Otites Médias Crônicas Flashcards
Cite as 3 definições (clínica, temporal e histopatológica) de otite média crônica?
Clínica = condição inflamatória associada a perfurações amplas e persistentes da membrana timpânica e á otorreia.
Temporal = processo inflamatório da orelha média, cuja duração seja > 3 meses.
Histopatológica = processo inflamatório da orelha média associado a alterações teciduais irreversíveis.
Como o tratado classifica as otites médias crônicas?
1- Não específicas.
- OMC Não colesteatomatosa (perfuração central, marginal ou retrações).
- OMC Colesteatomatosa (colesteatoma primário, secundário ou congênito)
- OMC Silenciosa
2- Específicas
- Tuberculosa
- Actinomicosa
- Luética
- etc
Obs: a perfuração é chamada de Otite Média Crônica Simples (pode ser supruativa ou não supurativa) por alguns autores.
Qual a fisiopatologia das OMC não colesteatomatosas?
É discutível e pode resultar de IVAS, otites médias supurativas agudas de repetição ou inadequadamente tratadas, otites necrotizantes ou traumas temporal. Essas condições causariam lesões irreversíveis, necrose, quebra da homeostase intratimpânica e eventualmente otorreia. No caso das retrações, bloqueios epitimpânicos, problemas de ventilação e/ou da tuba auditiva.
O que é uma OM necrotizante?
Otites necrotizantes são resultantes de alguma doença sistêmica aguda ou tóxica como pneumonia, escarlatina, sarampo ou outra doença aguda e febril. Gera perfuração da membrana timpânica ampla e bem nos estágios iniciais, associada a dor e otorreia (diferentemente das perfurações diminutas das OMAS supurativas comuns). Geralmente tem um agente bacteriano virulento, estreptococo beta-hemolítico, numa criança em curso de doença infecciosa. Essas substâncias tóxicas liberadas pela bactéria afeta principalmente porção central da MT e a necrose costuma ser rápida e extensa, com erosão de cadeia ossicular e granulação. A otorreia é refratária, pode não cessar com tratamento, ocorrendo na ausência de colesteatoma.
O que significa a teoria de Paparella et al.?
Paparella e colaboradores afirmam que a otite média parece existir ao longo de uma série contínua e dinâmica de eventos, de forma que após um fator desencadeante, entre os citados, na ausência inicial de mecanismos de proteção e sem resolução do quadro, sobreviria a cronificação.
OMA > OMAR > OME > OMEC > OMC
OMA podem virar OMA de repetição, que podem virar OME, que pode se tornar crônica e virar colsteato
Quais são os dois tipos de perfuração da OMCNC e a diferença entre elas?
- Central
- Marginal
Nas marginais, não se vê todo o rebordo (alguns autores dizem que é quando atinge o anel timpânico).
Nas OMCNC por perfuração, Proctor descreveu dois tipos de processos inflamatórios na orelha média, um mais benigno que afeta a porção tubotimpânica (quadrante mais posteroinferior) e outro mais agressivo atrelado as patologias aticoantrais (epitimpânicas).
A forma tubotimpânica foi posteriormente dividida em duas formas por Thorburn (1965). Quais são elas?
- Lillie 1 = orelha seca, perfuração permanente. Também chamada de OMCNC não supurativa (otorreia é intermitente, com intervalos maiores que 3 meses). As perfurações costumam ser mais centrais e de pars tensa.
- Lillie 2 = ouvido úmido, com mucosite crônica). Também chamada de OMCNC supurativa (otorreia persistente). As perfurações costumam ser mais amplas e marginais, com maior risco de evoluir com colesteatoma).
O que é uma perfuração inside-out?
Perfuração INSIDE-OUT (explosiva) é uma perfuração ampla do tipo riniforme. Geralmente por OMA (aumento da pressão “explode” MT).
O que é uma perfuração outside-in?
Perfuração OUTSIDE-IN (perfuração-retração) resulta da retração moderada ou grave da parte tensa. Geralmente em orelhas cronicamente mal ventiladas com retração e atrofia progressivas da MT, muitas vezes resultando na sua aderência ao promontório e ruptura da sua integridade. Tem pior prognóstico cirúrgico, porque esses pacientes tem um problema na ventilação do ouvido ou na mucosa, criando um “TV” natural.
Cite 3 indícios na otoscopia que sugerem uma perfuração outside-in.
- Medialização do cabo do martelo.
- Remanescentes timpânicos aderidos à articulação incudoestapediana, com ou sem erosão.
- Observação de remanescentes timpânicos aderidos ao promontório.
Qual quadrante da MT em que a perfuração gera perdas auditivas maiores?
Qual a intensidade em dB das perdas quando há perfurações totais da MT?
Grandes perfurações posteriores geram hipoacusias mais intensas. A perfuração (especialmente no quadrante POSTEROINFERIOR, como na imagem abaixo) elimina a proteção acústica da janela redonda, permitindo que o som chegue em ambas as janelas no mesmo momento, cancelando o movimento da coluna de fluidos endococleares.
Obs: pequenas perfurações, principalmente se limitadas aos quadrantes anteriores (sem dano ossicular concomitante) costumam ser irrelevantes para função auditiva.
Obs2: otorreia profusa pode melhorar a hipoacusia momentaneamente pois esse material protege a janela redonda e pode retornar com o mecanismo de coluna dos fluidos endococleares.
Qual a intensidade da perda esperada se houver perfurações totais da MT?
Se perfurações totais o efeito de perda da proteção acúsica da janela redonda é ainda maior, podendo chegar a PERDA DE 40-45dB.
Em perfurações totais associadas a EROSÃO DE CADEIRA OSSICULAR, qual a perda máxima (condutiva) esperada?
Perda condutiva máxima chega até 60dB (não ultrapassa esse valor).
Obs: uma perfuração portanto com perda ultrapassando 40-45dB e chegando proximo de 60dB (GAP muito grande), devemos pensar se há erosão da cadeia e algo a mais além da perfuração (por exemplo, um colesteatoma).
Qual o quadro clínico da OMC simples (perfuração)?
Geralmente temos PAC de grau variável e se envolver orelha interna (o que é até comum), queda da via óssea em especial nas frequências altas (gerando perda mista). Otorreia pode ocorrer em alguns casos (OMC supurativa).
Impedanciometria tem utilidade para perfuração timpânica?
Impedanciometria é útil se perfuração com orelha SECA (estudar permeabilidade tubária, com mensuração da pressão necessária para abertura). Se não houver abertura, aplicar 200mmH20 solicitando-se para o paciente tomar 3 goles de agua e equalizar a pressão. É uma forma de avaliar o prognóstico da timpanoplastia (se vai melhorar ou não com o fechamento da perfuração, a depender do grau de disfunção tubária).
Qual o tratamento indicado nas perfurações timpânicas (OMC simples)?
Quais as bactérias mais envolvidas?
Existe a possibilidade apenas de acompanhamento?
Limpeza com remoção periódica (2-3x por semana) de resíduos no CAE por aspiração delicada (otomicroscopia) ou por estiletes, curetas, irrigações delicadas com SF morno. Pode haver coleta de material para cultura e antibiograma nos casos refratários e complicados. Trattamento tópico com gotas otológicas que podem com perfuração (evitar medicações ototóxicas e com álcool, pegando as bactérias abaixo). Em um processo agudo postula-se que aminoglicosídeos, apesar de ototóxicos, poderiam ser usados pois a membrana da janela redonda estaria espessada (não permeável à gota) e a penetração pela janela redonda seria dificultada pela anatomia peculiar do nicho desta janela e pela carga elétrica similar entre membrana e as gotas otológicas.
As bacterias mais envolvidas são Pseudomonas aeruginosa, Proteus mirabilis e E.Coli (gram-negativas), S.aureus e Enterobacter (positivas) e algumas anaeróbias.
Sem queixa auditiva e perfuração seca existe possibilidade de acompanhamento. Não é obrigatório operar (inclusive, se o caso for mais simples, não há obrigatoriedade de exame de imagem). Se for pensar em cirurgia, os exames são solicitados para avaliar se será feito apenas miringoplastia (fecha, sem exploração), timpanoplastia (fechar com exploração da cadeia ossicular e caixa) ou se será necessária timpanomastoidectomia. Na dúvida, uma timpanoplastia exploradora é útil. Não devemos operar durante a vigência de otorreia. OMC bilateral (operar 1º lado com pior audição. Caso alguma tenha colesteatoma, essa deve ser operada primeiramente. Se perda auditiva semelhantes, operar lado de melhor prognóstico)
As retrações timpânicas moderadas e graves são consideradas outra formas de alteracão irreversível (OMCNC).
Quais os 2 locais mais comuns de ocorrer retração na MT?
Cite 5 fatores fundamentais para ventilação da orelha média.
Os dois locais mais comuns são:
- Pars flaccida
- Quadrante posterosuperior da pars tensa.
São importantes para a venttilação da orelha média:
- Trocas gasosas com a mucosa
- Homeostase normal da pressão
- Bom funcionamento da tuba
- Mastóide ventilada e aerada
- Rotas de ventilação preservadas
Qual a composição do diafragma epitimpânico?
Quais regiões são ventiladas pela rota demonstrada na seta azul e na amarela nas imagens abaixo?
Retrações da pars flaccida geralmente são ocasionadas por qual motivo?
Geralmente ocorre por BLOQUEIOS MECÂNICOS, por espessamentos de ligamentos, tecidos inflamatórios, bolsas (folds) adquiridos ou congênitas, medianização do cabeo do martelo.
Retrações posterossuperiores da pars tensa geralmente são ocasionadas por qual motivo?
Ocorrem por redução da pressão na orelha média, geralmente por disfunção da TUBA AUDITIVA, ou por alterações nas trocas gasosas submucosas. A retração no QPS leva ainda a bloqueio do istmo timpânico, acentuando a redução da pressão.
A Classsificação de Sadé Modificada divide as retrações em Pars Tensa e Pars Flaccida. Cite a definição dos graus (leve, moderado e severo) de cada uma delas.
1- Pars tensa
- Leve = apenas retração
- Moderado = toque da MT na articulação incudoestapediana.
- Severo = toque da MT no promontório ou erosão ossicualar.
2- Pars flaccida
- Leve = apenas retração
- Moderado = toque da MT no martelo
- Severo = erosão óssea atical
Qual a classificação abaixo e o grau?
Pars tensa (grau severo, devido toque da MT no promontório).
Obs: achado de erosão ossicular, por exemplo, ao ver que não há mais conexão da bigorna com estribo, também entraria no grau severo.
Obs: alguns autores chamam de OMC adesiva (atelectásica) esse achado de toque da MT no promontório.