CLM - Reumatologia Flashcards
Colagenoses, artrites, vasculites, miopatias inflamatórias
Homem de 56 anos, obeso, apresenta há 3 dias dor de forte intensidade e início súbito em joelho direito, com aumento de volume e calor local. Tem episódios prévios de artrite da primeira articulação metatarsofalangeana direita.
Qual seria o exame confirmatório da principal HD e o tratamento agudo?
A principal hipótese é de ARTRITE GOTOSA: monoartrite aguda de articulações periféricas, em paciente com perfil epidemiológico compatível.
O exame confirmatório, importante para a exclusão de artrite séptica, é a ANÁLISE DO LÍQUIDO SINOVIAL, demonstrando birrefringência negativa nos leucócitos (principalmente macrófagos sinoviais).
O tratamento agudo é feito com AINES (primeira escolha atualmente) e/ou COLCHICINA.
Como é feito o tratamento de manutenção na artrite gotosa?
A longo prazo, para evitar a recorrência de crises agudas de gota, utiliza-se hipouricemiantes: ALOPURINOL (inibidor da xantina-oxidase, de modo que reduz a síntese de ácido úrico)
Homem de 72 anos com dor intensa e edema em ambos os joelhos imediatamente após cirurgia de hérnia inguinal. Há sinais inflamatórios em ambos os joelhos com grande derrame articular. A artrocentese revela presença de cristais birrefringentes positivos no líquido sinovial. A coloração do gram é negativa. Qual é o diagnóstico mais provável?
Artrocentese com cristais birrefringentes POSITIVOS aponta para o diagnóstico de PSEUDOGOTA, que é causada pela deposição de cristais de pirofosfato de CÁLCIO, mais comumente nos JOELHOS. À radiografia, é clássico observar condrocalcinose dos meniscos.
Como é feito o diagnóstico da febre reumática de acordo com os critérios de Jones?
O diagnóstico da febre reumática possui como critério obrigatório a evidência laboratorial de infecção recente pelo Streptococcus pyogenes: sorologia para ASLO ou anti-DNase B; ou cultura de orofaringe positiva.
Além disso, de acordo com os critérios de Jones, deve haver 2 ACHADOS MAIORES ou 1 MAIOR + 2 MENORES:
- MAIORES: artrite, cardite, coréia de Sydenham, eritema marginado ou nódulos subcutâneos;
- MENORES: artralgia, alargamento do iPR, febre ou aumento de PCR/VHS.
📌 Lembre-se que a febre reumática só ocorre após FARINGITE (e não piodermites). O tratamento precoce da faringite com penicilina, nos primeiros 9 dias, é prevenção primária para a ocorrência da febre reumática.
📌 Os nódulos e o eritema estão relacionados à cardite. Especialmente, os nódulos denotam mau prognóstico.
Quais são as indicações de profilaxia secundária na febre reumática?
Pacientes com febre reumática tem chance de recorrência de doença aguda em torno de 50% na presença de um novo contato com o Streptococcus pyogenes.
Por isso, TODOS os pacientes com febre reumática devem receber PROFILAXIA SECUNDÁRIA com PENICILINA BENZATINA a cada 21 dias (ou sulfadiazina, em caso de alergia).
A duração depende do grau de acometimento cardíaco:
- Sem cardite → até os 21 anos (considerando um mínimo de 5 anos após o último surto)
- Com cardite leve curada ou insuficiência mitral leve → até 25 anos (considerando um mínimo de 10 anos após o último surto)
- Lesão valvar moderada/grave → até 40 anos; para pacientes que têm muito contato com crianças, considerar manter ad eternum
Paciente masculino de 26 anos queixa-se de dor articular e febre há 2 semanas. O quadro se iniciou com febre elevada e edema articular nos dedos das mãos durante 3 dias, progredindo para artrite em punho esquerdo e, posteriormente, joelho esquerdo.
Ao exame, notam-se lesões pustulosas em antebraços, articulações dorsais das mãos com tenossinovite, joelho com sinais flogísticos, sensível a palpação e movimentação e com limitação de amplitude. Artrocentese mostrou líquido amarelado, 15.000 leucócitos com predomínio de polimorfonucleares e glicose baixa.
Qual é a principal HD e o tratamento?
Dor articular associada a perda de arco de movimento e febre alta deve levantar a HD de artrite séptica. O derrame articular do paciente, purulento e com polimorfonucleares, fortalece essa hipótese.
O quadro é sugestivo de ARTRITE SÉPTICA GONOCÓCCICA, que é a principal etiologia em adultos jovens (20-30 anos) sexualmente ativos.
Possui 2 apresentações típicas que podem ter caráter evolutivo, como ocorreu com nosso paciente:
1) Síndrome artrite-dermatite (fase da gonococcemia): febre alta + envolvimento poliarticular (pode haver tenossinovite) + lesões cutâneas (vesículas ou pústulas indolores, com predomínio em extremidades). Nessa fase, geralmente hemoculturas são positivas e artrocentese negativa
2) Artrite supurativa (fase monoarticular)
A conduta é antibioticoterapia inicialmente empírica (atraso no início do tratamento pode resultar em destruição articular) + punção articular diária por 7-10 dias. Geralmente, utiliza-se oxacilina (cobertura de S.aureus) + CEFTRIAXONA (cobertura de Hib, gonococo e pneumococo)
Paciente de 32 anos de idade relata quadro de dor lombar iniciada há 4 dias, seguida de dor em joelho esquerdo, tornozelo direito e punho direito. Nega comorbidades ou uso de medicamentos. Relata ter apresentado quadro diarréico 1 semana antes dos sintomas atuais. Ao exame: afebril, aumento de volume e temperatura em joelho esquerdo, dor à palpação de inserção do tendão aquileu no calcâneo direito e dor à palpação e mobilização do punho direito.
Qual é a principal HD e a conduta?
Paciente jovem com quadro AGUDO de dor lombar (provável sacroileíte), OLIGOARTRITE PERIFÉRICA ASSIMÉTRICA e ENTESITE (dor na inserção do aquileu), 1 semana após um quadro de DIARREIA. O quadro é sugestivo de ARTRITE REATIVA.
Pode ter manifestações superficiais → QUERATODERMA BLENORRÁGICO, BALANITE CIRCINADA, CONJUNTIVITE, URETRITE.
Ocorre inflamação das articulações como resultado de uma infecção, porém sem que haja invasão do espaço articular (estéreis); a patogênese se deve provavelmente à deposição de imunocomplexos ou agressão direta por reação cruzada. Salmonella, Shigella e Campylobacter podem ser os agentes etiológicos relacionados ao quadro intestinal.
O diagnóstico é clínico-epidemiológico, e não são necessários exames complementares.
📌 O principal agente é a CLAMÍDIA, mas não no quadro gastrintestinal prévio.
O tratamento é feito com AINEs.
Mulher de 38 anos, branca, refere dor e edema em articulações das mãos, bilateralmente, há seis meses. Há 2 meses, vem notando também deformidades. Ao exame: afebril, pele com eritema descamativo periungueal em mãos, unhas com irregularidades em suas superfícies (depressões puntiformes), articulações interfalangeanas proximais e distais com aumento de volume e hiperemia.
Qual é a principal hipótese diagnóstica e o tratamento?
Paciente com quadro articular e alterações cutâneas e ungueais (pitting) direcionam o diagnóstico para ARTRITE PSORIÁSICA.
O quadro articular é muito variado e pode ser diagnóstico diferencial de diversas doenças, mas a apresentação mais frequente é de poliartrite periférica simétrica, semelhante à AR, porém soronegativa.
O tratamento inicial é feito com AINEs, progredindo para DARMs nos casos refratários. Para as lesões cutâneas, normalmente são usados corticóides tópicos. Uso sistêmicos de corticóides NÃO é recomendado.
Lembre-se: o acometimento das articulações interfalangeanas DISTAIS fala contra o diagnóstico de AR.
Um paciente de 24 anos refere lombalgia com padrão inflamatório há 1 ano. O exame físico revela a presença de entesites e, ao teste de Schober, a distância aferida entre os pontos de referência é de 12 cm.
Além disso, conta que há 2 meses apresentou dor e hiperemia ocular à direita, sem secreção.
Qual é a HD, os exames confirmatórios e o tratamento?
Paciente jovem (<45 anos) com lombalgia crônica (> 3 meses), teste de Schober positivo (<15 cm) entesite e, ainda, história sugestiva de uveíte anterior. Esse é quadro clássico de ESPONDILITE ANQUILOSANTE.
O diagnóstico pode ser confirmado pela presença do gene HLA-B27 positivo OU por evidência imagiológica de SACROILEÍTE (visualizada como esclerose óssea nas articulações sacroilíacas).
O tratamento inicial é feito com AINEs e fisioterapia. Quadros refratários podem ser tratados com inibidor de TNF-alfa.
Quais características sugerem uma lombalgia de padrão inflamatório?
4 critérios definem uma lombalgia inflamatória, enquanto a presença de apenas 3 critérios é “sugestiva”:
- Início antes dos 40 anos
- Início insidioso
- MELHORA com o exercício
- NÃO melhora com repouso (oposto do que é esperado na dor de padrão mecânico)
- Dor durante a noite que tem alívio ao se levantar
Paciente de 4 anos iniciou há 7 semanas com quadro de claudicação da marcha. Apresenta dor, calor, rubor e edema em joelho direito, que progrediu de forma cumulativa para joelho esquerdo, tornozelo direito e punho direito. Os exames complementares mostraram hemograma normal, VHS = 68, PCR > 40, látex negativo, FAN reagente = 1/320 com padrão pontilhado fino.
Qual é a HD mais provável?
Paciente com menos de 16 anos, apresentando artrite persistente (> 6 semanas), com elevação de marcadores inflamatórios. O quadro é bastante sugestivo de ARTRITE IDIOPÁTICA JUVENIL.
Esta criança apresenta a forma clínica mais comum, que é a OLIGOARTRITE (até 4 articulações acometidas). Assim como no caso, o pico de incidência ocorre em menores de 5 anos. O FAN pode ser positivo e geralmente o fator reumatóide é negativo (teste do látex negativo).
Mulher de 40 anos, há 3 meses com artrite em ambos os tornozelos + 1a metacarpofalangeana da mão direita + 1 e 2a metacarpofalangeanas e 3a interfalangiana proximal da mão esquerda.
Apresenta também rigidez maginal de 40 minutos. Ao exame, apresenta edema nas referidas articulações e nódulos de consistência borrachosa em face extensora dos antebraços. PCR e VHS estavam elevados.
Qual é o provável diagnóstico e os exames que devem ser solicitados para a confirmação?
Mulher de meia idade, com POLIARTRITE incluindo PEQUENAS articulações, de evolução > 6 semanas e elevação de marcadores inflamatórios - representa o quadro típico da ARTRITE REUMATÓIDE. Apresenta, ainda, nódulos subcutâneos, que são uma manifestação extra-articular típica da doença.
Um diagnóstico unicamente clínico seria possível caso houvesse artrite crônica de mais de 10 articulações, incluindo pelo menos 1 pequena.
Para a nossa paciente, o diagnóstico pode ser confirmado pela dosagem de autoanticorpos:
- FATOR REUMATÓIDE → no entanto, se negativo, não permite descartar a doença;
- Anti-CCP → mais ESPECÍFICO (apesar dos dois serem igualmente sensíveis).
📌 Ambos tem valor prognóstico, e seus títulos estão diretamente relacionados à pior prognóstico articular e à ocorrência de manifestações extra-articulares da doença. No entanto, não são indicados para o acompanhamento dos pacientes.
Quais são as manifestações extra-articulares na artrite reumatóide?
Mnemônico: PEnsei NO Sofrimento DE VArrer a CAsa
- Pericardite
- Nódulos: subcutâneos, cardíacos, pulmonares
- Sjogren
- Derrame pleural: tipicamente exsudativo
- Vasculites
- Síndrome de Caplan: associação de AR com pneumoconioses, que culmina em fibrose pulmonar agressiva
Qual é o achado radiológico mais característico da artrite reumatóide?
As EROSÕES MARGINAIS são típicas da AR. Ocorrem pois a sinovite proliferativa leva à formação de pannus intra-articular, erodindo a superfície articular em suas porções periféricas.
📌 Lembre-se que essa é uma manifestação TARDIA e irreversível, que usualmente pode ser evitada com tratamento precoce e adequado
Menina de 11 anos apresenta artrite crônica em ambos os joelhos, tornozelos, punhos e quadril direito há 6 meses. Apresenta fator reumatóide positivo.
Qual é a HD e o que indica ao FR positivo?
Criança/adolescente com menos de 16 anos e artrite crônica sugere um grupo de doenças denominado ARTRITE IDIOPÁTICA JUVENIL.
Uma das formas clínicas, pouco comum e que é geralmente observada em adolescentes (10-16 anos), é a uma POLIARTRITE (à partir de 5 articulações) COM FATOR REUMATÓIDE POSITIVO.
Neste caso, a positividade do FR se relaciona a um PIOR PROGNÓSTICO ARTICULAR.
Quais são as manifestações extra-articulares relacionadas à espondilite anquilosante?
- Uveíte anterior, geralmente recorrente, é a manifestação mais frequente (presente em 30-50% dos casos)
- Nefropatia por IgA
- Insuficiência aórtica
- Fibrose pulmonar bolhosa
Mulher de 45 anos é avaliada com poliartrite em ambas as mãos (1, 2 e 3 metacarpofalangeanas + 3 e 4 interfalangeanas proximais) e em ambos os joelhos. O quadro se iniciou há 2 meses e vem piorando, associado também a febre de até 38ºC e astenia.
O hemograma e o rastreio infeccioso foram normais (HIV e hepatites virais); FAN reagente 1:80 com padrão pontilhado fino; C3 e C4 normais; Fator Reumatóide positivo (teste do látex).
Qual é o diagnóstico e a conduta?
Nossa paciente já fecha o diagnóstico de ARTRITE REUMATÓIDE de acordo com os critérios mais recentes. Ela precisa de apenas 6 pontos do mnemônico DIAS:
- Duração > 6 semanas: 1 ponto
- Marcadores Inflamatórios (PCR ou VHS): 1 ponto
- Articulações: podem somar de 1-5 pontos, sendo que as articulações pequenas e uma maior quantidade pontuam mais (nossa paciente possui mais de 10 articulações acometidas, o que pontua 5)
- Sorologia: FR OU anti-CCP positivos
Portanto, feito o diagnóstico, devemos iniciar o tratamento com as DARMD. A principal delas é o METOTREXATO.
AINES e corticóides em dose antiinflamatória podem ser utilizados para controle sintomático, embora deva ser evitado o uso crônico.
Mulher de 34 anos queixa-se de que, há 6 meses, precisa de líquidos para facilitar a deglutição. Faz seguimento com oftalmologista por “irritação” e “sensação de areia” nos olhos, sendo identificadas ulcerações corneanas na última avaliação. Há 2 meses, tem tido também dor articular nas mãos e punhos.
Ao exame: artrite em punhos, 2a e 3a metacarpofalangeanas bilateralmente; mucosa oral seca e dentes em mau estado de conservação.
Qual é o exame mais indicado para o diagnóstico e, se confirmado, qual é a conduta?
Paciente com XEROFTALMIA e XEROSTOMIA deve levantar a hipótese de SÍNDROME DE SJOGREN, que cursa com acometimento autoimune das glândulas lacrimais e salivares. Pode cursar, também, com acometimento articular, cardíaco, pulmonar e gastrointestinal.
Os exames indicados para o diagnóstico são a BIÓPSIA ou CINTILOGRAFIA das GLÂNDULAS SALIVARES. A pesquisa dos auto anticorpos anti-Ro e anti-La também deve fazer parte da investigação (também chamados de anti-SSA e anti-SSB).
A princípio, o tratamento pode ser sintomático, com lágrima e saliva artificiais. No entanto, quando há manifestações sistêmicas, como a artrite, indicam-se corticóides e imunossupressores.
📌 Lembre-se: a doença reumatológica mais associada à Síndrome de Sjogren é a AR.
📌 O teste de SCHIRMER quantifica a quantidade de lágrima produzida utilizando um papel milimetrado.
Um homem de 50 anos procura atendimento com queixas de febre intermitente, anorexia, astenia, mialgia e artralgias. Vêm perdendo peso, pois segundo ele sente dor abdominal durante as refeições. Além disso, queixa-se de dor testicular aos estímulos sexuais. HP: hipertensão arterial de início recente e de difícil controle.
Ao exame: hipocorado, PA = 180:110 mmHg, RCR2T sem sopros; pulmões limpos; abdome sem alterações; sinais de orquite à direita; sinais de mononeurite múltipla ao exame neurológico.
Exames laboratoriais: anemia normocítica/normocrômica, trobocitose leve / Cr = 3,2 / Ur = 88 / Na = 140 / K = 3,2 / HbsAg positivo / HbcAg positivo / Anti-HBS negativo.
Qual é a principal HD e o exame que pode ser utilizado para a confirmação?
Vamos resumir: temos um homem com sintomas constitucionais + ANGINA MESENTÉRICA + ORQUITE + ACOMETIMENTO RENAL com HAS renovascular + MONONEURITE MÚLTIPLA + sorologia positiva para hepatite B. Note que ele NÃO possui sintomas pulmonares.
Nossa principal hipótese diagnóstica é, portanto, a POLIARTERITE NODOSA, uma vasculite de médio calibre.
Para o diagnóstico, podemos utilizar ANGIOGRAFIA mesentérica ou renal, que mostram múltiplos ANEURISMAS e estenoses, característicos da PAN.
📌 Lembre-se: a PAN POUPA PULMÃO! Isso é importante para o diagnóstico diferencial com a poliangeíte microscópica, que cursa com uma síndrome pulmão-rim. Além disso, a PAN é ANCA NEGATIVO.
📌 O acometimento renal da PAN não é por glomerulonefrite, mas sim por acometimento de arteríolas pré-renais.
Criança de 4 anos é levada ao pronto atendimento com queixa de febre, artralgia e dor abdominal. Ao exame físico, apresenta petéquias e lesões purpúricas em nádegas e membros inferiores. Não apresenta foco infeccioso identificável e a PA é normal. Os exames complementares mostram hemograma com contagem de plaquetas normal, creatinina sérica normal e urina com hematúria e proteinúria.
Qual é o diagnóstico e a conduta?
PÚRPURA DE HENOCH-SCHONLEIN (PHS), uma vasculite de pequenos vasos, mediada por IgA. É a vasculite mais comum da infância, e o quadro é frequentemente precedido por IVAS.
O diagnóstico é basicamente clínico, baseado em sinais e sintomas clássicos:
- Púrpura palpável gravidade-dependente;
- Artralgia não deformante;
- Vasculite intestinal: dor abdominal, diarréia, angina mesentérica, invaginação intestinal;
- Dor escrotal;
- Glomerulite com hematúria e elevação de IgA;
- PLAQUETAS NORMAIS ou aumentadas.
A complicação renal é responsável pela maior morbimortalidade, mas a biópsia renal só deverá ser feita nos casos graves. O tratamento é SUPORTIVO, e corticóides só são necessários em caso de complicações (renais, invaginação intestinal ou síndrome convulsiva).
📌 Diagnósticos diferenciais importantes incluem:
- PTI → também cursa com petéquias após IVAS, mas apresenta plaquetopenia e não apresenta a sintomatologia da PHS.
- Nefropatia de Berger → também há hematúria e elevação de IgA.
- AIJ → esta apresenta artrite crônica e pode ter uveíte.
Uma criança de 5 anos apresenta febre contínua há 6 dias, associada a odinofagia. Há 3 dias, iniciou também com rash cutâneo. Ao exame: hiperemia ocular bilateral, edema e fissuras orais, linfonodomegalia cervical bilateral e edema de punhos.
Quais é o diagnóstico e a conduta?
O diagnóstico é de DOENÇA DE KAWASAKI, uma vasculite de médio calibre típica da infância.
O diagnóstico é CLÍNICO, baseado em pelo menos 5 critérios:
- Febre há mais de 5 dias (obrigatório)
- Sufusão conjuntival bilateral
- Alterações em cavidade oral
- Linfonomegalia cervical
- Exantema polimorfo
- Alterações em extremidades
A principal complicação é o ANEURISMA DE CORONÁRIAS, que sempre deve ser pesquisado nos casos suspeitos com ECOCARDIOGRAMA.
A conduta consiste em IMUNOGLOBULINA (que reduz a incidência dos aneurismas) e AAS em doses antiinflamatórias.
Qual é a doença autoimune que, quando diagnosticada, possui maior probabilidade de estar associada a uma neoplasia oculta subjacente?
A DERMATOMIOSITE com frequência representa uma SÍNDROME PARANEOPLÁSICA. Por isso, sempre que for feito o diagnóstico, devem ser pesquisadas neoplasias ocultas.
Comumente, é secundária aos cânceres de ovário, mama, melanoma, cólon ou linfoma não Hodgkin.
Uma mulher de 30 anos queixa-se, há 6 meses, de sensação de fraqueza, dificuldades em pentear o cabelo e subir as escadas, e engasgos frequentes. Além disso, relata que com frequência as pontas dos dedos ficam pálidos e depois “roxos”.
Ao exame, apresenta edema e rash eritematovioláceo nas pálpebras superiores e região periorbitária, e também sobre as articulações metacarpofalangeanas e interfalangianas.
Qual é o diagnóstico e o tratamento?
Temos um quadro clássico de DERMATOMIOSITE. Mulher jovem com FRAQUEZA MUSCULAR PROXIMAL, disfagia e fenômeno de Raynaud, somados a algumas alterações cutâneas que são PATOGNOMÔNICAS: pápulas de Gottron e heliotropo.
Esses achados cutâneos, inclusive, permitem fechar o diagnóstico e dispensam a realização de biópsia muscular.
O tratamento é feito com CORTICÓIDES em dose imunossupressora (boa resposta), podendo ser associadas a outras drogas de ação imunológica (metotrexato, azatioprina).
Quais são os critérios diagnósticos de LES?
O diagnóstico de LES é baseado em 11 critérios clínico-laboratoriais, sendo que PELO MENOS 4 devem estar presentes para fechar o diagnóstico.
1) Rash malar;
2) Fotossensibilidade;
3) Lupus discóide;
4) Úlceras orais indolores;
5) Artrite não deformante;
6) Serosite: pericardite ou pleurite (incluindo derrames);
7) Citopenias autoimunes;
8) Acometimento renal: proteinúria ou cilindros celulares;
9) Acometimento neuropsiquiátrico;
10) FAN positivo;
11) Autoanticorpos específicos: Anti-sm, anti-DNAdh ou anti-fosfólipide.
📌 A partir de 2019, segundo a EULAR/ACR, a presença do FAN positivo é critério OBRIGATÓRIO para considerar LES.
Mulher de 20 anos é atendida com queixas de fraqueza, artrite em punho e metacarpofalangeanas, náuseas e vômitos.
Ao exame: PA = 170:100 mmHg / Hb 11 / GL 3.500 / Plaq 90.000 / Cr 3,5 / Ur 150 / VHS 60 / FAN de 1:1280 (pontilhado fino) / EAS com hematúria e cilindros hemáticos.
Qual é o diagnóstico e a conduta?
Temos um diagnóstico de LÚPUS, preenchendo 4 dos critérios: artrite + citopenias + cilindros celulares ao EAS + FAN positivo.
Note que a paciente tem uma perda aguda da função renal compatível com síndrome nefrítica, com importante elevação da creatinina e hematúria glomerular. Trata-se, portanto, de um quadro de NEFRITE LÚPICA grave, provavelmente correspondendo ao tipo IV (nefrite PROLIFERATIVA DIFUSA). Está é a forma de lesão renal mais comum no LES, e também a mais grave.
O tratamento destes casos com acometimento renal requer efeito imunossupressor rápido: CORTICÓIDES EM PULSOTERAPIA + CICLOFOSFAMIDA ou MICOFENOLATO.
Quais são os autoanticorpos associados a Síndrome do Anticorpo Antifosfolípide?
São 3 os autoanticorpos relacionados à SAF:
- Anticoagulante lúpico (é o mais ESPECÍFICO)
- Anticardiolipina
- Anti-beta2 glicoproteína
📌 Lembre-se: para o diagnóstico, basta 1 critério clínico compatível e positividade para 1 destes anticorpos, que deve se manter em 2 exames com intervalo de 12 semanas.
Mulher de 76 anos procurou atendimento com queixa de cefaléia intensa, unilateral à esquerda, iniciada há 30 horas. Refere também redução da acuidade visual à esquerda e claudicação mandibular quando mastiga. A região temporal esquerda apresenta-se sensível à palpação.
Qual é o diagnóstico mais provável e a conduta?
Quadro típico de ARTERITE TEMPORAL (também chamada de arterite de células gigantes). É uma vasculite de vasos de GRANDE CALIBRE, mais frequente em mulheres com > 50 anos.
A clínica clássica é de cefaleia, espessamento da artéria temporal, hipersensibilidade do escalpo e claudicação da mandíbula, como descrito no caso. Uma das complicações é o acometimento da artéria oftálmica, gerando AMAUROSE completa e irreversível.
O acometimento oftalmológico constitui uma URGÊNCIA REUMATOLÓGICA, e deve ser tratado com CORTICÓIDES EM PULSOTERAPIA. Usualmente, apresenta boa resposta
📌Lembre-se: cerca de metade dos casos possui associação com POLIMIALGIA REUMÁTICA.
Uma paciente de 35 anos apresenta fraqueza muscular proximal e simétrica, febre baixa recorrente e eletroneuromiografia sugestiva de miopatia. O anticorpo anti-Jo1 foi positivo.
Quais diagnósticos devem ser considerados? O que indica este anticorpo?
A paciente apresenta quadro sugestivo das miopatias inflamatórias idiopáticas: dermatomiosite e polimiosite.
O diagnóstico definitivo pode ser estabelecido com BIÓPSIA MUSCULAR.
Nestes pacientes, a positividade de auto anticorpo Anti-Jo1 (também chamado de anti-sintetase), se correlaciona a ocorrência de DOENÇA PULMONAR INTERSTICIAL.