PCR Flashcards
Quais ritmos podem gerar PCR?
(1) Fibrilação Ventricular; (2) Taquicardia Ventricular (especialmente a sem pulso); (3) Assistolia; (4) Atividade Elétrica Sem Pulso.
Qual o mecanismo arritmogênico da fibrilação ventricular?
O miocárdio é tomado
por múltiplos focos de reentrada (movimentos
circulares), cada um surgindo e desaparecendo
em momentos diferentes. Perde-se a contração
rítmica, observando-se apenas movimentos
fibrilatórios anárquicos a uma frequência de
400-600 por minuto.
O miocárdio encontra-se eletricamente doente levando a áreas de condução lentificada e dispersão da refratariedade. Além disso, deve haver um gatilho, que geralmente é um extrassístole ou uma taquicardia ventricular. Na vigência de
“dispersão da refratariedade”, existem áreas
adjacentes com diferentes períodos refratários.
Imagine uma extrassístole no exato instante em
que algumas áreas ainda se encontram refratárias
(enquanto outras já se recuperaram): o
estímulo se fragmenta. Na presença de condução
lentificada, o estímulo sofre um pequeno
atraso naquele ponto, dando tempo suficiente
para a recuperação das áreas adjacentes que
estavam refratárias. Assim, em vez de seguir
em uma única direção, o estímulo retorna pelas
áreas recém-saídas do período refratário, formando
caminhos circulares – os circuitos de
reentrada que geram as ondas fibrilatórias no
miocárdio ventricular!
Como a fibrilação ventricular é vista no ECG?
A FV é definida pela presença de ondulações
irregulares no traçado eletrocardiográfico, com
uma frequência geralmente superior a 320 por
minuto e sem discernimento de complexos
QRS.
O que é assistolia?
A assistolia pode ser
uma consequência tardia da FV. Todavia, existem
situações em que a chance de uma assistolia
ser o ritmo primário da PCR aumenta
(podendo chegar a 50% dos casos). São elas:
(1) cardiomiopatias não isquêmicas + insuficiência
cardíaca avançada + distúrbio de condução;
(2) distúrbios sistêmicos graves, como
hipóxia, acidose, choque, falência orgânica
múltipla e acidente vascular encefálico… Em
todas estas condições, é possível uma falência
concomitante no automatismo do nódulo sinusal,
do nódulo AV e das fibras de Purkinje,
impossibilitando a geração de um “ritmo de
escape” e levando à ausência de atividade elétrica
sustentada
Como é a prevalência dos ritmos nas PCR intra-hospitalares?
Na PCR de ocorrência intra-hospitalar a fibrilação
ventricular é encontrada em apenas 1/3 dos
casos, sendo os 2/3 restantes associados à assistolia
ou à atividade elétrica sem pulso.
O que acontece na atividade elétrica sem pulso?
o coração não
consegue realizar uma contração mecânica eficaz,
embora receba o estímulo elétrico. As causas
mais comuns de AESP são: insuficiência
respiratória, com hipóxia e acidose respiratória,
e hipovolemia. Pode ocorrer ausência de fluxo
devido a um bloqueio no retorno venoso do
ventrículo esquerdo (ex.: TEP maciço), fazendo
o coração bater “vazio”, ou então uma doença
miocárdica grave promove alterações bioquímicas
que levam ao “desacoplamento eletromecânico”
nos miócitos (provavelmente por bloqueio
na ligação do cálcio à troponina), que então
param de se contrair antes do esgotamento da
atividade elétrica… Alguns pacientes diagnosticados
com AESP, na verdade, apresentam contração
ventricular, porém, esta é tão fraca que é
incapaz de desencadear um pulso palpável – a
chamada pseudo-AESP. Neste caso, um cateter
de pressão arterial invasiva consegue detectar a
curva de pressão espontânea…
Como é a prevalência das etiologias nas PCR?
Doença coronariana aterosclerótica 80%
Cardiomiopatias 10-15%
Outras etiologias 5-10%
O que desencadeia a PCR com frequência em coronariopatas?
Na maioria das vezes, o fator desencadeante é
a isquemia miocárdica. A isquemia miocárdica promove a associação
dos dois pré-requisitos para o surgimento de uma FV (dispersão da refratariedade e lentificação
da condução)… A presença de uma grande
área de infarto prévio (fibrose) também se
constitui num importante substrato arritmogênico.
Caso ocorra algum “gatilho”, como uma
extrassístole ventricular ou uma TV sustentada,
o paciente pode entrar em FV.
Cite alguns tipos de fatores desencadeantes de PCR.
*Isquemia
*Cardiomiopatia dilatada
*Cardiomiopatia hipertrófica
*Displasia arritmogênica de VD
*Arritmia induzida por drogas
*Sem causa estrutural:
Síndrome de Wolff-Parkinson-White
Síndrome de Brugada
Síndrome do QT longo congênito
Fibrilação ventricular idiopática
Commotio cordis
Qual a epidemiologia da PCR?
É bimodal; pico em crianças menores de 1 ano (síndrome da morte súbita infantil e pico em adultos entre 45-75 anos.
É mais comuns em homens, negros, sendo a aterosclerose o principal fator etiológico relacionado.
Síndrome de brugada:
BRD+SST+T invertida+morte súbita
Quais as primeiras condutas diante dde PCR?
Avalia segurança
Avalia responsividade: mãos sobre os ombros, mexe e pergunta nome, se apresentando
Checar respiração e pulso: há expansão torácica? há gasping? Avaliar pulso carotídeo, tudo isso em 10 seg
Sem pulso e sem respiração… iniciar compressão torácica
Qual a diferença entre o BSL e o ACLS?
BLS = Basic Life Support (Suporte Básico de
Vida, ou SBV) – pode ser feito por qualquer
pessoa.
ACLS = Advanced Cardiac Life Support (Suporte
Avançado de Vida, ou SAV) – só pode
ser feito por profissionais de saúde qualificados
Como é a sequência do BSL?
“CAB” (Circulation, Airway, Breathing):
Como é o C do BSL?
Socorristas LEIGOS
podem realizar APENAS a massagem cardíaca,
SEM ventilações (“hands only”). Na falta de
treinamento específico é muito difícil prover ventilações adequadas, e as tentativas infrutíferas
geram longos intervalos sem massagem
cardíaca… Por outro lado, socorristas treinados
e confiantes devem realizar massagem + ventilações,
iniciando a RCP pela massagem cardíaca
(quanto mais precoce o início da massagem,
maior a chance de sucesso). A RCP de
socorristas treinados alterna 30 compressões
torácicas com duas ventilações (relação universal
30:2). Tal relação é válida para todas as
circunstâncias, exceto quando a vítima for uma
criança e houver dois socorristas (relação 15:2).
Se a vítima for uma criança, mas só houver um
socorrista, utiliza-se a relação 30:2… Um ciclo
de RCP consiste em cinco séries de 30 compressões
e duas ventilações, o que pode ser
feito numa média de dois minutos. Um socorrista
sozinho deve realizar tanto a massagem
quanto as ventilações. Na presença de dois ou
mais socorristas, os “postos” devem ser trocados
a cada ciclo de RCP (isto é, a cada 5 séries
de 30 compressões/2 ventilações, ou a cada 2
minutos). A fadiga comprovadamente reduz a
qualidade da massagem cardíaca, o que por sua
vez reduz as chances de sucesso.