CLM - Hematologia Flashcards
Anemias, neoplasias hematológicas, distúrbios da hemostasia
Homem negro de 62 anos, apresenta-se com dor lombar intensa e lesões líticas em esqueleto axial à radiografia.
Considerando a HD mais provável, quais outros achados são esperados?
Trata-se provavelmente de MIELOMA MÚLTIPLO.
A clínica é CAROLI:
- Cálcio (hipercalcemia > 11 devido à ação osteoclástica)
- Anemia de doenças crônicas (hemácias em Rouleaux)
- Rins com IRA: Cr > 2 ou TFG < 40
- Osso Lítico
- Imunossupressão
O diagnóstico é feito por um desses critérios clínicos + BIÓPSIA DE MEDULA com > 10% de plasmócitos
Na eletroforese de proteínas, espera-se pico monoclonal de anticorpos (componente M) com inversão da relação albumina-globulina. O anticorpo mais frequente, que é também o de melhor prognóstico, é o IgG.
Menino de 4 meses com volumoso hematoma em MSE, após vacina. Exames demonstram plaquetas normais, PTTa alargado (>35seg) e RNI =1.
Qual é a principal hipótese diagnóstica?
Hematomas extensos são característicos de distúrbios da HEMOSTASIA SECUNDÁRIA.
Aos exames, PTTa alargado e RNI normal indicam alteração na VIA INTRÍNSECA.
A causa hereditária mais frequente é a HEMOFILIA A, causada por deficiência do fator 8.
📌 Outra opção seria a hemofilia do tipo B, por carência do fator 9.
Mulher de 30 anos com febre, IRA e diminuição do nível de consciência. Exames indicam trombocitopenia severa e anemia com presença de esquizócitos no sangue periférico. Testes de coagulação são normais.
Qual é a principal hipótese diagnóstica e a conduta?
Primeiramente, note que há plaquetopenia e coagulograma normal: portanto, trata-se de distúrbio da HEMOSTASIA PRIMÁRIA.
O quadro clínico é clássico da PÚRPURA TROMBOCITOPÊNICA TROMBÓTICA, que ocorre por deficiência de ADAMTS 13 (“tesoura do fator de von willebrand”), resultando em ativação e agregação de plaquetas. O diagnóstico é feito por ao menos 3 elementos da pêntade: febre + IRA + encefalopatia + plaquetopenia + anemia hemolítica microangiopática.
Trata-se com PLASMAFÉRESE e transfusão de plasma (que contém todos os fatores da coagulação)!
NÃO transfundir plaquetas, pois agravariam os processos trombóticos.
📌 Note que o quadro clínico é semelhante à síndrome hemolítico-urêmica (anemia + IRA + plaquetopenia) mas com o acréscimo de febre e encefalopatia.
Menino de 3 anos de idade com queixa de epistaxe espontânea. Apresenta equimoses e petéquias evidentes em membros inferiores, sem outras alterações ao exame.
A mãe relata gastroenterite viral há 2 semanas, com resolução completa.
Exames: Hb = 13 / plaq = 15.000 / Cr normal
Qual é o diagnóstico mais provável e a conduta?
Este paciente apresenta um sangramento de mucosa, compatível com distúrbio da hemostasia primária, plaquetopenia e mais nada. Portanto, trata-se provavelmente de PÚRPURA TROMBOCITOPÊNICA IMUNE (ou idiopática).
Lembre-se que o quadro normalmente é autolimitado e desencadeado por vacina ou infecções virais (opsonização por IgG e lise esplênica das plaquetas).
Na maioria dos casos, a conduta é expectante. Se sangramento intenso, pode-se fazer corticóide ou imunoglobulina. Reposição de plaquetas só é indicada em casos extremos.
📌 Henoch-Schonlein não causaria plaquetopenia.
Mulher de 18 anos com história de epistaxe bilateral recorrente e ciclos menstruais hipermenorrágicos. Exames mostram plaq = 320.000 / TAP = 100% / TTPa discretamente alargado.
A paciente tem clínica de distúrbio da hemostasia primária: sangramento de pele, mucosas e hipermenorréia.
Paralelamente, apresenta plaquetas normais e TTPa alargado (alteração na via intrínseca).
Trata-se de DOENÇA DE VON-WILLEBRAND, uma forma de disfunção plaquetária. Nos casos mais graves, pode resultar em um déficit do fator 8 (para o qual o fVW é um “escudo”), que se expressa com o alargamento do TTPa
Paciente em uso de varfarina procura o PA com sangramento gengival e urinário. RNI = 10.
Qual é a conduta?
Antes de responder, vamos aprender a conduzir os eventos com alargamento do RNI em pacientes em uso de cumarínicos (lembrando que a faixa terapêutico normalmente é entre 2 e 3):
RNI alargado COM sangramento:
- Sangramento LEVE-MODERADO → SUSPENDER + vitamina K ORAL;
- Sangramento GRAVE (ex: intracraniano) → vitamina K EV (10mg) + FATORES PRONTOS (PFC, complexo protrombínico ou fator VII recombinante).
RNI alargado SEM sangramento:
- RNI < 5 → SUSPENDER e reintroduzir com dose reduzida quando normalizar;
- RNI = 5 a 9 → + CONSIDERAR a vitamina K.
- RNI > 9 → + VITAMINA K.
Logo, nesse caso, devemos suspender o medicamento e administrar vitamina K oral (pois o sangramento não é grave).
📌 Em caso de cirurgias, procedemos da seguinte maneira com os cumarínicos:
- Emergência → suspender varfarina + dar PFC + vitamina K EV ou SC (5-10mg);
- Urgência (daqui a 1 a 4 dias) → suspender + dar vitamina K oral (2-4mg);
- Eletiva com risco de sangramento em pacientes com baixo risco de trombose → suspende 5 dias antes e libera o procedimento se RNI < 1,5;
- Eletiva com risco de sangramento em pacientes com alto risco de trombose → suspende 5 dias antes e inicia heparina 12h depois (ou quando o INR for inferior a 2) → libera se RNI < 1,5, suspendendo HBPM 12h-24h antes do procedimento ou HNF 4-6h antes.
- Eletiva sem risco de sangramento → não suspende.
Como é feito o diagnóstico da púrpura trombocitopênica imune por heparina?
Qual é a conduta?
O uso de heparinas é uma causa secundária de PTI. Ocorre devido à uma reação imune contra a heparina, que por reação cruzada opsoniza as plaquetas e as ativa. Ou seja: têm-se um quadro paradoxal de PLAQUETOPENIA + TROMBOSE!
CRITÉRIOS:
- Queda em mais de 30-50% do total de plaquetas (porém mantendo >20.000)
- 5-15 dias após o início do uso de heparina
- Novo episódio de trombose
- Ausência de outro diagnóstico
Como conduta, deve-se substituir a heparina pelos novos anticoagulantes (dabigatran ou rivaroxabana)
O que indicam os exames de Capacidade Total de Ligação do Ferro (CTLF ou TIBC) e de Índice de Saturação da Transferrina (IST)? Quais são os valores de referência?
CTLF (VR = 250-360) = massa total de sítios de transferrina (tanto os ligados quanto os não ligados ao ferro) → logo, é uma medida indireta da transferrina.
IST (VR = 30-40%) = percentual de sítios de transferrina ocupados por ferro.
Logo, parecem ser semelhantes mas não são. Nas doenças crônicas, pelo estado inflamatório, reduzirá a transferrina (proteína inflamatória negativa). Logo, a IST fica normal ou pode até subir, enquanto a CTLF reduz.
Na anemia ferropriva, há aumento na produção da transferrina com o objetivo de aumentar o transporte de ferro → logo, CTLF vai aumentar e IST reduzir.
Quais são os achados laboratoriais na anemia ferropriva?
Qual é a conduta?
A anemia ferropriva é microcítica e hipocrômica, caracterizada por: Ferritina e Fe sérico reduzidos (ambos < 30)
- Capacidade total de ligação do ferro (TIBC) aumentado (>360), refletindo o aumento compensatório da transferrina
- Índice de saturação da transferrina reduzido (<10%), já que ocorre aumento da transferrina e redução do ferro disponível para ocupá-la.
A reposição é feita com 120-200 mg/dia de ferro elementar nos adultos (para crianças: 3-5 mg/Kg/dia)
📌 Lembre-se: nos adultos, sobretudo >50 anos, a anemia ferropriva é um sinal de alerta para sangramento do TGI, que devem ser investigados com colonoscopia!
Qual é a patogênese da anemia de doenças crônicas e como é feito o diagnóstico diferencial para a anemia ferropriva?
A anemia de doenças crônicas é fruto do estado pró-inflamatório no organismo, resultando em baixa biodisponibilidade de ferro.
Está relacionada à ELEVAÇÃO DA HEPCIDINA, uma substância que inibe a absorção intestinal de ferro.
O Fe sérico é diminuido, mas diferentemente da anemia ferropriva, a ferritina fica normal ou aumentada, e pode haver redução do TIBC (já que a transferrina é uma proteína de fase aguda negativa).
Lactente de 18 meses, sabidamente portador de drepanocitose, levado ao PA por dispneia, taquicardia e febre de 38,5. Ao exame, sat O2 = 89% com crepitações nas bases dos hemitórax bilateralmente. RX demonstrando pequena condensação pulmonar em ambas as bases.
Qual é o diagnóstico e conduta?
SÍNDROME TORÁCICA AGUDA.
Critérios: infiltrado pulmonar novo + 1: febre, tosse, dor torácica, expectoração purulenta, dispneia ou hipoxemia.
Habitualmente é desencadeada por uma infecção respiratória.
O tratamento consiste em: INTERNAÇÃO, hidratação, oxigenioterapia se SatO2 < 92% e analgesia.
Faz-se antibioticoterapia em caso de febre > 38.5, hipotensão, Hb < 5 ou leucopenia < 3 mil. Lembre-se que é necessário cobrir as bactérias encapsuladas, que são as principais causadoras de sepse nos pacientes com hipoesplenismo (ex. ampicilina)
Posteriormente, para prevenção secundária, introduz-se hidroxiuréia.
📌 Cuidado: NÃO se deve HIPERhidratar
Paciente de 6 meses, medicado com sulfametoxazol-trimetoprima. Após 36h, apresenta icterícia, queda da hemoglobina com reticulocitose, hemoglobinúria e presença de corpúsculos de Heinz no esfregaço sanguíneo.
Qual é o diagnóstico, sua patogênese e o tratamento?
Paciente com anemia aguda, reticulocitose e icterícia, claramente apresenta hemólise. A hemoglobinúria sinaliza que se trata de hemólise intravascular (lembre-se que, por isso, pode se acompanhar de NTA!).
Note também que o quadro foi desencadeado após o uso de sulfa. Trata-se, provavelmente, de DEFICIÊNCIA DE G6PD!
Esta é uma causa de anemia devido a um defeito enzimático intracelular, que deixa as células vulneráveis ao estresse oxidativo. Com isso, está relacionada a agentes desencadeantes, como infecções e certos medicamentos (“Gaveta Seis P D”): naftalina, nitrofurantoina, sulfas, primaquina e dapsona.
Não há tratamento!
Lactente de 15 meses com anemia falciforme é levado ao PA devido à palidez importante, sonolência e dor abdominal. Ao exame: taquicárdico, baço palpável a 5 cm do rebordo costal; Hb = 4,5
Qual é a principal HD e a conduta?
CRISE DE SEQUESTRO ESPLÊNICO é a principal hipótese para esse paciente: falcêmico, com menos de 2 anos, agudização da anemia e esplenomegalia.
Ocorre devido a acúmulo intraesplênico de grandes volumes de sangue.
O tratamento consiste em transfusão sanguínea e correção da hipovolemia. Indica-se esplenectomia cirúrgica para prevenção de recorrência e profilaxia para germes encapsulados com penicilina V oral, no mínimo até os 5 anos de idade → cuidado com PEGADINHAS de prova, pois é penicilina V oral e não penicilina benzatina!
📌 O principal diagnóstico diferencial é a crise aplásica, desencadeada por uma infecção do Parvovírus B19. Nesse caso, entretanto, ocorre reticulopenia.
OBS: vale lembrar que a principal causa de morte nas crianças falcêmicas é a infecção por germes encapsulados. O pneumococo costuma ser a principal bactéria envolvida nas infecções, mas a Salmonella predomina na osteomielite.
📌 Nos adultos, a principal causa de morte é a STA.
Criança de 3 anos com história de anemia grave, crescimento inadequado e deformidades ósseas, com fáscies de esquilo. O baço é palpável na altura da cicatriz umbilical.
Exames: Hb = 4 / VCM = 62 / reticulócitos = 8% / GL = 1500 / Plaq = 80 mil / Corpúsculos de Howell-Jolly à microscopia óptica.
Qual é o diagnóstico ?
Temos uma criança com quadro de pancitopenia, incluindo anemia microcítica e hiperproliferativa. Associam-se deformidades ósseas.
O quadro é típico de BETA-TALASSEMIA MAIOR, uma hemoglobinopatia causada por mutação homozigota B0B0, que torna o indivíduo incapaz de produzir cadeias beta da globina.
Menino de 1 ano, nascido a termo, recebeu aleitamento materno exclusivo até 6 meses e está em uso de reposição profilática de ferro desde então. Apresenta anemia leve, com Hb = 10,1 / VCM = 68 / HCM = 22 / RDW = 12% / GL = 6.000 / Plaq = 300.000.
Qual é a principal hipótese diagnóstica e a sua patogênese?
Essa criança apresenta anemia leve, hipocrômica e muito MICROCÍTICA (VCM < 75). Note que o RDW É NORMAL e não há fatores de risco para deficiência de ferro, o que nos direciona para o diagnóstico de BETA-TALASSEMIA MENOR.
Trata-se de uma hemoglobinopatia hereditária, em que o paciente é heterozigoto para a mutação B0 ou B+ (traço talassêmico). Isso resulta em quadros de anemia leve e assintomática, sem tratamento específico.
Para diagnóstico diferencial da anemia ferropriva, poderiamos recorrer também à cinética de ferro, que é normal na beta-talassemia.
Paciente de 9 meses de idade apresentando palidez, icterícia e baço palpável a 3 cm do rebordo costal. Exames laboratoriais mostram Hb = 5,2 / VCM = 80 / CHCM = 40 / Reticulócitos = 15% / RDW = 17%. Série branca e plaquetas sem alterações. Possui um pai e um tio com história semelhante, que realizaram esplenectomia na adolescência.
Qual é a HD mais provável, sua patogênese e o exame confirmatório?
Temos uma criança com anemia grave hiperproliferativa, apresentando esplenomegalia, CHCM aumentado (VR 32-35) e anisoscitose. Além disso, possui HF semelhante.
Trata-se provavelmente de uma quadro de ESFEROCITOSE hereditária, um defeito da MEMBRANA das hemácias (deficiência de anquirina) que promove hemólise esplênica e a ESPLENOMEGALIA característica. Nessa doença, as hemácias ficam contraídas, gerando aumento do CHCM (anemia HIPERCRÔMICA).
O diagnóstico pode ser confirmado pelo TESTE DE FRAGILIDADE OSMÓTICA, que estará aumentado.
O tratamento é feito com ESPLENECTOMIA (após os 5 anos), para os pacientes com anemia grave (Hb < 8 ou Ret > 10%) ou com repercussões clínicas.
Paciente de 50 anos com história de fraqueza progressiva, palpitações e dispneia aos esforços nos últimos meses. Ao exame, apresenta palidez, icterícia leve, ponta de baço palpável. Exames laboratoriais mostram: Hb = 5,4 / VCM = 90 / Reticulócitos = 5%.
Ao fazer provas de compatibilidade para a transfusão de sangue, elas foram persistentemente positivas.
Qual é a HD mais provável, sua patogênese e tratamento?
Paciente com anemia hemolítica adquirida, icterícia e esplenomegalia leves, deve levantar a suspeita de ANEMIA HEMOLÍTICA AUTOIMUNE, sendo que a forma por anticorpos quentes (IgG) é mais frequente.
A causa idiopática é a mais comum, mas lembre-se que doenças linfoproliferativas e alguns medicamentos também podem estar associados: LES, leucemia linfocítica crônica, linfoma não-Hodgkin, alfametildopa e penicilina.
O exame de COOMBS DIRETO É POSITIVO, sinalizando a presença de anticorpos acoplados à membrana das hemácias. Também pode-se escontrar MICROESFERÓCITOS ao esfregaço
O tratamento de primeira linha é feito com PREDNISONA, podendo-se recorrer ao infliximab ou esplenectomia para os refratários.
Qual é o perfil laboratorial genérico das anemias hemolíticas?
O laboratório básico de uma ANEMIA HEMOLÍTICA revela:
- Anemia normo ou macrocítica
- Aumento de reticulócitos (>2%), sinalizando uma anemia HIPERPROLIFERATIVA
- Aumento de bilirrubina indireta e de LDH, como consequência da morte das hemácias
- Redução da haptoglobina, que é uma proteína plasmática que se liga à globina (tóxica) para permitir sua degradação hepática.
- Lembre-se: a hemoglobina é composta pelo grupo heme + globina. O heme é degradado em ferro + protoporfirina, que por sua vez é metabolizada em biliverdina e, em seguida, em bilirrubina indireta (insolúvel).
Paciente de 45 anos com HP de hipotireoidismo. Queixa-se de astenia, parestesias em extremidades e dificuldade de deambulação. Ao exame, apresenta palidez, queilite angular e língua despapilada.
Qual é a principal HD e o quadro laboratorial esperado?
Essa paciente apresenta sinais de síndrome anêmica (astenia e palidez) + queilite angular e glossite, que são característicos de anemias carenciais + sintomas neurológicos.
Trata-se de um quadro clássico de ANEMIA MEGALOBLÁSTICA, sendo que as alterações neurológicas (cognitivas ou polineuropatia) falam a favor de carência de vitamina B12 (cobalamina) ao invés de B9 (ácido fólico).
A presença de hipotireoidismo aumenta o risco de GASTRITE ATRÓFICA AUTOIMUNE, que é a principal causa de carência de B12 (anemia perniciosa), uma vez que o fator intrínseco produzido pelas células parietais é necessário para a absorção ileal da B12.
A anemia megaloblástica caracteriza-se por ERITROPOIESE INEFICAZ, devido a uma deficiência na síntese de DNA. Assim, as características laboratoriais são: anemia MACROCÍTICA (VCM > 100); possível pancitopenia com NEUTRÓFILOS HIPERSEGMENTADOS (patognomônico); aumento de bilirrubina indireta e de LDH.
Além disso, há ACÚMULO de HOMOCISTEÍNA (ocorre na deficiência de B9 ou B12) e, exclusivamente na deficiência de B12, de ácido METILMALÔNICO.
📌 Por conta da hemólise intramedular, a anemia megaloblástica também pode ter alterações hemolítica como aumento de LDH e de Bb indireta. Porém, não há reticulocitose.
Qual mutação determina o CROMOSSOMO PHILADÉLFIA?
Qual proteína é transcrita a partir dele e ele é um marcador de qual doença?
O CROMOSSOMO PHILADÉLFIA é formado a partir da translocação (9,22), originando o gene mutante BCR/ABL. Ele transcreve a proteína TIROSINA-QUINASE, que estimula a proliferação de células mielóides adultas.
É marca obrigatória da LEUCEMIA MIELÓIDE CRÔNICA necessária para o diagnóstico, porém não é patognomônico. Também pode ser encontrado na LLA, conferindo pior prognóstico.
Mulher de 20 anos com queixa de dispnéia aos esforços, febre >38 com sudorese noturna e perda de peso >10% nos últimos 6 meses. Apresenta massas cervicais que se tornam dolorosas após o consumo de bebidas alcóolicas. TC de tórax evidenciou também massas mediastinais.
Qual é o diagnóstico mais provável? Qual é o exame confirmatório e a imunofenotipagem associada?
Mulher jovem com sintomas B e linfonodomegalias de DISTRIBUIÇÃO CENTRAL, que se tornam dolorosas após álcool. Figura de livro de LINFOMA DE HODGKIN.
O subtipo mais frequente, e que é o principal em pacientes jovens, é o ESCLEROSE NODULAR.
O diagnóstico deve ser confirmado com a BIÓPSIA EXCISIONAL dos linfonodos suspeitos, demonstrando desorganização da estrutura, infiltração por células inflamatórias e CÉLULAS ATÍPICAS DE REED STERNBERG. A imunofetipagem esperada é de CD15 e CD30 positivos.
Escolar com história de linfadenomegalia simétrica, palidez cutâneo-mucosa, febre, hepatoesplenomegalia, dor óssea e manifestações hemorrágicas nos membros.
Qual é a principal HD?
Qual é o achado esperado à citoquímica e imunofenotipagem?
LEUCEMIA LINFOCÍTICA AGUDA, que é a neoplasia mais comum na infância.
São manifestações típicas da LLA: DOR ÓSSEA (principalmente em MMII), LINFADENOMEGALIA, ESPLENOMEGALIA, infiltração de testículos e de SNC.
A maioria dos casos cursa com ANEMIA normo-normo sem reticulocitose, LEUCOCITOSE (às custas de linfócitos) e TROMBOCITOPENIA.
A confirmação das leucemias agudas é feita com biópsia de medula e mielograma. Espera-se medula óssea com ≥ 20% DE BLASTOS, células que se coram pelo PAS e marcadores:
- Linfócitos B: CD19, 20 e 10;
- Linfócitos T: CD3 e 7.
📌 Dica → os linfócitos T normais são CD4 e CD8… quando são crianças, são CD3 e CD7.
Paciente de 31 anos com quadro iniciado há 21 dias de fraqueza, dores nas pernas, picos febris e sangramento gengival. Apresentava palidez mucocutânea, equimose em região malar esquerda e volumoso hematoma em coxa. Não havia hepatoesplenomegalia ou linfonodomegalias. Exame mostraram:
Hb = 9 / Leucócitos = 11.000, com 40% de blastos, 25% de promielócitos, 25% de segmentados e 10% de linfócitos / Plaquetas = 12.000 / fibrinogênio = 120 (VR: 200-400).
Qual é a HD? Qual é o achado esperado à citoquímica e imunofenotipagem?
Temos um paciente com sintomas constitucionais, PANCITOPENIA e acúmulo de BLASTOS. Perceba também que na contagem diferencial NÃO há células maduras da linhagem mielóide (neutrófilos, basófilos ou eosinófilos). Trata-se, portanto, de LEUCEMIA MIELÓIDE AGUDA, que é mais comum em HOMENS IDOSOS.
Mais especificamente, a hipofibrinogenemia e manifestações hemorrágicas importantes sugerem CIVD e o subtipo M3 (promielocítica).
Note que ele não apresenta leucocitose ou infiltração tecidual, o que sinaliza que ainda está na fase de ocupação medular.
Espera-se células que se coram pela MIELOPEROXIDASE e marcadores CD 33, 34, 14, 13 (“regra de telefone”). Outro achado característico são os BASTONETES DE AUER (inclusões citoplasmáticas eosinofílicas).
📌 Lembre-se que a LMA é a LEUCEMIA MAIS COMUM NO MUNDO.
Homem de 46 anos com história de febre baixa diária e sudorese noturna há 15 dias, além de perda de peso considerável nos últimos 2 meses. Ao exame, apresenta esplenomegalia (há 2cm do rebordo costal). Hemograma mostra: Hb = 10,6 / leucócitos = 29.000 / bastonetes = 12% / metamielócitos = 6% / promielócitos = 4% / blastos = 1% / eosinófilos = 3 % / basófilos = 2 % / plaquetas = 150.000.
Qual é a HD mais provável?
Temos um paciente com síndrome consumptiva, anemia, ESPLENOMEGALIA, e leucocitose importante, com NEUTROFILIA de acentuado desvio para a esquerda, além de BASOFILIA e eosinofilia. O quadro é sugestivo de LEUCEMIA MIELÓIDE CRÔNICA. Note que o percentual de blastos é muito pequeno, diferentemente do que ocorre na LMA.
É caracterizada pela mutação do CROMOSSOMO PHILADELFIA, com proliferação de um clone neoplásico que é capaz de se diferenciar em células maduras da linha mielóide. Portanto, há intensa LEUCEMIZAÇÃO, com aumento dos neutrófilos e seus precursores, além de basófilos e eosinófilos. A esplenomegalia importante se deve há infiltração tecidual.
O IMATINIBE (Gleevec), que é um INIBIDOR DE TIROSINA QUINASE, revolucionou o tratamento, que antes era feito somente com TMO.
📌 Lembre-se que a LMC é a LEUCEMIA MAIS COMUM NO OCIDENTE.
Homem de 70 anos, hígido. Realiza exames laboratoriais que mostram anemia (Hb = 8,9), linfocitose (16.000) e aumento de LDH.
Foi solicitada imuno-histoquímica que mostra linfócitos maduros com expressão de antígeno CD5.
Qual é o diagnóstico e os fatores que se associam a mau prognóstico?
Idoso com LINFOCITOSE ≥ 4000 deve levantar a suspeita de LEUCEMIA LINFOCÍTICA CRÔNICA, sobretudo quando houver LINFADENOPATIA difusa e AUMENTO DE LDH.
Há predomínio de linfócitos maduros (mutação de LINFÓCITOS B) e a imunofenotipagem mostra o marcador CD5, selando o diagnóstico. Há também HIPOGAMAGLOBULINEMIA, que predispõe a INFECÇÕES de repetição.
A presença de ANEMIA e, sobretudo, TROMBOCITOPENIA marcam os estágios mais avançados (RAI III e IV), que são os únicos para os quais se indica tratamento quimioterápico (clorambucil ou fludarabina).
Paciente com suspeita de mieloma múltiplo foi submetido eletroforese de proteínas e imunoeletroforese que demonstraram pico monoclonal de IgM. Qual é a HD?
Mieloma múltiplo com pico de IgM é muito raro, de modo que nesses casos a principal HD é MACROGLOBULINEMIA DE WALDENSTROM, uma doença em que LINFÓCITOS plasmocitóides CD20+ produzem IgM.
Quais são as características suspeitas de malignidade em um linfonodo?
- Localização supraclavicular ou escalênica
- Consistência endurecida, aderidos a planos profundos
- Crescimento progressivo
- Tamanho >1,5 x 1,5 cm
- Ausência de sinais inflamatórios