PED - Doenças infecciosas em pediatria Flashcards
Diarreia aguda, desidratação, ITU, IVAS, IVAI e doenças exantemáticas em pediatria
Sinais de desidratação grave e conduta
Um dos sinais já configura desidratação grave:
- Letargia;
- Incapacidade de beber;
- Perfusão capilar > 5 seg;
- Pulso muito fraco;
- Sinal da prega > 2 seg.
Conduta = ressuscitação volêmica com 100 mL/kg, sendo:
- 30 mL/kg em 1h (< 1 ano) ou 30min (≥ 1 ano);
- 70 mL/kg em 5h (< 1 ano) ou 2h30min (≥ 1 ano);
Agente, quadro clínico e conduta na laringotraqueíte viral aguda (crupe viral).
Principal agente: Parainfluenza (não “para” de descer).
Clínica: pródromo catarral seguido de estridor + tosse ladrante + rouquidão (doença periglótica).
Conduta:
- Quadro leve (sem estridor em repouso) → corticoide.
- Quadro moderado a grave (COM ESTRIDOR EM REPOUSO) → corticoide + nebulização com epinefrina.
Agentes e quadro clínico na síndrome hemolítico urêmica
Agentes: Shigella e E.coli entero-hemorrágica O157-H7 (principal).
Tríade clínica: IRA oligúrica, anemia hemolítica microangiopática e trombocitopenia, ocorrendo em um paciente com disenteria (classicamente).
Ocorre por toxinas que lesam o endotélio do glomérulo renal, formando microtrombos.
📌. Atenção para o diagnóstico diferencial com PTT, que é composta por uma pêntade: IRA + plaquetopenia + anemia + ENCEFALOPATIA + FEBRE.
Critérios para antibioticoterapia na otite média aguda
- Todos os menores de 6 meses
- Menores de 2 anos com OMA bilateral
- Independente da idade: otorreia ou OMA grave (Tax > 39, dor intensa, > 48h de doença)
Agente, quadro clínico e conduta na epiglotite aguda
Agente: haemophilus influenzae tipo B
Quadro: dor de garganta e disfagia grave de início agudo e fulminante, evoluindo com estridor e desconforto respiratório
Conduta: o diagnóstico é clínico! Não tente visualizar a orofaringe e estabeleça via aérea. Inicie atb
Agente, quadro clínico e conduta na coqueluche.
Agente: Bordetella pertussis.
Quadro: sintomas catarrais seguidos da fase paroxística, caracterizada por crises de tosse intercalada de guinchos (inspiração profunda). É mais comum em menores de 6 meses. Em crianças muito pequenas, a questão pode descrever a apneia isoladamente.
Laboratório: leucocitose importante com LINFOCITOSE.
Conduta: AZITROMICINA para reduzir a transmissibilidade (é capaz também de reduzir o tempo de doença caso iniciada na fase catarral).
Pacientes com MENOS DE 6 MESES ou sinais de gravidade (letargia, esforço respiratório, dessaturação) devem ser internados em isolamento respiratório.
A PROFILAXIA dos contactantes utiliza o mesmo esquema de tratamento da doença (ex: AZITROMICINA). Está indicada nas seguintes situações:
- < 1 ano.
- 1 a 7 anos não vacinados.
- > 7 anos com contato íntimo.
- Profissionais de saúde ou que trabalham com crianças.
Ou seja, a profilaxia não é com vacinação de bloqueio, mas sim com o mesmo esquema do tratamento!
Critérios de internação na pneumonia bacteriana e esquema antibiótico para o tratamento hospitalar
INDICAÇÕES DE HOSPITALIZAÇÃO:
- < 2 MESES;
- TIRAGEM SUBCOSTAL;
- Saturação < 92-94%;
- Torporosa, incapaz de ingerir líquidos ou vômitos incoercíveis;
- Doença de base;
- Complicações radiológicas.
TRATAMENTO HOSPITALAR:
- < 2 meses (sepse neonatal): ampicilina + gentamicina.
- > 2 meses: PENICILINA CRISTALINA EV é a primeira escolha (cobertura de pneumococo, que é o agente mais prevalente). Para pneumonias muito graves, utiliza-se oxacilina + ceftriaxona (cobre também S.aureus e gram negativos, como o Hib).
📌 Nas crianças que serão hospitalizadas e naquelas com falha terapêutica, deve-se fazer RX de tórax.
Diferenciação entre abscesso periamigdaliano e retrofaríngeo
Ambos são complicação de faringoamigdalite bacteriana, e cursam com disfagia/sialorréia
No periamigdaliano, os sinais característicos são trismo (espasmo do pterigóide) e desvio da úvula pelo abscesso
O retrofaríngeo ocorre tipicamente em menores de 5 anos, e o sinal característico é dor à mobilização do pescoço
Principais agentes e quadro clínico na disenteria
A disenteria é uma diarréia com sangue misturado nas fezes.
Os principais agentes são:
- Shigella (mais comum)
- Campylobacter (associado a Guillain-Barré)
- E.coli enteroinvasiva (semelhante a Shigella) e entero-hemorrágica (disenteria sem febre, principal patógeno associado à síndrome hemolítico-urêmica)
- Salmonella
- Entamoeba histolytica
Sinais de desidratação moderada e conduta
Presença de 2 sinais de desidratação:
irritado ou agitado, sedento, olhos fundos, sinal da prega desaparece lentamente, pulso rápido ou fraco, lágrimas ausentes, enchimento capilar de 3-5 segundos
CONDUTA:
- TRO (50 a 100 mL/Kg) no serviço de saúde, por 4-6h
- Não alimentar durante reidratação (apenas leite materno)
- Uso de ondansetrona pode ser considerado
Agente, quadro clínico e conduta na bronquiolite viral
Agente: vírus sincicial respiratório
Quadro: pródromos catarrais, tosse e taquipneia, SIBILÂNCIA em criança com MENOS DE 2 ANOS
Tratamento: oxigenioterapia se houver dessaturação, SNG e nebulização com salina hipertônica.
NÃO FAZER: corticoterapia, broncodilatadores nem fisioterapia respiratória de rotina
📌 Indicações de profilaxia com palivizumabe:
- Durante 1 ano: prematuros < 28 semanas.
- Durante 2 anos: imunodeficiência grave; doenças crônicas cardíacas com repercussão hemodinâmica, neurológicas ou pulmonares.
Agente etiológico mais relacionado à derrames pleurais
Devido à sua elevada incidência, o PNEUMOCOCO é o principal agente isolado nos derrame spleurais.
Entretanto, nas pneumonias pos S.aureus as complicações são mais frequentes (incluindo pneumatocele e abscesso pulmonar)
Agente, quadro clínico e conduta na faringoamigdalite bacteriana
Agente: haemophilus beta hemolítico do grupo A (S.pyogenes)
Quadro: odinofagia com febre alta, petéquias e exsudato em orofaringe, adenomegalia (SEM tosse)
Conduta: se disponível fazer o diagnóstico microbiológico utilizando SWAB de orofaringe e TESTE RÁPIDO. Se ele for negativo, não é sensível o bastante para que eu deixe de tratar a criança; nesse caso, fazer a CULTURA da secreção.
O tratamento indicado é PENICILINA BENZATINA IM (em até 9 dias para prevenção de febre reumática).
Criança de 2 meses, evoluindo com tosse em crise e falta de ar há 6 dias. Mãe nega febre. Nega intercorrência gestacionais ou comorbidades, nasceu AIG por parto vaginal. Ao exame: BEG, afebril, FR = 70 irpm, retração intercostal, estertores crepitantes em bases pulmonares. RX mostra hiperinsuflação bilateral e aumanto da trama vaso-brônquica. Exame laboratorial: Hb = 12,5 / leucócitos = 10.000 (segmentados = 36%, linfócitos = 48%, eosinófilos = 10%).
Qual é o diagnóstico mais provável, o agente e o tratamento?
Criança de 2 meses, nascida por PARTO VAGINAL, apresentando quadro arrastado de tosse e taquipneia SEM FEBRE. Além disso, há um dado laboratorial importante: EOSINOFILIA.
Trata-se de quadro clássico de Pneumonia afebril do lactente, causada pela Chlamydia trachomatis adquirida no canal de parto (frequentemente precedido por conjuntivite neonatal).
Tratamento: azitromicina
Critérios diagnósticos e tratamento de sinossinusite aguda
CRITÉRIOS:
- Resfriado arrastado (> 10 dias);
- Quadro grave > 3 dias (febre alta, coriza mucopurulenta);
- Quadro bifásico, com deterioração súbita.
Tratamento: amoxicilina, mantida por 7 dias após a melhora clínica.
RN de 15 dias apresentou 2 picos de febre nas últimas 24h, com temperatura máxima de 38,2. Ao exame, FR = 45 irpm, sons respiratórios normais, oroscopia e otoscopia sem alterações.
Qual é a conduta mais adequada?
Temos um RN com FEBRE SEM SINAIS LOCALIZATÓRIOS (ou sem foco aparente), que corresponde a febre com DURAÇÃO ≥ 24-72H sem uma causa estabelecida. O fluxograma a seguir serve para crianças de 0 a 36 meses, que é a faixa etária de maior risco.
Independentemente da idade, caso haja QUEDA DO ESTADO GERAL, devemos INTERNAR, solicitar EXAMES COMPLETOS (hmg + hmc, EAS + urc, LCR e RxT) e iniciar ATB EMPÍRICO.
Caso o paciente esteja BEG e estável, a conduta dependerá de outros fatores:
- Neonatos < 30 DIAS → vide “comprometimento do EG” → INTERNAÇÃO + EXAMES COMPLETOS (hmg + hmc, EAS + urc, LCR e RxT) + ATB empírico (AMPI+GENTA). Se houver história de herpes genital materno, acrescentar aciclovir.
- Lactentes de 1 A 3 MESES com ALTO RISCO clínico (comorbidades, história gestacional/neonatal de risco, alterações laboratoriais intensas, etc) → INTERNAR + EXAMES COMPLETOS (hmg + hmc, EAS + urc, LCR e RxT) + ATB EMPÍRICO.
- Lactentes de 1 A 3 MESES com BAIXO risco clínico → antitérmico + ACOMPANHAMENTO diário.
- Crianças de 3 MESES A 3 ANOS com T < 39ºC → antitérmico + ACOMPANHAMENTO diário (provavelmente é viral) + considerar EAS + URC.
- Crianças de 3 MESES A 3 ANOS com T ≥ 39ºC → fazer EAS + URC → se EAS alterado tratamos a ITU ambulatorialmente → se EAS normal, fazemos hemograma → se Neu < 10k ou GL < 20k, fazemos reavaliação diária → se Neu ≥ 10k ou GL ≥ 20k, fazemos hemocultura e radiografia de tórax → se o RxT for alterado, tratamos pneumonia → se o RxT for normal, temos risco de bacteremia oculta → trataremos com ceftriaxona se houver vacinação incompleta para Hib, pneumo ou meningo.
📌 Esse tópico da criança de 3 meses a 3 anos com febre alta (≥ 39ºc) é muito complexo. Guarde basicamente que a investigação inicia-se com a URINA e HEMOGRAMA (normalmente a questão já pede os dois de cara) e avança se necessário.
📌 Para facilitar ainda mais, veja que as condutas para “queda do EG”, “≤ 30 dias” e “1 a 3 meses com alto risco” são semelhantes (internação + exames completos, incluindo LCR, hmc e RxT + ATB empírico). Da mesma forma, “1 a 3 meses de baixo risco” e “3 meses a 3 anos com T < 39ºc” têm condutas iguais (observação diária + antitérmico)… neste último, a única diferença é que cogitamos examinar a urina daqueles de 3 meses a 3 anos.
Voltando ao caso, apesar de o RN estar aparentemente BEG, ele tem menos que 1 mês de idade. Logo, deve ser internado, ser submetido a exames para pesquisa de foco e receber ATB com ampi+genta.
📌 Cuidado com o diagnóstico diferencial → FEBRE DE ORIGEM INDETERMINADA = febre com DURAÇÃO > 3 SEMANAS sem foco aparente (ou após 1 semana de investigação hospitalar). Aqui sim necessitamos de maiores investigações sempre obrigatoriamente.
Menino de 8 meses com febre de 39o há 3 dias, irritabilidade e retenção urinária. Não haviam sinais localizatórios ao exame. Hemograma foi normal, e EAS mostrou: glicose, esterase e nitrito negativos; 15 leucócitos/campo; bastonetes gram-negativos presentes ao gram.
Qual é a conduta mais adequada?
Atenção: ITU é a principal causa de febre sem sinais localizatórios em lactentes.
O EAS pode corroborar a suspeita de ITU, como nesse caso, em que a criança apresentou piúria (> 5/campo). A presença de nitrito sinaliza ação bacteriana, mas lembre-se que esse exame tem baixa sensibilidade.
Suspeitando de pielonefrite, deve-se iniciar antibioticoterapia empírica, que pode ser feita com CEFTRIAXONA (ou ampi + genta, se houver gram-positivos no gram, visando a cobrir enterococos). Entretanto, NAS CRIANÇAS, ITU SEMPRE DEVE SER CONFIRMADA COM UROCULTURA.
É importante também lembrar que o saco coletor não é um método adequado para a coleta, pois gera muitos falso-positivos por contaminação.
Escolar de 8 anos apresenta exantema maculopapular em face, confluente para região malar. Dois dias depois, evoluiu com exantema de aspecto rendilhado em membros que desapareceu sem descamação. Passadas 2 semanas, teve recorrência do quadro após exercício físico.
Qual é a HD, o agente etiológico e a conduta?
Quadro típico de ERITEMA INFECCIOSO, causado pelo parvovírus B19: exantema inicialmente em asas de borboleta, evoluindo com aspecto rendilhado.
A fase prodrômica é inespecífica e o exantema só se inicia cerca de 1 semana depois, quando já não é contagioso.
A conduta é expectante e pode haver exantema recidivante por 1-3 semanas, relacionado a luz solar, calor, exercício ou estresse.
📌 Lembre-se: na anemia falciforme, a infecção pelo parvovírus B19 pode desencadear crise aplásica, devido ao tropismo desse vírus por precursores eritróides
Menino de 5 anos com história de dor de garganta, febre alta e dor abdominal há 2 dias. Ao exame: hipoativo, exantema maculopapular disseminado, de textura áspera, poupando a região perioral e com acentuação nas áreas de dobras. Amígdalas hipertrofiadas e hiperemiadas, língua de coloração vermelho intenso.
Qual é a HD, o agente etiológico e a conduta?
Quadro típico de ESCARLATINA, causada pelo Streptococcus pyogenes (beta-hemolítico do grupo A):
- Exantema em lixa;
- Sinal de FILATOV: palidez peribucal;
- Sinal de PASTIA: eritema mais acentuado em pregas;
- Língua em framboesa;
- Evolui com descamação laminar das extremidades (em dedos de luva).
O tratamento deve ser feito com PENICILINA BENZATINA IM. Também é aceitável o uso de amoxicilina por 10 dias.
📌 Lembre-se: a febre reumática pode ser prevenida se o ATB for feito nos primeiros 9 dias de doença. Entretanto, a glomerulonefrite pós-estreptocóccica não pode ser prevenida.
Menino de 11 meses apresentou quadro de febre de 39o por 3 dias, acompanhada de obstrução nasal leve, tosse e hiporexia. Após cessar a febre, evoluiu com exantema micropapular iniciado em tronco. Apresentava-se em bom estado geral, sem visceromegalias.
Qual é a HD, o agente etiológico e a conduta?
Quadro típico de EXANTEMA SÚBITO, causado pelo herpesvirus humano do tipo 6 ou 7.
A conduta é expectante.
Paciente de 9 meses, imigrante vindo da Venezuela. Apresentou febre, hiperemia conjuntival, rinorreia e tosse por 2 dias. Evoluiu com exantema maculopapular de progressão craniocaudal. Ao exame, apresentava-se ainda febril, regular estado geral e, na mucosa jugal, na altura dos pré-molares, apresentava pontos esbranquiçados sobre uma superfície hiperemiada. Qual é a HD, o agente etiológico e a conduta?
Criança apresentando pródromos catarrais seguidos de exantema e MANCHAS DE KOPPLIK (patognomônicas). Trata-se de quadro típico de SARAMPO, causado por um morbilivírus.
A conduta consiste em:
- Notificação imediata.
- Para os contactantes: vacinação de bloqueio em até 72h e, para grupos com contraindicação à vacina (imunodeprimidos, gestantes, < 6 meses) uso da imunoglobulina em até 6 dias.
- Uso de sintomáticos e VITAMINA A.