopia com sinal de Schwartze em minoria dos casos.
  • Paracusia de Willis = melhora da percepção auditiva em ambientes ruidosos.
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13
Q

Quais os achados característicos audiométricos?

A
  • Audiometria demonstra PAC (mais comum), mas pode ser mista ou neurossensorial. A perda é BILATERAL, com boa discriminação vocal.
  • Pode apresentar um achado bastante característico, o ENTALHE DE CARHART (depressão da via óssea que acontece nas frequências de 2000 Hz, de cerca de 20dB. e uma melhoa na condução aérea, por ser a frequência de ressnância da orelha média, existindo portanto um fechamento do gap nessa região).
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14
Q

Quais os achados característicos de timpanometria e reflexo estapediano?

A

Timpanometria mostra curva Ar (rigidez). Pode haver o EFEITO ON-OFF com reflexo estapediano alternando entre presente e ausente nas fases iniciais, que significa a inversão do eixo de rotação da fixação do estribo, ou seja, ele não fica totalmente fixo, e depois em estágios mais avançados tende a ter REFLEXO AUSENTE.

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15
Q

Como é fechado o diagnóstico?

A
  • Pelos achados clínicos e audiológicos citados (suficiente).

Eventualmente a confirmação é feita por timpanotomia exploradora com ou sem uso de endoscópios.

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16
Q

Se PAC com CURVA NORMAL (TIPO A) e reflexo PRESENTE, qual outro diagnóstico diferencial devo pensar?

A

Pensar em uma síndrome da terceira janela (principalmente deiscência de canal superior).

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17
Q

Qual a indicação de Tomografia de Osso Temporal?

A
  • Se PANS pura, dúvida diagnóstica, suspeita de outro tipo de fixação de cadeia e candidatos a cirurgia (como pré-operatório).
  • A tomografia também pode ser útil na avaliação pós-operatória para avaliar granulomas reparativos, deslocamento da prótese e erosão da bigorna.
18
Q

A tomografia apresenta 3 classificações. Quais são elas?

A
  • Tipo 1 = exclusivamente FENESTRAL (fissula anti fenestra anterior a janela oval).
  • Tipo 2 = envolvimento coclear basal e/ou de giro médio-apical, ou envolvimento basal e sinal de duplo halo com ou sem fenestra.
  • Tipo 3 = duplo halo, com ou sem o tipo fenestral.
19
Q

Qual a finalidade da RM para otoesclerose?

A

A RM ajuda a avaliar permeabilidade coclear para IMPLANTE COCLEAR (se ela se ossificou como um todo ou não) e também ajuda a avaliar sucesso de terapia medicamentosa (se parei de ver os focos de remodelação).

20
Q

Qual o objetivo do tratamento da otoesclerose?

A

Melhorar ou manter a audição. Melhorar zumbido e melhorar tontura.

21
Q

Qual o único tratamento preventivo que existe?

A

Vacina para Sarampo.

22
Q

Para quem é indicado conduta expectante?

A
  • PAC leve, unilateral e sem prejuízo social.

Nos casos expectantes, avaliações otológicas e audiológicas devem ser feitas periodicamente, avaliando-se evolução da perda auditiva (piora do gap aéreo-ósseo ou aparecimento de componente neurossensorial) indicando necessidade de intervenção terapêutica.

23
Q

Para quem é indicado tratamento medicamentoso?

A
  • Lesão em atividade (otoespongiose), como rápida piora auditiva (principalmente PAM ou PANS pura), acúfenos e vertigem.
  • Pré e pós-operatório (controle da doença e melhora auditiva).
24
Q

O tratamento medicamentoso reverte a PAC?

A

Não reverte o componente condutivo da perda auditiva mas pode diminuir sua progressão ou estabiliza-la, revertendo a atividade enzimática da lesão.

25
Q
  • Qual a principal classe de medicação utilizada?
  • Qual sua ação?
  • Quais suas representantes e dosagens?
  • Quais efeitos colaterais devo atentar?
  • O que deve ser associado?
A

Classe:

  • Bifosfonatos (principal).

Efeitos:

  • São absorvidos pelo TGI e concentrados em locais de remodelação óssea em atividade. São fagocitados pelos osteoclastos e os leva a apoptose ou inibem enzimas da reabsorção.

Drogas:

  • Alendronato (70mg por semana, VO, dose única) por 12 semanas.
  • Risendronato (35mg/semana, VO, dose única) por 12 semanas.

Efeitos colaterais:

  • Curto prazo = Cefaleia, náuseas, dores abdominais, mialgia, dores ósseas, hipocalcemia.
  • Longo prazo = Esofagite, lesões renais, osteonecrose dos maxilares e fratura de femoral.

Associar:

  • Suplementação com cálcio e vitamina D.
26
Q

Quais medicações eram utilizadas antigamente mas entraram em desuso?

A

Biflavonoides e fluoreto de sódio.

27
Q

Quando indicar AASI?

A
  • Insucesso das terapias medicamentosa e/ou cirúrgica
  • Eventuais sequelas auditivas do tratamento cirúrgico
  • Paciente que recusa a cirurgia.
28
Q

Quais outras formas de reabilitação podem ser indicadas?

A
  • Prótese osteoancoradas como BAHA e Ponto (vibração mecânica), Carina, BAHA attract, Vibrant sound bridge, BoneBridge, Sophono e Maxum.
  • Implante coclear (perdas profundas).
29
Q

Quais os critérios para indicação de tratamento cirúrgico?

A
  • PAC ou PAM (com boa reserva coclear com limiar ósseo até 30dB).
  • GAP > 20 dB nas frequências da fala.
  • Discriminação vocal > 65%.
30
Q

Porque discriminação vocal ruim contraindica cirurgia?

A

Discriminação vocal ruim significa mau prognóstico porque mesmo fechando o gap com a cirurgia teve acometimento coclear, o problema não é mais transmissão e sim entendimento.

31
Q

Cite outras contraindicações para realização de cirurgia.

A
  • Fase ativa da doença
  • Infecção de orelha externa ou média.
  • Ausência de janela oval
  • Otoesclerose obliterante
  • Posicionamento aberrante do nervo facial
  • Persistencia da arteria estapediana
  • Sangramento excessivo intraoperatório
  • Outras fixações de cadeia ossicular
  • Complicações da platina.
32
Q

Qual a diferença entre a estapedectomia total, estapedectomia parcial e estapedotomia?

A
  • Existe a estapedectomia total (mobilização e retirada da platina do estribo), estapedectomia parcial (remocao do terco posterior da platina) e estapedotomia (perfuração circular no seu terço posterior), sendo em ordem decrescente de agressividade.
  • Tem resultados melhores em relação às frequências agudas e no longo prazo quanto menos agressiva for a técnica.
33
Q

Cite o passo-a-passo da técnica convencional da estapedotomia clássica.

A
34
Q

Qual a diferença para a Técnica Reversa de Fisch?

A

A técnica reversa de Fisch é uma alternativa em que primeiro colocamos a prótese e depois retiramos a supraestrutura, ou seja, invertermos a ordem. Tem como finalidade evitar fratura do foco otoesclerótico com rompimento do ligamento anular no momento da remoção da supraestrutura, o que deixaria a platina flutuante pela técnica convencional.

35
Q

Quais os passos da técnica convencional realizados abaixo?

A

Abriu-se o retalho timpanomeatal, fez o levantamento do anel timpânico para visualização da janela redonda, bigorna e ramo longo e uma das cruras do estribo. É necessária brocagem (ou curetagem) para observar o nervo facial, o tendão do estribo, eminencia piramidal e nervo corda do tímpano, com a janela redonda ali à direita.

36
Q

Quais os passos da técnica convencional realizados abaixo?

A

O nervo corda do tímpano é afastado (alguns optam por seccionar, pela chance do outro lado compensar). É feito uma mobilização da cadeia ossicular (sentimos o estribo fixo, ao contrário do habitual, que seria muito móvel). Aferimos o tamanho da prótese (atualmente de teflon e titânio são as mais usadas, com ganho audiológico semelhante, surgindo agora a Nitinol, de níquel e titânio, que tem efeito de memória podendo ser deformada quando aquecidas e retornar ao formato original, facilitando seu ajuste na bigorna). Geralmente utiliza-se em torno de 4 a 4,5 mm. É feito então a desarticulação da bigorna com o estribo (o movimento correto é demonstrado na ultima figura, devemos ter muito cuidado para não luxar a bigorna).

37
Q

Quais os passos da técnica convencional realizados abaixo?

A

É então seccionado o tendão e retirada da supraestrutura do estribo (na técnica reversa, eu deixo ela, coloco a prótese e tiro somente depois. Alguns autores preconizam também deixar). É feito então perfuração da platina (broca, ponteira, laser) no terço POSTERIOR.

38
Q

Quais os últimos passos da técnica convencional realizados abaixo?

A

É feito então introdução da prótese previamente medida, com encaixe na bigorna e na perfuração. E por ultimo, é testado a mobilidade. Após a cirurgia, há fechamento do gap. É possível colocar tecido mole, gelfoam, gota de sangue venoso para fazer coágulo, gordura para evitar saída de perilinfa. Por ultimo, rebatemos o retalho.

39
Q

Quais são as principais complicações intraoperatórias/precoces da cirurgia?

A
  • Perfuração de MT
  • Luxação da bigorna
  • Gusher (PANS, vertigem, acúfenos).
  • Paresia/paralisia facial
  • Labirintite serosa
  • Lesão do corda do tímpano
  • Platina flutuante (pode ser evitada pela técnica reversa).
  • Infecção do sítio cirúgico
  • Granuloma de reparação (pode ficar em cima da prótese).
40
Q

Quais são as principais complicações tardias cirúrgicas?

A
  • Necrose ramo longo da bigorna.
  • Prótese longa ou curta.