BTC - Noções de cirurgia asséptica Flashcards

1
Q

Lógica para instauração de uma infecção e patogenicidade

A
  • Todo ato cirúrgico é uma agressão ao organismo (quebra da barreira de proteção - pele) a qual envolve uma série de fatores que combina o indivíduo, o profissional e o próprio ambiente cirúrgico.
  • Naturalmente, existem microrganismos convivendo em uma relação de simbiose nas floras da boca, faringe, intestino, pele.
  • Um desequilíbrio nesses sistemas pode ser a causa ou a consequência de um alteração no órgão de localização.
  • Quando a associação de MOs com o ser humano passa a ser do tipo parasitária, tendo o homem como hospedeiro, está instaurada uma infecção.
  • Diz-se que esse MO passa a apresentar patogenicidade, isto é, a capacidade de lesionar o organismo humano de formas múltiplas.
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2
Q

Fatores gerais para origem de infecção

A

A origem da infecção está associada a um ou mais dos três fatores abaixo:

  • Estado da ferida: lesão superficial (abrasiva) em queda de moto já teve contaminação durante a queda
  • Estado do paciente: indivíduo hígido x imunodeprimido
  • Grau de contaminação do ambiente, instrumentos etc.
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3
Q

Assepsia

A
  • Assepsia (a = negação; séptico = putrefação) significa ausência de matéria séptica, estado livre de infecção - implica o manejo adequado na tentativa de eliminação de qualquer fonte potencial de infecção
  • Mediada pela utilização de agentes físico-químicos que visem impedir a entrada de MOs patogênicos no organismo
  • A assepsia completa é um estado idealizado, (cf. flora bacteriana em simbiose) mas que deve ser tomado como fim pela equipe cirúrgica
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4
Q

Antissepsia

A
  • Antissepsia (anti = contra; séptico = putrefação); significa o conjunto de procedimentos com vistas a impedir a colonização ou possibilitar a destruição de MOs patogênicos; método profilático contra patógenos (inibi-los ou eliminá-los) em tecidos humanos (pele e mucosas); pode ser entendido como meio de busca da assepsia;
  • Exemplo: escovação cirúrgica (processo mecânico e químico empregando antissépticos) mesmo com a utilização de luvas estéreis (assépticas)
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5
Q

Desinfecção e esterilização

A
  • Desinfecção: combate a MOs que assentam sobre a superfície de objetos inanimados, com uso de agentes desinfetantes;
  • Esterilização: destruição de toda forma de vida microbiana;

Exemplo: autoclave - equipamento que utiliza o vapor de água em alta temperatura e pressão a fim de promover a termocoagulação e desnaturação de proteínas enzimáticas e estruturais dos microrganismos, causando sua morte

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6
Q

O antisséptico ideal

A
  • dispor de ação antibactericida (ação letal) ou bacteriostática (inibe proliferação); redução no índice de colonização bacteriana = menor grau de infecção no campo operatório
  • aplicação em pele e mucosas; ação rápida e ação residual duradoura (horas); baixo custo; não manchar pele e vestimentas
  • ativo em baixas concentrações; amplo espectro de ação;
  • ausência de causticidade e baixo índice de reações de hipersensibilidade
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7
Q

Agentes antissépticos

- Álcoois

A
  • Álcoois
    Ação: desnaturação de proteínas da parede celular, sobretudo em bactérias Gram (+) e (-)
    Uso estendido a vírus envelopados, micobactérias e fungos
    Ação reduzida contra esporos
    Ponto forte: rapidez (15 s)
    Ponto fraco: baixa persistência (ação residual nula); volátil e inflamável; reduz eficácia na presença de matéria orgânica (fezes, muco, sangue etc.); promove desidratação tecidual; cuidado com bisturi elétrico ou a laser - risco de queimaduras
    Raramente utilizado isoladamente; concentração recomendada: 70%
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8
Q

Agentes antissépticos

- Iodofórmios

A
  • Iodofórmios

Combinações estáveis de iodeto ou triodeto com carreadores de alto peso molecular, tais como polímero neutros
Moléculas de iodo são liberadas gradativamente em baixas concentrações;
Início em 2 minutos, com efeito residual de 2 a 6 horas; rápida inativação em presença de matéria orgânica
Antisséptico mais comum - destaque: polivinilpirrolidona-iodo (PVP-I) - solução alcóolica, tópica e degermante (redução ou remoção de MOs)
Ação: penetra parede celular, com oxidação e substituição do conteúdo celular por iodo livre - excelentes em bactérias Gram (+)
Absorção do iodo por pele e mucosas - possíveis irritações

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9
Q

Agentes antissépticos

- Gluconato de clorexidina

A
  • Gluconato de clorexidina

Ação: destruição da membrana celular e precipitação dos componentes internos
Excelente para bactérias Gram (+), pouca ação contra micobactérias
Baixa toxicidade, entretanto possui efeito cumulativo; tóxica para córnea e ouvido médio (ototoxicidade); mancha roupas lavadas com cloro;
Dependente do pH; início em 15 segundos-2 minutos; alta afinidade pela pele garante atividade por até 8h
Absorção mínima por pele e mucosas; relativa estabilidade na presença de matéria orgânica

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10
Q

Desinfecção e agente desinfetante ideal

A
  • Entendida como assepsia em seres inanimados - dependência da concentração do agente químico;
  • Agente desinfetante ideal
    Amplo espectro de ação; rápida inativação de MOs
    Manter ação na presença de líquidos orgânicos
    Resistir à variações de pH; não ser corrosivo para metais e borrachas
    Fácil uso, inodoro, estável e com potencial de rediluição
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11
Q

Agentes desinfetantes

- Álcool e Formaldeído

A
  • Álcool
    Germicida, virucida, fungicida e tuberculocida;
    Descontaminação de nível médio de artigos e superfícies ; não recomendado para plásticos e borracha > deforma e descolore
    Desnaturação de proteínas
  • Formaldeído
    Germicida, virucida, fungicida, tuberculocida e ESPOROCIDA;
    Atua por alquilação de grupos químicos em proteínas e bases nitrogenadas
    Preservação de tecidos, desinfecção de instrumentos com lentes; (uso limitado > carcinogênico e vapores irritantes)
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12
Q

Agentes desinfetantes

- Glutaraldeído e Compostos clorados

A
  • Glutaraldeído
    Bactericida, tuberculicida e esporocida;
    Tóxico aos tecidos, por isso qualquer material que tenha tido contato deve ser enxaguado com água destilada
    Imersão por cerca de 30 min - desinfecção; por 10 horas - esterilização;
  • Compostos clorados
    Bactericidas e virucidas
    Diluídos em água, liberam ânion hipoclorito; potencial corrosivo
    Inativados na presença de matéria orgânica
    Uso em plástico, borracha, cânulas, máscaras de inalação etc.
    Inibem reações enzimáticas e inativam ácidos nucleicos
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13
Q

Estados de contaminação

a) Crítico
b) Semi-crítico
c) Não crítico

A
  • contato com região operatória > esterelização obrigatória (cf. bisturi, fios, drenos, instrumental)
  • contato com mucosas > esterelização desejável (cf. endoscópio, espéculo vaginal)
  • sem contato com área envolvida ou contato com pele sã > desinfecção de baixo nível ou limpeza mecânica (cf. roupa de cama, estetoscópio)
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14
Q

Agentes esterelizantes

- Radiação ionizante, gás e imersão

A
  • Radiação ionizante
    Co60 - raios gama: materiais termolábeis (fios de sutura, borrachas, plásticos, por exemplo);
    alto custo e necessidade de equipe altamente especializada
  • Gás
    Óxido de etileno (10%): tóxico, inflamável e carcinogênico (seringas, aparelhos elétricos 30 a 38°C – 4h).
    Endoscópio, cabo elétrico, frasco de ampolas de medicamentos, câmaras;
    Necessidade de tecido duplo ou papel grau cirúrgico.
    Formaldeído caixa lacrada – pastilha (gás) – remoção com compressas úmidas.
  • Imersão
    Glutaraldeído (esterilização 10h) – enxágue com água destilada; Endoscópio – 30min (desinfecção alto nível).
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15
Q

Preparo do paciente

- Banho e tricotomia

A

Banho: deve ocorrer na véspera, pois o banho no dia da cirurgia tem sido contra-indicado por aumentar a difusão de germens, isso se explica porque com o uso de sabões/detergentes, remove-se a camada de gordura da pele, implicando em descamação;

Tricotomia: retirada de pelos; sempre deve ser feita no dia da intervenção, se possível, no próprio centro cirúrgico; a tricotomia de véspera pode causar foliculite e infecção a partir de pequenos cortes, uma vez que a pele possui flora bacteriana própria; recomenda-se utilização de antisséptico após a tricotomia; alguns centro vêm utilizando depilatórios químicos;

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16
Q

Preparo do paciente

  • Degermação e antissepsia
  • Posso misturá-los?
A

A descontaminação de tecidos vivos depende da coordenação de dois processos, degermação e antissepsia, respectivamente:

(D) Remoção de detritos e impurezas da pele por meio de ato mecânico utilizando sabões/detergentes - removem a flora transitória, mas não a residente;

(A) Destruição de microrganismos transitórios ou residentes por meio de aplicação de agente físico-químico germicida;

*Existem soluções degermantes e antissépticas baseadas tanto nos iodofórmios ( - ) quanto no gluconato de clorexidina ( + ), porém, estas não podem ser misturadas, uma vez que possuem cargas elétricas opostas;

Exemplo: se o cirurgião optou por degermação com substância à base de iodo, deverá proceder com antissepsia contendo iodo e não clorexidina;

17
Q

Lavagem das mãos

A
  • Independe e antecede a escovação; deve ser vista como prática intrínseca ao dia a dia do centro cirúrgico
  • A maior parte dos MOs se encontra na porção subungueal (abaixo da unhas, daí a importância de mantê-las bem aparadas e sob adornos, tais como anéis)
  • Deve-se utilizar um sabão antimicrobiano, deixando em contato com a pele por, no mínimo, 10 segundos; em relação a sequência e fricção, existem diversas correntes, entretanto, é consensual que desde que a mão, os punhos e antebraços sejam completamente lavados sem recidiva (retorno de uma parte recém-lavada para outra lavada antes)
  • O enxágue deve ser abundante e rigoroso e a secagem, com toalhas de papel
18
Q

Escovação cirúrgica

A

Roteiro básico:
(de distal para proximal, sem jamais retornar de um lugar que não foi limpo para um que já foi limpo)

  • Limpeza das unhas e espaços subungueais com espátula;
  • Ponta dos dedos (escova de cerdas macias)
  • Palma das mãos (a partir daqui, pode-se utilizar a bucha)
  • Dorso das mãos
  • Espaços interdigitais
  • Face anterior do antebraço
  • Face posterior do antebraço
  • Cotovelos
19
Q

Escovação cirúrgica

A
  1. Roteiro básico:
    (de distal para proximal, sem jamais retornar de um lugar que não foi limpo para um que já foi limpo)
  • Limpeza das unhas e espaços subungueais com espátula;
  • Ponta dos dedos (escova de cerdas macias)
  • Palma das mãos (a partir daqui, pode-se utilizar a bucha)
  • Dorso das mãos
  • Espaços interdigitais
  • Face anterior do antebraço
  • Face posterior do antebraço
  • Cotovelos
  1. Enxágue deve ser feito de forma unidirecional, das mãos aos cotovelos.
  2. Antissépticos: PVP-I e clorexidina.
  3. Ao entrar na sala cirúrgica, o instrumentador passa uma toalha ou compressa estéril, enxuga-se dos dedos ao antebraço, sem retorno; deixa-se os cotovelos por último, um para cada face da compressa.