Poderes e Deveres da Administração Flashcards

1
Q

Quais os atributos do poder de polícia?

A
  • coercibilidade
  • autoexecutoriedade
  • discricionariedade
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2
Q

O que é decreto autônomo? Há previsão constitucional?

A
  • É instrumento do poder normativo da Administração Pública, considerado ato normativo primário porque retira sua força diretamente da Constituição. Pode, portanto, inovar na ordem jurídica, da mesma forma que uma lei.
  • A Constituição Federal de 1988, na sua redação original, acabou com a figura do decreto autônomo no direito brasileiro. Entretanto, com a Emenda Constitucional 32/2001, a possibilidade foi reinserida na alínea a do inciso VI do art. 84 da CF.
    • ​dispor, mediante decreto, sobre:
      • a) organização e funcionamento da administração federal, quando não implicar aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos;
      • extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos;
  • OBS: para doutrina encabeçada por Celso Antônio Bandeira de Mello o sistema constitucional não admite os regulamentos autônomos ou independentes.
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3
Q

O cabimento de recurso hierárquico próprio depende de previsão legal expressa?

A

Não, uma vez que o poder hierárquico autoriza a reforma das decisões dos subordinados pela autoridade superior.

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4
Q

Qual a diferença entre recurso hierárquico próprio e impróprio?

A
  • Próprio: autoridade superior está dentro do mesmo órgão da autoridade que proferiu a decisão
  • Impróprio: a autoridade superior está em outra estrutura da Administração
    • Ex: recurso para a Administração Direta das decisões proferidas por autarquias comuns com vício de constitucionalidade
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5
Q

Cabendo recurso administrativo com efeito suspensivo, não se admite o ingresso em juízo para o pleito de revogação ou anulação de ato administrativo?

A

Admite-se o ingresso em juízo. O que não pode é a impetração de mandado de segurança, em virtude do art. 5º, I, da Lei nº 12.016/09.

“Art. 5o Não se concederá mandado de segurança quando se tratar:
I - de ato do qual caiba recurso administrativo com efeito suspensivo, independentemente de caução;”

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6
Q

Demonstrado em juízo o abuso de poder ou o desvio de finalidade, pode o juiz substituir a pena aplicada pela Administração Pública?

A

Não. Somente poderá anulá-la, eis que a gradação da pena é ato discricionário.

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7
Q

O que é poder disciplinar e a quem se aplica?

A

O poder disciplinar é o que confere à Administração a prerrogativa de apurar e aplicar penalidades.

Aplica-se àqueles que estejam vinculados à Administração (supremacia especial) - dentre os quais não somente se incluem os servidores públicos, mas também todo aquele que tenha vínculo de natureza especial com a Administração.

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8
Q

O que é o instituto da verdade sabida? Há aplicabilidade no Brasil?

A

No Brasil, não aplicamos o instituto da verdade sabida. Por esse instituto, as sanções podem ser aplicadas, de forma imediata, sem depender do contraditório e da ampla defesa. Entre nós, portanto, é inaplicável, afinal todas as sanções são precedidas do respeito a tais princípios.

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9
Q

A regra da tipicidade rígida é aplicada ao poder disciplinar administrativo?

A

Não.

No Direito Penal, o legislador utilizou o sistema da rígida tipicidade, delineando cada conduta ilícita e a sanção respectiva.

O mesmo não sucede no campo disciplinar. Aqui a lei limita-se, como regra, a enumerar os deveres e as obrigações funcionais e, ainda, as sanções, sem, contudo, uni-los de forma discriminada, o que afasta o sistema da rígida tipicidade.

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10
Q

Qual a peculiaridade do poder normativo atribuído às agências reguladoras?

A

São dotadas de considerável autonomia, eis que envolve um viés técnico. Todavia, ainda assim a função normativa das agências reguladoras, especialmente quando atinge direitos e deveres dos administrados, subordina-se obrigatoriamente à lei.

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11
Q

É possível a delegação do poder de polícia a entidades privadas?

A

O STJ entende que é possível a delegação somente a entidades privadas integrantes da Administração Pública, no que toca apenas às fases de fiscalização e consentimento, mas não a sanção e a aplicação da penalidade.

Recentemente, o STF entendeu que é possível a delegação do poder de polícia, por meio de lei, a pessoas jurídicas de direito privado integrantes da Administração Pública indireta de capital social majoritariamente público que prestem exclusivamente serviço público de atuação própria do Estado e em regime não concorrencial.

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12
Q

É possível que as agências reguladoras tipifiquem ineditamente condutas passíveis de sanção?

A

Sim. A jurisprudência do STJ, efetivamente, firmou posição na linha de reconhecer às agências reguladoras poder normativo para a tipificação de infrações, com base em delegação legislativa genérica, em especial no tocante a assuntos de índole eminentemente técnica, para os quais o Parlamento não detém a necessária expertise.

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13
Q

As guardas municipais têm atribuição para exercer o poder de polícia de trânsito, incluindo a imposição de sanções administrativas que estejam previstas em lei?

A

Sim. STF RE 658570/MG

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14
Q

A fiscalização do trânsito se enquadra como atividade de segurança pública?

A

Não. Trata-se de mero exercício de poder de polícia, podendo ser exercido por entidades não policiais.

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15
Q

A demolição de obra particular poderá ser feita de forma autoexecutória?

A

Sim, salvo se estiver habitada, caso em que será imprescindível a autorização judicial.

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16
Q

É possível a delegação de competência a órgãos administrativos que não sejam hierarquicamente subordinados?

A

Sim.

Um órgão administrativo federal e seu titular poderão, se não houver impedimento legal, delegar parte da sua competência a outros órgãos ou titulares, ainda que estes não lhe sejam hierarquicamente subordinados, quando for conveniente, em razão de circunstâncias de índole técnica, social, econômica, jurídica ou territorial.

17
Q

A cobrança da taxa instituída para custear o poder de polícia exige a demonstração da efetiva realização do serviço?

A

Sim. Só se pode cobrar taxa de polícia pelo efetivo exercício desse poder.

Ocorre que o STF entende restar presumido o exercício do poder de polícia quando existente o órgão fiscalizador, ainda que não se coomprove a realização de fiscalizações individualizadas a todo e qualquer fiscalizado.

18
Q

Tratando-se do exercício do poder de polícia no âmbito federal, qual o prazo prescricional da ação punitiva da Administração Pública?

A
  • 5 anos contados da data da prática do ato ou, no caso de infração permanente ou continuada, no dia em que tiver cessado.
  • Quando o fato também constituir crime, a prescrição será regida pelo prazo previsto na lei penal.
19
Q

Qual o termo inicial para contagem do prazo prescricional da ação disciplinar, conforme Lei 8112/90?

A

A contagem se dá apartir do momento em que a Administração toma conhecimento dos fatos.

20
Q

Quando a Administração Pública se depara com uma situação em que a conduta do investigado se amolda às hipóteses de demissão ou cassação de aposentadoria, há discricionariedade para aplicar pena menos gravosa?

A

Não. Nesse caso se trata de ato vinculado, razão pela qual a Adm é obrigada a demitir/cassar, conforme STF (RMS 13083-DF).

Trata-se, inclusive, de tema recentemente sumulado pelo STJ:

Súmula 650-STJ: A autoridade administrativa não dispõe de discricionariedade para aplicar ao servidor pena diversa de demissão quando caracterizadas as hipóteses previstas no art. 132 da Lei nº 8.112/90.

21
Q

A coercibilidade é indissociável da autoexecutoriedade no ato decorrente do poder de polícia?

A

Sim, conforme Di Pietro:

“A coercibilidade é indissociável da autoexecutoriedade. O ato de polícia só é autoexecutório porque dotado de força coercitiva. Aliás, a autoexecutoriedade, tal como a conceituamos, não se distingue da coercibilidade, definida por Hely Lopes Meirelles (2003:134) como “a imposição coativa das medidas adotadas pela Administração”

22
Q

O que se caracteriza quando, no exercício do poder regulamentar, o administrador, por intermédio de decreto, realizar interpretação que seja ultra legem, citra legem ou contra legem?

A

Haverá crise de legalidade em todos os casos, não havendo diferenças quanto às modalidades de interpretação do ato regulamentar.

23
Q

De que forma o abuso de poder é subdividido? Como os atos serão considerados em cada espécie de abuso de poder?

A
  • excesso de poder: autoridade atua extrapolando os limites de sua competência.
    • o ato será arbitrário e, portanto, ilícito e nulo
  • desvio de poder (ou de finalidade): a autoridade pratica um ato que é de sua competência, mas o utiliza para uma finalidade diversa da prevista ou contrária ao interesse público.
    • o ato é nulo
24
Q

De acordo com o STF, a competência das agências reguladoras para editar atos normativos que visem à organização e à fiscalização das atividades por elas reguladas representa o exercício de qual poder administrativo?

A

De polícia, na sua função normativa, estando subordinado ao disposto na lei.

25
Q

O poder de polícia se funda na supremacia especial?

A

Não. Funda-se na supremacia geral, independe de qualquer relação jurídica anterior.

A supremacia especial dá azo ao poder disciplinar.

26
Q

Quais os ciclos do poder de polícia? Explique-os e indique quais sempre estarão presentes.

A
  • ordem de polícia:
    • sempre presente
    • corresponde à legislação que estabelece os limites e condicionamentos
  • consentimento de polícia
    • nem sempre presente
    • corresponde à anuência prévia da administração para determinadas atividades (e.g. licença, autorização)
  • fiscalização de polícia
    • sempre presente
    • verifica o adequado cumprimento das ordens de polícia ou do ato advindo do consentimento de polícia.
  • sanção de polícia
    • nem sempre presente
    • autoexplicativo.
27
Q

Quais as únicas fases do ciclo do poder de polícia que, em tese, podem ser delegadas?

A

Para o STJ:

  • consentimento
  • fiscalização

Para o STF (RG - tema 532):

  • todas, exceto a ordem de polícia.
  • desde que sejam PJ integrantes da Administração Pública indireta de capital social majoritariamente público que prestem exclusivamente serviço público de atuação própria do Estado e em regime não concorrencial.
28
Q

O que é poder de polícia em sentido amplo? No que difere do sentido estrito?

A

poder de polícia em sentido amplo: inclui qualquer limitação estatal à liberdade e propriedade privadas, englobando restrições legislativas e limitações administrativas.
Ou seja, está associado à atividade do Poder Legislativo e do Poder Executivo, pois este sentido engloba tanto as restrições legislativas quanto as administrativas.

Por sua vez, o Poder de Polícia em sentido estrito envolve apenas atos que impliquem em limitações administrativas de Fiscalização e Condicionamento, não englobando medidas legislativas. Este sentido, na verdade, é o mais adotado pela doutrina.

29
Q

O que é poder de polícia preventivo?

A

Trata-se da edição de atos normativos, antecipando à atuação do particular, visando a evitar que o ato contrário a lei ou abusivo venha a ocorrer. A fiscalização, por exemplo, é uma manifestação do poder de polícia preventiva

30
Q

É correto dizer que os atos praticados por uma concessionária de serviço público, e que estejam relacionados ao contrato de concessão, são tutelados pelo poder de polícia?

A

Não. Os atos relacionados ao contrato de concessão estariam sujeitos ao poder disciplinar.

Eventuais atos não relacionados à concessão é que estariam sujeitos ao poder de polícia.

Exemplo: vigilância sanitária aplica multa por irregularidades no escritório da sede da concessionária.