Neuroanatomia microscópica Flashcards
Conceitos-chave
a) Substância cinzenta x branca
b) Núcleo x córtex
c) Trato x fascículo
d) Lemnisco x Funículo
e) Decussação x Comissura
f) Fibras de projeção x de associação
g) Modulação
Substância Cinzenta (corpos de neurônios, fibras predominantemente amielínicas)
Substância Branca (neuróglia e fibras mielinizadas)
Núcleo (massa de subst. cinzenta dentro da branca ou agrupamento de corpos de neurônios com mesma função)
Córtex (região periférica de substância cinzenta que circunda cérebro e cerebelo)
Tratos (conjunto de fibras com mesma origem, destino e função)
Fascículos (análogo ao trato, porém mais compacto) Lemniscos (feixes de fibras sensitivas em formato de fita que se destinam ao tálamo)
Funículo (região de substância branca na medula; onde ficam tratos e fascículos)
Decussação (local anatômico no qual fibras nervosas que realizam cruzamento oblíquo no plano mediano)
Comissura (formação anatômica na qual fibras cruzam perpendicularmente o plano mediano e
que têm, por conseguinte, direções diametralmente opostas)
Fibras de associação (conectam pontos sem abandonar local de origem - órgão ou área do SNC) e de projeção (abandonam área ou órgão do SNC)
Modulação (mudança na excitabilidade neuronal efetuada por axônios que não possuem conexão funcional direta com o neurônio modificado)
Cite três critérios que permitem identificar aproximadamente o nível de uma secção medular com base nas diferenças entres os níveis.
- substância branca em relação à cinzenta
é tanto maior quanto mais alto o nível considerado; - intumescimentos lombares e cervicais. a coluna anterior é mais dilatada;
- coluna lateral só existe de TI até L2;
Classificação geral das colunas e dos neurônios da substância cinzenta da medula (Cajal)
- coluna anterior, coluna posterior e substância cinzenta intermédia (intermédia lateral e intermédia central)
- neurônios de axônio longo (tipo I de Golgi), que se dividem em neurônios radiculares e cordonais;
neurônios de axônio curto (tipo II de Golgi)
Neurônios Radiculares x Cordonais
( R ): longo axônio sai da medula para constituir a raiz ventral (motora):
- viscerais são os neurônios pré-ganglionares do SNA - m.liso/cardíaco/glândulas;
- os somáticos ou [motores inferiores ou primários] se destinam a m. estriado esquelético
( C ): são aqueles cujos axônios ganham a substância branca da medula, onde tomam direção ascendente ou descendente, passando a constituir as fibras que formam os funículos da medula.
- esses axônios podem passar ao funículo do mesmo lado (ipsilateral) ou do lado oposto (contralateral)
- cordonais de projeção têm axônios ascendentes longos que terminam fora da medula (cf. cerebelo) e constituem as vias ascendentes;
- cordonais de associação possuem axônios que ao se bifurcarem em ascendente e descendente, terminam na própria subst. cinzenta da medula
Neurônios internunciais ou interneurõnios
- Também chamados de neurônios de axônios curtos, seus prolongamentos ramificam-se próximo ao corpo celular e estabelecem conexão entre as fibras aferentes. que penetram pelas raízes dorsais e os neurônios motores, interpondo-se, assim, em vários arcos reflexos medulares
- Um tipo especial de neurônio de axônio curto encontrado na medula é a célula de Renshaw, a qual emite impulsos que inibem os neurônios motores
Convulsões e envenenamento por estricnina
- Descobriu-se que o neurotransmissor da maioria das células de Renshaw é a glicina, substância cuja ação e inibida pela estricnina.
- Isso explica as fortes convulsões que se obsenam
em casos de envenenamento por estricnina quando cessa completamente a ação inibidora das células de Renshaw sobre os neurônios motores.
Núcleos do grupo medial x grupo lateral da coluna anterior
Os neurônios supracitados da substância cinzenta não se distribuem de modo uniforme na subst. cinzenta, mas se agrupam em núcleos;
- núcleos do grupo medial existem em toda a extensão da medula e os neurônios motores aí localizados inervam a musculatura relacionada com o esqueleto axial
- núcleos do grupo lateral dão origem a
fibras que inervam a musculatura relacionada
com o esqueleto apendicular, ou seja, os músculos dos membros superior e inferior, sendo os localizados mais medialmente encarregados da musculatura proximal e os mais lateralmente da musculatura distal; estes núcleos aparecem apenas nas regiões das intumescências cervical e lombar
Citoarquitetura: lâminas de Rexed
As lâminas I a IV constituem uma área receptora, onde terminam os neurônios das fibras exteroceptivas que penetram pelas raízes dorsais.
As lâminas V e VI recebem informações proprioceptivas.
A lâmina IX (não contínua) corresponde aos aos núcleos da coluna anterior
Organização da substância branca da medula x degeneração acima ou abaixo da lesão medular?
- Fibras da substância branca da medula
agrupam-se em tratos e fascículos que formam
verdadeiros caminhos, ou vias, por onde passam os impulsos nervosos que sobem e descem; - Se a área de degeneração se localiza acima do ponto de secção, concluímos que o trato degenerado é ascendente, ou seja, o corpo do neurônio localiza-se em algum ponto abaixo da lesão e o impulso nervoso sobe pelas fibras do trato.
- Se a área de degeneração localiza-se abaixo, concluímos que o corpo do neurônio localiza-se em algum ponto acima de lesão e o impulso nervoso desce pelas fibras do trato.
Vias descendentes piramidais x extrapiramidais
- As vias descendentes são formadas por fibras
que se originam no córtex cerebral ou em várias
áreas do tronco encefálico e terminam fazendo
sinapse com os neurônios medulares - As fibras que terminam fazendo sinapse direta ou indiretamente nos neurônios motores somáticos, constituem as vias motoras descendentes somáticas.
- Essas vias dividem-se em dois grupos: vias piramidais e vias extrapiramidais.
- As primeiras recebem esse nome porque, antes de penetrar na medula, passam pelas pirâmides bulbares, enquanto as segundas não passam pelas pirâmide
Tratos corticoespinal anterior e lateral
São as vias piramidais;
- No trajeto do córtex até o bulbo as fibras dos tractos
córtico-espinhal lateral e córtico-espinhal anterior consumem um só feixe, o tracto córtico-espinhal. Ao nível da decussação das pirâmides, uma parte das fibras deste trato se cruza (75-90%) e vai
consumir o trato corticoespinal lateral da medula - Entretanto, um número de fibras (10-25%)
não se cruza, contínua em sua posição anterior
e constitui o tracto córtico-espinhal anterior - Entretanto, as fibras do tracto córtico-espinhal anterior, pouco antes de terminar, cruzam o plano mediano e terminam em neurônios motores situados do lado oposto àquele no qual entraram na medula
- Assim, em última análise, os dois tractos são cruzados, o que significa que o córtex de um hemisfério cerebral comanda os neurônios motores situados na medula do lado oposto
- Então, uma lesão no trato corticoespinhal acima da decussação das pirâmides causará paralisia contralateral porque no fim das contas, ambos os tratos cruzam
- O tracto córtico-espinhal lateral localiza-se no funículo lateral da medula e o córtico-espinhal anterior no funículo anterior, próximo da fissura mediana anterior
Fig. 30.2 (Machado)
Tratos extrapiramidais
- Trato vestibuloespinhal (área vestibular do IV ventrículo), reticuloespinhal (formação reticular) e tectoespinhal (teto do mesencéfalo) ligam-se a neurônios motores da coluna anterior da medula espinhal; promovendo controle da musculatura axial (tronco) e proximal dos membros.
- Trato rubroespinhal tem origem no núcleo rubro do mesencéfalo, envolvido no controle da musculatura distal dos membros (movimentos finos)
Vias ascendentes e possíveis destinos das fibras da raiz dorsal
- As fibras que formam as vias ascendentes da
medula relacionam-se direta ou indiretamente
com as fibras que penetram pela raiz dorsal,
trazendo impulsos aferentes de várias partes do
corpo - sinapse com neurônios motores, na coluna anterior — para a realização de arcos reflexos monossinápticos (patelar, por exemplo)
- sinapse com os neurônios internunciais (Golgi II) — para a realização de arcos reflexos polissinápticos, que envolvem pelo menos um neurônio internuncial, cujo axônio se liga ao neurônio motor (de retirada, por exemplo)
- sinapse com neurônios cordonais de projeção — cujos axônios vão constituir as vias ascendentes da medula, através das quais os impulsos que entram pela raiz dorsal são levados ao tálamo e ao cerebelo
Arcos reflexos
Lei da Inervação recíproca (flexora e extensora não podem contrair ao mesmo tempo)
Reflexo de extensão cruzada (reflexo em um lado causa efeito contrário no membro contralateral)
Reflexo patelar: ação dupla, contração da musculatura extensora e inibição do antagonista (relaxamento dos flexores) - importante na avaliação de compressões medulares (se há simetria entre os reflexos)
Vias ascendentes por funículo da medula
Funículo Posterior: F. grácil e cuneiforme, trajeto direto na medula;
Funículo Lateral: espinotalâmico lateral, trajeto cruzado na medula; espinocerebelar anterior (trajeto cruzado e direto na medula) espinocerebelar posterior (trajeto direto na medula)
Funículo Anterior: espinotalâmico anterior, trajeto cruzado na medula
Fig. 15.6 (Machado)
Funículo Posterior
- Fascículos grácil e cuneiforme
Fascículos grácil (mais medial) e cuneiforme (mais lateral): respectivamente relacionados aos membros inferiores e superiores;
Grácil - fibras que penetram na medula por raízes sacrais, lombares, coccígeas, torácicas baixas; termina no tubérculo do núcleo grácil do bulbo
Cuneiforme - fibras que penetram na medula por raízes cervicais e torácicas superiores;
O funículo posterior está homogênea e funcionalmente associado a: propriocepção, tato discriminativo (fino, epicrítico), estereognosia e sensibilidade vibratória; lesão ou redução na sensibilidade - hipoestesia
Funículo Lateral
- Trato espinotalâmico lateral
- Neurônios cordonais de projeção na coluna posterior emitem axônios que cruzam a comissura branca em direção ao funículo lateral para formar o trato espinotalâmico lateral, envolvido nos impulsos de dor (aguda, bem localizada) e temperatura - seccionado em cordotomias (alívio do câncer, por exemplo)
- Já os impulsos que caracterizam dor difusa, crônica, em queimação, são de responsabilidade do trato espinorreticular, o qual segue junto do espinotalâmico lateral;
Fig. 29.1 (Machado)
Funículo Lateral
- Tratos espinocerebelares anterior e posterior
Trato espinocerebelar posterior: impulsos de propriocepção inconsciente originados dos fusos musculares e órgãos tendinosos em direção ao pedúnculo cerebelar inferior
Trato espinocerebelar anterior: fibras penetram no pedúnculo cerebelar superior - detalhe: fibras cruzadas na medula tornam a cruzar a nível do cerebelo, descruzando, portanto.
Assim, lesão no hemisfério cerebelar trará incoordenação ipsilateral;
Modulação cerebelar da motricidade somática a partir do monitoramento da atividade elétrica do trato corticoespinhal;
Funículo Anterior
- Trato espinotalâmico anterior
Trato espinotalâmico anterior, com impulsos de pressão e tato protopático (leve), até por isso (mais uma via além do funículo posterior*), é mais difícil perder toda a sensibilidade tátil, salvo, no entanto transecção total da medula
- formado axônios de neurônios cordonais de projeção situados na coluna posterior. Estes axônios cruzam o plano mediano e fletem-se cranialmente para formar
o tracto espino-talâmico anterior
*A sensibilidade tátil tem, pois. duas vias na medula, uma direta, no funículo posterior e outra cruzada, no funículo anterior;
Correlações anatomoclínicas
- Alterações na motricidade
A diminuição da força muscular denomina-se paresia; a ausência total de força impossibilitando o movimento, paralisia (ou plegia)
- Por tônus entende-se o estado de relativa
tensão em que se encontra permanentemente
um músculo normal em repouso. As alterações
do tônus podem ser de aumento (hipertonia),
diminuição (hipotonia) ou ausência completa
(atonia) - ausência (arreflexia), diminuição (hiporreflexia) ou aumento (hiper-reflexia) dos reflexos músculotendinosos
- reflexo patológico cf. Sinal de Babinski a resposta reflexa normal consiste na flexão plantar do hálux. Contudo, em casos de lesão dos tratos córtico-espinhais, ocorre a flexão dorsal do hálux
Neurônio motor inferior e superior
Neurônio cujo corpo celular está localizado no córtex motor, no tronco cerebral ou na medula espinhal e cujo axônio (fibra) se projeta para a medula espinhal ou para fora da medula espinhal para controlar direta ou indiretamente os órgãos efetores;
Os axônios dos neurônios motores superiores fazem sinapse com interneurônios na medula espinhal e ocasionalmente diretamente nos neurônios motores inferiores.
Os axônios dos neurônios motores inferiores são fibras nervosas eferentes que transportam sinais da medula espinhal para os efetores.
SNMI
Paralisias com hiporreflexia e hipotonia são
denominadas paralisias flácidas. Caracterizam
a chamada síndrome do neurônio motor inferior
ou periférico, que resulta de lesão dos neurônios
motores da coluna anterior da medula (ou dos
núcleos motores dos nervos cranianos). Nestes
casos, ocorre também em pouco tempo atrofia
da musculatura inervada por perda da ação tró-
fica dos nervos sobre os músculos;
SNMS
Paralisias com hiper-reflexia e hipertonia são denominadas paralisias espásticas. Ocorrem na síndrome do neurônio motor superior ou central, onde a lesão localiza-se nas áreas motoras do córtex
cerebral ou nas vias motoras descendentes, em
especial no tracto córtico-espinhal. Neste caso.
a atrofia muscular é muito discreta, pois os
músculos continuam inervados pelos neurônios
motores inferiores e o sinal de Babinski é positivo
Correlações anatomoclínicas
- Alterações na sensibilidade
a) anestesia — desaparecimento total de
uma ou mais modalidades de sensibilidade após estimulação adequada. O termo emprega-se mais frequentemente para a perda da sensibilidade tátil, reservando-se o termo analgesia para a perda da
sensibilidade dolorosa:
b) hipoestesia — diminuição da sensibilidade;
c) hiperestesia — aumento da sensibilidade;
d) parestesias — aparecimento, sem estimulação, de sensações espontâneas e mal definidas como, por exemplo, o “formigamento”;
e) algias — dores, em geral
Lesão da coluna anterior
- Poliomielite (paralisia infantil), cujo vírus destrói especificamente os neurônios motores da coluna anterior.
- SNMI correspondente à área da medula que foi lesada.
- Quando a destruição se dá nos neurônios responsáveis pelos movimentos respiratórios, pode haver morte por insuficiência respiratória
Tabes dorsalis
Consequência da neurossífilis, na tabes dorsalis ocorre lesão das raízes dorsais, especialmente da divisão medial destas
raízes. Como estas divisões contêm fibras que formam os fascículos grácil e cuneiforme, estes também são destruídos, o que leva
aos seguintes sinais:
- Perda da propriocepção consciente: quando os olhos estão fechados, o paciente é incapaz de dizer em que posição encontra
seus membros. Por esta razão, a marcha também se torna defeituosa, especialmente em ambientes escuros. - Perda do tato epicrítico: o paciente torna-se incapaz de saber quais são as características táteis de um objeto que toca.
- Perda da sensibilidade vibratória e da estereognosia
Hemissecção da medula
Conjunto de sintomas denominado Síndrome de Brown-Séquard;
Os sintomas resultantes da secção dos tractos que não se cruzam na medula aparecem do mesmo lado da lesão. Já os sintomas
resultantes da lesão de tractos que se cruzam na
medula manifestam-se no lado oposto ao lesado. Todos os sintomas aparecem somente abaixo do nível da lesão.
Sintomas que se Manifestam do
Mesmo Lado da Lesão (Tractos
não Cruzados na Medula)
a) paralisia espástica com aparecimento do
sinal de Babinski, em virtude da interrupção das fibras do tracto córtico-espinhal lateral;
b) perda da propriocepção consciente e do
tato epicrítico em virtude da interrupção
das fibras dos fascículos grácil e cuneiforme
Sintomas que se Manifestam do
Lado Oposto ao Lesado (Tractos
Cruzados)
a) perda da sensibilidade térmica e dolorosa
a partir de um ou dois dermátomos abaixo
do nível da lesão, em conseqüência da
interrupção das fibras do tracto espinotalâmico lateral
b) ligeira diminuição do tato protopático e pressão realtivos ao trato espino-talâmico anterior.
da pressão por comprometimento do trac
Siringomielia
Doença caracterizada pela formação progressiva de uma cavidade no canal central da
medula, levando a gradativa destruição da substância intermédia central e da comissura branca.
Por isso, esta destruição interrompe as fibras que formam os dois tractos espino-talâmicos
laterais. Ocorre, assim, uma perda da sensibilidade térmica e dolorosa de ambos apenas nos
dermátomos correspondentes aos segmentos medulares acometidos.
Contudo, não há nestas áreas qualquer perturbação da propriocepção (função dos tracto espino-cerebelar e fascículos grácil e cuneiforme, cujas fibras não cruzam ou transitam pela região acometida).
A perda da sensibilidade térmica e dolorosa com a persistência da sensibilidade tátil e proprioceptiva é denominada dissociação sensitiva.
Transecção da medula
A secção completa da medula pode ser decorrente de um traumatismo direto na coluna.
Com esta lesão, o paciente entra em estado de choque espinhal (ou choque medular),
caracterizado pela perda da sensibilidade, dos movimentos e do tônus nos músculos inervados
pelos segmentos medulares situados abaixo da lesão. Há ainda retenção de urina e de fezes.
Após um período variado, reaparecem os reflexos (com hiper-reflexia) e aparece o sinal de Babinski (caracterizando uma SNMS). Geralmente, nos casos de secção completa, não há recuperação da motricidade voluntária ou da sensibilidade. Entretanto, uma recuperação reflexa do mecanismo de esvaziamento vesical pode ocorrer
Compressão da medula por tumor
Tumores na região do canal vertebral podem comprimir a medula de fora para dentro, resultando em uma sintomatologia variável conforme a região comprimida por esta formação neoplásica.
Um tumor que se desenvolve dentro da medula, comprime-a de dentro para fora, causando perturbações motoras por lesão
do tracto córtico-espinhal lateral. Pode haver também perda da sensibilidade térmica e dolorosa por compressão do tracto espinotalâmico lateral.
Este sintoma aparece nos dermátomos mais próximos ao nível da lesão, progredindo para dermátomos cada vez mais baixos, e geralmente, poupando os dermátomos sacrais. A este fato, os neurologistas dão o nome de preservação sacral. Isso se deve ao fato em que as fibras oriundas de segmentos sacrais estão localizadas mais lateralmente no tracto espino-talâmico lateral, ao passo em que as originadas em segmentos mais altos, ocupam regiões mais mediais deste tracto.
Desta forma, quando tumor cresce de dentro para fora, o último componente atingido (ou que nem sempre chega a ser atingido) é o componente sacral. Já quando o tumor comprime de fora para dentro, as fibras originadas nos segmentos sacrais são lesadas em primeiro lugar.
Cordotomias e Esclerose Lateral Amiotrófica
As cordotomiais consistem na secção cirúrgica dos tractos espino-talâmicos laterais para o tratamento de dor crônica resistente aos medicamentos, como o que ocorre nos casos de tumores malignos. O processo consiste na remoção cirúrgica do tracto
espino-talâmico lateral, acima e do lado oposto aoprocesso doloroso. Neste caso, haverá perda de dor e de temperatura do lado
oposto, a partir de um dermátomo abaixo do nível da secção. Em caso de tratamento de dores viscerais, é imprescindível a cirurgia
bilateral, uma vez que é grande o número de fibras não cruzadas que se relacionam com este tipo de dor (tracto espino-reticular)
A ELA é uma doença restrita aos tratos córtico-espinhais e aos neurônios motores
das colunas cinzentas anteriores da medula espinhal. .
Os sinais de síndrome do neurônio motor inferior, de atrofia muscular progressiva,
paresia e fasciculações são sobrepostos aos sinais e sintomas da doença do neurônio motor
superior, com paresia, espasticidade e resposta de Babinski. Os núcleos motores de alguns
nervos cranianos podem ainda ser afetados
Diferenças entre TE e ME
a) Substância cinzenta: homóloga ou própria?
b) Porção exclusiva do TE
- Fragmentação longitudinal e transversal da substância cinzenta (Núcleos dos NCs)
- Esses núcleos fazem correspondência com áreas de substância cinzenta da medula (substância cinzenta homóloga à medula)
- Núcleos do TE que não têm correspondência com a medula > (substância cinzenta própria) > núcleos grácil e cuneiforme, núcleo olivar inferior)
- TE apresenta uma rede de fibras e corpos de neurônios > formação reticular (constituição intermediária entre branca e cinzenta)
Em direção ascendente, as semelhanças bulbo-medula diminuem.
- Onde isso termina? Quais decussações provocam essa mudança?
- Em direção ascendente, as semelhanças bulbo-medula diminuem e se extinguem à nível das olivas
- Isso se deve não só a núcleos próprios (sem correspondência na ME) como à decussação das pirâmides - o trajeto das fibras do trato corticoespinal cruzando “demarca” separação na substância cinzenta
- Decussação dos lemniscos: fibras dos fascículos grácil e cuneiforme ascendem às porções baixas do bulbo, são chamadas de fibras arqueadas internas; ao cruzarem o plano mediano e fletirem-se cranialmente constituem o lemnisco medial (conduz ao tálamo impulsos de propriocepção consciente, tato epicrítico e sensibilidade vibratória que subiram nos fascículos grácil e cuneiforme da ME do lado oposto)
- Em direção ascendente, com o término dos fascículos e núcleos grácil e cuneiforme, não há estrutura no funículo posterior, abre-se o canal central formando o IV ventrículo
Substância cinzenta homóloga no Bulbo (Quatro núcleos motores dos NCs)
- Núcleo Ambíguo: fibras eferentes viscerais para IX, X e XI; musculatura da laringe e faringe
- Núcleo do hipoglosso: fibras eferentes somáticas para musculatura da língua
- Núcleo dorsal do vago: núcleo motor parassimpático (neurônios pré-ganglionares cujos axônios saem pelo N. Vago)
- Núcleo salivatório inferior (fibras pré-ganglionares que emergem pelo glossofaríngeo para inervar parótida)
Substância cinzenta homóloga no Bulbo (3 núcleos sensitivos dos NCs)
- Núcleos vestibulares (recebem fibras que penetram pela porção vestibular do NC VIII)
- Núcleo do trato solitário (recebe fibras aferentes viscerais gerais gustatórias que entram pelos NCs VII, IX, X)
- Núcleo do trato espinhal do trigêmeo (fibras aferentes gerais de sensibilidade da cabeça > V, VII, IX e X; também sensibilidade conduto auditivo externo > VII, IX e X
Qual o núcleo envolvido?
a) Língua para fora para tomar sorvete
b) O sorvete está frio, é sorvete?
c) Qual o gosto do sorvete?
d) Já estou com a boca cheia d’água antes de provar
e) Engoli o sorvete
f) Ação do suco gástrico no estômago
g) Tomou o sorvete de pé, sem cair
Núcleo do:
- Hipoglosso
- Espinhal do trigêmeo
- Do trato solitário
- Salivatório inferior
- Ambíguo
- Dorsal do vago
- Vestibular
Substância branca do bulbo
- Fibras transversais
São denominadas fibras arqueadas;
a) Internas: dois tipos, aquelas que são a continuidade da conexão núcleo grácil/cuneiforme para formar lemnisco medial e fibra olivo-cerebelar (também cruza plano mediano)
b) Externas: trajeto contíguo ao bulbo, penetram no pedúnculo cerebelar inferior
Substância branca do bulbo
- Fibras longitudinais: vias ascendentes
Tratos ou fascículos originados na medula que terminam no bulbo ou passam por ele em direção ao tálamo ou cerebelo;
- Fascículos grácil e cuneiforme
- Lemnisco medial (fita compacta de fibras)
- Trato espinotalâmico lateral e anterior
- Trato espinocerebelar anterior e posterior
- Pedúnculo cerebelar inferior (corpo restiforme): fibras ascendentes que percorrem bordas laterais do IV ventrículo e fletem-se dorsalmente para penetrar o cerebelo
Substância branca do bulbo
- Fibras longitudinais: vias descendentes
- Trato corticoespinal (chamado de piramidal pois ocupam as pirâmides bulbares em seu trajeto)
- Trato corticonuclear (termina nos núcleos motores ambíguo e do hipoglosso - controle de laringe, faringe e língua)
- Tratos extrapiramidais
- Trato espinhal do trigêmeo e solitário
Fibras longitudinais
- Vias de associação e relação com NCs
- fibras que constituem o fascículo longitudinal medial (corresponde ao fascículo próprio que é a via de
associação da medula), presente em toda a extensão do tronco encefálico e níveis mais altos da medula - liga todos os núcleos motores dos nervos cranianos, sendo especialmente importantes suas conexões com os núcleos dos nervos relacionados com o movimento do bulbo ocular (III, oculomotor - inerva o M. reto medial do bulbo ocular, M. reto superior, M. reto inferior, M. oblíquo inferior e M. levantador da pálpebra; IV, troclear - M. oblíquo superior; VI, abducente - M. reto lateral) e da cabeça (núcleo de origem da raiz espinhal do nervo acessório que inerva os músculos trapézio e esternocleidomastoideo)
Importância funcional e lesão do fascículo longitudinal medial
- Importante para a realização de reflexos que coordenam os movimentos da
cabeça com os dos olhos (como poder cavalgar, mas continuar mirando um ponto no horizonte), além de vários outros reflexos envolvendo estruturas situadas em níveis diferentes do tronco encefálico. - Lesões no fascículo longitudinal medial causa a chamada oftalmoplegia internuclear, em que os movimentos do olho não mais acompanham os da cabeça ou os do olho do outro lado
Formação Reticular
a) Onde se localiza?
b) Quais as estruturas de importância?
- Rede difusa de neurônios que preenche espaço não ocupado pelos núcleos mais compactos;
- Centro respiratório bulbar, centro vasomotor e do vômito;
Visão geral das lesões bulbares
- Quais os achados mais comuns?
- Disfagia (dificuldade de deglutição) e alterações da fonação por lesão do núcleo ambíguo;
- Alterações no movimento da língua por lesão do núcleo do hipoglosso;
- Acompanhados de paralisias e perdas de sensibilidade pelas vias ascendentes e descendentes que percorrem o bulbo.
Lesão da base do bulbo (hemiplegia cruzada com lesão do hipoglosso)
- Acometem a pirâmide e o nervo hipoglosso.
- A lesão da pirâmide compromete, principalmente, o trato corticoespinhal e como este se cruza abaixo do nível da lesão, ocorre paresia do lado oposto ao lesado. Quando a lesão se estende mais dorsalmente, atingindo os demais tratos descendentes que transitam nas pirâmides, temos um quadro de hemiplegia.
- A lesão do hipoglosso causa paralisia dos músculos da metade da língua situada do lado lesado, que no caso se manifesta por hipotrofia destes músculos.
- Como a musculatura de uma das metades da língua está paralisada, quando o paciente faz a protrusão da língua, a musculatura normal desvia a língua para o lado lesado
Síndrome bulbar medial (Síndrome de Dejerine)
A parte medial do bulbo é suprida pela artéria vertebral. A trombose do ramo bulbar produz os seguintes sinais e sintomas:
- hemiparesia contralateral (acometimento do tracto piramidal)
- comprometimento sensorial contralateral da posição do movimento e da discriminação tátil (acometimento do lemnisco medial)
- paralisia ipsilateral dos músculos da língua (com desvio para o lado paralisado quando a língua é estendida) por lesão do nervo hipoglosso.
Síndrome da artéria cerebelar inferior posterior (Síndrome de Wallemberg)
A artéria cerebelar inferior posterior, ramo mais superior da A. vertebral, irriga a parte dorsolateral do bulbo. Lesões desta região geralmente ocorrem por trombose desta artéria. As principais estruturas lesadas com os respectivos sintomas são:
- Lesão do pedúnculo cerebelar inferior: falta de coordenação de movimentos na metade do corpo situada do lado da lesão.
- Lesão do trato espinhal do trigêmeo e seu núcleo: perda da sensibilidade térmica e dolorosa na metade da face situada do lado da lesão.
- Lesão do trato espino-talâmico lateral: perda da sensibilidade térmica e dolorosa na metade do corpo situada do lado oposto da lesão.
- Lesão do núcleo ambíguo: perturbações da deglutição e da fonação por paralisia dos músculos da faringe e da laringe.
- Lesão das vias descendentes que do hipotálamo dirigem-se aos neurônios pré-ganglionares relacionados com a inervação da pupila: síndrome de Horner (ptose palpebral, miose, vasodilatação e anidrose ou deficiência de sudorese na face).
Estrutura da Ponte
Semelhanças e diferenças entre suas partes
Parte ventral - base da ponte, constituição ímpar
Parte dorsal - tegmento, semelhante ao bulbo e ao tegmento mesencefálico
Entre base da ponte e tegmento, há uma concentração de fibras mielínicas transversais, o corpo trapezoide.
Formações da base da ponte
a) Fibras longitudinais da base da ponte
a)
- Trato corticoespinal (em disposição dissociado, diferente das pirâmides do bulbo)
- Trato corticonuclear (fibras motores que se dirigem aos núcleos motores dos NCs V, VI e VII)
- Trato corticopontino
b) Núcleos pontinos são aglomerados de neurônios que fazem conexão com as fibras corticopontinas; seus axônios cruzam o plano mediano e penetram o cerebelo pelo pedúnculo cerebelar médio (via cortico-ponto-cerebelar)
Parte dorsal ou tegmento da ponte
- Núcleo Coclear e consequência na audição
- Nos núcleos cocleares (dorsal e ventral) terminam as fibras da porção coclear do NC VIII; daí, suas fibras cruzam para o lado oposto (constituindo o corpo trapezoide)
- Em seguida, parte das fibras contorna o núcleo olivar superior e inflete-se cranialmente para constituir o leminsco lateral
- Outras fibras, no entanto, terminam nos núcleos olivares do mesmo lado ou contralaterais, seguindo pelo lemnisco lateral. Assim, a via auditiva apresenta componentes cruzados e não cruzados - hemisfério cerebral de um lado recebe informações dos dois ouvidos.