T11 - Perturbações Neurológicas Funcionais Flashcards
Perturbações Funcionais?
- Sintomas incongruentes ou inconsistentes com os modelos conhecidos e aceites de doença “clássica”/“orgânica”
- Sintomas sentidos de forma genuína
- Manifestações clínicas diversas
Apresentação clínica de PF?
Motoras Sensoriais Alterações da consciência Cognitivos Outros Muitos doentes têm sintomas dissociativos: despersonalização, desrealização
Caraterísticas não congruentes com Dx orgânica?
Variabilidade, distractibilidade, entrainment: não é consistente com doença “orgânica”
Aspectos epidemiológicos de PF?
- 16% das primeiras consultas de Neurologia em estudo no Reino Unido
- 2a causa mais frequente de consulta de Neurologia
- O mesmo doente pode ter vários sintomas funcionais
Consequências de PF?
- Sofrimento psicológico: doentes, famílias, cuidadores
- Qualidade de vida muito diminuída, comparável aos doentes com doença de Parkinson
- Consumo de recursos de saúde: percorrem vários médicos e especialidades (“doctor shopping”); exames dirigidos a múltiplos sintomas ou possibilidades de diagnóstico.
Estimativa de tremor nos Doentes com tremor funcional?
Tendência para exagero significativo do viés natural de avaliação da duração do tremor nos doentes com este sintoma.
Predição mental (top-down) de tremor constante nos doentes com tremor funcional altera a percepção normal e faz com que os períodos sem tremor simplesmente não sejam percebidos.
Neurobiologia das PNF?
3 aspectos caracterizam PNFs
• Viés atencional
• Expectativas e crenças em relação aos sintomas (inferência cerebral activa): tentativa de o cérebro predizer input sensorial, tendo em conta experiências prévias
• Alteração do sentido de agência (sense of agency)
Sentido de agência (sense of agency)?
- Sentido de controlo sobre as próprias acções
- Implica que as acções ocorram conforme a predição cerebral
- Papel da junção temporo-parietal direita como detector de “disparidades”
- Doentes com PNF: alteração do sentido de agência
Factores de risco de PNF?
- Os eventos de vida stressantes e maus tratos são bastante mais comuns nos doentes com perturbações neurológicas funcionais do que nos controlos com doença neurológica e controlos saudáveis
- A negligência emocional representa um factor de risco mais forte do que os tradicionalmente enfatizados abusos sexuais e físicos, mas muitos doentes não identificam factores de stress
Como diagnosticar PNF?
- Sempre através de sinais clínicos positivos
- Não fazem o diagnóstico, por si
- Necessário conhecimentos técnicos e experiência
Como abordar o doente com PNF?
- O mais importante: empatia e respeito
- “Secar” os sintomas (“e não sente também x, y e z…”?)
- Só no final procurar sintomas de ansiedade, pânico, dissociação, depressão, insónia
- Exame físico (se possível mostrar ao doente em que medida o exame apoia o diagnóstico)
- Evitar intervenções fúteis ou potencialmente perigosas, incluindo exames complementares, medicamentos e cirurgias
Terapêutica de PNF?
- Comunicação do diagnóstico = momento terapêutico
- Comunicar o diagnóstico com designação e não pela negativa; metáfora “hardware vs software”; abordar as crenças do doente
- Abordar as dúvidas e frustrações: “estou a ficar maluco?”, “dizem que eu não tenho nada”, “não acreditam em mim, que é tudo da minha cabeça”…
- Fisioterapia
- Psicoterapia (cognitivo-comportamental, psicodinâmica)
- Tratar comorbilidades psiquiátricas
Prognóstico de PNF?
Quanto mais depressa se fizer o diagnóstico melhor é o prognóstico.
Funcionais melhoram mais que com Dx orgânica.
Grupo de doentes que não melhora.
Mensagens finais de PNF?
- Nas PNFs os sintomas são sentidos pelo doente de forma genuína: causa de incapacidade e sofrimento
- Diagnóstico clínico tem de ser baseado em achados positivos, e não na normalidade dos exames
- Pode não haver psicopatologia nem precipitante psicológico; não é lícito pedir à Psiquiatria que faça ou apoie o diagnóstico
- Comunicação aberta e positiva com o doente; fornecer activamente informação fidedigna e plano de seguimento
- Terapêutica: FST, psicoterapia, eventualmente antidepressivos