Microbiologia - Bactérias sistêmicas (Pele e Digestório) Flashcards

1
Q

Partes fundamentais e Tipos de lesões na pele

A
  • Epiderme é a parte mais fina e externa, composta por
    diversas camadas de células epiteliais; sua parte mais superficial é o estrato córneo, rico em uma proteína impermeável à água, a queratina;
  • Derme é a porção mais interna e relativamente espessa da pele, composta principalmente de tecido conectivo. Os folículos pilosos e os ductos das glândulas sudoríparas e sebáceas presentes na derme proporcionam vias de passagem;
  • Lesões pequenas e preenchidas por fluidos são vesículas
  • Vesículas com diâmetro maior do que cerca de 1 cm são chamadas de bolhas
  • Lesões planas e avermelhadas são conhecidas como máculas
  • Lesões elevadas são chamadas de pápulas ou, quando contêm pus, pústulas
  • Uma erupção cutânea que surge em decorrência de uma doença é chamada de exantema
  • Erupção que se desenvolve nas membranas mucosas, como no interior da boca, é chamada de enantema
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2
Q

Estafilococos e enzima que permite divisão clínica

A
  • bactérias gram-positivas esféricas que formam agrupamentos irregulares com o formato de cachos de uvas
  • Anaeróbios facultativos, Imóveis (sem flagelo)
  • podem ser divididas naquelas que produzem coagulase, enzima que coagula a fibrina no sangue

(cf. Sta coagulase +, Staphylococcus aureus
Sta cogulase - , as demais, Staphylococcus epidermidis - 90% da microbiota normal da pele, patogênicas diante de solução de continuidade).

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3
Q

Staphylococcus aureus

  • Caracteres gerais e três fontes de infecção
A
  • mais patogênico dos estafilococos
  • residente permanente das passagens nasais de 20% da população, 60% a carreiam ocasionalmente
  • forma colônias amarelo-douradas (proteção contra luz solar); não forma esporos
  • presença de coagulase > produção de toxinas nocivas
  • infecção pela pele > resposta inflamatória vigorosa
  1. Microbiota
  2. IRAS – Infecção Relacionadas à Assistência à Saúde (é uma bactéria muito resistente à dessecação, fômites, toalhas, etc, a bactéria mantêm-se por semanas sem ser destruída). ex.: MRSA – Staphylococcus aureus resistentes a meticilina
  3. Transmissão acontece pelo contato direto; mãos, fômites, etc.
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4
Q

Staphylococcus aureus

  • Infecção piogênicas (definição e 5 exemplos)
A
  • Infecções causadas pela proliferação das bactérias no local da infecção com formação de pus
  • Passagens nasais > pele > penetra por aberturas naturais (folículos pilosos) > FOLICULITE (espinhas, frequentemente)
  • O folículo infectado de um cílio é denominado hordéolo > TERÇOL.
  • Uma infecção do folículo piloso mais grave é o FURÚNCULO, o qual é um tipo de abscesso, região localizada de pus, circundada por tecido inflamado, a qual dificulta o acesso de antibióticos > Drenagem de pus é boa saída para auxiliar o tratamento
  • A falha no isolamento do furúnculo pode conduzir a invasão progressiva do tecido adjacente > O dano extensivo resultante é chamado de CARBÚNCULO - inflamação tecidual endurecida e profunda sob a pele
  • IMPETIGO: altamente infecciosa e frequente em crianças de 2 a 5 anos, caracteriza-se por pústulas isoladas que se tornam crostas claras
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5
Q

Staphylococcus aureus

Infecções toxigênicas (definição e 3 exemplos)

A
  • Causadas por toxinas, nesse caso, toxinas estafilocócica
  • Síndrome da pele escaldada (doença de Ritter), Impetigo bolhoso, Síndrome do choque tóxico
  • toxina A, que permanece localizada e causa o
    IMPETIGO BOLHOSO, e a toxina B, que circula para sítios distantes e causa a SÍNDROME DA PELE ESCALDADA;
  • Ambas as toxinas provocam uma separação das camadas cutâneas, ou esfoliação
  • Surtos de impetigo bolhoso são um problema frequente em berçários de hospitais, onde a condição é conhecida como pênfigo neonatal
  • SÍNDROME DO CHOQUE TÓXICO > febre, vômitos e erupções semelhantes a queimaduras solares são seguidos de choque e, às vezes, falência de órgãos, em especial os rins

*A intoxicação alimentar acontece apenas pela ingestão da toxina, não precisando haver a infecção.

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6
Q

Fatores estruturais de patogenicidade

A
  • também chamados de fatores de “colonização”;
  • Cápsula polissacarídica: importante estrutura antifagocitária.
  • Peptideoglicanos e ácidos teicoicos: são importantes em desenvolver alguma resposta do hospedeiro, pode causar um aumento de temperatura brando e
    também como receptores para determinadas proteínas no hospedeiro; adesinas que se
    ligam a substratos da matriz extracelular de hospedeiros; proteínas ligadoras de colágeno e de fibrinogênio
  • Proteína A: liga-se à porção FC das imunoglobulinas IgG para evitar que essa bactéria seja fagocitada e destruída – impede o IgG de realizar a sua função; EXCLUSIVO de S. Aureus
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7
Q

Fatores enzimáticos de patogenicidade

A
  • Coagulase: pode ser encontrada na parede celular e livre; enzima específica somente do Staphylococcus aureus; transforma fibrinogênio em
    fibrina fazendo com que o plasma sanguíneo coagule, o que se infere que dificulta na defesa contra a bactéria. Na prática, usada para identificar a presença do S. Aureus.
  • Catalase: produzida pelas bactérias aeróbias como subproduto de seu metabolismo. Catalisa peróxido de hidrogênio em oxigênio, inclusive com a formação de bolhas quando atua.
  • Hialuronidade: degrada o ácido hialurônico e favorece a passagem do microrganismo pelos tecidos.
  • Fibrinolisina: dissolve coágulos.
  • Lipases: degradam lipídios.
  • Nucleases: despolimerizam o DNA.

*Algumas bactérias possuem Penicilinases (β-lactamases), capazes de hidrolisar a penicilina, todavia, isso não é considerado fator de patogenicidade (?)

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8
Q

Toxinas enquanto fatores de patogenicidade - uma classe mais geral (envolvida nas infecções de pele) e três mais especificas

A
  • Citotoxinas: alfa, beta, delta, gama e leucocidina P-VL. Essas citotoxinas levam à lise de leucócitos, eritrócitos, macrófagos, plaquetas e fibroblastos. Dentre elas, a alfa é a principal. São elas que estão mais envolvidas em processos inflamatórios
    superficiais da pele.
  • Esfoliativas (ETA, ETB): clivam as pontes intercelulares na camada granulosa da
    epiderme. Vão formar bolhas. Toxina da síndrome da pele escaldada. Proteínas que ligam a derme à epiderme.
  • Toxina TSST-1 (toxina da síndrome do choque tóxico): age como um superantígeno, causa um processo inflamatório exacerbado causando destruição
    em massa, formando porosidade nas células e causando a morte de tecidos.
  • Outra toxina específica é a enterotoxina A, principalmente, relacionada com a intoxicação
    alimentar – relacionada ao digestório.
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9
Q

As síndromes toxigênicas são, muitas vezes, desencadeadas por superantígenos. O que são?

A

Os superantígenos têm a propriedade de estabilizar a ligação entre duas células do sistema imune, a célula apresentadora de antígenos (APC) e o linfócito T (LyT). O contacto entre essas duas células durante a resposta imune leva à ativação do linfócito T, culminando na proliferação desse último e na sua produção de interleucinas pró-inflamatórias

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10
Q

Infecções toxigênicas - Síndrome da Pele escaldada (SSSS)

Aspectos gerais

A
  • SSSS > Staphylococcal Scalded Skin Syndrome) que envolve a produção de toxina esfoliativa (ET), que são serinoproteases muito específicas que clivam moléculas que participam da junção célula-célula na epiderme (desmogleína), resultando no despregamento do estrato granuloso da epiderme. Isso resulta na formação de lesões bolhosas patognomônicas* (“característica de uma doença específica”) à síndrome, em conjunto com febre e letargia
  • A bactéria vai adentrar a pele e produzir a toxina que então, caindo na corrente sanguínea, se espalha pelo corpo.
  • O sinal de Nikolsky apresenta-se quando passa-se o dedo na pele e ela sai.
  • As regiões acometidas ficam susceptíveis a infecções secundárias.
  • Apesar de levar a um quadro grave, o índice de letalidade é baixo – geralmente por infecções secundárias.
  • Acontece mais em crianças devido à baixa imunidade ou em adultos imunodeficientes.
  • Não é contagiosa; leva 2 dias para aparecer e cerca de 10 dias para curar.
  • Impetigo bolhoso – é uma variação da Síndrome da Pele Escaldada, porém nas bolhas que se formam, há bactérias, de modo que é contagiosa.
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11
Q

Infecções toxigênicas -Síndrome do Choque Tóxico (TSST-1)

Aspectos gerais

A
  • produção da Toxina da Síndrome do Choque Tóxico
    (TSST - Toxic Shock Syndrome Toxin), um superantígeno que apenas algumas cepas de S. aureus conseguem produzir.
  • A toxina é produzida em condições aeróbias, ex.: uso de tampões absorventes higiênicos durante o período menstrual é fator de risco
  • Como a vagina é normalmente anaeróbia, certos
    tipos de tampão higiênico fomentam o oxigênio necessário para a produção de TSST em bolsas de ar presente no emaranhado de fibras que o compõe
  • A toxina então age de forma sistêmica, levando a quadro febril, queda de pressão arterial que pode culminar em falência múltipla dos órgãos.
  • Geralmente é muito grave, principalmente pela queda de pressão arterial.
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12
Q

Infecções toxigênicas - Toxinfecção alimentar estafilocócica

A
  • Enterotoxinas (A-E, G-I): superantígeno (estimula a
    proliferação de linfócitos T e liberação de citocinas,
    estimula a liberação de mediadores inflamatórios nos
    mastócitos, aumentam o peristaltismo intestinal e a perda de líquidos, náuseas e vômitos)
  • A manipulação de alimentos por indivíduos portadores de S. aureus produtor
    de SEs e o subsequente armazenamento desse alimento em temperatura que não impeça o crescimento de S. aureus por tempo suficiente a ponto de a população bacteriana atingir fase estacionária de crescimento é a principal causa epidemiológica de toxinfecção alimentar estafilocócica
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13
Q

Cultivo de Staphylococcus aureus

A
  • Facilmente cultivada em meios comuns.
  • Em um meio enriquecido como o agar sangue, forma halo de hemólise. No meio de Champan ou manitol
    salgado, o aureus usa o manitol e o deixa amarelado.
  • Quando não usa manitol, é coagulase negativo, não é o aureus.
  • A característica em cachos é apenas quando se faz o cultivo in vitro, porque quando se tira em vivo, geralmente só se consegue ver as células isoladas.
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14
Q

4 testes de identificação de Staphylococcus aureus

A
  • Teste de Catalase: Dentre as bactérias piogênicas, a única que é catalase positiva é o Staphylococcus.
    Positivo = gênero Staphylococcus.
    Negativo = gênero Streptococcus.
  • Teste da Coagulase
    Dentre as bactérias do gênero Staphylococcus, as únicas que produzem coagulase são as aureus.
    Positivo = Staphylococcus aureus.
    Negativo = outra bactéria do gênero Staphylococcus (considerando que o da catalase deu positivo).
  • Teste de DNAse
    Rigorosamente idêntico aos resultados do teste de coagulase
  • Teste da novobiocina
    3 espécies de importância clínica (S aureus, S. saprophyticus e S. epidermidis).
    Se não for aureus, faz o teste da novobiocina (antibiograma específico para a bactéria Staphylococcus).

Se não formar o halo de inibição, é a S. saprophytios.
Se formar o halo de inibição, é a S. epidermis.

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15
Q

Possíveis formas de tratamento de infecções por S. aureus

A
  • Prevenção: Antissepsia de feridas, lavagem das
    mãos.
    Tratamento empíricos: Incluir MRSA (ceftarolina
    :cefalosporina_
  • Oral: Trimetoprim-sulfametoxazol, doxicilina,
    clindamicina, minociclina, linezolida
  • Intravenosa: Vancomicina ou os alternativos
    daptomicina, tigeciclina, linezolida
  • Intoxicação alimentar: tratamento sintomático
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16
Q

Streptococcus: caracteres gerais e patogênese básica

A
  • cocos Gram-positivos tipicamente dispostos aos
    pares ou em cadeias
  • maioria anaeróbia facultativa, algumas com crescimento capnofílico (CO2)
  • exigências nutricionais complexas (fermentam carboidratos > ácido lático
  • são catalase-negativos
  • Responsável por doenças piogênicas ou supurativas (faringite, infecções de tecidos moles > piodermia, erisipela, celulite, fascite) e não supurativas (febre reumática, glomerunonefrite)
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17
Q

Streptococcus: três esquemas de classificação

A
  • em relação ao padrão de hemólise:
    α-hemolítico: hemólise parcial das hemácias.
    β-hemolítico: hemólise total das hemácias.
    ɤ-hemolítico: não há hemólise.
  • Na placa de Petri, a hemólise parcial cursa com colorização esverdeada, enquanto a total fica transparente em torno da colônia;
  • *α-hemolíticos são denominados estreptococos viridans, um nome derivado de viridis (do latim para “verde”)
  • em relação à sorologia:
    chamados Grupos de Lancefield, diferenciam as cepas -hemolítica βs, baseado nas características antigênicas da parede por meio de ensaios imunológicos

*β-hemolítico, Grupo A = Streptococcus pyogenes
β-hemolítico, Grupo B = Streptococcus agalictiae
α-hemolítico = Streptococcus pneumoniae

  • em relação às propriedades bioquímicas:
    baseadas na composição e metabolismo
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18
Q

Mecanismos de patogenicidade dos Streptococcus

  • Estruturais
A

a) Estruturais
- Cápsula de ácido hialurônico: além de fracamente imunogênico (assemelha-se ao tecido conectivo humano), confere proteção contra fagocitose

  • Proteína M: específica do Streptococcus pyogenes; principal antígeno tipo-específico associado a cepas virulentas; proteína fibrilar, em dupla hélice, ancorada na membrana citoplasmática e se estende através da parede celular, projetando-se acima da superfície celular; *bloqueiam a ligação do componente C3b do sistema complemento, um importante mediador da fagocitose
  • Ácido lipoteicoico, proteínas M e proteína F: medeiam adesão às células do hospedeiro (cf. interação inicial com epitélio)
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19
Q

Mecanismos de patogenicidade dos Streptococcus

  • Enzimas
  • Exotoxinas pirogênicas
A

b) Enzimas
- Hemolisinas (lise de hemácias, responsáveis pelos padrões de hemólise)

*Estreptolisina S: hemolisina ligada à célula, estável ao oxigênio e não imunogênica, que pode lisar eritrócitos, leucócitos e plaquetas; responsável pela β-hemólise no meio ágar-sangue

**Estreptolisina O é uma hemolisina lábil ao oxigênio e capaz de lisar eritrócitos, leucócitos, plaquetas e células em cultura; ocorre rápida produção de anticorpos contra esta > imunogênica (importante para detectar que o indivíduo teve uma infecção recente por S. pyogenes

  • Também podemos citar estreptoquinases (enzimas que dissolvem coágulos sanguíneos), a hialuronidase (enzima que degrada o ácido hialurônico dos tecidos conectivos, que serve para manter as células unidas) e as desoxirribonucleases (enzimas que degradam o DNA)

c) Exotoxinas pirogênicas (SpeA, SpeB, SpeC, SpeD)
- também chamadas de eritrogênicas (relativas ao aumento de temperatura preditor de choque);
- agem como superantígenos, interagindo tanto com macrófagos como com células T auxiliares, aumentando a liberação de citocinas pró-inflamatórias.

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20
Q

Patôgenese (VAS e pele) de S. pyogenes

A

VAS (FARINGE)
- maioria das infecções causadas por S. pyogenes tem início nas vias aéreas superiores (faringe) ou na pele
- infecções da faringe, S. pyogenes é, de modo geral,
transmitido por meio de aerossóis/gotículas e a primeira etapa da infecção consiste em sua adesão ao epitélio da mucosa
- complicações decorrentes de infecções da faringe podem cursar com escarlatina, o choque tóxico, as bacteremias e infecções de outros tecidos por contiguidade
- A principal complicação não supurativa da faringite estreptocócica é a febre reumática

(PELE)
- infecções cutâneas são geralmente adquiridas por
contato com pacientes portadores de piodermites e se instalam quando a pele apresenta lesões provocadas por traumas, picadas de inseto, cirurgias e por outros meios nem sempre evidentes.
- infecções profundas podem cursar com bacteremia e choque (superantígenos ou toxinas pirogênicas)
- A sequela não supurativa que pode se seguir às infecções cutâneas é a glomerulonefrite difusa aguda

*Diferentemente da febre reumática, a glomerulonefrite aguda é uma sequela tanto das infecções estreptocócicas de faringe quanto de piodermes

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21
Q

Doenças Estreptocócicas Supurativas e Síndrome Tóxica

A
  • Faringite: virais mais frequentes, 90% das bacterianas são causadas por S. pyogenes, faringe avermelhada, geralmente com presença de exsudato (líquido inflamatório extra vascular que tem alta concentração de proteínas e fragmentos celulares); pode ser proeminente uma linfadenopatia cervical
  • Impetigo (pioderma): áreas expostas do corpo, ocorrendo com mais frequência em crianças no verão (cf. face); MO introduzido no tecido subcutâneo através de uma descontinuidade da pele; vesículas > pústulas (vesículas cheias de pus) > rompimento > crostas
  • Erisipela: infecção aguda de pele, envolvendo a
    mucosas adjacentes algumas vezes, e que se caracteriza pela formação de lesões de coloração vermelha INTENSA, aparência lisa e brilhante e forma e extensão variáveis, acompanhadas de dor local, febre e calafrios; acomete crianças pequenas e idosos, geralmente na face e nas pernas, consegue-se delimitar a região acometida pela toxina.
  • Celulite: Ao contrário da erisipela, a celulite envolve tipicamente tanto a pele quanto os tecidos subcutâneos mais profundos, e a distinção entre a região infectada da não infectada não é clara, ou seja, não se consegue delimitar a região acometida de modo nítido;
  • Escarlatina: erupção eritematosa difusa, complicação da faringite estreptocócica, precede uma faringite. 2 a 3 dias depois começa um eritema e a língua fica primeiramente pálida e depois em língua de morango; extremidades tornam-se descamativas;
  • Fascite necrosante: também chamada de gangrena estreptocócica, é uma infecção que ocorre no tecido
    subcutâneo profundo, dissemina-se ao longo dos planos fasciais e é caracterizada por uma destruição extensiva do músculo e do tecido adiposo; “bactéria carnívora”; penetra por descontinuidades na pele

*Síndrome do choque tóxico estreptocócico: caracteriza-se por febre, calafrios, mal-estar geral, náuseas, hipotensão e choque, promovendo a falência múltipla de órgãos; semelhante à síndrome do choque tóxico estafilocócico; no entanto, a maioria dos pacientes apresenta evidências de bacteremia e fascite necrosante;

22
Q

Sequelas pós-estreptocócicas (não supurativas)

A

São doenças de natureza auto-imune, provocadas quando se tem uma infecção por Streptococcus pyogenes mal tratada.

  • Febre Reumática: alterações inflamatórias não supurativas envolvendo coração, articulações, vasos sanguíneos e tecidos subcutâneos. O envolvimento do coração se manifesta como uma pancardite (endocardite, pericardite, miocardite) e está frequentemente associado a nódulos subcutâneos
  • Glomerulonefrite Aguda: caracterizada por
    inflamação aguda do glomérulo renal com edema, hipertensão, hematúria e proteinúria; sequela tanto das infecções estreptocócicas de faringe, quanto da piodermia, muito embora os sorotipos M envolvidos nas infecções primárias sejam distintos; perda progressiva e irreversível da função renal tem sido observada em adultos
23
Q

Diagnóstico bacteriológico

A

Cultura: ágar-sangue

Identificação:

  • S. pyogenes: β-hemolítico, sensível à bacitracina;
  • Isola-se, faz na cultura, coloca a bacitracina, se fizer halo de inibição e hemólise, é S. pyogenes.
  • S. pneumoniae: β/ɤ-hemolítico, sensível à optoquina
  • S agalactiae: β-hemolítico, reação de CAMP +
  • Grupo viridans: reação de CAMP negativo
    **A reação de CAMP é quando se cultiva em agar sangue, coloca-se bactérias na vertical e na
    horizontal na hora do semeio. A que formar uma espécie de seta – por fusão do halo de
    hemólise, é CAMP positivo.

***The CAMP test is a test to identify group B β-hemolytic streptococci (Streptococcus agalactiae) based on their formation of a substance (CAMP factor) that enlarges the area of hemolysis formed by the β-hemolysin elaborated from Staphylococcus aureus.

  • Sorologia: pesquisar anticorpos contra estreptolisina O, hialuronidase, desoxiribonuclease.
24
Q

Clostridium perfringens

  • Aspectos gerais e fatores de virulência
A
  • Comum no trato intestinal de mamíferos, mas também encontrada nas condições ambientais: pele, fezes de animais e poeira.
  • Anaeróbia estrita; bacilos Gram positivos; algumas formam esporos.
  • Fatores de virulência: toxinas produzidas quando a bactéria esporula, quando rompe a parede celular, como a alfa, beta, épsilon, iota – causam lise de hemácias, plaquetas, leucócitos, células endoteliais, aumentam a permeabilidade vascular podem causar lesão tecidual – e algumas enterotoxinas– relacionadas com as doenças gastrointestinais.
25
Q

Clostridium perfringens

  • Principais doenças, diagnóstico, tratamento
A
  • Celulite: nos tecidos moles; edema e eritema, com ou sem gás, localizado. Não há necrose; a presença de gás está associada à fermentação realizada pela bactéria;
  • Fascite ou miosite supurativa: muito semelhante à causada pelo Streptococcus pyogenes, sendo que essa não chega à necrose. Acúmulo de pus sem necrose, localizado.
  • Mionecrose ou gangrena gasosa é quando ocorre necrose dos tecidos; destruição tecidual, sistêmica e mortalidade. Pus com produção de gás.
  • Gastrenterites (intoxicação alimentar) > enterotoxina
    citotóxica (CPE – Clostridium perfringens enterotoxin) com atividade no intestino delgado, especialmente no íleo, com acúmulo de fluidos no lúmen intestinal
  • Diagnóstico: feito com a coloração de Gram (bacilo Gram positivo em cadeias) e provas bioquímicas
  • Tratamento: Debridamento cirúrgico > retirar os tecidos necrosados (mionecrose); penicilina; profilaxia antibiótica em feridas previne a maioria das infecções
26
Q

Bacterioses do Sistema Digestório - Conceitos básicos

a) Infecção x Intoxicação
b) Diarreia x Disenteria
c) Gastrenterite

A
  • Dois tipos essenciais de doenças do sistema digestório: Uma infecção ocorre quando um patógeno entra no trato GI e se multiplica; alguns patógenos causam doença pela formação de toxinas que afetam o trato GI. Uma intoxicação é causada pela ingestão de uma toxina pré-formada.
  • Ambas, infecções e intoxicações, frequentemente causam diarreia, que se acompanhada de sangue e muco, é denominada disenteria (junto ao vômito são mecanismos de defesa na tentativa de eliminar materiais prejudiciais)
  • Gastrenterite é aplicado a doenças que causam inflamação da mucosa gástrica e intestinal.
27
Q

Intoxicação alimentar estafilocócica (S. aureus)

A
  • Uma das principais causas de gastrenterite é a intoxicação causada pela ingestão de uma enterotoxina produzida por S. aureus.
  • Alimento é cozido (bactérias geralmente destruídas > contaminação por S. aureus por manipulador > resfriamento do alimento > incubação no alimento por tempo suficiente para formar toxinas > reaquecimento elimina bactérias, mas não toxinas > intoxicação estafilococócica em 1-4 h > ocorre aumento do peristaltismo intestinal e perda de fluidos > diarreia e vômitos
  • A enterotoxina é termoestável e atua como Superantígeno: estimula a proliferação de células-T e liberação de citocinas. Estimula o centro do vômito
28
Q

Caracteres gerais da Família Enterobacteriaceae

A
  • maior e mais heterogêneo grupo de bacilos Gram-negativos, 50 gêneros
  • microrganismos responsáveis por praticamente todos os tipos de infecções que são observadas na prática clínica.
  • MOs ubiquitários, encontrados em todo o mundo no solo, na água e na vegetação, além de compor parte da microbiota normal de diversas espécies
  • terço de todas as bacteremias, mais de 70% das infecções do trato urinário (ITU), boa parte das infecções intestinais
  • sempre associados a doenças humanas: (Yersinia pestis); outros são comensais (Escherichia coli), membros da microbiota normal, que podem causar infecções oportunistas
29
Q

Grande destaque da família Enterobacteriaceae: gênero Escherichia

  • Caracteres gerais
A
  • bacilos gram-negativos
  • podem crescer rapidamente aeróbica e anaerobicamente (anaeróbios facultativos)
  • fermentam glicose; alguns gêneros fermentam lactose (importante para diferenciá-los entre si)
  • Endotoxina ou Lipopolissacarídeo (LPS) antígeno termoestável constituído de: polissacarídeo O somático mais externo, um polissacarídeo central comum a todas as Enterobacteriaceae (antígeno comum de enterobactéria) e o lipídio A (endotoxina)
30
Q

Escherichia

  • Fatores de virulência
A
  • endotoxina que ativa o complemento, causa liberação de citocinas, leucocitose, trombocitopenia, coagulação intravascular disseminada, febre, diminuição da circulação periférica, choque e morte
  • cápsula: proteção hidrofílica contra superfície hidrofílica da célula fagocitica
  • variação de fase antigênica: expressões dos antígenos somático O, capsular K e flagelar H estão sob controle genético
  • Sistema de secreção tipo III: sistema secretório tipo III pode ser imaginado como uma seringa molecular com aproximadamente 20 proteínas que facilitam a transferência de fatores de virulência bacterianos para as células-alvo
  • Sequestro de fatores de crescimento do hospedeiro
  • Resistência aos antimicrobianos
31
Q

Escherichia coli

  • Divisão em três grupos tendo o homem como hospedeiro
A
  • Comensais – microbiota intestinal, intestino delgado e grosso
  • Enteropatogênicas – adquiriram patogenicidade, podendo ser por um plasmídeo ou um transposon – patogenicidade cromossômica. Doenças geralmente transmitidas por água e alimentos.
  • Patogênicas extra-intestinais – ex.: meningite, sepssemia, ITU – pode ser comensal ou enteropatogênica
32
Q

Grupos de cepas de E. coli que causam gastrenterite

A
EPEC: enteropatogênica
ETEC: enterotoxigênica
STEC: Toxina shiga
EIEC: enteroinvasora
EAEC: enteroagregativa
  • “são subdivididas em cinco grupos principais: enterotoxigênica, enteropatogênica, enteroagregativa, enterohemorrágica e enteroinvasiva. Os três primeiros grupos causam uma diarreia secretora envolvendo o intestino delgado, enquanto nos dois últimos grupos a infecção geralmente envolve o intestino grosso”.
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Q

Escherichia coli enteropatogênica – EPEC

A
  • Doença eminentemente pediátrica; acomete ID; doença é caracterizada pela diarreia aquosa, que pode ser grave e prolongada
  • Define-se EPEC como cepas de E. coli capazes de induzir uma lesão histopatológica no epitélio intestinal denominada lesão attaching and effacing (lesão AE), e que são desprovidas dos genes que codificam a toxina Shiga (stx1 e stx2)
  • Nessa lesão, observam-se a eliminação das microvilosidades e a aderência íntima da bactéria à membrana do enterócito. Sob a bactéria aderida, ocorre uma intensa polimerização de actina e outros elementos do citoesqueleto, formando uma estrutura elevada, semelhante a um pedestal
  • Infecções severas por EPEC levam a uma total destruição do epitélio absortivo intestinal, com marcante atrofia vilositária e afinamento da camada mucosa.
34
Q

Patogênese Escherichia coli enteropatogênica – EPEC

A

Aderência às células epiteliais do ID > supressão (destruição) das microvilosidades (histopatologia A/E ou attachment-effacement) > secreção ativa de proteínas bacterianas para dentro da célula epitelial hospedeira por meio do sistema secretório do tipo III > Uma proteína, receptor de translocação da intimina (Tir), é inserida na membrana da célula epitelial e atua como receptor para a adesina de membrana externa, a intimina > A ligação da intimina à proteína Tir resulta na polimerização da actina e no acúmulo de elementos do citoesqueleto logo abaixo da bactéria aderida. Ocorrem perda da integridade da superfície celular e morte celular

35
Q

Escherichia coli enterotoxigênica – ETEC

A
  • adquiridas pelo consumo de água e alimentos contaminados com fezes; frequentemente observadas em crianças pequenas de países em desenvolvimento ou viajantes que vão para essas áreas
  • diarreia aquosa e cólica abdominal
  • duas classes de enterotoxinas: toxinas termolábeis (LT-I, LT-II) e toxinas termoestáveis (STa e STb)
  • LT1 > aumento dos níveis de monofosfato de adenosina cíclico (AMPc), com aumento da secreção de cloro e diminuição da absorção de sódio e cloro. Essas alterações são manifestadas na diarreia aquosa
  • STa > aumento de monofosfato de guanosina cíclico (GMPc) e subsequente hipersecreção de fluidos
36
Q

Escherichia coli Produtora de toxina Shiga ou enterohemorrágica – STEC ou EHEC

A
  • Também chamada E. coli entero-hemorrágica (EHEC) foi definido como um subgrupo das STEC e surgiu, inicialmente, para nomear amostras O157:H7 responsáveis por causar Colite hemorrágica e Síndrome Hemolítica urêmica
  • frequentemente causam doenças em países desenvolvidos. atribuída ao consumo de carne moída malcozida ou outros produtos derivados da carne, água, leite não pasteurizado, suco de fruta
  • pode variar de uma diarreia branda sem complicações até uma colite hemorrágica, com dores abdominais e diarreia com sangue; SHU é complicação (falha renal aguda, trombocitopenia e anemia hemolítica microangiopática)
  • A toxina Shiga (Stx) é o principal fator de virulência das STEC; Stx-1 é idêntica à toxina Shiga produzida pela Shigella dysenteriae (daí a origem do nome) e a Stx-2 tem 60% de homologia
  • Aderência da bactéria em receptores celulares do IG > Produção da toxina tipo shiga (ciclo lisogênico) ↓ Ligação da subunidade ST2 da toxina ao receptor (glicolipídeos da célula hospedeira) > Entrada da subunidade ST1 na célula > Ligação do fragmento ST1 ao ácido ribonucleico (interrupção da síntese proteica – apoptose) > Destruição das microvilosidades ↓ Diminuição da absorção e aumento relativo da secreção de líquido (diarreia) > Cascata de reações (coagulação e processos inflamatórios) até a SHU (rompimento de vasos e insuficiência renal)
  • Stx-2, que é capaz de destruir as células endoteliais do glomérulo. Os danos às células endoteliais levam à ativação de plaquetas e à deposição de trombina, que por sua vez resultam na diminuição da filtração glomerular e falha renal aguda
37
Q

Escherichia coli enteroinvasiva – EIEC

A
  • São capazes de invadir e destruir o epitélio do cólon, produzindo uma doença caracterizada inicialmente por diarreia aquosa, progredindo com disenteria
  • causa ceratoconjuntivite experimental em cobaias (teste de Séreny)
  • infecção semelhante à provocada pelas espécies de Shigella
  • Aderência (entra no enterócito, induz a fagocitose e passa a destruir a vesícula fagocítica para se multiplicar) > Invasão e destruição do epitélio do cólon (multiplicação intracelular), forma cauda de actina (vide Listeria) – para migrar de uma célula para outra
38
Q

Escherichia coli enteroagregativa – EAEC

A
  • diarreia aquosa persistente com desidratação
  • apresentam Padrão de adesão agregativo, numa configuração que lembra tijolos empilhados, formando agregados heterogêneos ou distribuindo-se em formas de cordões
  • Encurtamento das microvilosidades intestinais
  • processo é mediado pela fímbria de aderência agregativa I (AAF/I), adesinas semelhantes ao PFF responsável pela formação de microcolônias de EPEC.
  • Após aderência de EAEC à superfície do intestino, a secreção de muco é estimulada, levando à formação de um biofilme espesso
  • no segundo estágio, as bactérias continuam multiplicando-se na camada de muco e estimulam a hipersecreção deste
  • o terceiro estágio é caracterizado pela elaboração de toxinas, ou processo inflamatório, resultando em lesões na mucosa intestinal
  • danos nas microvilosidades e a presença de uma camada de biofilme, composta de bactérias e muco intestinal, causam má absorção de fluidos e solutos, desencadeando a diarreia
39
Q

Patogênese de Shigella

A
  • O sistema secretório tipo III secreta quatro proteínas (IpaA, IpaB, IpaC e IpaD) dentro das células epiteliais e dos macrófagos. Essas proteínas induzem ondulações da membrana das células-alvo, levando ao engolfamento da bactéria
  • Com o rearranjo dos filamentos de actina, ocorre impulsionamento de um citoplasma para outro
  • Proteína IcsA (disseminação intracelular): formação da cauda de actina (força propulsiva). - modifica o citoesqueleto da célula do hospedeiro possibilitando que ela se transmita de uma célula para outra
  • Shigella sobrevive à fagocitose pela indução de morte programada da célula (apoptose). Esse processo também leva à liberação da IL-1β, atraindo leucócitos e desestabilizando a parede epitelial > permitindo alcance a células mais profundas
40
Q

Clostridium difficile

A
  • predominantemente Gram-positivo, porém torna-se Gram-negativo após 24 a 48 horas de cultivo
  • fermentador de glicose, frutose, manitol e manose
  • idosos com exposição a antibióticos (Prejudicial em tratamento por antibióticos porque há morte dos microrganismos que competem com o Clostridium), pacientes imunossuprimidos e com comorbidades e pacientes que usam redutores de acidez estomacal
  • formam esporos são resistentes ao pH ácido do estômago e são convertidos a formas vegetativas no intestino delgado, após exposição aos ácidos biliares; esporos estão distribuídos no solo, rios, lagos e vegetais
  • diarreia seguida por enterocolite, transmissão oral-fecal
  • aparecimento de úlceras na superfície da mucosa que são logo recobertas com muco, proteínas séricas e células inflamatórias, criando uma típica pseudomembrana, que tende a coalescer e consequentemente caracterizar o estágio de enterocolite
41
Q

Toxinas e patogênese de Clostridium difficile

A
  • atividade de duas toxinas denominadas de toxina A (TcdA – toxin Clostridium difficile) e toxina B (TcdB – toxin Clostridium difficile B)
  • TcdA é uma potente enterotoxina que danifica o epitélio intestinal
  • TcdB é uma citocina envolvida na indução da resposta inflamatória
  • Patogênese: 1) alteração da microbiota do trato intestinal pelo uso de antimicrobianos; 2) a colonização do microrganismo; 3) a elaboração da TcdA e TcdB e 4) danos na mucosa e inflamação
42
Q

Família Enterobacteriaceae: Salmonella

  • Aspectos gerais
A
  • Mais de 2500 sorotipos; interesse: Salmonella entérica; quatro formas de infecção por Salmonella: gastrenterite, septicemia, febre entérica e colonização assintomática.
  • bacilos Gram-negativos, não formadores de esporos, anaeróbios facultativos Fermentadores; oxidase-negativos, geralmente móveis por flagelos peritríqueos.
  • pode colonizar praticamente todos os animais, incluindo aves, répteis, gado, roedores, animais domésticos, pássaros e humano
  • ingestão de produtos alimentares contaminados e, em crianças, se deve à transmissão orofecal.
  • aves domésticas, ovos, laticínios e alimentos preparados em superfícies contaminadas (tábuas de corte onde aves domésticas cruas foram preparadas)
  • Os sorótipos como Salmonella Typhi e Salmonella Paratyphi são altamente adaptados aos seres humanos e não causam doença em outros hospedeiros
  • Salmonella Typhi produz uma doença febril chamada febre tifoide. Uma forma mais branda da doença, referida como febre paratifoide, é causada pela Salmonella Paratyphi; a febre entérica é caracterizada por febre crescente acompanhada d sintomas de gastrenterite
43
Q

Salmonella: Fatores de patogenicidade

A
  • Fímbrias específicas: aderência gastrointestinal para que a diarreia não expulse por completo as bactérias.
  • Regulação da aderência, engolfamento pela membrana e multiplicação são controlados basicamente por dois grandes grupos de genes (ilhas de patogenicidade I e II) no cromossomo bacteriano. A ilha de patogenicidade I codifica as proteínas de invasão secretadas por Salmonella (Ssps) e um sistema de secreção tipo III que injeta as proteínas na célula hospedeira
  • Resposta inflamatória restringe a infecção ao trato gastrointestinal, medeia a liberação de prostaglandinas, estimula o AMPc e ativa a secreção de fluidos
  • Patogênese: via oral (água, alimento contaminado) > íleo terminal e cólon > adere ao epitélio por fimbrias sobre as células M das microvilosidades intestinais > transcitose, atingindo submucosa > passa a residir e proliferar em um vacúolo contendo Salmonella (SCV; Salmonella-containing vacuole) > Resposta inflamatória (TNF-alfa e IL-8)
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Q

Ciclo da Febre Entérica (Tifoide)

A
  • Disseminação sistêmica de S. Typhi
  • Transmissão oral-fecal > invasão da mucosa intestinal > disseminação via linfonodos, baço, fígado e medula > colonização da vesícula biliar > formação de biofilme nos cálculos biliares > excreção nas fezes e transmissão
  • Dez a 14 dias após a ingestão das bactérias, os pacientes gradualmente experimentam febre crescente com complicações não específicas de dores de cabeça, mialgias, mal-estar e anorexia. Esses sintomas persistem por uma semana ou mais e são acompanhados de sintomas de gastrenterite. Este ciclo corresponde a uma fase inicial de bacteremia que é acompanhada pela colonização da vesícula biliar e reinfecção dos intestino
45
Q

Gênero Vibrio: aspectos gerais e relação genômica com bacteriófagos

A
  • Família Vibrionaceae
  • Bacilos gram-negativos curvos; flagelo polar
  • Fermentador e anaeróbio facultativo, maioria das espécies requer NaCl para crescimento (V. cholerae não); aumentam proliferação diante de baixa no ácido gástrico
  • Mais de 200 sorotipos e Dentre os sorogrupos, apenas V. cholerae O1 e V. cholerae O139 que causam cólera, que produzem toxina colérica –cólera verdadeira.
  • A Cólera é causada pela toxina colérica, para produzir essa toxina, a bactéria tem que estar lisogenizada (infectada por um bacteriófago).
  • bacteriófago CTXΦ encontramos os genes para produção das duas subunidades da toxina colérica (ctxA e ctxB). Esse bacteriófago se liga ao pilus corregulado com a toxina (TCP, do inglês, toxin co-regulated pilus) e entra na célula bacteriana, onde se integra ao genoma do V. cholerae
  • O locus cromossômico do bacteriófago lisogênico também contém outros fatores de virulência: o gene ace que codifica a enterotoxina colérica acessória, o gene zot para a toxina da zônula occludens e o gene cep para proteínas quimiotáticas.
46
Q

Vibrio: Fatores de Patogenicidade

A
  • Toxina colérica (A – B): Subunidade B forma um canal pelo qual a subunidade A, enzimaticamente ativa, é introduzida
  • A subunidade A deflagra uma cascata de eventos que resulta na ativação da adenilato ciclase, acumulação de cAMP > resulta na hipersecreção de água e eletrólitos
  • Na ausência de toxina colérica, V. cholerae O1 pode causar diarreia significativa por meio da a toxina da zônula occludens causa o afrouxamento das junções de oclusão (zônula occludens) da mucosa do intestino delgado, levando ao aumento da permeabilidade intestinal, enquanto a enterotoxina colérica acessória aumenta a secreção de fluidos
  • Fator de colonização TCP (toxin co-regulated pilus): “pilus” TCP é responsável pela adesão da bactéria ao epitélio intestinal e também por sua autoaglutinação, que é determinante para a indução da expressão da toxina pela bactéria
  • Neuraminidase: modifica a superfície celular para aumentar os sítios de ligação GM1 para a toxina colérica, relacionada ao processo inflamatório. Modifica a célula para que a toxina tenha maior ação sobre ela.
47
Q

Clínica: Vibrio cholerae

A
  • Dois a três dias após a ingestão da bactéria, com início abrupto de diarreia aquosa e vômito.
  • À medida que ocorre perda de fluido, os espécimes fecais se tornam incolores e inodoros, livre de proteínas e com muco (fezes de “água de arroz”).
  • A grande perda de fluido e eletrólitos pode levar a desidratação, câimbras musculares dolorosas, acidose metabólica (perda de bicarbonato), hipocalemia (perda de potássio) e choque hipovolêmico, o que resulta em arritmia cardíaca e insuficiência renal
  • Doença fatal (60% letal sem tratamento e 1% com tratamento)
48
Q

Família Campylobactereaceae

  • Aspectos gerais
A
  • bacilos Gram-negativos em forma de “vírgula” pequenos
  • móveis por meio de um flagelo polar.
  • microaeróbias, necessitando de uma atmosfera reduzida de oxigênio e níveis aumentados de dióxido de carbônico para crescimento aeróbio; Cresce em temperatura mais elevada – 42 ºC
  • doenças causadas por espécies de Campylobacter consistem primariamente em gastrenterites e septicemia
  • condições que diminuam ou neutralizem as secreções gástricas favorecem a doença
  • doença gastrointestinal por C. jejuni produz lesão histológica nas superfícies mucosa do jejuno (como indicado pelo nome da espécie), íleo e cólon. A mucosa aparece ulcerada, edemaciada e sanguinolenta, com abscessos nas criptas das glândulas epiteliais e infiltração da lâmina própria com neutrófilos, células mononucleares e eosinófilos
49
Q

Enterite por Campylobacter jejuni e Síndrome de Guillian-Barré

A
  • Depois de uma semana com febre, diarreia aquosa, náuseas, dor abdominal, fraqueza e fadiga foi observado que a paciente não articulava claramente as palavras
  • Exame neurológico revelou fraqueza muscular bilateral nos braços e no tórax com progressão para membros inferiores; no terceiro dia era capaz de mover apenas o polegar com dificuldade
  • A síndrome de Guillain-Barré é tida como uma doença autoimune causada por reatividade antigênica cruzada entre oligossacarídeos da cápsula bacteriana e glicoesfingolipídios da superfície dos tecidos neurais
50
Q

Família Helicobacteraceae

  • Aspectos gerais
A
  • Destaque: Helicobacter pylori, um Helicobacter gástrico associado a gastrite, úlcera péptica, adenocarcinoma gástrico e linfoma de células B do tecido linfoide associado à mucosa gástrica (MALT)
  • bacilos Gram-negativos espiralados
  • Lofotríquio (vários flagelos em uma extremidade)
  • Produção elevada de urease é característica de helicobactérias gástricas (p. ex., H. pylori) e rara em helicobactérias intestinais (importante teste diagnóstico para H. pylori
  • Todos os Helicobacter gástricos são altamente móveis (motilidade em ziguezague) devido ao flagelo polar e produzem urease em grande quantidade
  • crescimento de H. pylori e de outras espécies necessita de meio complexo suplementado com sangue, soro, carvão, amido ou gema de ovo; microaerofilia (diminuição de oxigênio e aumento de dióxido de carbono) e uma temperatura entre 30 °C e 37 °C
51
Q

Patogênese de H. pylori

A
  • Motilidade > filamentos flagelares > fator de colonização, pois permite atravessar rapidamente a camada viscosa de muco que recobre o estômago, para atingir a superfície epitelial e as criptas e evitar a acidez gástrica
  • Urease > hidrolisa ureia em amônio e CO2 , produzindo um efeito citopático sobre as células epiteliais e elevação do pH gástrico por neutralização do ácido gástrico pelo amônio (Ureia&raquo_space; CO2 + NH3; NH3 + HCl&raquo_space;> NH4Cl); H. pylori é extremamente sensível à acidez, a modificação do pH gástrico – de ácido a neutro – é um fator que permite à bactéria evadir-se da ação deletéria do suco gástrico, favorecendo a colonização e persistência da infecção
  • Capacidade antioxidante > catalase e superóxido dismutase
  • Mucinases e fosfolipases > degrada muco gástrico, favorece a adesão da bactéria à célula epitelial gástrica e a posterior produção da doença.
  • Adesinas > formam-se pedestais de aderência e lesões tipo effacing-attachment semelhantes àquelas descritas para EPEC
  • Citotoxina vacuolizante (formação de vacúolos), uma proteína que produz vacúolos que danificam a célula epitelial após endocitose
  • Gene associado à citotoxina (cagA) > genes que codificam uma estrutura (sistema secretório tipo IV) que atuam como uma seringa, injetando a proteína CagA no interior da célula hospedeira, a qual interfere na estrutura normal do citoesqueleto da célula epitelial.
52
Q

Clínica: Helicobacter pylori - gastrite, úlcera, câncer gástrico

A
  • Diretamente associada ao local de colonização > H. pylori é associado à gastrite, enquanto espécies êntero-hepáticas causam gastrenterite
  • Colonização por H. pylori > evidência histológica de gastrite (ou seja, infiltração de neutrófilos e células mononucleares na mucosa gástrica)
  • A fase aguda da gastrite é caracterizada por uma sensação de plenitude, náusea, vômito e hipocloridria (diminuição da produção de ácido no estômago). A doença pode evoluir para gastrite crônica, com doença confinada ao antro gástrico (onde poucas células parietais secretoras de ácido estão presentes) em indivíduos com secreção ácida normal, ou envolver o estômago inteiro (pangastrite), se a secreção de ácidos é suprimida.
  • 10% a 15% dos pacientes com gastrite crônica irão desenvolver úlcera péptica. A úlcera se desenvolve em locais de intensa inflamação, comumente envolvendo a junção entre o corpo e o antro gástrico (úlcera gástrica) ou o duodeno proximal (úlcera duodenal)
  • Eventualmente, a gastrite crônica leva à substituição da mucosa gástrica normal com fibrose e proliferação de epitélio do tipo intestinal. Esse processo aumenta cerca de 100 vezes o risco de o paciente desenvolver câncer gástrico.
  • Tratamento profilático não é recomendado.
  • Doença de característica doméstica: pai, mãe, etc.
  • Terapia combinada com um inibidor da bomba de prótons, macrolídeo ou batalactâmico.
  • Não erradicar porque a bactéria protege contra o refluxo (não se sabe o porquê) ou adenocarcinoma de esôfago.