Derrame Pleural (Pneumologia) Flashcards

1
Q

Anatomia

a) Pleura
b) Espaço pleural
c) Líquido pleural
d) Drenagem do líquido pleural

A

Pleura: membrana de tecido conjuntivo recoberta por uma camada única de epitélio (mesotélio), a qual reveste continuamente os pulmões e as estruturas adjacentes (cf. face interna da caixa torácica);

Espaço pleural: espaço virtual – entre a pleura parietal, que reveste internamente as costelas na região torácica, e a pleura visceral, que reveste o aspecto
externo dos pulmões;

Líquido pleural: o mesotélio da pleura parietal, sobretudo, produz uma pequena quantidade de líquido (necessário para reduzir o atrito durante os movimentos respiratórios - sem dor) - 10 a 15 mL por hemitórax, não apreciável;

Drenagem: A pleura parietal expulsa o líquido para dentro do espaço pleural e a mesma absorve por meio de suas ostomias venosas e linfáticas; A pleural visceral basicamente só capta líquido, ela não empurra para fora do pulmão;

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2
Q

O que é um derrame pleural?

A
  • Acúmulo anormal (patológico) de líquido no espaço pleural;
  • Não é uma doença, mas sim uma manifestação prevalente; o começo do diagnóstico - suspeitar, confirmar, investigar;
  • Pode ocorrer por uma doença pleural primária - da própria pleura – tuberculose pleural, mesotelioma (câncer na própria cavidade pleural), ou por manifestação de uma doença sistêmica – insuficiência cardíaca;
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3
Q

Mecanismos fisiopatológicos: transudato ou exsudato

A

Transudato: extravasamento de líquido inocente, cristalino, com poucas proteínas e eletrólitos;
não tem inflamação, há um desequilíbrio pressórico entre pressão hidrostática e oncótica (↑ Ph ou ↓ π)

Exsudato: extravasamento de um líquido com maior
celularidade e, principalmente, que tem proteínas e DHL (desidrogenase lática);
significa inflamação, infecção, câncer, doença
autoimune na pleura, pleurite;

*O exsudato pode ocorrer por: 
Auemnto da permeabilidade dos capilares pleurais; 
Bloqueio à drenagem linfática da pleura
Empiema: infecção do espaço pleural
Hemotórax: hemorragia no espaço pleural
Quilotórax: vazamento de quilo
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4
Q

Sintomas I

A) Quando?
B) Tosse
C) Dor

A

Dependem da quantidade, composição do líquido e, principalmente, da causa;

A) DPs de pequeno volume podem ser assintomáticos; porém, derrames com aumento de volume signficativo podem apresentar…

B) Cansaço, tosse seca, improdutiva (seca pela decorrente da compressão do parênquima pulmonar -compressão das paredes brônquicas e indica inflamação da pleura) - sintoma dependente do volume de líquido;

C) Dor - dependente da etiologia:
insuficiência cardíaca, da hiperidratação – não doem; empiema, pneumonia, tuberculose e eventualmente câncer, tendem a doer;

“Transudatos não têm dor. Se tem dor, já pode
dizer que é um exsudato e ir pesquisar a causa”.

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5
Q

Sintomas II

D) Como o paciente caracteriza a dor do derrame pleural?
E) Dispneia

A

D) Dor pleurítica, em pontada, em fisgada, bem localizada, “parece que tem uma facada”; é uma dor “respirofásica”, ventilatória-dependente (dor que piora na inspiração profunda); inflamatória (exsudato)

E) Diante de um derrame pleural, ocorre perda de Capacidade Vital Forçada (CVF) de 1/3 do volume de líquido, ou seja, DP de 300 ml causa perda de 100 ml - síndrome restritiva; dispneia também presente em doença parenquimatosa ou repercussão hemodinâmica;

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6
Q

Exame físico (semiologia)

  1. Inspeção
  2. Palpação
  3. Percussão
  4. Ausculta

*Atelectasia

A

Síndrome do derrame pleural:

  • aumento na convexidade de um órgão ou região;
    1. Expansibilidade reduzida, abaulamento*, sinal de Lemos-Torres (abaulamento dos EIC inferiores)
    2. Desaparecimento do FTV (frêmito toracovocal - vibrações das cordas vocais transmitidas à parede torácica - “33”)

3 .Macicez à percussão;

  1. Redução ou abolição do Múrmurio vesicular acima da área do derrame;
    * Atelectasia
    a) respiração brônquica:som alto e agudo, com nítida divisão – silêncio – entre as fases inspiratória e expiratória
    b) egofonia: o paciente fala “i”, mas o médico ausculta “e” – significa colabamento do espaço alveolar com brônquios pérvios.
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7
Q

Radiografia

A

A) Incidência posteroanterior (PA)

  • opacificação/borramento do seio costofrênico (pelo menos 350 a 500 mL de líquido no homem adulto)
  • Parábola Damoiseau: grande derrame preenche por capilaridade a parte de cima do hemitórax, rechaçando traqueia e coração para o lado oposto;

B) Incidência em perfil: Derrames menores não aparecem na radiografia de PA – podem eventualmente aparecer em uma radiografia de perfil;

C) Decúbito lateral com raios horizontais - Laurell: fortemente utilizada par avaliar DPs; aparecem derrames já com 175 ml;

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8
Q

Importância da incidência Laurell (decúbito lateral) e derrames loculados

A

a) Forma para avaliar se o líquido vai escorrer (derrame livre, não loculado* ou não – loculado);

Fácil de medir – lâmina líquida visualizada nesta incidência possuir > 10 mm (1 cm) de espessura, o derrame é facilmente puncionável - toracocentese às cegas;

b) Derrames loculados são derrames antigravitacionais (presos de alguma forma); deixou de ser líquido, passou a ser pastoso (gelatinoso) ou foram formadas traves de fibrina aprisionando (encistando) o processo inflamatório.

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9
Q

Como proceder em um derrame loculado (encistado)?

A

Nesse tipo de derrame, entra com agulha (toracocentese), esperando tirar 500mL e retira apenas 10mL, entra de novo, em outro espaço intercostal, e
retira mais 10mL – é como se estivesse retirando mel em uma colmeia, espaços pequenos em uma rede de fibrina sendo drenados;

Se for drenar, tem que colocar pleuroscópio, destruir a rede de fibrina para o líquido poder fluir;

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10
Q

Outros exames:

A) Tomografia
B) Ultrassonografia
C) Pleuroscopia
D) Biópsia por agulha de Kope

A

A) Tomografia de Tórax
Mais sensível para derrame e auxilia na investigação da etiologia do derrame;

B) USG
(+) Portátil, baixo custo, fácil realização, feito à beira do leito, sem radiação, pode ser utilizado em pacientes graves de UTI; localiza pequenos derrames e marca o local da punção (punção guiada por USG)

C) Pleuroscopia
- Padrão-ouro para diagnóstico e tratamento, permitindo fazer biópsia por visão direta, bem como
quebrar as traves de fibrina de um derrame loculado, para posterior drenagem do derrame

  • Método: Pleuroscópio (espécie de cateter com câmera) entra após toracocentese e outra punção
    permite canal de trabalho

D) Biópsia por Agulha de Kope
- Buscar alterações próprias da pleura ou com acometimento pleural, para investigação da
etiologia; sensibilidade baixa (30%), pouco utilizada atualmente;

  • Agulha em formado de anzol punciona o tórax na margem superior de uma costela (fugindo do VAN)
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11
Q

Manejo I

A
  1. Se por Laurell, > 10 mm, deve-se puncionar para investigar a natureza do líquido; não precisa fazer Laurell no derrame que é possível ser observado em PA;
  2. Exceção: pacientes com ICC (área cardíaca grande, turgência, edema MMII), vai encontrar transudato; deve-se tratar a ICC com furosemida para melhora do derrame;
  3. Exceção da exceção: se o paciente com ICC apresenta febre, calafrios e foco infeccioso não conhecido, pode ser que o foco seja o próprio DP, deve-se puncionar;
  4. Derrame pleural da ICC é bilateral, maior à direita, quase sempre;
    * DP maior à esquerda geralmente não é só ICC; ou só de um lado, deve ser outra coisa – faz-se a toracocentese;
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12
Q

Manejo II - Toracocentese

A) De alívio
B) Diagnóstica
C) Restrições - quando não fazer?

A

A) Paciente com falta de ar devido o derrame; necessário, pois pode evoluir com fadiga, necessitando de intubação; não retirar mais de 1,5 L, pois mesmo em DPs maciços, quando se retira líquido em excesso, o pulmão terá de expandir para esse espaço de modo brusco, podendo ocasionar ruptura de vasos pulmonares - edema de reexpansão, sangramento do capilar para o alvéolo - hipotensão e dispneia grave;

B) Avaliar radiografia, percutir, colocar paciente sentado com MMSS elevados ou abraço em si mesmo (tirar escápulas do campo); coletar material antes de drenar;

C) Coagulopatias (contagem de plaquetas baixa), ventilação mecânica (relativa, pode desconectar e fazer), infecções de pele (zóster); grandes queimados;

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13
Q

Aspecto Macroscópico do Líquido Pleural

A
  • Controle: líquido translúcido
  • Xantocrômico: amarelo citrino, pode ser exsudato ou transudato
  • Hemático: vermelho, avaliar hematócrito; se maior que 50% do sérico é hemotórax; pode se associar a neoplasia
  • Quilotórax: branco, pensar em lesão do ducto torácico
  • Piotórax/Empiema: vitamina de abacate, purulento
  • Negro: associado à presença de fungos (Aspergillus niger, Rhizopus oryzae)
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14
Q

Citologia

a) Total e diferencial
b) Oncótica

A

a) Mais importante - quantas células e quais células predominam? (laboratório de Hematologia)
• Neutrofílicos - infecções bacterianas
• Linfocitários ou monocitários - CA, TB ou autoimune (exceto artrite reumatoide, que faz perfil neutrofílico)

b) Oncótica (50-70ml): procurar atipias, i.e. células neoplásicas (laboratório de Patologia)

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15
Q

Bioquímica

a) Quais os dois exames essenciais?
b) Critérios de Light
c) Exames complementares: quando?
d) Dois marcadores específicos

A

a) DHL (a Lactado desidrogenase é liberada na corrente sanguínea quando as células são danificadas ou destruída) e proteína total, com esses dois faz os critérios de Light e separa transudato de exsudato;

b) Se houver ao menos um dos critérios, classificamos
como EXSUDATO:

1) Relação proteína do líquido/do plasma > 0,5
2) Relação DHL do líquido/DHL do plasma > 0,6
3) DHL do líquido > 2/3 do limite superior da
normalidade do plasma (> 200 U/l)

c) Sendo exsudato, além de dosar proteína total e
DHL, avaliamos também:
- pH, Glicose;
- Celularidade: células mesoteliais, hemácias e
leucócitos;
- Bacterioscopia – coloração de Gram;
- Culturas – bactérias comuns, fungos, BK;
- Citologia oncótica.

e) Amilase: pancreática ou salivar – só se houver um derrame a esquerda com suspeita de ruptura do esôfago, por exemplo – líquido saindo do esôfago e caindo da cavidade pleural; ou pancreatitie - inflamação por contiguidade

Adenosina deaminase - ADA: dosada se pensando em Tuberculose

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16
Q

Derrames mais comuns: Transudativos

A
  • DHL e proteínas baixos e resto normal;
  • Não precisa investigar glicose, ADA, cultura, não pede, é só gasto de dinheiro; não faz biopsia
  • O que fazer: procurar a causa, faz um eco,
    um ultrassom de vias urinárias, uma dosagem de proteína na urina, dosagem de albumina no plasma. - Pode ser por excesso de líquido infundido, ICC,
    hipoalbuinemia, procurar algo longe da pleura.
  • Só drena se tiver com muita falta de ar,
    tirando menos de 1,5 L
17
Q

Derrames Exsudativos I

a) Tuberculoso
b) Neoplásico

A

a) Tuberculoso: paciente com febre, derrame, tosse improdutiva e dor pleurítica; Derrame do tipo exsudativo; perfil mais monocitário ou linfocitário – células mononucleares; ADA > 40 u.

b) Neoplásico: Paciente mais idoso, com histórico de câncer – maior chance de neoplasia;
Como é o derrame? Recidivante → retira 1,5L → paciente melhora da dispneia → 3 dias → derrame na
mesma altura; linfo-monocitário, hemático, terá
citologia oncótica positiva (raramente positiva, mesmo com neoplasia)
Conduta: identificar, citologia oncótica, biópsia

18
Q

Derrames Exsudativos II

c) Parapneumônico
d) Quiloso
e) Artrite Reumatoide

A

c) Parapneumônico: pneumonia que não melhora, dá antibiótico, mas mantém febre e dor – raio-x com derrame; podendo até virar empiema (derrame inflamatório que uma bactéria conseguiu atravessar, começou a se reproduzir = pus); é sempre exsudato neutrofílico;
Conduta: puncionar e pedir cultura

d) Quiloso: derrame rico em gorduras; dosar triglicérides (>300, acessível), caro dosar lipoproteínas
Avaliação: pinga no papel da luva e vê se forma nodosidade gordurosa

e) Artrite reumatoide: “Pegadinha”; parece um derrame empiematoso: celularidade alta e muitos neutrófilos;
“Deve ser pus”; não é pus!

19
Q

Tratamento geral

A

Tratar, na verdade, a doença que causou o derrame;
- Se for um transudato por ICC, trata a ICC; derrame da ICC não dói;

  • Se for um empiema, vai drenar e dar antibiótico (qual antibiótico? um que daria em uma pneumonia);
  • Drena o derrame; se for tuberculose, eventualmente se drena;
  • Se for um derrame canceroso, maligno e de repetição, faz uma pleurodese;
  • Sempre puncionar o derrame na presença de febre e dor pleurítica;
  • Se for câncer, trata o câncer – fazer pleurodese ou implantar cateter;
  • Se for por artrite reumatoide e outras colagenoses > corticoides;
  • Toracocentese de alívio: punção com agulha, retirando e retirando a agulha, fazer se paciente dispneico ou sintomático
  • Drenagem torácica; cateter implantável
  • Pleurodese: fixar a pleura através de um “cimento”, que é o talco, que irrita a pleura e induz que a pleural parietal “cole” na pleura visceral. Única indicação é o derrame pleural maligno com maior sobrevida;
20
Q

Derrame parapneumônico complicado

a) Evolução
b) Marcadores de complicação

A

a) Evoluções do empiema pleural:
Primeiro é um derrame inocente, com exsudato leve;
Depois, torna-se um exsudato complicado, com glicose baixo, DHL alto e pH baixo;
Torna-se então exsudato complicado e encistado;
Então, empiema (torna-se pus mesmo);
Depois, evolui para um fibrotórax se o paciente sobreviver ao empiema, a lesão torna-se uma carapaça de fibrina com cálcio;

b) Punciona:

DHL baixo (500-600), pH próximo do normal, proteína alta, neutrófilos - parapneumônico normal;

DHL alta (> 1000), pH baixo, glicose baixa - fatores de complicação, empiematização;

Máxima: “O sol não deve se pôr sobre um empiema” - se encontrar um empiema, não deixar para tratar no dia seguinte.