ABDOME AGUDO INFLAMATÓRIO Flashcards
O que é abdome agudo?
É uma dor abdominal súbita, intensa e não traumática, geralmente com evolução inferior a 24 horas. Pode ser causada por distúrbios intra-abdominais que exigem diagnóstico e tratamento rápidos.
Como é a avaliação do abdome agudo?
A história clínica e o exame físico ajudam a sugerir uma causa provável, permitindo um diagnóstico diferencial e orientando os exames iniciais.
Quais são os tipos principais de abdome agudo?
Inflamatório
Obstrutivo
Perfurativo
Hemorrágico
Isquêmico/Vascular
Qual a epidemiologia da apendicite aguda?
É a causa mais comum de abdome agudo e uma das principais indicações de cirurgia abdominal de urgência, com incidência maior na segunda e terceira décadas de vida.
Qual é a anatomia do apêndice?
O apêndice tem comprimento médio de 9 cm e é irrigado pela artéria apendicular, um ramo da artéria ileocólica. A posição mais comum é retrocecal (60%).
Como ocorre a apendicite (fisiopatologia)?
A obstrução do lúmen do apêndice aumenta a pressão intraluminal, levando à inflamação, isquemia, necrose e, possivelmente, perfuração e abscesso.
Quais são as causas da apendicite?
As causas incluem fecalitos, hiperplasia linfoide, neoplasias, infecções, cálculos, entre outros. O fecalito é a causa mais comum, responsável por 50-80% dos casos.
Quais são os sinais e sintomas típicos da apendicite?
Dor epigástrica ou periumbilical que migra para o quadrante inferior direito, febre baixa (<38°C), anorexia e vômitos após o início da dor.
Quais são os principais sinais clínicos para o diagnóstico de apendicite?
Sinal de Blumberg: dor à descompressão brusca no ponto de McBurney.
Sinal de Rovsing: dor no quadrante inferior direito com palpação do lado esquerdo.
Sinal do Psoas e Sinal do Obturador: dor à movimentação de músculos próximos ao apêndice.
Como é feito o diagnóstico da apendicite aguda?
É predominantemente clínico. Em casos duvidosos, com evolução arrastada ou atípicos, podem ser usados exames de imagem como ultrassonografia (sensibilidade de 78-83%) ou tomografia abdominal (sensibilidade e especificidade de até 100%).
Quais são os achados de imagem típicos na apendicite?
Ultrassonografia: apêndice aumentado e imóvel (>6-7 mm), espessamento da parede e borramento da gordura periapendicular.
Tomografia: apêndice com diâmetro ≥7 mm, espessamento da parede e borramento da gordura ao redor. A presença de líquido ou ar periapendicular sugere perfuração.
Qual é o tratamento da apendicite aguda?
A apendicectomia laparoscópica é o padrão ouro atual para o tratamento da apendicite.
O que é colecistite?
A colecistite é uma síndrome caracterizada por dor no quadrante superior direito do abdome, febre e leucocitose, associada à inflamação da vesícula biliar. É mais frequentemente causada por cálculos biliares (90%) e pode ser constante, levando a um processo inflamatório.
Qual é a complicação mais comum da colelitíase?
A complicação mais comum é a colecistite aguda, que ocorre após episódios de cólica biliar.
Quais são os fatores de risco para desenvolver colelitíase?
Os principais fatores incluem sexo feminino, idade, obesidade, gravidez, fatores genéticos, diabetes, e condições como rápida perda de peso e nutrição parenteral.
Como se desenvolve a colecistite aguda?
A colecistite começa com a obstrução do lúmen da vesícula, aumento de pressão intraluminal e inflamação. Pode progredir para isquemia, necrose e, eventualmente, perfuração, causando abscesso ou peritonite.
Quais são os sintomas clássicos da colecistite aguda?
Dor constante no quadrante superior direito do abdome, que pode irradiar para o ombro ou escápula direita, acompanhada de febre, náuseas, vômitos e anorexia.
Qual é o sinal físico mais importante da colecistite?
O sinal de Murphy, que é a dor intensa no quadrante superior direito ao pressionar a vesícula biliar durante a inspiração.
Quais exames laboratoriais são indicativos de colecistite?
A leucocitose com desvio à esquerda e elevação da PCR. Alterações leves nas enzimas hepáticas, bilirrubinas e amilase também podem estar presentes.
Qual exame de imagem é o mais recomendado para diagnóstico inicial?
A ultrassonografia é a escolha inicial, pois detecta cálculos biliares, espessamento da parede da vesícula e outros sinais de inflamação com alta sensibilidade.
Qual exame é o padrão-ouro para colecistite quando a ultrassonografia não é conclusiva?
A cintilografia é o exame padrão-ouro quando a ultrassonografia é duvidosa.
Quais são as principais complicações da colecistite aguda?
Complicações incluem colecistite gangrenosa, perfuração, abscesso hepático, colecistite enfisematosa (associada ao Clostridium), pancreatite e íleo biliar.
Qual é o tratamento indicado para colecistite aguda?
O tratamento inclui analgesia, antibioticoterapia de amplo espectro (contra bactérias Gram-negativas , Gram-positivas e anaeróbias ), e colecistectomia videolaparoscópica para remover a vesícula inflamada.
Opções de atb:
Ceftriaxona + Metronidazol
Ciprofloxacino + Metronidazol
Ampicilina - Sulbactam
O que é colangite aguda?
É uma infecção e inflamação do trato biliar, geralmente causada por uma obstrução que leva a febre, icterícia e dor abdominal.
Qual é a principal causa da colangite aguda?
É causada principalmente pela ascensão de bactérias do duodeno, especialmente em casos de obstrução biliar, que podem incluir cálculos biliares, estenoses e até malignidades.
Como é feito o diagnóstico de colangite aguda?
O diagnóstico requer um exame de imagem que mostre dilatação da via biliar, podendo incluir:
Ultrassonografia: identifica dilatação e cálculos, mas tem limitação para colédoco distal.
Tomografia Computadorizada: identifica estenoses e dilatações, útil em casos de complicações.
Colangiorressonância: exame com alta precisão para identificar a causa da obstrução.
CPRE: além de diagnóstico, permite drenagem e retirada de cálculos, sendo o exame padrão-ouro.
Como é feito o tratamento da colangite aguda?
O tratamento inclui:
Medidas de suporte
Antibioticoterapia endovenosa: abrangendo Gram-negativos, Gram-positivos e anaeróbios.
Drenagem biliar:
CPRE: é o método preferido para drenagem e tratamento.
Drenagem cirúrgica: indicada se CPRE não for possível ou eficaz.
O que é pancreatite aguda?
É uma inflamação súbita do pâncreas, que pode envolver tecidos ao redor e até outros órgãos.
Quais são as principais causas de pancreatite aguda?
As causas incluem:
Litíase biliar (40%)
Consumo de álcool (30-35%)
Hipertrigliceridemia (>1000 mg/dL)
Medicamentos (como metronidazol e tetraciclinas) e traumas.
Como é feito o diagnóstico de pancreatite aguda?
O diagnóstico requer dois dos três critérios:
Dor abdominal característica (quadrante superior e náuseas/vômitos).
Elevação de amilase ou lipase acima de 3 vezes o normal.
Exames de imagem com achados típicos.
Qual o papel da ultrassonografia na pancreatite aguda?
É obrigatória na admissão do paciente para determinar a etiologia, como a presença de cálculos biliares.
Quando a tomografia é indicada na pancreatite aguda?
A tomografia é indicada para casos de dúvida diagnóstica ou suspeita de complicações, e idealmente deve ser realizada após 72 horas do início dos sintomas.
Como é feito o tratamento da pancreatite aguda?
O tratamento inclui:
Ressuscitação volêmica: rápida, nas primeiras 12 a 24 horas.
Controle da dor: frequentemente com opióides.
Manejo dietético: jejum inicialmente, com reintrodução conforme a melhora clínica
Antibióticos são sempre indicados para pancreatite aguda?
Não. Eles são indicados apenas se houver febre persistente, deterioração clínica ou presença de coleção pancreática com gás (indicando infecção).
Quais são as complicações da pancreatite aguda?
As principais complicações incluem pseudocisto pancreático, coleções necróticas e sepse em casos mais graves.
O que é diverticulite aguda?
A diverticulite aguda é uma inflamação de um divertículo, geralmente associada à microperfuração.
Qual a prevalência da diverticulose e como ela se relaciona com a diverticulite?
A prevalência de diverticulose aumenta com a idade, variando de menos de 20% aos 40 anos para 60% a 80% após os 80 anos. Entre 4% a 15% dos pacientes com diverticulose desenvolvem diverticulite, com a incidência aumentando com a idade.
Quais são os fatores de risco para o desenvolvimento de diverticulite?
Os principais fatores de risco incluem:
Alta ingestão de carne vermelha e baixa ingestão de fibras;
Falta de atividade física;
Obesidade;
Tabagismo.
Quais fatores aumentam o risco de doença diverticular?
A doença diverticular é favorecida por:
Aumento da pressão intraluminal;
Alterações na motilidade intestinal;
Modificações na estrutura colônica;
Dieta pobre em fibras.
Qual é a causa subjacente da diverticulite?
A diverticulite ocorre devido a uma perfuração microscópica ou macroscópica de um divertículo, causada por inflamação e necrose focal. Em muitos casos, essa perfuração é bloqueada por gordura pericólica e mesentérica, o que pode resultar em um abscesso localizado. Em casos mais graves, a perfuração pode levar à peritonite difusa.
Quais são as manifestações clínicas da diverticulite aguda?
Os sintomas variam de acordo com a gravidade da inflamação e a presença de complicações. Os principais sintomas incluem:
Dor abdominal, especialmente no quadrante inferior esquerdo;
Náuseas e vômitos;
Febre;
Alterações no hábito intestinal (constipação ou diarreia).
No exame físico, pode-se palpar uma massa dolorosa no quadrante inferior esquerdo, e sinais de peritonite, como defesa muscular e dor à descompressão, podem estar presentes.
Quais exames complementares são indicados para o diagnóstico de diverticulite aguda?
Exames laboratoriais: Leucocitose e aumento da PCR são comuns. A leucocitúria pode ocorrer devido à proximidade do cólon sigmoide com a bexiga.
Tomografia Computadorizada (TC): É o exame de escolha, com sensibilidade de 94% e especificidade de 99% para o diagnóstico de diverticulite aguda. Os achados incluem espessamento da parede intestinal, aumento da densidade de tecidos moles na gordura pericolônica, presença de divertículos e complicações, como abscessos e pneumoperitônio.
Colonoscopia: Não é indicada durante a fase aguda, pois há risco de perfuração. A colonoscopia é realizada após a resolução dos sintomas, geralmente de seis a oito semanas após, para excluir malignidade associada.
Como é feita a classificação da diverticulite aguda?
A classificação é baseada na gravidade da inflamação e das complicações presentes, incluindo os estágios de Hinchey para avaliar a necessidade de intervenções mais invasivas.
Qual é o tratamento para a diverticulite aguda não complicada?
Para casos não complicados, o tratamento é ambulatorial e inclui:
Antibióticos via oral;
Medicamentos sintomáticos;
Dieta sem resíduos.
Se houver falha no tratamento, o paciente deve ser internado para antibioticoterapia endovenosa e realização de nova TC para avaliar complicações.