5. Bactérias anaérobias Flashcards
Quem descobriu as bactérias anaerobias?
Pasteur
Quais as bactérias que estão em predomínio na nossa flora habitual?
Anarobias
Finegold (1977)
anaeróbio é uma bactéria que necessita uma pressão de oxigénio reduzida para crescer e que é inibida pelo ar (18% O2)
Anaeróbios obrigatórios
não toleram O2 maior que 0.5%
Anaeróbios aerotolerantes
toleram entre 2-8% de O2
Como são os fatores de virulência das anaeróbias?
Podem ser de 2 tipos:
• Acção directa – componentes estruturais e outras substâncias (toxinas e enzimas)
• Acção indirecta – sinergismo das populações, produção de enzimas inactivadoras
Que bactérias anaeróbios estão presentes nos solos?
Clostridium botulinum e tetani
Onde colonizam as bactérias anaeróbias?
Intestino 1000:1, pele e aparelho genital feminino
Anaérobio com > expressão na pele
Propionibacterium e cocos gram+
Clínica anaérobios:
- SNC
- Cabeça e pescoço
- Abdominal
- Genital feminino
- Pele
- Pulmonar
- Abcesso cerebral
- Abcessos periamigdalinos/odontais
- Infeções orais
- Caso de ruptura de uma víscera
- Aborto séptico
- Gangrena gasosa
- Pneumonia por aspiração
Amostra com: odor pútrico
Qual a possível etiologia?
Suspeita de bactérias anaérobias
Local da infeção perto de uma mucosa
Qual a possível etiologia?
Suspeita de bactérias anaérobias
Necrose tecidular, gangrena ou formação de abcesso
Qual a possível etiologia?
Suspeita de bactérias anaérobias
Presença de gás nos tecidos
Qual a possível etiologia?
Suspeita de bactérias anaérobias
Infecção secundária a mordedura de animal ou Homem
Qual a possível etiologia?
Suspeita de bactérias anaérobias
Tratamento prévio com aminoglicosídeos
Qual a possível etiologia?
Suspeita de bactérias anaérobias
Exsudados hemáticos ou de cor negra
Qual a possível etiologia?
Suspeita de bactérias anaérobias
– Prevotella ou Porphyromonas
Grânulos sulfúricos
Qual a possível etiologia?
Suspeita de bactérias anaérobias
Pneumonia de Aspiração
Qual a possível etiologia?
Suspeita de bactérias anaérobias
Situação clínica sugestiva: aborto séptico; pós cirurgia intraabdominal
Qual a possível etiologia?
Suspeita de bactérias anaérobias
O que é actinomicose?
Presença de grânulos sulfuricos em bactérias anaerobias
Uma miscelânea no Gram: Gram+, Gram-, cocus, bacilos
Qual a possível etiologia?
Suspeita de bactérias anaérobias
Discrepância entre Gram e culturas em aerobiose
Qual a possível etiologia?
Suspeita de bactérias anaérobias
Como deve ser feita a colheita para anarébios?
aspiração com agulha e seringa ou por biópsia
Situações em que não se deve processar as amostras para pesquisa de anaérobios
- Exsudado faríngeo, nasofaríngeo e boca
- Expectoração, expectoração induzida, lavado e aspirado brônquico
- Conteúdo gástrico ou do intestino delgado
- Fezes (excepto para Clostridium difficile)
- Exsudados rectal, uretral, vaginal ou endocervical
- Urina (colheita espontânea ou por sonda)
Amostras adequadas para processar as amostras para pesquisa de anaérobios
- Sangue e medula óssea
- LCR
- Líquidos biológicos habitualmente estéreis
- Urina (obtida por punção supra-púbica)
- Tecidos obtidos por biópsia
- Exsudados purulentos obtidos por punção aspirativa
- Aspirado transtraqueal ou biópsia pulmonar
- Conteúdo uterino (obtido com cureta protegida)
Sistemas de anaerobiose
- jarras de anaerobiose
- câmaras de anaerobiose
- bolsas de anaerobiose
Condições de cultura de anaerobiose
- temperatura
- tempo
- 35-37ºC em condições de anaerobiose
- durante 7 dias
Sistema de incubação usado na maioria dos laboratórios?
Jarras de anaerobiose
Que bactéria só surge em cultura ao fim de 15 dias?
Actinomyces
Após o crescimento em anaerobiose, o que se faz?
Reisolamento a anaerobiose e aerobiose
Peptostreptococcus e Peptococcus
- morfologia
- gram
Cocos gram+
Clostridium spp
- morfologia
- gram
Bacilos gram+ esporulados
Actinomyces
- morfologia
- gram
Bacilos gram+ não esporulados
Propionibacterium, Mobiluncus
- morfologia
- gram
Bacilos gram+ não esporulados
Veillonella
- morfologia
- gram
Cocos gram-
Bacteroides, Fusobacterium
- morfologia
- gram
Bacilos gram-
Prevotella, Porphyromonas
- morfologia
- gram
Bacilos gram-
Bacilos gram-?
Prevotella
Porphyromonas
Bacteroides
Fusobacterium
Presentes em > 50 % infecções por anaeróbios…
Qual etiologia?
Bacilos gram-
Dentro dos bacilos gram- anaeróbios,
Qual o mais frequente e também o mais resistente
aos antimicrobianos?
Bacteroide fragilis
Que infeções causam os bacilos gram - anaérobios?
Infeções endogenas
Bacilos gram- anaérobios com resistência às penicilinas e cefalosporinas
Géneros Prevotella e Porphyromonas
Bacteróides
Onde existem muitos bacteroides?
Intestino grosso
Onde existe Veillonella?
Orofaringe
Presentes em <1 % infecções por anaeróbios…
Qual etiologia?
Cocos gram-
Presentes em 25 % infecções por anaeróbios…
Qual etiologia?
Cocos gram+
Que anaerobios são responsáveis por Infecções polimicrobianas e mistas?
Cocos gram+
Características gerais do Actinomyces
- o2?
- flora?
- crescimentos dias
- outras formas?
- onde colonizam?
- potencial patogénico?
• Anaeróbios facultativos ou estritos
• Flora do solo, Homem e animais
• Crescimento lento em cultura (2 semanas)
• Crescem lentamente no hospedeiro causando infecção crónica
• Desenvolvem formas filamentosas
• Colonizam ap respiratório superior, gastro
intestinal e genito-urinário feminino
• Baixo potencial patogénico só causando
infecção quando há alteração das barreiras
mucosas (traumatismos; cirurgia ou infecções)
Lesões da actinomicose
Doença inflamatória granulomatosa de evolução subaguda ou crónica
• Caracteriza-se por lesões granulomatosas crónicas, que formam abcessos e evoluem para supuração através de trajectos fistulosos
• As lesões apresentam colónias macroscópicas como grãos de areia – granulos sulfurosos formadas por microrganismos unidos entre si por uma rede de fosfato de cálcio
Patogénio humano + importante do actinomyces
Actinomyces israeli
> 50% casos actinomicose
Actinomicose cervico-facial
Características gerais do Clostridium
- flora?
- patogenicidade?
- esporos?
- toxinas?
• Anaeróbios estritos, móveis, formadores de endosporos
• Ubíquos (solo, flora intestinal Homem e animais)
• Capacidade patogenicidade:
- sobrevivência em condições adversas pela esporulação
- produção toxinas
Qual o clostridium mais vulgar?
• Clostridium perfringens – mais vulgar
O clostridium cresce em gelose de sangue. V/F
V. O C. perfringens cresce
Características gerais do c. perfringens
- morfologia
- mobilidade
- esporos?
- crescimento?
- toxinas?
- Bacilos grandes
- imóveis (único dos Clostridium)
- Raramente se observa o esporo (oval e subterminal)
- Cresce rapidamente em G. Sangue (24 - 48h)
- Produz várias toxinas (destruição tecidos)
Qual é o unico clostridium imóvel?
C. perfringens
Tipo de C. perfringens que mais frequentemente causa doença no Homem
C. perfringens tipo A
Infecção tecidos moles que evolui para rapidamente para choque séptico, CID, insuficiência renal e morte
etiologia?
Clostridium perfringens
Clínica clostridium perfringens
Infeções tecidos moles
intoxicação alimentar
enterite necrosante
septicémia
Qual a toxina que causa enterite necrosante?
toxina β do c. perfringens
Etiologia da enterite necrosante + frequente em Papua Nova Guiné
toxina β do clostridium perfringens
Diagnóstico laboratorial do c. perfringens
- cultura?
Cultura – meio de gelose sangue incubado em anaerobiose a 37ºC produz padrão característico:
- Duplo halo de hemólise
- Prova de Nagler positiva
- Teste Camp invertido
Etiologia da seguinte cultura:
- Duplo halo de hemólise
- Prova de Nagler positiva
- Teste Camp invertido
Clostridium perfringens
Teste Camp +
Qual a etiologia?
Streptococcus agalactiae
Teste Camp invertido
Qual a etiologia?
Clostridium perfringens
Como é formado o duplo halo de hemólise do c. perfringens?
Pequena zona de hemólise completa (toxina α) e uma zona maior de hemólise parcial (toxina θ)
Terapêutica C. perfringens
- Desbridamento e limpeza da ferida
- Antibioticoterapia: Penincilina
- O2 hiperbárico
Características gerais C. tetani
- mobilidade, o2?
- esporos?
- gram?
- flora?
- toxinas?
- Móveis, anaeróbios estritos
- Esporo terminal, deforma parede “raquete de ténis” ou “baqueta tambor”
- Torna-se facilmente Gram negativo (coloração)
- Ubíquo – 20-64% amostras solos têm C. tetani, intestino Homem e animais
- Produz 2 toxinas
Esporos em raquete de ténis” ou “baqueta tambor”
C. tetani
Toxinas produzidas pelo C. tetani
- tetanolisina: hemolisina oxigénio-lábil que se relaciona com outras hemolisinas de outros Clostridi
- tetanoespamina: neurotoxina (toxina intracelular libertada por autólise) termolábil
Opistótonos
sinal típico de tétano, caracteriazado por flexão das
extremidade superiores, extensão das extremidades inferiores e arqueamento das costas
trismus – riso sardónico salivação sudorese irritabilidade opistótonos
Clínica de C. tetani
Clínica de C. tetani
trismus – riso sardónico salivação sudorese irritabilidade opistótonos
Qual o tétano com elevada mortalidade?
Tétano cefálico
colónias translúcidas β hemolíticas
qual o clostridium?
C. tetani
Anaérobio: bacilo Gram positivo com esporo terminal
C. tetani
Como é feito o diagnóstico de C. tetani?
Diagnóstico habitualmente clínico
Laboratório positivo 30% casos
Terapêutica C. tetani?
- Desbridamento e limpeza da ferida
- Antibioticoterapia: Metronidazol
- Curarizantes, barbitúricos, diazepam
- Suporte funções vitais
- Imunoglobulina antitetânica – neutraliza a tetanoespamina livre
- Reforço vacina
Terapêutica C. botulinum:
- morfologia, gram, o2?
- crescimento?
- coloniza?
- toxinas?
- toxinas doença humana?
- Bacilos Gram positivo longos, anaeróbios estritos
- Crescimento lento
- Ubíquo – encontram-se no solo e água
- Produz vários tipos de toxinas (A a G)
- A doença humana está relacionada com as toxinas A, B, E e F
Qual o mecanismo da toxina botulínica?
- subunidades neurotóxicas que impedem libertação de acetilcolina
- subunidades não tóxicas que protegem as tóxicas da inactivação pelo estomâgo
Quem produz a exotoxina mais potente conhecida?
C. botulinum
Após 12-36 horas ingestão: náuseas, boca seca, dor abdominal, dificuldade na deglutição
Etiologia?
C. botulínum
paralisia flácida periférica e morte por paragem
respiratória
C. botulinum
Diagnóstico laboratorial de C. botulinum
- Laboratórios de referência
- Presença da toxina e/ou C. botulinum nas fezes e conteúdo gástrico
- Presença da toxina nos alimentos eventualmente implicados
Terapêutica de C. botulinum
- Lavagem gástrica (eliminação microrganismo)
- Antibioticoterapia: Penincilina ou Metronidazol
- Suporte funções vitais – Suporte ventilação
- Antitoxina botulínica (neutralização toxina no sangue)
Fatores de virulência Clostridioides difficile:
Toxina A (enterotoxina) – infiltração de PMNs na lâmina própria do ileon libertação citoquinas -> potencia resposta inflamatória -> hipersecreção de líquidos -> necrose hemorrágica
Toxina B (citotóxica) – despolimeriza a actina provocando destruição citoesqueleto celular
Adesina – factor de aderência
Hialuronidase – hidrolisa ácido hialurónico
Esporos – grande capacidade de sobrevivência meio hospitalar
Percentagem de Recém-nascido + Crianças saudáveis (<2A) portadores de Clostridioides difficile
0-84%
Percentagem de Adulto Saudável portadores de Clostridioides difficile
5-15%
Percentagem de residentes em unidades de saúde portadores de Clostridioides difficile
<57%
A exposição frequente a fármacos torna-se um fator de risco para Clostridioides difficile. Quais ?
- Fluoroquinolonas
- Clindamicina
- Penicilina
- Cefalosporinas
Fatores de risco Clostridioides difficile
Exposição a Ab/fármacos
Idade >65 anos
Hospitalização
Imunossupressão
Clínica do Clostridioides difficile
- colite pseudomembranosa
- diarreia associada a AB
- colite associada a AB
Caracterização da colite pseudomembranosa
Diarreia profusa, febre e cólicas abdominais. Placas (pseudomembranas) no cólon podem ser visualizadas na colonoscopia
Qual é a clínica mais grave de clostridioides difficile?
colite pseudomembranosa
Qual o timeline para a recurrência sintomática de clostridioides difficile?
Recurrência de sintomas nas 8 semanas que se
seguem à “cura” de um episódio anterior
O teste TAAN avalia o quê?
Capacidade do C difficile de produzir toxina
Quais os testes para identificar a toxina do clostridioides difficile?
Teste imunoenzimáticos
Teste de toxicidade celular
Quanto aos testes de C. difficile, classifica V/F:
- Distinguem colonização de infecção
- Não devem ser usados em doentes assintomáticos
- Não devem ser usados em crianças < 2 anos
- Estão recomendados no controlo da cura
- Devem ser utilizados individualmente
- Os algoritmos de diagnóstico aproximam-se dos métodos de referência
- A detecção de toxina livre não está associada a maior mortalidade
- Não existem dados sobre o impacto que a detecção dos portadores poderá ter nas taxas de infecção hospitalar
- F
- V
- V
- F
- F
- V
- F
- V
Terapêutica Clostridioides difficile
- Suspensão AB anterior
- Tratamento AB: vancomicina, fidaxomicina, rifaximina
Qual o AB mais eficaz na recurrência do clostridioides difficile?
Fidaxomicina