Microbiologia - Bactérias sistêmicas (Pele e Digestório) Flashcards
Partes fundamentais e Tipos de lesões na pele
- Epiderme é a parte mais fina e externa, composta por
diversas camadas de células epiteliais; sua parte mais superficial é o estrato córneo, rico em uma proteína impermeável à água, a queratina; - Derme é a porção mais interna e relativamente espessa da pele, composta principalmente de tecido conectivo. Os folículos pilosos e os ductos das glândulas sudoríparas e sebáceas presentes na derme proporcionam vias de passagem;
- Lesões pequenas e preenchidas por fluidos são vesículas
- Vesículas com diâmetro maior do que cerca de 1 cm são chamadas de bolhas
- Lesões planas e avermelhadas são conhecidas como máculas
- Lesões elevadas são chamadas de pápulas ou, quando contêm pus, pústulas
- Uma erupção cutânea que surge em decorrência de uma doença é chamada de exantema
- Erupção que se desenvolve nas membranas mucosas, como no interior da boca, é chamada de enantema
Estafilococos e enzima que permite divisão clínica
- bactérias gram-positivas esféricas que formam agrupamentos irregulares com o formato de cachos de uvas
- Anaeróbios facultativos, Imóveis (sem flagelo)
- podem ser divididas naquelas que produzem coagulase, enzima que coagula a fibrina no sangue
(cf. Sta coagulase +, Staphylococcus aureus
Sta cogulase - , as demais, Staphylococcus epidermidis - 90% da microbiota normal da pele, patogênicas diante de solução de continuidade).
Staphylococcus aureus
- Caracteres gerais e três fontes de infecção
- mais patogênico dos estafilococos
- residente permanente das passagens nasais de 20% da população, 60% a carreiam ocasionalmente
- forma colônias amarelo-douradas (proteção contra luz solar); não forma esporos
- presença de coagulase > produção de toxinas nocivas
- infecção pela pele > resposta inflamatória vigorosa
- Microbiota
- IRAS – Infecção Relacionadas à Assistência à Saúde (é uma bactéria muito resistente à dessecação, fômites, toalhas, etc, a bactéria mantêm-se por semanas sem ser destruída). ex.: MRSA – Staphylococcus aureus resistentes a meticilina
- Transmissão acontece pelo contato direto; mãos, fômites, etc.
Staphylococcus aureus
- Infecção piogênicas (definição e 5 exemplos)
- Infecções causadas pela proliferação das bactérias no local da infecção com formação de pus
- Passagens nasais > pele > penetra por aberturas naturais (folículos pilosos) > FOLICULITE (espinhas, frequentemente)
- O folículo infectado de um cílio é denominado hordéolo > TERÇOL.
- Uma infecção do folículo piloso mais grave é o FURÚNCULO, o qual é um tipo de abscesso, região localizada de pus, circundada por tecido inflamado, a qual dificulta o acesso de antibióticos > Drenagem de pus é boa saída para auxiliar o tratamento
- A falha no isolamento do furúnculo pode conduzir a invasão progressiva do tecido adjacente > O dano extensivo resultante é chamado de CARBÚNCULO - inflamação tecidual endurecida e profunda sob a pele
- IMPETIGO: altamente infecciosa e frequente em crianças de 2 a 5 anos, caracteriza-se por pústulas isoladas que se tornam crostas claras
Staphylococcus aureus
Infecções toxigênicas (definição e 3 exemplos)
- Causadas por toxinas, nesse caso, toxinas estafilocócica
- Síndrome da pele escaldada (doença de Ritter), Impetigo bolhoso, Síndrome do choque tóxico
- toxina A, que permanece localizada e causa o
IMPETIGO BOLHOSO, e a toxina B, que circula para sítios distantes e causa a SÍNDROME DA PELE ESCALDADA; - Ambas as toxinas provocam uma separação das camadas cutâneas, ou esfoliação
- Surtos de impetigo bolhoso são um problema frequente em berçários de hospitais, onde a condição é conhecida como pênfigo neonatal
- SÍNDROME DO CHOQUE TÓXICO > febre, vômitos e erupções semelhantes a queimaduras solares são seguidos de choque e, às vezes, falência de órgãos, em especial os rins
*A intoxicação alimentar acontece apenas pela ingestão da toxina, não precisando haver a infecção.
Fatores estruturais de patogenicidade
- também chamados de fatores de “colonização”;
- Cápsula polissacarídica: importante estrutura antifagocitária.
- Peptideoglicanos e ácidos teicoicos: são importantes em desenvolver alguma resposta do hospedeiro, pode causar um aumento de temperatura brando e
também como receptores para determinadas proteínas no hospedeiro; adesinas que se
ligam a substratos da matriz extracelular de hospedeiros; proteínas ligadoras de colágeno e de fibrinogênio - Proteína A: liga-se à porção FC das imunoglobulinas IgG para evitar que essa bactéria seja fagocitada e destruída – impede o IgG de realizar a sua função; EXCLUSIVO de S. Aureus
Fatores enzimáticos de patogenicidade
- Coagulase: pode ser encontrada na parede celular e livre; enzima específica somente do Staphylococcus aureus; transforma fibrinogênio em
fibrina fazendo com que o plasma sanguíneo coagule, o que se infere que dificulta na defesa contra a bactéria. Na prática, usada para identificar a presença do S. Aureus. - Catalase: produzida pelas bactérias aeróbias como subproduto de seu metabolismo. Catalisa peróxido de hidrogênio em oxigênio, inclusive com a formação de bolhas quando atua.
- Hialuronidade: degrada o ácido hialurônico e favorece a passagem do microrganismo pelos tecidos.
- Fibrinolisina: dissolve coágulos.
- Lipases: degradam lipídios.
- Nucleases: despolimerizam o DNA.
*Algumas bactérias possuem Penicilinases (β-lactamases), capazes de hidrolisar a penicilina, todavia, isso não é considerado fator de patogenicidade (?)
Toxinas enquanto fatores de patogenicidade - uma classe mais geral (envolvida nas infecções de pele) e três mais especificas
- Citotoxinas: alfa, beta, delta, gama e leucocidina P-VL. Essas citotoxinas levam à lise de leucócitos, eritrócitos, macrófagos, plaquetas e fibroblastos. Dentre elas, a alfa é a principal. São elas que estão mais envolvidas em processos inflamatórios
superficiais da pele. - Esfoliativas (ETA, ETB): clivam as pontes intercelulares na camada granulosa da
epiderme. Vão formar bolhas. Toxina da síndrome da pele escaldada. Proteínas que ligam a derme à epiderme. - Toxina TSST-1 (toxina da síndrome do choque tóxico): age como um superantígeno, causa um processo inflamatório exacerbado causando destruição
em massa, formando porosidade nas células e causando a morte de tecidos. - Outra toxina específica é a enterotoxina A, principalmente, relacionada com a intoxicação
alimentar – relacionada ao digestório.
As síndromes toxigênicas são, muitas vezes, desencadeadas por superantígenos. O que são?
Os superantígenos têm a propriedade de estabilizar a ligação entre duas células do sistema imune, a célula apresentadora de antígenos (APC) e o linfócito T (LyT). O contacto entre essas duas células durante a resposta imune leva à ativação do linfócito T, culminando na proliferação desse último e na sua produção de interleucinas pró-inflamatórias
Infecções toxigênicas - Síndrome da Pele escaldada (SSSS)
Aspectos gerais
- SSSS > Staphylococcal Scalded Skin Syndrome) que envolve a produção de toxina esfoliativa (ET), que são serinoproteases muito específicas que clivam moléculas que participam da junção célula-célula na epiderme (desmogleína), resultando no despregamento do estrato granuloso da epiderme. Isso resulta na formação de lesões bolhosas patognomônicas* (“característica de uma doença específica”) à síndrome, em conjunto com febre e letargia
- A bactéria vai adentrar a pele e produzir a toxina que então, caindo na corrente sanguínea, se espalha pelo corpo.
- O sinal de Nikolsky apresenta-se quando passa-se o dedo na pele e ela sai.
- As regiões acometidas ficam susceptíveis a infecções secundárias.
- Apesar de levar a um quadro grave, o índice de letalidade é baixo – geralmente por infecções secundárias.
- Acontece mais em crianças devido à baixa imunidade ou em adultos imunodeficientes.
- Não é contagiosa; leva 2 dias para aparecer e cerca de 10 dias para curar.
- Impetigo bolhoso – é uma variação da Síndrome da Pele Escaldada, porém nas bolhas que se formam, há bactérias, de modo que é contagiosa.
Infecções toxigênicas -Síndrome do Choque Tóxico (TSST-1)
Aspectos gerais
- produção da Toxina da Síndrome do Choque Tóxico
(TSST - Toxic Shock Syndrome Toxin), um superantígeno que apenas algumas cepas de S. aureus conseguem produzir. - A toxina é produzida em condições aeróbias, ex.: uso de tampões absorventes higiênicos durante o período menstrual é fator de risco
- Como a vagina é normalmente anaeróbia, certos
tipos de tampão higiênico fomentam o oxigênio necessário para a produção de TSST em bolsas de ar presente no emaranhado de fibras que o compõe - A toxina então age de forma sistêmica, levando a quadro febril, queda de pressão arterial que pode culminar em falência múltipla dos órgãos.
- Geralmente é muito grave, principalmente pela queda de pressão arterial.
Infecções toxigênicas - Toxinfecção alimentar estafilocócica
- Enterotoxinas (A-E, G-I): superantígeno (estimula a
proliferação de linfócitos T e liberação de citocinas,
estimula a liberação de mediadores inflamatórios nos
mastócitos, aumentam o peristaltismo intestinal e a perda de líquidos, náuseas e vômitos) - A manipulação de alimentos por indivíduos portadores de S. aureus produtor
de SEs e o subsequente armazenamento desse alimento em temperatura que não impeça o crescimento de S. aureus por tempo suficiente a ponto de a população bacteriana atingir fase estacionária de crescimento é a principal causa epidemiológica de toxinfecção alimentar estafilocócica
Cultivo de Staphylococcus aureus
- Facilmente cultivada em meios comuns.
- Em um meio enriquecido como o agar sangue, forma halo de hemólise. No meio de Champan ou manitol
salgado, o aureus usa o manitol e o deixa amarelado. - Quando não usa manitol, é coagulase negativo, não é o aureus.
- A característica em cachos é apenas quando se faz o cultivo in vitro, porque quando se tira em vivo, geralmente só se consegue ver as células isoladas.
4 testes de identificação de Staphylococcus aureus
- Teste de Catalase: Dentre as bactérias piogênicas, a única que é catalase positiva é o Staphylococcus.
Positivo = gênero Staphylococcus.
Negativo = gênero Streptococcus. - Teste da Coagulase
Dentre as bactérias do gênero Staphylococcus, as únicas que produzem coagulase são as aureus.
Positivo = Staphylococcus aureus.
Negativo = outra bactéria do gênero Staphylococcus (considerando que o da catalase deu positivo). - Teste de DNAse
Rigorosamente idêntico aos resultados do teste de coagulase - Teste da novobiocina
3 espécies de importância clínica (S aureus, S. saprophyticus e S. epidermidis).
Se não for aureus, faz o teste da novobiocina (antibiograma específico para a bactéria Staphylococcus).
Se não formar o halo de inibição, é a S. saprophytios.
Se formar o halo de inibição, é a S. epidermis.
Possíveis formas de tratamento de infecções por S. aureus
- Prevenção: Antissepsia de feridas, lavagem das
mãos.
Tratamento empíricos: Incluir MRSA (ceftarolina
:cefalosporina_ - Oral: Trimetoprim-sulfametoxazol, doxicilina,
clindamicina, minociclina, linezolida - Intravenosa: Vancomicina ou os alternativos
daptomicina, tigeciclina, linezolida - Intoxicação alimentar: tratamento sintomático
Streptococcus: caracteres gerais e patogênese básica
- cocos Gram-positivos tipicamente dispostos aos
pares ou em cadeias - maioria anaeróbia facultativa, algumas com crescimento capnofílico (CO2)
- exigências nutricionais complexas (fermentam carboidratos > ácido lático
- são catalase-negativos
- Responsável por doenças piogênicas ou supurativas (faringite, infecções de tecidos moles > piodermia, erisipela, celulite, fascite) e não supurativas (febre reumática, glomerunonefrite)
Streptococcus: três esquemas de classificação
- em relação ao padrão de hemólise:
α-hemolítico: hemólise parcial das hemácias.
β-hemolítico: hemólise total das hemácias.
ɤ-hemolítico: não há hemólise. - Na placa de Petri, a hemólise parcial cursa com colorização esverdeada, enquanto a total fica transparente em torno da colônia;
- *α-hemolíticos são denominados estreptococos viridans, um nome derivado de viridis (do latim para “verde”)
- em relação à sorologia:
chamados Grupos de Lancefield, diferenciam as cepas -hemolítica βs, baseado nas características antigênicas da parede por meio de ensaios imunológicos
*β-hemolítico, Grupo A = Streptococcus pyogenes
β-hemolítico, Grupo B = Streptococcus agalictiae
α-hemolítico = Streptococcus pneumoniae
- em relação às propriedades bioquímicas:
baseadas na composição e metabolismo
Mecanismos de patogenicidade dos Streptococcus
- Estruturais
a) Estruturais
- Cápsula de ácido hialurônico: além de fracamente imunogênico (assemelha-se ao tecido conectivo humano), confere proteção contra fagocitose
- Proteína M: específica do Streptococcus pyogenes; principal antígeno tipo-específico associado a cepas virulentas; proteína fibrilar, em dupla hélice, ancorada na membrana citoplasmática e se estende através da parede celular, projetando-se acima da superfície celular; *bloqueiam a ligação do componente C3b do sistema complemento, um importante mediador da fagocitose
- Ácido lipoteicoico, proteínas M e proteína F: medeiam adesão às células do hospedeiro (cf. interação inicial com epitélio)
Mecanismos de patogenicidade dos Streptococcus
- Enzimas
- Exotoxinas pirogênicas
b) Enzimas
- Hemolisinas (lise de hemácias, responsáveis pelos padrões de hemólise)
*Estreptolisina S: hemolisina ligada à célula, estável ao oxigênio e não imunogênica, que pode lisar eritrócitos, leucócitos e plaquetas; responsável pela β-hemólise no meio ágar-sangue
**Estreptolisina O é uma hemolisina lábil ao oxigênio e capaz de lisar eritrócitos, leucócitos, plaquetas e células em cultura; ocorre rápida produção de anticorpos contra esta > imunogênica (importante para detectar que o indivíduo teve uma infecção recente por S. pyogenes
- Também podemos citar estreptoquinases (enzimas que dissolvem coágulos sanguíneos), a hialuronidase (enzima que degrada o ácido hialurônico dos tecidos conectivos, que serve para manter as células unidas) e as desoxirribonucleases (enzimas que degradam o DNA)
c) Exotoxinas pirogênicas (SpeA, SpeB, SpeC, SpeD)
- também chamadas de eritrogênicas (relativas ao aumento de temperatura preditor de choque);
- agem como superantígenos, interagindo tanto com macrófagos como com células T auxiliares, aumentando a liberação de citocinas pró-inflamatórias.
Patôgenese (VAS e pele) de S. pyogenes
VAS (FARINGE)
- maioria das infecções causadas por S. pyogenes tem início nas vias aéreas superiores (faringe) ou na pele
- infecções da faringe, S. pyogenes é, de modo geral,
transmitido por meio de aerossóis/gotículas e a primeira etapa da infecção consiste em sua adesão ao epitélio da mucosa
- complicações decorrentes de infecções da faringe podem cursar com escarlatina, o choque tóxico, as bacteremias e infecções de outros tecidos por contiguidade
- A principal complicação não supurativa da faringite estreptocócica é a febre reumática
(PELE)
- infecções cutâneas são geralmente adquiridas por
contato com pacientes portadores de piodermites e se instalam quando a pele apresenta lesões provocadas por traumas, picadas de inseto, cirurgias e por outros meios nem sempre evidentes.
- infecções profundas podem cursar com bacteremia e choque (superantígenos ou toxinas pirogênicas)
- A sequela não supurativa que pode se seguir às infecções cutâneas é a glomerulonefrite difusa aguda
*Diferentemente da febre reumática, a glomerulonefrite aguda é uma sequela tanto das infecções estreptocócicas de faringe quanto de piodermes