BTC - Noções de cirurgia asséptica Flashcards
Lógica para instauração de uma infecção e patogenicidade
- Todo ato cirúrgico é uma agressão ao organismo (quebra da barreira de proteção - pele) a qual envolve uma série de fatores que combina o indivíduo, o profissional e o próprio ambiente cirúrgico.
- Naturalmente, existem microrganismos convivendo em uma relação de simbiose nas floras da boca, faringe, intestino, pele.
- Um desequilíbrio nesses sistemas pode ser a causa ou a consequência de um alteração no órgão de localização.
- Quando a associação de MOs com o ser humano passa a ser do tipo parasitária, tendo o homem como hospedeiro, está instaurada uma infecção.
- Diz-se que esse MO passa a apresentar patogenicidade, isto é, a capacidade de lesionar o organismo humano de formas múltiplas.
Fatores gerais para origem de infecção
A origem da infecção está associada a um ou mais dos três fatores abaixo:
- Estado da ferida: lesão superficial (abrasiva) em queda de moto já teve contaminação durante a queda
- Estado do paciente: indivíduo hígido x imunodeprimido
- Grau de contaminação do ambiente, instrumentos etc.
Assepsia
- Assepsia (a = negação; séptico = putrefação) significa ausência de matéria séptica, estado livre de infecção - implica o manejo adequado na tentativa de eliminação de qualquer fonte potencial de infecção
- Mediada pela utilização de agentes físico-químicos que visem impedir a entrada de MOs patogênicos no organismo
- A assepsia completa é um estado idealizado, (cf. flora bacteriana em simbiose) mas que deve ser tomado como fim pela equipe cirúrgica
Antissepsia
- Antissepsia (anti = contra; séptico = putrefação); significa o conjunto de procedimentos com vistas a impedir a colonização ou possibilitar a destruição de MOs patogênicos; método profilático contra patógenos (inibi-los ou eliminá-los) em tecidos humanos (pele e mucosas); pode ser entendido como meio de busca da assepsia;
- Exemplo: escovação cirúrgica (processo mecânico e químico empregando antissépticos) mesmo com a utilização de luvas estéreis (assépticas)
Desinfecção e esterilização
- Desinfecção: combate a MOs que assentam sobre a superfície de objetos inanimados, com uso de agentes desinfetantes;
- Esterilização: destruição de toda forma de vida microbiana;
Exemplo: autoclave - equipamento que utiliza o vapor de água em alta temperatura e pressão a fim de promover a termocoagulação e desnaturação de proteínas enzimáticas e estruturais dos microrganismos, causando sua morte
O antisséptico ideal
- dispor de ação antibactericida (ação letal) ou bacteriostática (inibe proliferação); redução no índice de colonização bacteriana = menor grau de infecção no campo operatório
- aplicação em pele e mucosas; ação rápida e ação residual duradoura (horas); baixo custo; não manchar pele e vestimentas
- ativo em baixas concentrações; amplo espectro de ação;
- ausência de causticidade e baixo índice de reações de hipersensibilidade
Agentes antissépticos
- Álcoois
- Álcoois
Ação: desnaturação de proteínas da parede celular, sobretudo em bactérias Gram (+) e (-)
Uso estendido a vírus envelopados, micobactérias e fungos
Ação reduzida contra esporos
Ponto forte: rapidez (15 s)
Ponto fraco: baixa persistência (ação residual nula); volátil e inflamável; reduz eficácia na presença de matéria orgânica (fezes, muco, sangue etc.); promove desidratação tecidual; cuidado com bisturi elétrico ou a laser - risco de queimaduras
Raramente utilizado isoladamente; concentração recomendada: 70%
Agentes antissépticos
- Iodofórmios
- Iodofórmios
Combinações estáveis de iodeto ou triodeto com carreadores de alto peso molecular, tais como polímero neutros
Moléculas de iodo são liberadas gradativamente em baixas concentrações;
Início em 2 minutos, com efeito residual de 2 a 6 horas; rápida inativação em presença de matéria orgânica
Antisséptico mais comum - destaque: polivinilpirrolidona-iodo (PVP-I) - solução alcóolica, tópica e degermante (redução ou remoção de MOs)
Ação: penetra parede celular, com oxidação e substituição do conteúdo celular por iodo livre - excelentes em bactérias Gram (+)
Absorção do iodo por pele e mucosas - possíveis irritações
Agentes antissépticos
- Gluconato de clorexidina
- Gluconato de clorexidina
Ação: destruição da membrana celular e precipitação dos componentes internos
Excelente para bactérias Gram (+), pouca ação contra micobactérias
Baixa toxicidade, entretanto possui efeito cumulativo; tóxica para córnea e ouvido médio (ototoxicidade); mancha roupas lavadas com cloro;
Dependente do pH; início em 15 segundos-2 minutos; alta afinidade pela pele garante atividade por até 8h
Absorção mínima por pele e mucosas; relativa estabilidade na presença de matéria orgânica
Desinfecção e agente desinfetante ideal
- Entendida como assepsia em seres inanimados - dependência da concentração do agente químico;
- Agente desinfetante ideal
Amplo espectro de ação; rápida inativação de MOs
Manter ação na presença de líquidos orgânicos
Resistir à variações de pH; não ser corrosivo para metais e borrachas
Fácil uso, inodoro, estável e com potencial de rediluição
Agentes desinfetantes
- Álcool e Formaldeído
- Álcool
Germicida, virucida, fungicida e tuberculocida;
Descontaminação de nível médio de artigos e superfícies ; não recomendado para plásticos e borracha > deforma e descolore
Desnaturação de proteínas - Formaldeído
Germicida, virucida, fungicida, tuberculocida e ESPOROCIDA;
Atua por alquilação de grupos químicos em proteínas e bases nitrogenadas
Preservação de tecidos, desinfecção de instrumentos com lentes; (uso limitado > carcinogênico e vapores irritantes)
Agentes desinfetantes
- Glutaraldeído e Compostos clorados
- Glutaraldeído
Bactericida, tuberculicida e esporocida;
Tóxico aos tecidos, por isso qualquer material que tenha tido contato deve ser enxaguado com água destilada
Imersão por cerca de 30 min - desinfecção; por 10 horas - esterilização; - Compostos clorados
Bactericidas e virucidas
Diluídos em água, liberam ânion hipoclorito; potencial corrosivo
Inativados na presença de matéria orgânica
Uso em plástico, borracha, cânulas, máscaras de inalação etc.
Inibem reações enzimáticas e inativam ácidos nucleicos
Estados de contaminação
a) Crítico
b) Semi-crítico
c) Não crítico
- contato com região operatória > esterelização obrigatória (cf. bisturi, fios, drenos, instrumental)
- contato com mucosas > esterelização desejável (cf. endoscópio, espéculo vaginal)
- sem contato com área envolvida ou contato com pele sã > desinfecção de baixo nível ou limpeza mecânica (cf. roupa de cama, estetoscópio)
Agentes esterelizantes
- Radiação ionizante, gás e imersão
- Radiação ionizante
Co60 - raios gama: materiais termolábeis (fios de sutura, borrachas, plásticos, por exemplo);
alto custo e necessidade de equipe altamente especializada - Gás
Óxido de etileno (10%): tóxico, inflamável e carcinogênico (seringas, aparelhos elétricos 30 a 38°C – 4h).
Endoscópio, cabo elétrico, frasco de ampolas de medicamentos, câmaras;
Necessidade de tecido duplo ou papel grau cirúrgico.
Formaldeído caixa lacrada – pastilha (gás) – remoção com compressas úmidas. - Imersão
Glutaraldeído (esterilização 10h) – enxágue com água destilada; Endoscópio – 30min (desinfecção alto nível).
Preparo do paciente
- Banho e tricotomia
Banho: deve ocorrer na véspera, pois o banho no dia da cirurgia tem sido contra-indicado por aumentar a difusão de germens, isso se explica porque com o uso de sabões/detergentes, remove-se a camada de gordura da pele, implicando em descamação;
Tricotomia: retirada de pelos; sempre deve ser feita no dia da intervenção, se possível, no próprio centro cirúrgico; a tricotomia de véspera pode causar foliculite e infecção a partir de pequenos cortes, uma vez que a pele possui flora bacteriana própria; recomenda-se utilização de antisséptico após a tricotomia; alguns centro vêm utilizando depilatórios químicos;