CLM - Gastroenterologia Flashcards

Esôfago, estômago e intestinos

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1
Q

Exame padrão-ouro para avaliação de acalasia e espasmo esofageano difuso

A

Esofagomanometria

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Q

Mulher de 62 anos, procedente de área rural do sul da Bahia, com história de disfagia há 20 anos. Refere retorno do alimento para cavidade oral após alimentação. Esofagograma baritado demonstra esôfago com 8 cm de diâmetro e sinal do bico de pássaro.
Qual é o diagnóstico, a patogênese, o exame confirmatório e o tratamento?

A

Paciente com quadro clinico-radiográfico de ACALASIA, provavelmente por doença de Chagas, devido à epidemiologia.

Essa doença ocorre devido à destruição do plexo mioentérico de Auerbach, de modo que NÃO HÁ RELAXAMENTO adequado do esfíncter esofageano inferior.

O padrão-ouro para o diagnóstico é a MANOMETRIA, que demonstra as pressões elevadas dentro do esôfago.

Para os esôfagos com 7-10cm de diâmetro (Mascarenhas 3), trata-se com CARDIOMIOTOMIA À HELLER.

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3
Q

Definição e tratamento de espasmo esofageano difuso

A

Contrações simultâneas, vigorosas e longas do esôfago, gerando disfagia e precordialgia (é um diagnóstico diferencial importante de dor anginosa).

Trata-se com ansiolíticos, nitrato e nifedipina. Cirurgia de miotomia longitudinal para refratários

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4
Q

Homem de 35 anos com queixa diária de queimação retroesternal há 6 meses. O quadro piora quando se deita à noite, quando consome molho de tomate ou refrigerantes. Nega sintomas de epigastralgia ou plenitude pós-prandial. Iniciou uso de IBP por conta própria há 2 semanas, com melhora dos sintomas.
Qual é a HD ? Qual é o tratamento?

A

Quadro típico de DRGE.
Como esse paciente é jovem e sem sinais de alarme, podemos considerar o diagnóstico clínico a partir de teste terapêutico com IBP por 4 semanas. Caso haja resposta, prolonga-se o uso até completar 8 semanas.

Não é necessário solicitar EDA neste momento, pois sua sensibilidade é baixa para o diagnóstico. Ela é útil na suspeita de complicações ou com sinais de alarme (>40 anos, anemia, disfagia, perda ponderal), para pesquisa de câncer

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5
Q

Paciente de 35 anos com queixa de pirose e regurgitação ácida há 5 anos, dependente do uso de IBP em dose dobrada. Apresenta peso corporal normal, boa adesão às medidas dietéticas e ao uso de IBP.
Realizou exames: videoendoscopia digestiva alta mostrando hérnia hiatal tipo 1 de 3,5 cm e esofagite erosiva; manometria mostrando peristalse do esôfago normal e hipotonia acentuada de esfíncter inferior; pHmetria de 24 horas evidenciando refluxo ácido patológico.
Qual é o tratamento indicado?

A

Temos um paciente jovem com DRGE de longa data, refratária ao tratamento clínico otimizado.

Neste caso, de sintomas refratários a IBP ou recorrentes após sua suspensão, pode-se indicar tratamento CIRÚRGICO. Outras indicações seriam a presença de ESTENOSE péptica ou ÚLCERAS esofágicas.

Os exames solicitados confirmaram o diagnóstico e são os exames utilizados para planejamento pré-operatório:

  • PHMETRIA DE 24h: padrão-ouro para DRGE, indispensável no pré-op para confirmação do diagnóstico
  • MANOMETRIA: auxilia na indicação da técnica cirúrgica

A técnica utilizada é de FUNDOPLICATURA. Quando a manometria do esôfago demonstrar peristalse preservada, como nesse caso, faz-se a fundoplicatura TOTAL (NISSEN), com confecção de válvula curta.

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6
Q

Exame padrão-ouro para o diagnóstico do Ca de esôfago

A

EDA + biópsias

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7
Q

Causa mais comum de diarreia aguda

A

Diarréia infecciosa VIRAL

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8
Q

Bactéria mais envolvida com a síndrome hemolítico urêmica

A

E. coli Enterohemorrágica (EHEC O157:H7)

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9
Q

Homem de 72 anos internado na ortopedia por fratura de fêmur apresenta diarreia aquosa > 10 evacuações ao dia, sem sangue ou muco e dor abdominal difusa na última semana. Nega náuseas ou vômitos. Sinais vitais com temperatura entre 37 e 37,5°C por 2 dias. Exames laboratoriais evidenciam leucócitos de 17.500/mm³ com 4% de bastões; PCR = 50 mg/L; função renal normal e exames de fezes negativos. Solicitada retossigmoidoscopia flexível que evidenciou pseudomembranas no cólon.
Qual é a HD e conduta?

A

Paciente com fratura de fêmur certamente fez uso de ATB e evoluiu com diarréia e presença de pseudomembranas no cólon. Trata-se de COLITE PSEUDOMEMBRANOSA, causada pelo C. DIFFICILE. Deve ser feita a pesquisa de TOXINAS A e B (ELISA) ou PCR nas fezes para o diagnóstico.

📌 A negativação das toxinas não exclui completamente a possibilidade, pois têm baixa sensibilidade. Existe outro exame sensível além do PCR, porém pouco específico, chamado ‘GDH’ (glutamato desidrogenase), que pode auxiliar por ter bom VPN.

Tratamento:

  • Casos leves = METRONIDAZOL VO.
  • Casos graves (imunossuprimidos, GL > 15.000, IRA ou hipoalbuminemia) = VANCOMICINA VO → nosso paciente.
  • Casos fulminantes (hipotensão, choque, megacólon tóxico) → metronidazol EV + vancomicina VO.

📌 No íleo paralítico associamos as duas pois fica prejudicado o efeito tópico no intestino que ocorreria pela via oral → é feito metronidazol EV + vancomicina retal.

Em caso de refratariedade → colectomia subtotal com posterior reconstrução do trânsito.

OBS1: diante de recidivas, profilaxia pode ser feita com floratil → vancomicina em desmame → TRANSPLANTE FECAL.

OBS2: paciente deve ser mantido em PRECAUÇÃO DE CONTATO até 48h após o final de diarreia. A equipe deve fazer higienização com água e sabão, pois o ÁLCOOL NÃO É EFETIVO contra C. difficile.

📌 Cerca de 20% dos pacientes internados possuem C. difficile nas fezes, mas a maioria é assintomática.

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10
Q

Quadro de diarréia + mioarritmia oculomastigatória é sugestivo de qual diagnóstico? Qual é o tratamento?

A

O quadro de miorritmia oculo-mastimatória é patognomônico da DOENÇA DE WHIPPLE, causada pela bactéria Tropheryma whipplei. É mais comum em pacientes na zona rural, com exposição ao solo e animais.

Consiste em um dos diagnósticos diferenciais de síndromes DISABSORTIVAS. O diagnóstico poderia ser confirmado por uma biópsia duodenal mostrando infiltração por MACRÓFAGOS PAS-positivos.

Trata-se com CEFTRIAXONA IV por 2 semanas + SULFAMETOXAZOL-TRIMETROPRIMA por 1 ano

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11
Q

Paciente feminina de 32 anos queixa-se de dor abdominal recorrente há 6 meses, associada a aumento da frequência evacuatória e fezes menos consistentes. A dor tem alívio após as evacuações. Nega perda de peso ou relação com a alimentação. Não possui outras comorbidades, além de transtorno depressivo maior. Realizou hemograma e exame de fezes que estavam normais, dosagem semi-quantitativa de gordura fecal normal, dosagem de autoanticorpos ASCA e p-ANCA negativos, dosagem da calprotectina fecal negativa.

Qual é a HD e a conduta?

A

Temos uma paciente jovem, hígida, com quadro isolado de diarréia flutuante. Nossa principal hipótese é a SÍNDROME DO INTESTINO IRRITÁVEL

O diagnóstico é estabelecido pelos Critérios de Roma IV:

1) Não tem causa orgânica;
2) Apresenta DOR abdominal recorrente nos últimos 3 meses (pelo menos 1 dia por semana) + 2 dos seguintes critérios:
- Aliviados pela evacuação;
- Mudança na frequência das evacuações;
- Mudança na forma das fezes.

Tratamento: psicológico, dietético, antiespasmódicos e antidepressivos

📌 A dosagem de calprotectina fecal, que é um marcador de inflamação intestinal, auxilia na diferenciação com as síndromes inflamatórias intestinais

📌 Normalmente acomete mais jovens e com a forma diarreia. Porém, quando ocorre em pessoas > 50 anos, predomina a constipação.

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12
Q

Homem de 26 anos, em tratamento de hipotireoidismo por Hashimoto, queixa-se de dor lombar crônica há 2 anos, sem relação com esforço físico, pior pela manhã. Neste período, vem apresentando episódios de diarréia intermitente sem sem produtos patológicos, associada a desconforto abdominal. Além disso, queixa-se de saída de secreção purulenta por orifício em região perianal. Ao exame, apresenta discreta palidez e distensão abdominal.
Qual é a HD?

A

Temos um paciente jovem com história de doença autoimune (tireoidite de Hashimoto), com queixas sugestivas de espondilite anquilosante e fístula perianal, associadas a diarréia. A HD mais provável é, obviamente, DOENÇA DE CROHN!

📌 Relembre as características:

  • Acometimento SALTEADO e TRANSMURAL de TODO O TGI (especialmente ileocolite);
  • Lesão em pedra de calçamento da mucosa e granulomas epitelioides (patognomônico);
  • Doença DISABSORTIVA, FÍSTULAS, massas, abscessos, ÚLCERA AFTÓIDE ;
  • Marcador ASCA (“anticorpo que sugere Crohn”).
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13
Q

Homem de 38 anos refere diarréia há 3 semanas, média de 10 evacuações diárias com sangue, muco e pus, associadas a tenesmo, febre e perda de peso. Ao exame, abdome difusamente doloroso, sem sinais de irritação peritoneal; exames laboratoriais mostram anemia normocítica normocrômica, VHS = 68, presença de leucócitos ao EAF das fezes; RX de abdome sem alterações; colonoscopia com mucosa sangrante ao toque do aparelho, múltiplas erosões superficiais contínuas em todo o cólon e íleo terminal normal.
Qual é a HD e conduta?

A

Homem com diarréia de padrão inflamatório, associada a anemia e perda ponderal. A colonoscopia mostra lesões superficiais e contínuas em reto e cólon, ou seja: quadro de RETOCOLITE ULCERATIVA.

📌 Relembre as características:

  • Acometimento CONTÍNUO e ascendente da MUCOSA do RETO e CÓLON;
  • PSEUDOPÓLIPOS, perda das haustrações do cólon (“lesão em cano de chumbo”), CRIPTITE;
  • Maior associação do que a DC com MEGACÓLON e câncer colorretal (mas ocorrem em ambas)
  • Marcador p-ANCA.

Como trata-se de quadro moderado/grave, o tratamento deve ser iniciado com CORTICÓIDES para induzir remissão, e a manutenção feita com MESALAZINA ou sulfadiazina (+ reposição de folato).

📌 A apendicectomia é um fator protetor.

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14
Q

Quais são as manifestações sistêmicas das doenças inflamatórias intestinais e quais delas são independentes da atividade de doença?

A

Mnemônico: RECU e DC:

  • Resposta imune (febre, leucocitose, PCR);
  • Eritema nodoso e pioderma gangrenoso;
  • Colangite esclerosante;
  • Uveíte;
  • Dor articular;
  • Espondilite anquilosante;
  • Cálculos renais e biliares (apenas na DC).

INDEPENDENTES DA ATIVIDADE DA DOENÇA → “Esqueci as Uvas e o Pêssego”:

  • Espondilite anquilosante;
  • Uveíte;
  • Pioderma gangrenoso.

📌 A artropatia é a manifestação extra-intestinal mais comum! Ela pode depender da atividade da doença. Porém, uma porção delas é espondilite anquilosante, que independe da atividade.

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15
Q

Relação do tabagismo com as DII

A
  • Favorece doença de Crohn (DC = doença do cigarro);

- Protege contra retocolite ulcerativa.

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16
Q

O que é o exame de calprotectina fecal?

A

Marcador de inflamação intestinal.

Permite o diagnóstico diferencial entre DII e síndrome do intestino irritável

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17
Q

Como deve ser feita a vigilância de câncer colorretal nas DII?

A

Colonoscopia ANUAL a partir de 8-10 anos de doença

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18
Q

Características e tratamento do tumor carcinóide

A

Tumor de células neuroendócrinas enterocromafins (coram pelo cromato de potássio).

Localização mais comum: APÊNDICE E ÍLEO DISTAL.

Tratamento:

  • ATÉ 1cm e localizado na PONTA do apêndice = apendicectomia basta.
  • > 1-2cm e/ou invasão do mesoapêndice = hemicolectomia direita.

📌 A conduta entre 1 a 2cm é um pouco indefinida, mas, sempre que a questão trouxer um fator “agravente”, entenda que ela está pedindo a hemicolectomia direita como conduta.

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19
Q

Quais são as características da Síndrome de Peutz-Jeghers?

A

É uma síndrome autossômica DOMINANTE que cursa com pólipos HAMARTOMATOSOS em todo o TGI, mas sobretudo no intestino DELGADO. Há também MANCHAS MELANÓTICAS na pele.

Se associa a um risco aumentado para adenocarcinomas de estômago, delgado e cólon, além de neoplasias extraintestinais (sobretudo de ovário e mama).

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20
Q

Quais são as características da polipose adenomatosa familiar?

A

É uma síndrome autossômica DOMINANTE por mutação no gene APC. Há numerosos pólipos ADENOMATOSOS no TGI, sobretudo no cólon e reto, que evoluem com câncer colorretal em 100% dos pacientes com cerca de 40 anos. Por isso, indica-se rastreio com COLONOSCOPIA ANUAL EM ≥ 10 ANOS de idade. Caso for confirmada, está indicada a proctocolectomia total.

Também se associa a HIPERPIGMENTAÇÃO RETINIANA hipertrófica e várias outras neoplasias do TGI, incluindo os tumores desmóides.

📌 Suas variantes incluem a síndrome de TUrcot (associação com TUmores do SNC) e de Gardner (associação com dentes supranumerários, osteomas e tumores de partes moles). Ambas devem ser tratadas com proctocolectomia total também.

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21
Q

Paciente de 72 anos apresenta queixa de hematoquezia ha 3 meses, além de fezes afiladas. Ao toque retal, há lesão vegetante no reto, há cerca de 4 cm da borda anal, confirmada como adenocarcinoma por histopatologia.

Qual deve ser a conduta?

A

A hematoquezia é o principal sintoma das neoplasias de reto. No tratamento do adenocarcinoma de reto, há uma peculiaridade: “SEMPRE” é feita QUIMIORRADIOTERAPIA NEOADJUVANTE, e a decisão cirúrgica é pautada no reestadiamento depois disso. Mesmo que a lesão regrida completamente, é feita a cirurgia.

TÉCNICAS: dependem da distância do tumor da borda anal.

  • Reto alto (>5 cm da borda anal): é possível preservar o esfíncter anal, fazendo ressecção abdominal baixa com excisão total do mesorreto e anastomose colorretal;
  • Reto baixo: cirugia de Miles (ressecção abdominoperineal e colostomia definitiva).

📌 Na verdade, não é sempre que é feita a Qt+Rt neoadjuvante (mas, na prova, vai ser basicamente sempre). As indicações precisas são → tumores de reto baixo (< 5cm da borda anal), tumores que ultrapassam a muscular (T3 e T4), tumores N+ ou com invasão de mesorreto.

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22
Q

Um paciente do sexo masculino, de 25 anos, queixa-se de dor abdominal epigástrica há 24h horas, que evoluiu para dor em fossa ilíaca direita e febre há cerca de 6 horas. Apresentou episódios isolados de náuseas e vômitos.
Ao exame, nota-se dor e peritonismo nos quadrantes inferiores do abdome.
Qual é a HD e a conduta?

A

A questão traz um quadro típico de APENDICITE aguda em um homem jovem. Nesses casos, o diagnóstico é CLÍNICO.

Para os casos duvidosos (crianças, idosos, mulheres, gestantes, obesos), apenas, pode-se realizar exames complementares: TC com contraste é o padrão-ouro, mas para crianças e gestantes prefere-se USG ou RNM (evitar radiação).

Nosso paciente não possui sinais de apendicite complicada: tem menos de 48h de evolução e não há sinais de plastrão ou peritonite ao exame físico.

Assim, deverá ser feita a APENDICECTOMIA DE URGÊNCIA (em até 24-36h após a admissão). É uma cirurgia potencialmente contaminada e deverá ser utilizada ANTIBIOTICOPROFILAXIA, porém não é necessário mantê-la no PO.

📌 Guarde esse conceito → apendicite aguda simples não tem indicação de “esfriar” o processo com suporte clínico e ATB antes de operar… temos que levar para a faca o quão antes possível. Só indicamos uma possível abordagem clínica antes em quadros complicados (≥ 48h de evolução ou presença de plastrão).

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23
Q

Doença diverticular: qual é o local mais comum e a complicação mais comum?

A

Local mais comum: SIGMÓIDE

Complicação mais comum: Diverticulite (mais comum no cólon esquerdo)

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24
Q

Mulher de 74 anos, portadora de ICC secundária à cardiopatia hipertensiva, queixa-se de dor abdominal difusa que surge após a alimentação, mais intensa após refeições copiosas. Por causa disso, afirma que está se alimentando menos e está perdendo peso. O exame físico do abdome é normal, e os exames laboratoriais de função renal, íons e enzimas hepáticas estavam dentro da normalidade.
Qual é a principal hipótese diagnóstica e a conduta?

A

Dor abdominal CRÔNICA, APÓS AS ALIMENTAÇÕES, sobretudo em uma paciente com diversos fatores de risco cardiovasculares como essa, deve suscitar a hipótese de ANGINA MESENTÉRICA.
Esse quadro é causado por isquemia mesentérica crônica, relacionada a ATEROSCLEROSE.

O diagnóstico deve ser confirmado com ANGIOGRAFIA, e o tratamento é feito com REVASCULARIZAÇÃO (cirurgia/stent).

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25
Q

Paciente com fibrilação atrial e baixa adesão ao tratamento anticoagulante evoluiu com dor abdominal súbita e importante. Ao exame, o abdome está flácido, difusamente doloroso à palpação, sem massas ou visceromegalias palpáveis e sem sinais de peritonite. A temperatura retal é menor do que a axilar.
Qual é a HD e a conduta?

A

Esse quadro de dor abdominal súbita DESPROPORCIONAL ao exame físico é sugestivo de ISQUEMIA MESENTÉRICA AGUDA. Lembre-se que a peritonite é tardia, pois só ocorre após a necrose transmural das alças.
Um sinal típico descrito nesse caso é o sinal de Lenander negativo: a temperatura retal se encontra menor do que a axilar, devido à deficiência de perfusão.

A causa mais prevalente é EMBOLIA, para a qual esse paciente apresenta como fator de risco a FA.

O PADRÃO-OURO para confirmação do diagnóstico é a ANGIOGRAFIA, mas também pode-se utilizar ANGIO-TC.

O tratamento consiste em EMBOLECTOMIA OU ENTERECTOMIA dos segmentos inviáveis. Também utiliza-se PAPAVERINA intra-arterial para redução do vasoespasmo.

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26
Q

Como é a clínica, diagnóstico e tratamento da colite isquêmica?

A

A colite isquêmica é uma doença da MICROVASCULATURA intestinal. É a forma mais comum de isquemia intestinal, e classicamente acomete idosos após um período de hipoperfusão (instabilidade hemodinâmica, CTI).

Se manifesta com quadro de hipotensão, dor abdominal, febre e diarreia com sangue.

Diagnóstico: COLONOSCOPIA mostrando edema e úlceras da mucosa; o enema opaco mostra o sinal do THUMBPRINTING

Tratamento: suportivo. Colectomia está indicada nos quadros graves, com peritonite ou hemorragia maciça

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27
Q

Qual é a principal causa de pancreatite aguda e seu tratamento específico?

A

LITÍASE BILIAR é a principal causa de pancreatite a aguda.

TODA PANCREATITE BILIAR MERECE UMA COLECISTECTOMIA ANTES DA ALTA, na mesma internação (a via preferencial é videolaparoscópica).
No entanto, deve-se aguardar a melhora clínica do paciente.

Cuidado! Só há indicação de CPRE (feita nas primeiras 72h) se:

  • COLANGITE;
  • ICTERÍCIA progressiva MODERADA A GRAVE (ex.:
    Bb > 5).

Nos casos graves em que a colecistectomia não for feita na internação, ela deve ser programada para após 6 semanas.

📌 Logo, a CPRE com papilotomia não está indicada de rotina em todos os casos de pancreatite aguda biliar.

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28
Q

Como é feito o diagnóstico da pancreatite aguda?

A

Diagnóstico com 2 dos 3 critérios: DOR CLÁSSICA (em faixa no andar superior com irradiação para dorso) + ENZIMAS > 3x o normal + IMAGEM característica (TC).

📌 Apesar de a TC ser o exame de imagem utilizado para o diagnóstico, o primeiro exame deve ser o ultrassom para investigar a etiologia biliar, que é a mais frequente.

Amilase e lipase servem APENAS para diagnóstico, não indicam gravidade ou prognóstico (atenção: PCR ≥ 150 indica gravidade se elevado em 48-72h, com ótima sensibilidade).

📌 A AMILASE se eleva mais RAPIDAMENTE, mas a LIPASE é mais ESPECÍFICA e permanece elevada por MAIS TEMPO (cerca de 7 dias). Ambas são igualmente sensíveis.

TC: não é necessária para todos os pacientes! Está indicada para os casos de DÚVIDA diagnóstica, quadros GRAVES (RANSOM ≥ 3 ou APACHE-II ≥ 8) ou suspeita de COMPLICAÇÕES locorregionais (necrose, infecção…). Idealmente deve ser feita após 48-72h.

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29
Q

Mulher de 42 anos, obesa, procura o pronto socorro com história de dor epigástrica intensa e vários episódios de vômitos há 6h. Ao exame, está em regular estado geral, desidratada, PA = 150:100 mmHg, Fc = 100 bpm, glicemia = 200. O abdome é globoso, distendido, com muita dor à palpação de epigástrio e hipocôndrio esquerdo, sem sinais de peritonite.
Qual é a principal HD e os exames complementares indicados para investigação? Se essa hipótese se confirmar, qual é a conduta terapêutica?

A

Dor em faixa no andar superior do abdome + náuseas deve levantar a hipótese de PANCREATITE AGUDA.

A dosagem de amilase e lipase (elevadas em 3x) pode confirmar o diagnóstico. Também devem ser solicitados outros exames laboratoriais para avaliar a gravidade e prognóstico: hemograma, função renal e hepática, LDH, gasometria, glicemia e cálcio.
A TC de abdome é o melhor exame para a pesquisa de complicações locorregionais da pancreatite, mas só é necessária nos casos de dúvida diagnóstica, gravidade ou falha terapêutica.

O tratamento é basicamente suportivo. A princípio, essa paciente parece ter um quadro leve. Assim, deve ser feita analgesia com OPIÓIDES, hidratação, correção de distúrbios hidroeletrolíticos e DIETA ZERO. Em 3-5 dias, a maioria dos pacientes já tolera a reintrodução de dieta ORAL (se não tolerar, preferir enteral do que parenteral).

Por fim, deve-se também pesquisar a causa da pancreatite aguda. A causa mais comum é a pancreatite biliar. Nesse caso, deve-se programar colecistectomia antes da alta do paciente.

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30
Q

Homem de 53 anos tem queixa de dor epigástrica recorrente com irradiação para a região lombar superior esquerda, referindo também perda de apetite, episódios frequentes de náuseas e perda ponderal no último ano. Nos últimos 6 meses, apresenta também flatulência e evacuação com fezes volumosas, malcheirosas e que flutuam na água. HP: etilismo há 30 anos e DM há 6 meses. Ao exame físico, encontra-se em regular estado geral, emagrecido, anictérico. Abdome plano, doloroso à palpação profunda.
Qual é a HD? Como pode ser confirmado o diagnóstico e qual é a conduta?

A

Temos um paciente ETILISTA com queixa de dor abdominal alta, quadro clínico de ESTEATORRÉIA e diagnóstico recente de DIABETES. Precisamos pensar em PANCREATITE CRÔNICA resultando em insuficiência pancreática, cuja principal causa é, de fato, o álcool.

O diagnóstico de insuficiência pancreática extrínseca pode ser estabelecido com a dosagem de GORDURA e ELASTASE FECAIS. Além disso, a TC mostrando CALCIFICAÇÕES pancreáticas corrobora o diagnóstico.

Para a maioria dos pacientes, o tratamento é clínico: cessação de etilismo e tabagismo, redução da gordura na dieta, reposição de enzimas pancreáticas, IBPs, insulinoterapia e analgesia escalonada.

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31
Q

Qual é o tipo mais comum de câncer de pâncreas? Qual é o principal fator de risco?

A

Adenocarcinoma ductal.

O sítio mais comum é a cabeça do pâncreas. Nesse caso, por ser um tumor periampular, cursa classicamente com síndrome colestática, caracterizada por ICTERÍCIA PROGRESSIVA e PERDA DE PESO.

Principal fator de risco: TABAGISMO

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32
Q

Paciente do sexo masculino, 72 anos, tabagista, é admitido com icterícia. Não se queixa de dor abdominal. Apresenta fezes acólicas e urina escura. Ao exame físico, detecta-se vesícula aumentada de volume e indolor.
Qual é a HD? Quais exames permitem a confirmação?
Qual é a conduta?

A

Temos um IDOSO, TABAGISTA com a tríade clássica dos tumores PERIAMPULARES: vesícula de Curvoisier-terrier (distendida e indolor) + icterícia progressiva + emagrecimento.
O tipo histológico mais comum dentre os tumores periampulares é o ADENOCARCINOMA da cabeça do pâncreas.

Diagnóstico: USG endoscópica e TC
Marcador tumoral: CA 19-9

A conduta, após estadiamento, consiste na cirurgia de Whipple: duodenopancreatectomia + gastrectomia subtotal + colecistectomia.

📌 Lembre-se: no câncer de pâncreas, devido ao risco de disseminação de implantes metastáticos, a biósia SÓ é feita nos pacientes paliativos.

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33
Q

Como é o tratamento do câncer de pâncreas e os limites para tratamento curativo?

A

Limites: é tratável o câncer sem metástases, que não invadiu artéria mesentérica superior nem tronco celíaco. Ou seja: à partir de T4 e M1, o tratamento é paliativo.

📌 Atualização: faz NEOADJUVÂNCIA se invasão arterial < 180º ou venosa > 180º. Se invasão arterial > 180º (tronco celíaco ou mesenterica superior) é irressecável.

QT adjuvante: SEMPRE.

Cirurgias:

  • Curativa: Whipple (cabeça) ou Child (cauda);
  • Paliativa: stents ou gastroenteroanastomose e/ou coledocojejunostomia.
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34
Q

Como é a classificação de Borrman?

A

É uma classificação macroscópica do câncer gástrico

Vai de 1 a 4:
I - Polipóide
II - Ulcerada com bordas nítidas
III - Ulcerada com bordas não nítidas (mais comum)
IV - Infiltrativa

Basta lembrar da Nhá Benta derretendo :)

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35
Q

Um paciente no CTI, sedado e entubado, hemodinamicamente instável, passa a apresentar febre sem foco aparente. US demonstra colecistite.
Qual é a melhor conduta?

A

Esse é um quadro típico de COLECISTITE ALITIÁSICA, que ocorre normalmente em pacientes MUITO GRAVES (por isso, também será mais grave). O mecanismo é a isquemia do órgão + estase da bile, que irrita a parede da vesícula.

A conduta é a COLECISTOSTOMIA, permitindo drenagem do conteúdo biliar (mais seguro para esses pacientes do que uma colecistectomia).

📌 Ocorre em 5-10% dos casos de colecistite.

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36
Q

Paciente com suspeita de fecaloma. Trata-se de um senhor idoso, que fica acamado a maior parte do tempo. Está internado para tratamento de infecção urinária por germe multirresistente. É o quinto dia de uso de amicacina endovenosa. Recebe também diversas soluções para reposição de eletrólitos. O médico que acompanha o paciente diz que ele não evacua há 3 dias e que foi feita lavagem intestinal por três vezes, sem sucesso. No toque, a ampola retal está vazia. O abdome está distendido, com abaulamento visivelmente maior em hemiabdome direito. É timpânico à percussão e não tem sinais de irritação peritoneal. Os ruídos hidroaéreos estão presentes. Qual é a principal hipótese diagnóstica e a conduta?

A

Temos um paciente em condição clínica grave com quadro de obstrução intestinal, porém com ruídos hidroaéreos presentes e ampola retal vazia.

A principal hipótese é a SÍNDROME DE OGILVIE (pseudo-obstrução colônica), uma causa de obstrução FUNCIONAL (dismotilidade intestinal acentuada) associada a hiperativação adrenérgica.

Ela pode ser diferenciada do íleo paralítico pelos RHA positivos e acometimento apenas do cólon (enquanto o íleo paralítico acomete todo o intestino)

A maioria dos casos pode ser resolvido com o uso de NEOSTIGMINA (inibidor da colinesterase); quando o diâmetro das alças for > 11-13cm, pode ser utilizada COLONOSCOPIA DESCOMPRESSIVA.

📌 Relembre os diâmetros normais das alças intestinais:

  • Delgado até 3 cm;
  • Cólon até 6 cm;
  • Sigmóide até 9 cm.
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37
Q

Qual é o principal exame para estadiamento do T do câncer de esôfago e de estômago?

A

ECOENDOSCOPIA (também chamado de USG endosópico), é o melhor exame para avaliar a profundidade de invasão da parede do esôfago e estômago.

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38
Q

Mulher de 50 anos com queixa de epigastralgia a 3 meses. Realizou EDA com achado de lesão ulcerada de 2,2 cm em fundo gástrico. Relatório anatomo-patológico confirmou adenocarcinoma gástrico indiferenciado, com células em anel de sinete. TC mostrou apenas lesão gástrica, sem metástases.
Qual deve ser o tratamento?

A

Paciente com adenocarcinoma gástrico do tipo difuso. Este tipo é mais prevalente em pacientes jovens do sexo feminino, como no caso. A HF é importante.

É muito infiltrativo, de modo que o tratamento deve ser feito com GASTRECTOMIA TOTAL + reconstrução do trânsito com esofagocoloplastia em y de roux + LINFADENECTOMIA A D2.
Se houvesse metástases, a cirurgia seria contraindicada.

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39
Q

Homem submetido à gastrectomia parcial à Billroth II há 1 ano devido a úlcera péptica pré-pilórica estenosante. Queixa-se de desconforto em região epigástrica tipo cólica, que alivia após vômitos biliosos. Nega diarréia e constipação.
Qual é a HD e a conduta?

A

Primeiramente, lembre-se: na reconstrução a BII, o coto gástrico é anastomosado ao delgado de forma terminolateral, sendo o coto duodenal “pendente” suturado em fundo cego.

A partir daí, há 2 complicações mais comuns:

  • Gastrite alcalina, que gera dor abdominal contínua sem alívio com vômitos
  • SÍNDROME DA ALÇA AFERENTE, que é o caso desse paciente. É uma pseudo-obstrução intestinal do conteúdo biliopancreático, causando distensão localizada e dor que se alivia após vômitos biliosos.

Para essas duas condições, o tratamento é a conversão cirúrgica para Y de ROUX.

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40
Q

Paciente com história de emagrecimento significativo e queixas dispépticas, realizou EDA que evidenciou espessamento da mucosa antral. A histopatologia revelou linfoma gástrico de células B de baixo grau (MALT) com presença de infecção pelo H. pylori.
Qual deve ser a conduta?

A

A terapêutica de linfoma MALT, especialmente de baixo grau, é a ERRADICAÇÃO DO H.PYLORI, que é eficaz na maioria dos casos.
Em seguida, mantém-se acompanhamento endoscópico para verificar o sucesso da terapia.

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41
Q

Como é feito o tratamento das doenças inflamatórias intestinais?

A

CLÍNICO → tratamento em degraus:

1) Mesalazina e Sulfassalazina (+ suplementação com folato) → drogas de manutenção
2) Corticóides → doses de ataque para induzir remissão
3) Imunossupressores → metotrexato, azatioprina, ciclosporina
4) Inibidor de TNF-alfa → infliximab ou adalimumab

O tratamento cirúrgico é feito apenas nos casos REFRATÁRIOS de: hemorragia gastrointestinal, megacólon tóxico, fístulas e fissuras ou estenose com obstrução intestinal

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42
Q

Lactente de 18 meses é trazida ao pediatra porque a mãe acredita que parou de crescer. Apresenta episódios de distensão abdominal e diarréia frequentes e intermitentes, sem a presença de sangue. O quadro se iniciou entre 6-9 meses, na fase de introdução da dieta complementar. Ao exame, a criança está hipocorada, com abdome distendido, sem irritação peritoneal. À avaliação nutricional, apresenta estatura abaixo do escore Z - 3 e IMC entre -2 e -3.
Qual é o diagnóstico?

A

Lactente evoluindo com diarréia e desaceleração do crescimento durante a transição alimentar é a apresentação inicial clássica da DOENÇA CELÍACA.

Por ser uma doença disabsortiva, cursa com diarréia alta, esteatorreia, flatulência, carência de vitaminas lipossolúveis e ferropenia (anemia ferropriva refratária).

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43
Q

Descreva a classificação de Forrest e sua repercussão para a conduta nas úlceras pépticas sangrantes

A

I - Sangramento ativo, estando indicada terapia endoscópica DUPLA, que inclui escleroterapia
a - Em jato
b - Em babação

II - Sinais de sangramento recente
a - vaso visível
b - coágulo
c - hematina na base

III - úlcera de base clara

Para IIa e IIb deve ser feita terapia endoscópica única

IIc e III tem baixo risco de ressangramento (< 10%), não sendo necessária abordagem endoscópica

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44
Q

Quais são as características da Síndrome de Lynch?

A

Patogênese: mutação hereditária autossômica DOMINANTE (penetração variável) de genes de reparo do DNA

  • Lynch I: predisposição apenas para o Ca colorretal;
  • Lynch II: aumenta também o risco de tumores ginecológicos (endométrio e ovário); manchas café-com-leite na pele são comuns.

Origina CÂNCERES HEREDITÁRIOS NÃO-POLIPÓIDES, sobretudo no cólon direito e ceco → o adenocarcinoma se origina sobre “pólipos planos adenomatosos”.

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45
Q

Paciente de 55 anos relata que, há 6 horas, apresentou início agudo de dor abdominal grave, vômitos e constipação. Ao exame: abdome acentuadamente distendido e timpânico, sem sinais de peritonite, paciente hemodinamicamente estável e hidratado.
A radiografia de abdome mostra cólon sigmóide acentuadamente dilatado, com nível hidroaéreo, e aparência de um tubo dobrado com seu ápice no quadrante superior direito; ausência de ar no reto.
Qual é a HD e a conduta?

A

Estamos diante de um abdome agudo obstrutivo: abdome distendido, timpânico e com constipação.

A radiografia de tórax, com ausência de gás no reto, aponta para uma causa MECÂNICA de obstrução COMPLETA. Além disso, o achado do “tubo dobrado” ( também chamado de sinal do “grão de café” ou do “U invertido”), é típico do VOLVO DE SIGMÓIDE.

Em pacientes como este, em bom estado geral, sem sinais de sofrimento da alça ou peritonite, o tratamento inicial pode ser feito com DESCOMPRESSÃO ENDOSCÓPICA e programação de cirurgia eletiva.

Entretanto, num quadro já complicado, faz-se colectomia à Hartmann.

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46
Q

Paciente do sexo masculino, 55 anos, tem história de laparotomia há 15 anos, devido à úlcera péptica perfurada. Dá entrada na emergência com queixa de dor abdominal de início súbito e vômitos biliosos há 6 horas. Ao exame, apresenta distensão abdominal moderada e ruídos hidroaéreos aumentados. Está hemodinamicamente estável e hidratado.
A radiografia de abdome mostra alças intestinais dilatadas em posição mais central, com sinal de empilhamento de moedas. Há presença de ar no reto e cólon.
Qual é a HD e a conduta?

A

Nosso paciente tem quadro clínico e radiográfico de SUBOCLUSÃO do intestino DELGADO. Somando a isso o passado de cirurgia abdominal, a etiologia mais provável são BRIDAS (é a PRINCIPAL causa de obstrução intestinal).

A maioria dos casos se resolve espontaneamente com tratamento clínico. Por isso, o paciente deve ser mantido em observação por 24-48h, com uso de cateter nasogástrico para descompressão gástrica e correção de distúrbios hidroeletrolíticos. Antibióticos são indicados para pacientes com sinais inflamatórios ou em mal estado geral (evitar translocação bacteriana).

A cirurgia é necessária raramente, para os casos refratários, com obstrução completa ou com sinais de estrangulamento.

📌 Evolução com leucocitose, acidose metabólica e aumento de d-lactato apontam para necrose da alça e estrangulamento. Logo, devemos aumentar os pensamentos em relação à abordagem cirúrgica caso isso ocorra.

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47
Q

Qual é a indicação de rastreio para o câncer colorretal?

A

Para a população geral, o rastreio está indicado dos 50 aos 75 anos:

  • COLONOSCOPIA a cada 10 anos; ou
  • RETOSSIGMOIDOSCOPIA ou ENEMA OPACO a cada 5 anos; ou
  • SANGUE OCULTO NAS FEZES, sendo 3 amostras por ano.

📌 HOUVE ATUALIZAÇÃO!!!

A partir de 2020 a USPSTF recomenda o início do rastreamento A PARTIR DE 45 ANOS (recomendação B). Além disso, foi mantida a recomendação A para pacientes entre 50 e 75 anos, e a recomendação C para pacientes de 76 a 85 anos.

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48
Q

Mulher de 69 anos foi atendida com queixa de dor em cólica e distensão abdominal há 5 dias. Refere que, há 1 mês, vinha notando afilamento das fezes, e não conseguiu evacuar na última semana.
Ao exame do abdome, nota-se timpanismo difuso e ruídos hidroaéreos aumentados.
A radiografia de abdome mostra alças dilatadas de distribuição periférica, com presença de nível hidroaéreo.
Qual é a HD e a conduta?

A

Paciente com uma síndrome de obstrução intestinal, de evolução progressiva. A radiografia demonstra se tratar de uma obstrução colônica, mais distal.

Considerando ainda a história de fezes afiladas, a principal hipótese é de obstrução intestinal por NEOPLASIA (que é a causa mais prevalente de obstrução do intestino grosso).

Deve-se complementar o exame de imagem com TC ou RNM, que permitem identificar com maior precisão o sítio de obstrução e se a obstrução é completa ou não, para planejamento cirúrgico. Em geral, nas primeiras 24h de internação será feita a estabilização clínica: sonda nasogástrica para desompressão, correção volêmica e hidroeletrolítica.

📌 Lembre-se que colonoscopia não deve ser feita em pacientes obstruídos.

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49
Q

Um homem de 22 anos procura o PA com queixa de dor abdominal há cerca de 3 dias. A dor se iniciou em mesogástrio, e evoluiu para fossa ilíaca direita. Ao exame, paciente em mal estado geral, com febre de 39o, com descompressão brusca dolorosa em FID e massa palpável de cerca de 10 cm neste local. Exames laboratoriais mostram leucocitose de 18.000 às custas de neutrófilos, com desvio à esquerda.
Qual é o diagnóstico e a conduta?

A

Temos um caso típico de apendicite, com evolução > 48h (em que tipicamente já ocorreu perfuração), febre alta, leucocitose importante e presença de plastrão ao exame físico, configurando uma APENDICITE COMPLICADA.

É necessário fazer um EXAME DE IMAGEM para avaliar as complicações. Como encontramos plastrão ao exame físico, esperamos encontrar um ABSCESSO periapendicular, que ocorre quando há perfuração tamponada pelo omento ou intestino delgado (complicação mais comum).

A conduta consiste em DRENAGEM guiada se abscesso > 4 cm, ANTIBIOTICOTERAPIA durante 10 dias e programação de CIRURGIA ELETIVA após 6-8 semanas.

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50
Q

Como é feito o estadiamento e conduta do adenocarcinoma de cólon?

A

No câncer de cólon, o adequado estadiamento de T e N é CIRÚRGICO, após análise histopatológica da peça.
TC de abdome e tórax devem ser utilizadas para pesquisa de metástases à distância, já que fígado (principalmente) e pulmão são os principais sítios.

Os pacientes DEVEM SER OPERADOS MESMO NA DOENÇA METASTÁTICA, para evitar obstrução intestinal. Faz-se COLECTOMIA, com margem mínima de 5 cm + LINFADENECTOMIA.

O estadiamento T é:

  • T1 = restrito à submucosa;
  • T2 = invade até a muscular própria;
  • T3 = invade até a gordura pericólica;
  • T4 = invade serosa ou estruturas adjacentes.

Os estágios são:

  • I = T1-T2;
  • II = T3-T4 sem acometimento linfonodal;
  • III = acometimento LINFONODAL (N+) → deve ser feita QUIMIOTERAPIA adjuvante (após a cirurgia);
  • IV = METÁSTASES à distância (M+).

📌 Nos casos de metástases hepáticas, há indicação de ressecção cirúrgica se a quantidade de lesões for inferior a 3 na ausência de invasão linfovascular.

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51
Q

Homem de 57 anos anos teve diagnóstico de pancreatite aguda idiopática leve há 12 semanas. Vem evoluindo com anorexia e vômitos pós-alimentares, embora mantenha-se hemodinamicamente estável e sem leucocitose. Foi passada uma sonda pós-pilórica para nutrí-lo. Foi realizada TC com contraste que mostra uma massa cística lateral adjacente à cabeça do pâncreas, sem captação de contraste e sem presença de gás.
Qual é a HD e a conduta?

A

Temos um paciente com quadro arrastado e queixas de dispepsia após uma pancreatite aguda.
A coleção hipoatenuante na TC, sem realce pelo contraste, é sugestiva de PSEUDOCISTO do pâncreas. Está hemodinamicamente estável, sem leucocitose e não foi visualizado gás à TC, o que fala contra a presença de infecção (abscesso pancreático).

O pseudocisto é uma complicação da pancreatite edematosa, em que há formação de uma cápsula fibrótica (debris inflamatórios) envolvendo uma coleção líquida intra ou peripancreática. Por definição, só se estabelece APÓS 4 SEMANAS.

A maioria dos quadros regride espontaneamente e, portanto, pode-se adotar conduta EXPECTANTE.
A intervenção cirúrgica é indicada para os casos SINTOMÁTICOS (como o nosso paciente), em expansão ou com complicações (rotura ou hemorragia).
A abordagem mais indicada para esses casos é a DRENAGEM TRANSGÁSTRICA, por via endoscópica.

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52
Q

Quais são os critérios de Ranson? Qual é o significado desse escore?

A

O escore de Ranson avalia a gravidade em uma pancreatite aguda. Se baseia em 11 critérios clínico-laboratoriais: 5 deles avaliados na admissão, e os demais nas 48h seguintes. Um VALOR ≥ 3 SINALIZA GRAVIDADE na pancreatite aguda, e determina a indicação de TC de abdome.

ADMISSÃO:

  • Idade > 55 anos (> 70 se biliar);
  • Leucocitose > 16.000 (> 18k se biliar);
  • TGO > 250;
  • Glicose > 200 (> 220 se biliar);
  • LDH > 350 (> 400 se biliar).

APÓS 48H:

  • PO2 < 60;
  • BE < -4 (acidose metabólica) (ou < -5 se biliar);
  • Sequestro de líquidos > 6L (ou > 4L se biliar);
  • Queda Ht > 10%;
  • Aumento ureia > 10 (ou > 4 se biliar);
  • Cálcio < 8.
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53
Q

Paciente do sexo masculino, etilista, tem episódios recorrentes de pancreatite aguda, que evoluíram sem complicações. 15 dias após o quadro mais recente, realizou um controle tomográfico, que mostrou coleção peripancreática de 4 cm. Qual é a HD e a conduta?

A

COLEÇÃO FLUIDA AGUDA PERIPANCREÁTICA é uma das complicações locorregionais de uma pancreatite aguda edematosa (ocorre em até 30-50% dos casos). Por definição, ocorre nas primeiras 4 semanas após o quadro.

A maioria SE RESOLVE DE MANEIRA ESPONTÂNEA, devendo ser apenas acompanhadas.

Coleções que persistem além de 4 semanas provavelmente se tornaram encapsuladas devido à uma resposta cicatricial do organismo. A partir daí, surge um pseudocisto.

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54
Q

Uma paciente feminina de 45 anos encontra-se no 23o dia de evolução de uma pancreatite aguda biliar. Apresentou recidiva da febre, taquicardia e leucocitose. A TC de abdome com contraste mostra pâncreas de volume difusamente aumentado, com extensas áreas de hipocaptação e presença de gás (sinal da bolha de sabão).
Qual é o diagnóstico e a conduta?

A

Temos uma paciente com quadro arrastado de pancreatite aguda, cuja TC mostra áreas de hipocaptação e presença de gás, ou seja: ÁREAS DE NECROSE PANCREÁTICA, sendo que a presença de GÁS define o diagnóstico de INFECÇÃO. Esse diagnóstico deve ser suspeitado nos pacientes que, como essa, apresentam piora clínica após melhora inicial, quadro novo de febre ou leucocitose ou sinais de sepse. Os principais germes envolvidos são provenientes do intestino, por translocação bacteriana.

Se a TC mostrasse essa área necrótica mas fosse inconclusiva quanto à presença de infecção, estaria indicada uma PUNÇÃO GUIADA do tecido necrótico e cultura.

Apenas após a COMPROVAÇÃO imagiológica ou laboratorial da INFECÇÃO, indica-se ANTIBIOTICOTERAPIA com carbapenêmicos e NECROSECTOMIA. O método de escolha é a via ENDOSCÓPICA, mas esta só é possível após 4 semanas de evolução, quando a coleção necrótica se torna organizada. Antes disso, pode ser feita a punção percutânea.

📌 Lembre-se: antibióticos NÃO são mais indicados de forma PROFILÁTICA na pancreatite, independente da extensão da necrose. São feitos APENAS para os quadros de SEPSE ou necrose comprovadamente infectada. De maneira semelhante, os procedimentos de necrosectomia também só são indicados para os quadros sintomáticos ou infectados.

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55
Q

Quais são as condições que possuem associação com a doença celíaca?

A

Associação com outras doenças autoimunes: DM1, Hashimoto, hepatite autoimune, deficiência de IgA, DERMATITE HERPETIFORME (clássica!)

Há também uma associação clássica com LINFOMA INTESTINAL, devido à inflamação crônica mediada por linfócitos.

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56
Q

Uma paciente de 85 anos deu entrada no PA com dor abdominal intensa, febre, calafrios e vômitos alimentares. Ao exame físico, encontra-se desidratada, taquicárdica e febril, com dor à palpação em hipocôndrio direito e epigástrio, sem sinais de irritação peritoneal. Exames laboratoriais mostram discreta leucocitose e BT = 2. RX de abdome mostra imagem radiopaca na topografia do duodeno, grande dilatação gástrica e importante pneumobilia.
Qual é o diagnóstico mais provável?

A

A PNEUMOBILIA evidencia a ocorrência de uma FÍSTULA entre a vesícula biliar e o intestino. Ocorre na vigência de colelitíase associada a colecistite aguda, em que a vesícula inflamada forma uma fístula com o TGI, ocorrendo passagem do cálculo.

Quando esse cálculo fica impactado no piloro ou duodeno, provocando um quadro de OBSTRUÇÃO INTESTINAL ALTA, chama-se o quadro de SÍNDROME DE BOUVERET.

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57
Q

Descreva a classificação de Hinchey

A

A classificação de Hinchey é utilizada para caracterizar as DIVERTICULITES COMPLICADAS

  • I - Abscesso pericólico
  • II - Abscesso pélvico ou à distância
  • III - Peritonite purulenta
  • IV - Peritonite fecal
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58
Q

Na classificação TNM, como é o T dos tumores de cólon?

A

T0 ou Tis (in situ): limitado à MUCOSA

T1: ultrapassa a muscular da mucosa e atinge a SUBMUCOSA

T2: invade a MUSCULAR PRÓPRIA

T3: invade a região SUBSEROSA e gordura pericólica

T4a: PERFURA O PERITÔNIO VISCERAL
T4b: invade ÓRGÃOS ou estruturas ADJACENTES

59
Q

Homem de 55 anos comparece ao pronto-socorro com dor abdominal, principalmente em FIE, e febre. Ao exame, apresenta dor à palpação, sem descompressão brusca. Exames mostraram leucocitose de 15.000, e um USG mostrou espessamento de alça em projeção de sigmóide, com abscesso intracavitário medindo 6 cm de diâmetro.
Qual é o diagnóstico e a conduta?

A

Quadro clássico de DIVERTICULITE AGUDA. Embora a TC fosse o exame ideal, o USG mostrou um abscesso grande (> 4 cm), configurando uma diverticulite COMPLICADA. A classificação é de Hinchey 1, já que trata-se de um abscesso pericólico.

Abscessos > 4 cm requerem internação e DRENAGEM guiada por TC, além de antibioticoterapia IV. Para prevenção de recorrência, está indicada cirurgia ELETIVA, 6-8 semanas após resolução do quadro agudo (sigmoidectomia com anastomose primária terminoterminal).

60
Q

Um paciente de 60 anos refere desconforto abdominal em quadrante inferior esquerdo do abdômen, seguido por disúria, polaciúria e pneumatúria. Qual é o diagnóstico mais provável?

A

A PNEUMATÚRIA é sugestiva de uma FÍSTULA SIGMOIDE-VESICAL. Lembre-se que a principal etiologia dessa complicação é a DIVERTICULITE, que é compátivel com a clínica de dor em FIE deste paciente.

📌 O tipo de fístula mais comum na diverticulite é esta.

61
Q

Qual é o pólipo colorretal benigno mais comum?

A

Os pólipos ADENOMATOSOS são os mais comuns e, dentre eles, o TUBULAR é o mais frequente.

📌 Lembre-se, ainda, que o pólipos VILOSOS tem o maior risco de malignização (“vilões”).

62
Q

Uma mulher de 72 anos de idade foi atendida no PA com queixa de dor abdominal de 24h de evolução. Ao exame, estava em bom estado geral, afebril, hemodamicamente estável; dor à palpação de FIE, sem sinais de irritação peritoneal.
Uma TC evidenciou diverticulite aguda com imagem sugestiva de abscesso de 1,5 cm de diâmetro junto à parede do sigmóide e ausência de pneumoperitônio.
Qual é a conduta?

A

Quadro de DIVERTICULITE COMPLICADA devido à presença de abscesso, sem sinais de sepse ou peritonite.
Por ser um abscesso pequeno, < 4 cm, pode ser tratado apenas com antibioticoterapia (cobertura de gram-positivos e anaeróbios) durante 7-10 dias. Evidentemente, a paciente deve ser internada e mantida com dieta zero.

Independente de o abscesso ser pequeno, está indicada cirurgia eletiva após 6-8 semanas.

63
Q

Quais são as indicações de tratamento cirúrgico eletivo na diverticulite aguda?

A

Atualmente, caiu por terra aquela máxima de realizar sigmoidectomia eletiva em pacientes com ≥ 3 crises.

O número de surtos de dor não é mais uma indicação, uma vez que o quadro mais grave da diverticulite é o primeiro e a diverticulite não se agrava com o número de episódios.

A cirurgia eletiva em casos não-complicados fica indicada principalmente devido à manutenção dos sintomas no período entre-crises.

📌 Lembrando que o tratamento cirúrgico de urgência deve ser feito para os quadros em que há peritonite purulenta ou fecal, sendo que normalmente é feita colectomia à Hartmann.

64
Q

Quais são os principais sinais semiológicos que indicam irritação peritoneal na apendicite aguda?

A
  • DUNPHY → a dor na FID piora com a tosse;
  • BLUMBERG → descompressão brusca dolorosa na FID (sobre o ponto de McBurney);
  • ROVSING → pressão sobre a FIE causa dor na FID, devido ao deslocamento do ar nas alças;
  • OBTURADOR → dor hipogástrica causada pela rotação interna da coxa direita; sugere apendicite pélvica;
  • PSOAS → dor à extensão e abdução da coxa direita, com o paciente em decúbito lateral esquerdo; é o sinal mais específico para apendicite retrocecal;
  • SUMMER → hiperestesia na FID;
  • LAPINSKI → dor à compressão da FID enquanto o paciente eleva o MID;
  • LENANDER → temperatura retal > axilar em 1 grau.
65
Q

Quais são as indicações e técnicas cirúrgicas empregadas na pancreatite crônica?

A

Tratamento cirúrgico na pancreatite crônica está indicado, basicamente, para os casos de DOR clinicamente INTRATÁVEL. Para estes, a CPRE é necessária para a escolha da técnica cirúrgica de acordo com o calibre do ducto pancreático principal (Wirsung):

Calibre DILATADO > 7mm (doença do grande ducto) indica método DESCOMPRESSIVO se não houver suspeita da malignidade → cirurgia de PUESTOW (pancreatojejunostomia látero-lateral em Y de Roux).

Calibre NORMAL < 7mm (doença dos pequenos ductos, causada principalmente por CALCIFICAÇÕES) indica método de RESSECÇÃO. → cirurgia de WHIPPLE ou de CHILD, a depender da localização das lesões (cabeça e corpo-cauda, respectivamente).

66
Q

O que é a síndrome de Rigler, e a que situação ela se associa?

A

Tríade de RIGLER = cálculo ectópico + pneumobilia + obstrução do delgado.

Ocorre no íleo-biliar, quando uma fístula comunica a vesícula ao intestino, e um cálculo biliar se impacta no íleo.

67
Q

Qual é a classificação das úlceras pépticas de acordo com a sua localização?

A

As úlceras gástricas do tipo I e IV se associam a hipocloridria, e ambas estão situadas na pequena curvatura menor.
Já a II e III se devem a hipercloridria, de modo que a cirurgia de correção, se indicada, normalmente envolve vagotomia troncular e antrectomia.

I - Pequena curvatura baixa → tipo mais comum
II - Corpo → associada a úlcera duodenal
III - Pré-pilórica → é a de maior risco para evoluir com obstrução
IV - Junção esôfago-gástrica.

📌 Lembre-se que, na realidade, a úlcera péptica duodenal é a mais prevalente. O clássico é que ela cause dor mais intensa de madrugada (23h-2h), quando o pH do duodeno está mais baixo, e entre as refeições.

68
Q

O que são os tumores estromais gastrointestinais (GIST)?

A

Os GIST são raros, derivados das células de Cajal e relacionados a MUTAÇÃO EM C-KIT (CD117). Como são sub-epiteliais, ao EDA notamos apenas abaulamento da mucosa mas sem alterações desta (NÃO ATINGEM A MUCOSA).

Podem acometer todo TGI, mas são mais COMUNS no ESTÔMAGO, mas mais GRAVES no DELGADO.

O tratamento é baseado na EXÉRESE, principalmente para TUMORES > 2 CM ou de alto risco para malignidade. Tumores menores sem característica de alto risco podem ser observados por ultrassom endoscópico.

📌 NÃO FAZEMOS LINFADENECTOMIA.

O IMATINIBE (inibidor de tirosina-quinase) está recomendado para terapia ADJUVANTE EM TUMORES > 3 CM. Também são indicados em caso de lesão IRRESSECÁVEL ou doença METASTÁTICA.

69
Q

Decoreba: descreva a classificação de Savary-Miller.

A

A classificação de Savary-Miller descreve os achados à EDA de pacientes com esofagite de refluxo:

  • I = erosões em apenas uma prega longitudinal;
  • II = erosões em mais de uma prega;
  • III = erosões confluentes em mais de uma prega, ocupando toda a circunferência;
  • IV = úlcera ou estenose;
  • V = esôfago de BARRETT.
70
Q

Como é feito o seguimento em casos de esôfago de Barrett?

A

De acordo com o Consenso Brasileiro, o seguimento depende do grau de displasia:

  • Sem displasia = EDA com biópsia em 1 ano e depois de 2 em 2 anos;
  • Displasia de baixo grau = EDA com biópsia de 6 em 6 meses por 1 ano e depois anual;
  • Displasia de alto grau ou adenocarcinoma in situ = RESSECÇÃO ENDOSCÓPICA.
71
Q

Decoreba: descreva a classificação de Los Angeles.

A

Assim como a classificação de Savary-Miller, a classificação de Los Angeles descreve os achados à EDA de pacientes com esofagite de refluxo:

  • A = erosões < 5mm.
  • B = erosões ≥ 5mm, não contínuas;
  • C = erosões contínuas envolvendo < 75% da circunferência esofágica;
  • D = erosões contínuas envolvendo ≥ 75% da circunferência esofágica;
72
Q

Como é feito o tratamento do divertículo de Zenker?

A

O divertículo de ZENKER é o divertículo esofágico mais comum e ocorre principalmente em IDOSOS. Trata-se de um divertículo FALSO (apenas mucosa e submucosa) formado por uma fragilidade na parede posterior da faringe distal (triângulo de KILLIAN, que é delimitado pelas músculos tireofaríngeo e cricofaríngeo).

Quadro clínico = disfagia intermitente, regurgitação de material não digerido, halitose, dor retroesternal e a sensação de massa cervical. O diagnóstico é feito com a ESOFAGOGRAFIA BARITADA.

O tratamento é baseado na MIOTOMIA dos músculos tireofaríngeo e cricofaríngeo. Nos divertículos grandes (≥ 2cm) diverticulectomia ou diverticulopexia devem ser associadas.

A diverticulopexia isolada só é indicada em pacientes com risco de apresentarem taxa maior de deiscência esofágica.

📌 A via aberta por cervicotomia esquerda é a adequada para divertículos pequenos (< 3cm) e a cirurgia endoscópica para grandes (≥ 3cm).

73
Q

Como é a classificação de Atlanta para a gravidade de um quadro de pancreatite aguda?

A

Classificação de Atlanta:

  • LEVE = sem falência orgânica ou complicações locais;
  • GRAVE-MODERADA = complicações locais ou sistêmicas (sem falência orgânica persistente) e/ou falência orgânica transitória (<48h).
  • GRAVE = falência orgânica persistente (>48h).

📌 Também indicam quadro grave Ranson ≥ 3 e APACHE-II ≥ 8.

74
Q

Decoreba: descreva o escore de Balthazar.

A

O escore de Balthazar é utilizado para avaliar a gravidade da pancreatite aguda identificada via TC. Logo, trata-se de um escore baseado em imagem. É feita pelo somatório de duas partes:

ESTÁGIO de alterações inflamatórias:

  • A) Pâncreas normal = 0;
  • B) Aumento focal ou difuso = 1;
  • C) B + inflamação peri-pancreática = 2;
  • D) C + uma coleção líquida = 3;
  • E) C + duas ou mais coleções líquidas e/ou gás peri-pancreático = 4.

NECROSE:

  • Nenhuma = 0;
  • < 33% = 2;
  • 33 a 50% = 4;
  • > 50% = 6.

O total vai de 0 a 10, sendo que um escore ≥ 6 = PROGNÓSTICO RUIM.

75
Q

Diferencie os anéis esofágicos do tipo A vs. tipo B.

A

Anéis do TIPO A (anéis MUSCULARES):

  • Crianças;
  • Próximos da junção escamocolunar;
  • Musculatura hipertrófica do corpo esofágico (região mais forte do EEI);
  • Calibre varia durante a peristalse, já que tem componente muscular.

Anéis do TIPO B ou de SCHATZKI (anéis MUCOSOS):

  • Adultos e idosos;
  • Transição esofagogástrica;
  • Relacionados a DRGE e hérnia hiatal;
  • Calibre NÃO varia com peristalse.

A prova costuma cobrar o anel de Schatzki → disfagia intermitente para SÓLIDOS, descrita como entalo com um pedaço de carne (AFAGIA EPISÓDICA). O tratamento é com dilatação endoscópica.

📌 Um diagnóstico diferencial dos anéis são as MEMBRANAS esofágicas, que são mais comuns no ESÔFAGO ALTO e não são circunferenciais. Na prova, são lembradas na Síndrome de PLUMMER-VINSON (ou de Patterson-Kelly) através da tríade principalmente em mulheres → MEMBRANA esofágica em esôfago superior + DISFAGIA + ANEMIA FERROPRIVA.

OBS: a síndrome de Plummer-Vinson é um fator de risco para CCE esofágico.

76
Q

Quais são os tipos cirúrgicos de fundoaplicatura?

A

A fundoaplicatura é uma técnica que sutura o fundo gástrico ao redor do esôfago distal, de modo a aumentar a pressão no esfincter esofágico inferior (EEI). Logo, diante de um EEI já hipertônico, não é interessante fazer uma fundoaplicatura completa. Por outro lado, diante de um quadro com refluxo, já passa a ser mais interessante uma fundoaplicatura deste tipo.

  • Fundoaplicatura de Dor e de Lind = 180°;
  • Fundoaplicatura de Toupet = 270°;
  • Fundoaplucatura de NISSEN = 360°

Portanto, a de NISSEN É A DE ESCOLHA NO DRGE. As demais são preferíveis na correção anti-refluxo após a miotomia a Heller feita na acalasia.

77
Q

Do que se trata o teste da secretina?

A

O teste da secretina é considerado o MELHOR TESTE para diagnóstico de INSUFICIÊNCIA PANCREÁTICA EXÓCRINA. Logo, é útil para o diagnóstico de pancreatite crônica.

O princípio básico é administrar secretina para tentar estimular a secreção pancréatica → para checar, dosamos o bicarbonato na secreção duodenal → se o pico for < 80 mEq/L = insuficiência pancreática exócrina.

78
Q

Tema raro: vire o flashcard para conhecer os principais pontos relacionados aos tumores císticos do pâncreas.

A

Conheça 4 tipos de tumores císticos do pâncreas:

1) CISTOADENOMAS (características comuns ao seroso e ao mucinoso):

  • Normalmente BENIGNOS;
  • MULHERES de meia-idade ou IDOSAS;
  • NÃO se COMUNICAM com o DUCTO PANCREÁTICO;
  • Mais comum no CORPO E CAUDA (raro na cabeça);
  • Assintomáticos ou discretamente sintomáticos.

a) Cistoadenoma SEROSO:

  • Aspecto MULTILOCULAR e com CALCIFICAÇÃO CENTRAL EM RAIO DE SOL;
  • Não expressa CEA;
  • BAIXO potencial de malignidade;
  • Cirurgia apenas se houver dúvida diagnóstica ou sintomas.

b) Cistoadenoma MUCINOSO:

  • Aspecto UNILOCULAR, septado e com CALCIFICAÇÃO PERIFÉRICA;
  • EXPRESSA CEA, mas não expressa amilase;
  • Tem alto potencial de MALIGNIDADE;
  • OPERAR SEMPRE!

📌 Cuidado! Apesar de ter um aspecto mais “maligno” à imagem, o cistoadenoma seroso é mais benigno que o mucinoso (que na sua maioria também é benigno, mas com maior potencial de malignizar).

2) NEOPLASIA SÓLIDA PSEUDOPAPILAR (tumor de FRANTZ):

  • MULHERES JOVENS;
  • Não tem conteúdo nem seroso e nem mucinoso → tem componente SÓLIDO;
  • Acomete mais CORPO E CAUDA;
  • CIRURGIA está indicada se houver LESÃO MISTA (cística e sólida), devido ao risco de malignização, ou se CRESCER MUITO (devido aos sintomas).

📌 Todos descritos até agora acontecem mais em corpo e cauda!

3) NEOPLASIA PAPILAR INTRADUCTAL MUCINOSA (IPNM):

  • IDOSOS de ambos os sexos;
  • É o único que acomete mais a CABEÇA e processo uncinado do pâncreas;
  • Aspecto “BOCA DE PEIXE” à EDA;
  • Apresenta maior potencial de MALIGNIDADE quando envolver o DUCTO PRINCIPAL (dilatação > 5mm);
  • OPERAR principalmente se acometer o DUCTO PRINCIPAL.
79
Q

Tema raro: vire o flashcard para conhecer os principais pontos relacionados aos tumores neuroendócrinos do pâncreas.

A

A maioria dos tumores neuroendócrinos do pâncreas são provavelmente MALIGNOS (EXCETO INSULINOMA), mas com BOA CHANCE DE CURA VIA CIRURGIA (inclusive devemos RESSECAR METÁSTASES). Podem estar associados à NEM1 (apesar de o tumor neuroendócrino mais comum ser o insulinoma, o mais encontrado na NEM1 é o gastrinoma). Vamos caracterizar mais os tumores:

📌 Apesar dos nomes dos tumores serem dados por contato do hormônio que produz, 50 a 70% não são funcionantes.

1) Insulinoma → é o MAIS COMUM, geralmente é BENIGNO e cursa com HIPOGLICEMIA. No laboratório, vemos insulina sérica alta, relação insulina-glicemia alta e elevação de peptídeo-C.
2) Gastrinoma (sd. de Zollinger-Ellison) → é o segundo mais comum, mas é o MAIS RELACIONADO À NEM1. Cursa com DUP refratária e múltipla. Normalmente estão localizados no TRÍGONO DO GASTRINOMA (principalmente nas porções 2 e 3 do DUODENO), e não no pâncreas. Quando no pâncreas, é mais comum na CABEÇA (também dentro do trígono). Tem alta taxa de MALIGNIDADE mas grandes chances de CURA.

📌 O insulinoma e o gastrinoma são os mais comuns e os mais cobrados em prova. Os que virão na sequência são raros:

3) Vipoma (produz VIP) → mais comum na CAUDA e a maioria é MALIGNA. Causa a Síndrome de VERNER-MORRISON = DIARREIA SECRETÓRIA + HIPOCALEMIA + HIPOVOLEMIA + ACIDOSE METABÓLICA. Podemos dar OCTREOTIDE para amenizar os sintomas antes da cirurgia.
4) Glucagonoma → mais comum na CAUDA e a maioria é MALIGNA. Apresenta DM + DERMATITE (ERITEMA NECROLÍTICO MIGRATÓRIO). Diferente dos demais, tem PROGNÓSTICO RUIM.
5) Somatostatinoma = mais comum no CABEÇA E NO DUODENO e a maioria é MALIGNA. A clínica é principalmente relacionada à massa periampular (ex: COLESTASE).

80
Q

Decoreba: descreva o escore de Alvarado.

A

O escore de Alvarado é útil para determinarmos a necessidade de exames complementares diante de uma hipótese de apendicite aguda. É composto por 8 itens com uma pontuação máxima de 10.

📌 CUIDADO! Não serve para dar o diagnóstico ou não de apendicite, mas sim para estimar o risco de maneira a chegarmos à conclusão se precisamos (< 7, principalmente mulheres) ou não (≥ 7) de exames complementares antes de indicar a cirurgia.

Sinais locais:

  • Dor à palpação de FID = 2 pontos;
  • Dor que migra para a FID = 1 ponto;
  • DB+ em FID = 1 ponto.

Sinais sistêmicos:

  • Anorexia = 1 ponto;
  • Náuseas e vômitos = 1 ponto;
  • Febre ≥ 37.3ºC = 1 ponto.

Achados laboratoriais:

  • Leucocitose ≥ 10.000 = 2 pontos;
  • Desvio à esquerda (PMN ≥ 75%) = 1 ponto.

RESULTADOS E CONDUTAS:

  • 0 a 3 = baixo risco → orientação para retorno se não melhora ou piora da clínica.
  • 4 a 6 = risco moderado → admissão para observação e reavaliação (operar se pontuação igual após 12h). Considerar TC em mulheres.
  • ≥ 7 = alto risco → apendicectomia principalmente em homens. Em mulheres não grávidas, indica-se laparoscopia diagnóstica ou TC.

📌 Mas, na prova, basicamente vamos operar direto qualquer quadro que pareça com apendicite e solicitar imagem nos quadros duvidosos.

81
Q

Qual é a tríade da isquemia mesentérica aguda? E da crônica?

A

Isquemia mesentérica AGUDA = dor abdominal desproporcional exame clínico + fezes sanguinolentas + fonte embólica cardíaca provável;

Isquemia mesentérica CRÔNICA = dor abdominal pós-prandial + perda ponderal + alterações do hábito intestinal.

82
Q

Sobre a obstrução intestinal, quais são as causas mais comuns?

A

Obstruções altas: BRIDAS > neoplasia > hérnias.

Obstruções baixas: NEOPLASIA > volvo > doença diverticular.

📌 As bridas são a principal causa no geral.

📌 Na pediatria, a principal causa é a INTUSSUSCEPÇÃO. Outras causas são bolo de áscaris, bezoar e hérnias. Porém, em < 6 meses, a principal causa são as hérnias.

83
Q

Qual é a diferença do volvo gástrico organoaxial para o mesoaxial?

A

Nas questões, o VOLVO GÁSTRICO aparece como a TRIÁDE DE BORCHARDT = EPIGASTRALGIA + REGURGITAÇÕES COM POUCO VÔMITO + FALHA NA SONDAGEM GÁSTRICA. São dois tipos:

Volvo gástrico ORGANOAXIAL:

  • É o tipo MAIS COMUM;
  • Está relacionado com HÉRNIA HIATAL → por isso, na imagem vemos uma BOLHA DE AR INTRATORÁCICA;
  • Gera sintomas intermitentes.

Volvo gástrico MESOAXIAL:

  • É um tipo mais raro.
  • NÃO COSTUMA ESTAR ASSOCIADO A DEFEITOS ANATÔMICOS secundários;
  • Na imagem vemos a BOLHA DE AR NO ABDOME SUPERIOR;
  • Pode gerar sintomas mais INTENSOS.
84
Q

Como a questão pode nos cobrar a APENDAGITE EPIPLÓICA, uma causa não tão falada de abdome agudo inflamatório?

A

Os apêndices epiplóicos são saculações normais de gordura peritoneal ao redor do cólon. Quando há torção ao redor do próprio eixo, temos o quadro de apendagite epiplóica. Trata-se de um tipo de abdome agudo inflamatório e faz diagnóstico diferencial com apendicite e diverticulite.

Ocorre principalmente em HOMENS, OBESOS entre 20-50 ANOS. Como é uma condição AUTOLIMITADA e BENIGNA, o tratamento é feito com analgésicos comuns e AINEs. A cirurgia é uma opção para casos refratários.

📌 À TC teremos a descrição de IMAGEM PARACÓLICA OVALAR DE 1 A 5CM COM DENSIDADE DE GORDURA!

A questão pode nos levar a pensar nesse diagnóstico com base no achado de imagem e nos seguintes raciocínios:

  • Pode parecer diverticulite, mas é estranho aparecer em um indivíduo que não é idoso;
  • Pode parecer apendicite, mas é estranho a clínica ser pouco florida e o apêndice estar normal à imagem.
85
Q

Decoreba: o que é “sinal de Gobiet”?

A

Distensão do cólon transverso à radiografia (relação com pancreatite aguda).

86
Q

Quais são as indicações de erradicação do H. pylori? E como ela é feita?

A

A simples presença da infecção ativa pelo H. pylori NÃO é suficiente para indicar a sua erradicação. As indicações são:

  • Linfoma MALT de baixo grau;
  • Pós-operatório de câncer gástrico (parcial);
  • Gastrite crônica;
  • Úlcera péptica;
  • Dispepsia funcional.

📌 NÃO devemos tratar pacientes simplesmente com infecção pelo H. pylori e DRGE!

Como a dispepsia funcional é uma indicação e ela é um diagnóstico de exclusão, chegamos à conclusão de que TODOS OS PACIENTES COM DISPEPSIA DEVEM SER INVESTIGADOS PARA INFECÇÃO POR H. PYLORI (isso é relativamente novo).

Mas, não confunda conceitos → a EDA na dispepsia só está indicada se ≥ 40-45 anos, sinal de alarme ou refratariedade ao tratamento com IBP. Caso não tenhamos indicação de EDA, a investigação do H. pylori deve ser feita através de testes não invasivos (ureia respiratória, antígeno fecal e sorologia). Lembrando que os testes feitos via EDA são teste da urease, exame histológico e cultura.

Se a testagem for negativa, realizaremos o tratamento de dispepsia funcional → 8 semanas de IBP.

Mas, se for positiva → 14 DIAS de AMOXICILINA 1g + CLARITROMICINA 500mg + OMEPRAZOL 20mg BID.

📌 Na úlcera gástrica devemos estender o IBP por 4 a 8 semanas e repetir a EDA para descartar malignidade.

Após 4 semanas do fim do tratamento e com 2 semanas de IBP suspenso fazemos o controle de cura, preferencialmente com os métodos não-invasivos (exceto a sorologia) ou com invasivos caso a EDA seja necessária (vide citado acima na úlcera gástrica).

87
Q

Como é feito o tratamento cirúrgico das úlceras pépticas?

A

Nas úlceras pépticas, a cirurgia está indicada em casos de REFRATARIEDADE ao tratamento clínico e de COMPLICAÇÕES (PERFURAÇÃO, HEMORRAGIA e obstrução).

Conceito básico: hipercloridria demanda vagotomia para reduzir a produção ácida. Lembrando que as úlceras pépticas com HIPERCLORIDRIA são a DUODENAL e as GÁSTRICAS TIPO II E III, sendo abordadas da seguinte forma:

  • Duodenal → vagotomia + antrectomia;
  • Gástrica tipo II ou III → vagotomia + retirada da porção do estômago que contém a úlcera.

Já as hipoclorídricas (gástricas tipo I e IV) necessitam apenas de retirada da porção do estômago que contém a úlcera, sem vagotomia.

📌 Porém, em casos graves (como perfuração ou em pacientes com alto risco cirúrgico), fazemos o procedimento de Graham → ulcerorrafia + fortalecimento com omento. Posteriormente o tratamento cirúrgico definitivo é feito.

RESUMINDO:

  • Nas HIPERCLORÍDRICAS (duodenal e gástricas tipos II ou III) fazemos VAGOTOMIA;
  • Em todas tiramos uma parte do gástrica →ANTRO NAS DUODENAIS e a PORÇÃO DO ESTÔMAGO QUE CONTÉM A ÚLCERA NO CASO DAS GÁSTRICAS (talvez será até antrectomia também, visto que as gástricas II e III ficam próximas a esse local);
  • Paciente INSTÁVEL → GRAHAM.

📌 Nas duodenais fazemos a antrectomia para preservar o esvaziamento gástrico adequado, que fica afetado devido à vagotomia (principalmente quando fazemos a troncular, que é mais efetiva mas gera mais complicação que a super-seletiva). A piroloplastia poderia solucionar este problema, mas não tem um outro benefício da antrectomia, que é a remoção das células G (produtoras de gastrina).

📌 Já nas gástricas retiramos a porção que contém a úlcera pelo risco de ser uma neoplasia.

88
Q

Enema opaco é realizado em idosa com quadro crônico de perda de peso e constipação intestinal. O laudo vem com a descrição de “anel de guardanapo”. Qual é o provável diagnóstico?

A

O quadro clínico descrito nos faz pensar corretamente na HD de câncer colorretal. Mas, o que quer dizer a descrição de “anel de guardanapo”?

Macroscopicamente, notamos mais no cólon à direita (principalmente no ceco) lesões polipóides ou vegentantes, que crescem em direção à luz intestinal. Nesses casos, a obstrução intestinal é incomum e as manifestações clínicas são tardias.

Já no cólon à esquerda, ocorre mais a forma “anular-constritiva”, que cursa com estenose e obstrução intestinal. É aqui que entra a descrição de “ANEL DE GUARDANAPO”.

No caso, então, temos uma HD de neoplasia de retossigmóide (que inclusive é a localização mais comum do carcinoma colorretal).

O carcinoma colorretal é mais comum no retossigmoide (50 – 60% dos casos), seguindo-se o ceco-cólon ascendente (22%), o cólon transverso (11%) e o cólon descendente (6%).

89
Q

Qual é a neoplasia mais comum do apêndice cecal?

A

Anteriormente, acreditava-se na superioridade dos tumores carcinoides.

No entanto, essa distribuição foi alterada com o tempo, de forma que o ADENOCARCINOMA MUCINOSO (“mucinoide”) representa o tipo mais comum.

90
Q

Quando a quimioterapia está indicada no câncer de cólon?

A

A quimioterapia está indicada se houver acometimento lindonodal (N+) ou se a invasão ultrapassou a muscular própria (T3-T4). A terapia será neoadjuvante e adjuvante.

91
Q

Classifique as seguintes síndromes hereditárias autossômicas como recessivas ou dominantes:

1) Síndrome de Lynch (HNPCC);
2) Polipose Adenomatose Familiar;
3) Síndrome de Peutz-Jeghers.

A

Todas as três são autossômicas DOMINANTES.

92
Q

Como é feito o seguimento após uma colonoscopia indicada por rastreio de câncer colorretal?

A

Depende do resultado da colonoscopia:

  • Normal = repete em 10 anos;
  • Pólipo de menor risco (< 1cm, < 3 pólipos, histologia favorável) = colonoscopia em 5 anos;
  • Pólipo de maior risco (> 1cm, > 3 pólipos, viloso, história familiar) = colonoscopia em 3 anos;
  • Alto risco (lesões sésseis, ressecção em fatias e não em monobloco, pólipo maligno, displasia de alto grau) = 6 meses.
93
Q

Quais são as síndromes polipóides que cursam com pólipos hamartomatosos no cólon?

A

Apesar dos pólipos adenomatosos terem mais chance de malignizar, os hamartomatosos, em grande quantidade, também podem.

São diversas, mas a mais importante para a prova é a Síndrome de Peutz-Jeghers.

SÍNDROME DE PEUTZ-JEGHERS:

  • É uma síndrome autossômica DOMINANTE;
  • Os pólipos são mais frequentes no DELGADO;
  • Associada a MANCHAS MELANÓTICAS em lábios, bocas e dedos;
  • Pode causar hemorragia digestiva, intussuscepção e obstrução intestinal;
  • Risco aumentado para ADENOCARCINOMA EM TGI e NEOPLASIAS GINECOLÓGICAS (sobretudo de ovário e mama).

POLIPOSE JUVENIL → tem como achados hematoquezia, anemia, prolapso pelo reto, hipoproteinemia, hipocalemia.

📌 Síndrome de CRONKHITE-CANADA → variante mais MALIGNA da polipose juvenil → tem como achados alopecia, onicodistrofia e hiperpigmentação.

SÍNDROME DE COWDEN → associação com TUMORES DE TIREÓIDE, MAMA E DE SNC; macrocefalia; e discreto retardo mental.

94
Q

Quais são os tumores de canal anal?

A

O primeiro passo é determinar se a neoplasia do canal anal está acima ou abaixo da linha pectínea:

  • ACIMA da linha pectínea → tem comportamentode uma NEOPLASIA DE RETO. Caso seja maligna, o ADENOCARCINOMA será o tipo histológico encontrado e a drenagem linfática se dará para LINFONODOS PERIRRETAIS E PARAVERTEBRAIS. A abordagem desse grupo será feita nos flashcards de neoplasia retal.
  • ABAIXO da linha pectínea → CARCINOMA EPIDERMÓIDE é o mais comum. Nesses casos, a drenagem linfática se dará para LINFONODOS INGUINAIS E FEMORAIS (que são PALPÁVEIS, então temos que ter muita atenção no exame físico).

Agora, vamos aos tipos histológicos dos tumores de canal anal:

1) CARCINOMA EPIDERMÓIDE (mais comum):

  • Engloba o CEC (PRINCIPAL e queratinizado) e os carcinomas CLOACOGÊNICOS (não-queratinizados);
  • Mais encontrado em MULHERES (2:1);
  • O principal fator de risco é a INFECÇÃO POR HPV;
  • O fígado é o principal alvo de metástases;
  • Tratamento = ESQUEMA DE NIGRO → QT+RT COM CAPACIDADE DE CURA (80-90%) e posterior seguimento clínico e de imagem → a cirurgia de Miles (ressecção abdominoperineal) fica reservada para aqueles que não tiveram resposta adequada.

📌 Não se confunda → o câncer de reto que responde à Qt+Rt neoadjuvante continua precisando de cirurgia posterior. Mas, o de canal anal, pode curar somente com a Qt+Rt isoladas do esquema de Nigro.

2) MELANOMA:

  • Normalmente é AMELANÓTICO;
  • Tem PROGNÓSTICO RUIM → maioria muito invasivo ou com metástases;
  • O tratamento envolve ressecção simples nas lesões locais ou cirurgia de Miles nas avançadas;
  • NÃO RESPONDE À RT+QT;
  • A taxa de RECORRÊNCIA É ALTA.

3) ADENOCARCINOMA:

  • Mais RAROS mas MUITO AGRESSIVOS;
  • Tratamento é semelhante aos de reto (como é de reto baixo → cirurgia de Miles + RtQt).
95
Q

Quais são as neoplasias de margem anal?

A

As neoplasias de margem (ou borda) anal devem ser encaradas como tumores cutâneos. Devemos ter noções básicas dos principais tipos:

1a) NEOPLASIA INTRAEPITELIAL ANAL (NIA):

  • É uma lesão PRECURSORA DO CARCINOMA EPIDERMÓIDE;
  • RELAÇÃO COM O HPV e é mais comum em homens homossexuais HIV+;
  • O tratamento das lesões UNIFOCAIS envolve RESSECÇÃO cirúrgica local. Já as multifocais são tratadas com ácido tricloroacético ou imiquimode (no caso das perianais) ou com terapia ablativa (no caso das do canal anal).

1b) DOENÇA DE BOWEN (lesão intraepitelial anal de alto grau):

  • É um CCE IN SITU → tem semelhança histológica com a NIA, mas é de mais alto grau, RESTRITO À MARGEM ANAL e NÃO TEM RELAÇÃO COM O HPV;
  • Tratamento = RESSECÇÃO com margens livres (um pouco mais radical que o NIA mas menos que na doença de Paget).

2) CARCINOMA VERRUCOSO (condiloma acuminado gigante ou tumor de Buschke-Löwenstein):

  • Tem RELAÇÃO COM HPV;
  • O crescimento é LENTO e pode malignizar → tratamento = RESECÇÃO local ampla (ou, se não conseguir, amputação abdominoperineal - cirurgia de Miles).

3) DOENÇA DE PAGET:

  • É um ADENOCARCINOMA INTRAEPITELIAL raro;
  • Mais comum em IDOSOS;
  • Tem PROGNÓSTICO RUIM pois frequentemente está associado a adenocarcinoma subjacente (principalmente) ou a alguns casos de carcinoma epidermoide do canal anal;
  • Histologia → células de Paget positivas para coloração de solução periódica com ácido de
    Schiff;
  • Tratamento = excisão ampla nas lesões limitadas. Se houver adenocarcinoma retal subjacente, devemos fazer a cirurgia de Miles. Se houver carcinoma epidermoide do canal anal, podemos fazer Qt+Rt.

📌 Também podemos ter o CCE, que é tratado com margens amplas. Aborde como se fosse um CCE de pele de qualquer outro sítio, com a especificação de que as metástases linfonodais são para cadeias inguinais e femorais (logo, palpáveis).

96
Q

Acalasia é fator de risco para qual neoplasia esofágica?

A

CEC!

97
Q

Descreva a classificação de Mascarenhas para a acalasia e os possíveis tratamentos para cada grau.

A

CLASSIFICAÇÃO DE MASCARENHAS:

  • Grau 1 = calibre normal (< 4cm) com afilamento na porção final → tratamento = conservador (nitrato, BBC ou botox);
  • Grau 2 = megaesôfago de 4-7cm → tratamento = DILATAÇÃO ENDOSCÓPICA com balão;
  • Grau 3 = megaesôfago de 7-10cm → tratamento = CARDIOMIOTOMIA A HELLER com fundoplicatura parcial;
  • Grau 4 → dolicomegaesôfago ≥ 10cm → tratamento = ESOFAGECTOMIA subtotal.

📌 Normalmente, a escolha no megaesôfago chagásico será pela cirurgia de SERRA-DORIA → cardioplastia com vagotomia e gastrectomia com reconstrução em Y de Roux.

Atenção: é diferente da classificação de REZENDE! Enquanto a de Mascarenhas avalia a dilatação em centímetros, a de Rezende avalia a conformação da distribuição de contraste:

  • I = esôfago de calibre normal ao exame radiológico. Trânsito lento. Pequena retenção na radiografia tomada um minuto após a ingestão de sulfato de bário.
  • II = esôfago com pequeno a moderado aumento do calibre. Apreciável retenção de contraste. Presença frequente de ondas terciárias, associadas ou não a hipertonia do esôfago.
  • III = esôfago com grande aumento do diâmetro. Atividade motora reduzida. Hipotonia do esôfago inferior. Grande retenção de contraste.
  • IV = dolicomegaesôfago. Esôfago com grande capacidade de retenção, atônico, alongado, dobrando-se sobre cúpula diafragmática.

📌 Ou seja, a classificação que usa ‘C’entí’M’etros é a de ‘M’as’C’arenhas.

98
Q

Qual é a causa mais comum de acalasia: chagásica ou idiopática?

A

Idiopática (primária)!

A chagásica é a principal causa secundária.

99
Q

Qual valor de DeMeester aponta para acidez detectada na pHmetria de 24h?

A

O REFLUXO ÁCIDO está diagnóstico diante de um valor de DEMEESTER > 14,7.

100
Q

Diferencie as hérnias de hiato tipos 1, 2 e 3.

A

TIPO 1) Hérnia de hiato por DESLIZAMENTO:

  • A JUNÇÃO ESOFAGOGÁSTRICA E O FUNDO GÁSTRICO deslizam para dentro do tórax;
  • É muito comum (até 15% da população geral e até 60% dos idosos);
  • NÃO CAUSA DRGE, MAS É UM FATOR AGRAVANTE se a pessoa já tiver esta doença → maior chance de desenvolver a forma erosiva da DRGE, com maior gravidade;

TIPO 2) Hérnia de hiato PARAESOFÁGICA (ou por ROLAMENTO) → APENAS O FUNDO GÁSTRICO está herniado para o tórax (a junção esofagogástrica permanece intra-abdominal).

TIPO 3) Hérnia de hiato MISTA → é uma mistura do tipo 1 com o 2 → AMBOS HERNIAM, mas o estômago se hernia mais ainda do que a junção esofagogástrica, “dobrando-se” por sobre a esta.

📌 Existem ainda as hérnias de hiato gigantes, que contém outros órgãos herniados além do estômago (ex: cólon, baço, etc).

📌 Dica para guardar qual é tipo 1 e qual é tipo 2 → o número 2 é muito mais “enrolado” esteticamente do que o 1.

101
Q

Diferencie esofagite cáustica por base vs. por ácido.

A

A ingestão de ÁCIDOS causa necrose por COAGULAÇÃO → com isso, gera uma escara que limita os danos → com isso, o conteúdo DANIFICA MAIS O ESTÔMAGO do que o esôfago.

Por outro lado, a ingestão de ÁLCALIS causa necrose por LIQUEFAÇÃO → não forma escara → DANIFICA MAIS O ESÔFAGO do que o estômago.

📌 Isso mesmo! É contraintuitivo (pois costumamos associar mais a acidez à gravidade), mas os álcalis geram mais danos imediatos do que os ácidos.

Em relação ao tratamento, o mais importante é saber O QUE NÃO FAZEMOS:

  • CARVÃO ativado e LAVAGEM gástrica (são CONTRAINDICADOS);
  • ATB ou corticóide para profilaxia de complicações.

📌 Podemos utilizar IBP. Em caso de perfurações, procedemos com ATB + cirurgia. Em caso de constrições, podemos fazer dilatação endoscópica.

📌 Podemos fazer EDA para melhorarmos o diagnóstico, exceto se suspeitarmos de perfuração.

102
Q

É um conteúdo pouco cobrado, mas quais são os principais pontos em relação à esofagite eosinofílica?

A
  • Inflamação crônica com predomínio de eosinófilos;
  • Incidência crescente, com predomínio em HOMENS entre 20-40 ANOS;
  • Gera disfagia e dor torácica NÃO-RESPONSIVA AOS IBP;
  • Relação com ASMA, ATOPIA E ALERGIAS ALIMENTARES;
  • À EDA, aspecto de “ESÔFAGO EM TRAQUEIA” por ficar cheio de anéis e ABSCESSOS EOSINOFÍLICOS BRANCOS;
  • Tratamento = CORTICÓIDES INALATÓRIOS tópicos.
103
Q

Qual é a diferença entre o câncer esófagico precoce e o gástrico precoce?

A

Ambos significam um tumor restrito à submucosa (T1b). Porém, há uma diferença:

  • No câncer esofágico precoce, NÃO PODE ter acometimento linfonodal (ou seja, é T1bN0);
  • Já no gástrico, INDEPENDE o acometimento linfonodal (ou seja, basta ser T1b).

📌 A ultrassonografia endoscópica é o melhor exame para avaliar o T e o N, tanto no tumor de esôfago quanto no de estômago.

📌 Lembrando que nas neoplasias do TGI, T2 corresponde à invasão da muscular própria.

104
Q

Mulher de 35 anos de idade procurou o ambulatório de cirurgia, contando que ficou internada por uma semana, no pronto‐socorro, devido a um quadro de pancreatite aguda. Não apresenta mais queixas no momento.

Os resultados dos exames feitos há 1 semana no pronto-socorro foram: amilase 1.260; AST 86; ALT 154; GGT 198; ultrassom normal.

Qual é a melhor conduta no momento?

A

Esse quadro tem todo jeito de ter sido uma pancreatite de origem biliar → mulher de 35 anos + colestase + ALT AUMENTADA + ausência de relato de etilismo (com esta, descartamos a etiologia alcóolica, que é a segunda mais comum).

A conduta diante de uma pancreatite aguda biliar é proceder com colecistectomia eletiva. Correto? Sim! Mas calma: antes temos que comprovar que a etiologia foi biliar.

Diante de uma provável etiologia biliar, mas com ultrassonografia abdominal normal, podemos investigar a presença de MICROLITÍASE (LAMA) BILIAR através da ULTRASSONOGRAFIA ENDOSCÓPICA.

📌 Cerca de 20% das pancreatites agudas são idiopáticas, estando a lama biliar presente em 2/3 desses casos.

Caso mesmo após a ultrassonografia endoscópica nós não comprovemos a etiologia biliar, devemos investigar outras causas de pancreatite aguda, tais como: histórico de drogas, trauma, CPRE prévia, hipertrigliceridemia e hipercalcemia.

105
Q

Mulher de 55 anos apresenta dor abdominal e icterícia há 2 dias. Relata quadros prévios de dor abdominal após refeições gordurosas, com melhora espontânea. Realizou previamente gastroplastia em Y de Roux.

Exame clínico: afebril, ictérica, BEG e estável hemodinamicamente.

Exames laboratoriais: Hb 12,8, PLQ 350.000, GL 15980 com desvio, BbT 5 (sendo BbD 4), amilase 20, FA 200, GGT 198, TGO e TGP normais.

Julgue a conduta descrita a seguir como V ou F:

“Devido à forte suspeita de coledocolitíase, devemos proceder com CPRE”.

A

Antes de responder à questão, vamos relembrar o tratamento das principais patologias das vias biliares:

1) Colecistolitíase assintomática → CVL eletiva apenas diante de fatores agravantes → vesícula em porcelana, anemias hemolíticas, cálculos ≥ 3cm, pólipos de alto risco, entre outros.
2) Colecistolitíase sintomática → todos devem ser tratados → CVL ELETIVA.
3) Colecistite aguda → todos devem ser tratados → ATB + CVL PRECOCE (em < 72h) com colangiografia intra-operatória.

📌 Quadros graves de colecistite, sem condições cirúrgicas, beneficiam-se da colecistostomia percutânea.

4) Coledocolitíase → TODOS devem ser tratados → CPRE + posterior CVL.

📌 Mas a CPRE é o método de escolha para diagnóstico e tratamento da coledocolitíase, mas só é pedida de cara em pacientes de alto risco →cálculo em cóledoco visto no USG, colangite ou dilatação de cóledoco > 6mm com Bb aumentada (outro flashcard abordará isso com mais detalhe). Quadros de risco leve-moderado costumam se beneficiar de colangiorressônancia.

5) Colangite aguda simples → ATB + desobstrução ELETIVA (cirúrgica ou endoscópica).
6) Colangite aguda tóxica → ATB + desobstrução IMEDIATA (CPRE, trans-hepática percutânea ou coledocotomia).

Finalmente! Vamos voltar à questão! Como estamos diante de um quadro suspeito de coledocolitíase (de moderado risco), indicaremos a colangiorressônancia. Certo? Sim!

Suponhamos, agora, que a colangioRNM revelou a presença do cálculo no colédoco. Agora sim indicaremos a CPRE e depois uma CVL, certo?

Não, INCORRETO! A paciente foi submetida no passado a uma reconstrução em Y de Roux que alterou completamente a anatomia do seu trato gastrointestinal, de maneira a inviabilizar a realização de CPRE → para ela, o tratamento seria CVL com exploração cirúrgica das vias biliares.

  • CVL = colecistectomia videolaparoscópica.
106
Q

Quais são as indicações de abordagem de uma colecistolitíase?

A

Realizamos COLECISTECTOMIA VIDEOLAPAROSCÓPICA nos SINTOMÁTICOS ou assintomáticos com fatores específicos, tais como:

  • Vesícula em porcelana;
  • Anomalias congênitas da vesícula;
  • Cálculo 2,5 ≥ 3cm;
  • Pólipos de alto risco → > 60 anos, > 1cm e/ou crescimento rápido;
  • Anemias hemolíticas;
  • Pacientes que irão fazer transplante cardíaco ou bariátrica.

E qual é o momento de realizar a cirurgia?

  • Colecistolitíase → estabilizamos o paciente e fazemos ELETIVAMENTE;
  • Colecistite aguda → colecistectomia < 72 HORAS.
107
Q

O que é o trígono de Calot?

A

O trígono de Calot é o local onde passa a ARTÉRIA CÍSTICA, que deve ser ligada em uma colecistectomia videolaparoscópica.

Seus limites são:

  • BORDA HEPÁTICA;
  • DUCTO HEPÁTICO COMUM;
  • DUCTO CÍSTICO.
108
Q

Em um paciente que irá realizar uma colecistectomia videolaparoscópica, como fazemos a abordagem de uma possível coledocolitíase associada?

A

Para avaliar o risco, devemos solicitar USG abdominal, transaminases, FA e bilirrubinas.

ALTO RISCO:

  • Icterícia flutuante (BbT ≥ 4), cálculo dentro do colédoco visto na USG; colangite recorrente;
  • Conduta = CPRE.

MÉDIO RISCO:

  • HP de pancreatite, colangite ou pancreatite + COLÉDOCO DILATADO (≥ 5mm) à USG + pelo menos 2 outro fatores: ↑BbT, ↑AST/ALT, ↑FA.
  • Conduta = COLANGIO-RNM pré-operatória;

BAIXO RISCO:

  • Semelhante ao “médio”, mas com COLÉDOCO ≤ 5mm;
  • Conduta = colangiografia intra-operatória.

MUITO BAIXO RISCO:

  • Não tem nenhum dos sinais ou sintomas acima;
  • Conduta = CVL isolada.
109
Q

Quais agentes bacterianos costumam estar presentes na apendicite aguda?

A

O apêndice cecal possui uma flora polimicrobiana similar colônica, sendo encontradas bactérias:

  • Anaeróbias, como Bacteroides;
  • Gram-negativas, como E. coli e P. aeruginona;
  • Gram-positivas, como S. viridans e Enterococcus.

📌 Não caia na pegadinha → o C. difficile não está associado à apendicite aguda! Ele é um bacilo oportunista anaeróbio gram-positivo, que está relacionado com doenças diarreicas após tratamentos com ATB (por alterar a flora intestinal facilitando a colonização), como na colite pseudomembranosa.

110
Q

Do que se trata o gap osmolar fecal?

A

Não precisamos de decorar a fórmula, apenas de entender o conceito, viu?

Gap osmolar fecal = 290 - 2x(sódio fecal + potássio fecal) → é utilizado para diferenciar diarreias osmóticas e secretórias:

  • < 50 mOsm/kg → SECRETÓRIA → significa que há MAIS SOLUTO;
  • ≥ 125 mOsm/kg → OSMÓTICA → significa que há MENOS SOLUTO.

Vamos voltar à fisiopatologia dessas duas entidades para entender:

A diarréia SECRETORA ocorre pois há algum fator (geralmente uma toxina) ESTIMULANDO A SECREÇÃO ou INIBINDO A ABSORÇÃO ELETROLÍTICA pelo epitélio intestinal → com isso, temos MAIS SOLUTOS nas fezes → e, consequentemente, um GAP OSMOLAR FECAL MENOR (afinal, o gap é gerado pela subtração do Na+ e do K+ fecais, que estão altos) e MAIOR VOLUME FECAL.

Por sua vez, na OSMÓTICA (que é causada pela presença de substâncias osmoticamente ativas na luz intestinal) a ABSORÇÃO DE ELETRÓLITOS ESTÁ INTACTA → com isso, temos MENOS SOLUTOS nas fezes → e, consequentemente, um GAP OSMOLAR FECAL MAIOR (afinal, o gap é gerado pela subtração do Na+ e do K+ fecais, que estão baixos) e MENOR VOLUME FECAL.

📌 A diarréia OSMÓTICA MELHORA COM O JEJUM e a secretória persiste.

111
Q

Alerta de flashcard mais chato do que preencher gabarito depois de terminar 4 horas de prova.

Diante de um quadro de hipertensão porta, se optarmos por realizar uma derivação porto-sistêmica, qual é a técnica de escolha?

A

Bom, a resposta não é única. Vamos analisar antes as características de cada derivação porto-sistêmica:

1) NÃO-SELETIVAS:

  • Descomprimem completamente o sistema porta → com isso, REDUZEM A ASCITE mas aumentam o RISCO DE ENCEFALOPATIA.
  • Opção como cirurgia de URGÊNCIA NA HDA VARICOSA, ESPECIALMENTE SE HOUVER ASCITE;
  • Devem ser EVITADAS NOS CANDIDATOS A TRANSPLANTE HEPÁTICO, pois dificultam o procedimento por modificarem a anatomia da veia cava inferior.

📌 O TIPS funciona como uma derivação porto-sistêmica não-seletiva não-cirúrgica, mas não modifica a anatomia da VCI → PREFERIDO EM CANDIDATOS A TRANSPLANTE.

2) PARCIAIS → parecem com as não-seletivas, mas não interrompem completamente o fluxo hepatopetal → causam menos encefalopatia hepática que as não-seletivas mas, por outro lado, reduzem menos a hipertensão portal.
3) SELETIVAS:

  • A descompressão portal é feita de maneira compartimentalizada, preservando o fluxo mesentérico-porto-hepático → MENOR RISCO DE ENCEFALOPATIA e de disfunção hepática, mas pode PIORAR A ASCITE;
  • A mais famosa é a Cirurgia de WARREN, que é a de escolha para PREVENÇÃO DE RESSANGRAMENTO VARICOSO em pacientes com ASCITE AUSENTE OU LEVE.

📌 A cirurgia de DESVASCULARIZAÇÃO (desconexão ázigo-portal com esplenectomia) é a cirurgia de escolha para profilaxia secundária de sangramento varicoso na ESQUISTOSSOMOSE.

Então, para finalmente responder à pergunta, vamos aos procedimentos de escolha:

  • Hipertensão porta + insuficiência hepática avançada = transplante hepático;
  • Profilaxia secundária de HDA varicosa sem ascite = Warren;
  • Profilaxia secundária de HDA varicosa com ascite = derivação portocava calibrada (não-seletiva);
  • Cirurgia de urgência na HDA varicosa = TIPS (se impossível, faz alguma derivação não-seletiva);
  • Esquistossomose = cirurgia de desvascularização.
112
Q

Decoreba mor: descreva a classificação de Haggitt para pólipos intestinais pediculados neoplásicos.

A

Classificação de Haggitt de acordo com o grau de penetração do carcinoma:

  • 0 → não invade a muscular da mucosa (carcinoma in situ ou intramucoso);
  • 1 → invade a muscular da mucosa penetrando na submucosa, mas é limitado à cabeça do pólipo;
  • 2 → invade o colo do pólipo (junção entre a cabeça e a haste);
  • 3 →invade qualquer parte da haste;
  • 4 → invade a submucosa da parede do intestino abaixo da haste do pólipo, mas acima da muscular própria.

📌 Todos os pólipos sésseis com carcinoma invasivo (ultrapassa a muscular da mucosa) são considerados nível 4.

113
Q

Descreva:

  • Sinal de Gersuny;
  • Sinal de Jobert.
A

Gersuny → palpação de massa abdominal ‘‘petrificada’’ decorrente de provável FECALOMA;

Jobert → percussão da LOJA HEPÁTICA com TIMPANISMO ao invés da macicez hepática → sugestivo de PNEUMOPERITÔNIO;

114
Q

Qual é mais comum: HDA ou HDB?

A

HDA!

A HDA é mais COMUM (85%) e mais GRAVE, cessando menos espontaneamente. Ocorre principalmente por úlcera péptica.

A HDB é menos comum e menos grave, cessando mais espontaneamente. Ocorre principalmente por doença diverticular no COLON DIREITO!

📌 Para guardar, lembre: a HDA é tão mais frequente e tão mais grave que até mesmo diante de uma hipótese de HDB fazemos antes a EDA para descartar HDA.

115
Q

Como é a “escadinha” da terapia das doenças inflamatórias intestinais?

A

1) Aminossalicilatos (mesalazina ou sulfassalazina) → são drogas de MANUTENÇÃO e que só podem ser feitas via enteral (pois o efeito é tópico).
2) Corticóides → dose de ATAQUE para induzir remissão nos quadros moderados a graves;
3) Imunossupressores (metotrexato, azatioprina, clclosporina);
4) Imunobiológicos (inflixamab e adalimumab).
5) Cirurgia (está indicada se houver intratabilidade clínica, malignização, retardo de crescimento, hemorragia, megacólon tóxico, perfuração e manifestações extra intestinais graves).

📌 Na DC, a presença de algum dos fatores de gravidade a seguir aponta para considerarmos a introdução já inicial de imunobiológicos: (1) idade jovem; (2) doença perianal; (3) doença estenosante; (4) necessidade de corticoterapia.

116
Q

Como é feito o estadiamento e o tratamento do câncer de esôfago?

A

Devemos realizar TC DE TÓRAX E ABDOME para avaliar a presença de metástases (podemos até optar por PET-CT em quadros mais avançados) e US-ENDOSCÓPICO para avaliar T e N.

📌 A broncofibroscopia pode ser usada nos tumores de terço médio e proximal para avaliar possível invasão brônquica.

Sobre os estágios, é difícil decorarmos todos. Porém, guarde algumas dicas: N+ provavelmente será ≥ E2 e e M+ provavelmente será E4. Além disso, veja a classificação T:

  • Tis = displasia de alto grau na mucosa;
  • T1a = lâmina própria ou muscular da mucosa;
  • T1b = SUBMUCOSA;
  • T2 = MUSCULAR própria;
  • T3 = adventícia (lembre-se que o esôfago não tem serosa);
  • T4a = estruturas adjacentes ressecáveis (pleura, pericárdio, diafragma);
  • T4b = estruturas adjacentes IRRESSECÁVEIS (aorta, vértebras, traqueia).

Agora, veja as dicas em relação ao tratamento:

  • T1a → mucosectomia endoscópica;
  • ≥ T1b → esofagectomia + linfadenectomia regional;
  • ≥ T3 ou N+ (neoplasias localmente avançadas) → RT+QT neoadjuvantes;
  • T4b ou M+ → tratamento paliativo.

📌 Na maioria dos pacientes o tumor é irressecável ao diagnóstico.

117
Q

Prós e contras dos tipos de esofagectomia para o câncer esofágico.

A

São 3 técnicas diferentes:

  • TRANSTORÁCICA →incisão torácica e abdominal → o estômago é trazido até o tórax para ser feita uma anastomose intratorácica → apresenta maior RISCO DE DEISCÊNCIA DE ANASTOMOSE (pode evoluir para MEDIASTINITE grave).
  • TRANS-HIATAL → incisão cervical e abdominal → a incisão e anastomose com o estômago são feitas na região cervical, SEM O RISCO DE MEDIASTINITE. Porém, tem pontos negativos: risco de hemorragia mediastinal não controlada durante a cirurgia e NÃO POSSIBILITA DISSECAR TODOS OS LINFONODOS intratorácicos.
  • TRI-INCISIONAL →incisão cervical, torácica e abdominal → resolve os problemas das duas cirurgias anteriores, mas é uma cirurgia ainda mais AGRESSIVA E LONGA, o que pode aumentar a morbimortalidade a curto prazo.

📌 Resumindo:

  • Transtorácica = menos recivida, mas mais complicações;
  • Trans-hiatal = menos complicações, mas mais recidiva (preferível para quadros paliativos);
  • Tri-incisional = menor recidiva de todas, mas mais agressiva a curto prazo.
118
Q

Classificação de Siewert e conduta.

A

A classificação de SIEWERT é utilizada para tumores da TRANSIÇÃO esôfago-gástrica:

  • Tipo I = - 1 a 5cm proximais;
  • Tipo II = 1cm proximal a 2cm distal;
  • Tipo III = 2 a 5cm distais.

📌 As distâncias são medidas em relação à transição esôfago-gástrica.

📌 O ponto de referência para calcular a distância é o EPICENTRO do tumor.

Condutas:

  • Tipo I e II → trata como câncer esofágico = esofagectomia total;
  • Tipos III → trata como câncer gástrico proximal = esofagectomia distal + gastrectomia total.

📌 Siewert I e II tem pior prognóstico em relação ao tipo III e ao adenocarcinoma gástrico propriamente dito.

119
Q

Correlacione os itens abaixo com o tipo mais relacionado de adenocarcinoma gástrico:

  • Grupo sanguíneo A;
  • Disseminação por contiguidade ou linfática;
  • Disseminação hematogênica;
  • H. pylori;
  • Células em anel de sinete.
A

Ou seja, queremos saber se é do tipo INTESTINAL (menos agressivo e que acomete mais homens ≥ 50 anos) ou DIFUSO (mais agressivo e que acomete mais mulheres jovens).

  • Grupo sanguíneo A → difuso;
  • Disseminação por contiguidade ou linfática → difuso;
  • Disseminação hematogênica → intestinal;
  • H. pylori → intestinal;
  • Células em anel de sinete → difuso.
120
Q

Do que se trata e a que pode estar relacionada a síndrome de Trousseau?

A

Corresponde a um quadro de tromboflebite migratória superficial recorrente em MMII e MMSS.

Pode ser uma síndrome paraneoplásica de adenocarcinoma gástrico.

121
Q

Caracterize os achados a seguir:

  • Linfonodo de Virchow;
  • Linfonodo de Irish;
  • Linfonodo de Irmã Maria José;
  • Prateleira de Blummer;
  • Tumor de Krukenberg.
A

São achados que podem estar presentes em uma neoplasia gástrica avançada.

  • Linfonodo de Virchow → supraclavicular esquerdo;
  • Linfonodo de Irish → axilar esquerdo;
  • Linfonodo de Irmã Maria José → periumbilical;
  • Prateleira de Blummer → metástases peritoneais sentidas ao toque retal;
  • Tumor de Krukenberg → metástase para o ovário (normalmente bilateralmente).

Todos acima indicam DOENÇA INCURÁVEL → conduta = tratamento paliativo.

📌 CUIDADO COM PEGADINHAS! Se perguntarem na prova qual é o sinal do linfonodo supraclavicular esquerdo, chama-se SINAL DE TROISIER. Ou seja, o linfonodo é “linfonodo de Virchow” mas o sinal é “sinal de Troisier”. Não existe “sinal de Virchow”.

122
Q

Estadiamento no adenocarcinoma gástrico

A

O estadiamento do câncer gástrico parece muito com o do esofágico → realizamos TC DE TÓRAX E ABDOME para avaliar M (podemos até optar por PET-CT em quadros mais avançados) e US-ENDOSCÓPICO para avaliar T e N.

📌 A diferença é que há uma etapa adicional no câncer gástrico: caso os exames apontem para uma doença curável (sem metástases e ressecável), ainda há uma etapa investigativa com VIDEOLAPAROSCOPIA DIAGNÓSTICA para certificar de que realmente não há metástases peritoneais, para garantir que a cirurgia curativa pode ser feita.

Veja a classificação T:

  • Tis = mucosa;
  • T1a = lâmina própria ou muscular da mucosa;
  • T1b = SUBMUCOSA;
  • T2 = MUSCULAR própria;
  • T3 = subserosa e gordura pericólica;
  • T4a = perfura o peritônio visceral (serosa);
  • T4b = órgãos e estrutura adjacentes.

Também já foi cobrado em prova o N:

  • N1 = 1 a 2;
  • N2 = 3 a 6;
  • N3 = 7 a 15;
  • N4 = ≥ 16 linfonodos.

📌 Câncer gástrico precoce é no máximo T1b, independentemente do N.

123
Q

Tratamento do adenocarcinoma gástrico

A

Antes, vamos relembrar a classificação T para facilitar o raciocínio:

  • Tis = mucosa;
  • T1a = lâmina própria ou muscular da mucosa;
  • T1b = SUBMUCOSA;
  • T2 = MUSCULAR própria;
  • T3 = subserosa e gordura pericólica;
  • T4a = perfura o peritônio visceral (serosa);
  • T4b = órgãos e estrutura adjacentes.

Agora sim, vamos às condutas:

  • MUCOSECTOMIA endoscópica → tumor restrito à MUCOSA (T1a) + < 2cm + subtipo INTESTINAL + lesão NÃO-ULCERADA, SEM INVASÃO LINFO-VASCULAR.
  • Gastrectomia TOTAL + linfadenectomia D2 → tumor PROXIMAL + ≥ T1b + possivelmente CURÁVEL.
  • Gastrectomia SUBTOTAL + linfadenectomia D2 → idem acima, mas, nesse caso, o tumor está restrito aos dois terços distais do estômago, no corpo e antro.

📌 A margem tem que ter 5-6cm. Por isso, a gastrectomia subtotal só é possível em tumores ≥ 5-6cm de distância da junção esofago-gástrica).

📌 Preferimos a reconstrução em Y de Roux.

  • QT+RT adjuvantes → ≥ T3 ou N+;

📌 Mutação HER-2 se beneficia de trastuzumab.

📌 Diferentemente do esôfago (em que a QT+RT é neoadjuvante), aqui normalmente é adjuvante (mas nada impede que façamos também neoadjuvantemente na neoplasia gástrica).

  • Tratamento paliativo → M1 (metástases à distância), infiltração peritoneal, ascite, massa palpável.
124
Q

Resumidamente, como é o tratamento na obstrução intestinal?

A

Nos casos de SUBOCLUSÃO (obstrução parcial), podemos optar por tratamento CLÍNICO (jejum, SNG, analgesia, hidratação e correção de distúrbios hidroeletrolíticos).

Porém, qualquer um dos achados abaixo indica CIRURGIA:

  • Falha após 48h de tratamento clínico da suboclusão;
  • Obstrução total em alça fechada;
  • Inviabialidade de alças;
  • Peritonite;
  • Instabilidade hemodinâmica.
125
Q

Idoso de 70 anos, com sequela de AVE, acamado, apresenta quadro de distensão abdominal, dor tipo cólica intensa e parada de eliminação de gases e fezes há cerca de 24 horas. Nega vômitos ou febre.

A acompanhante informou que o paciente já apresentava constipação crônica, sendo muitas vezes necessário clister glicerinado para retirada de fecaloma. Entretanto, desta vez, relata que realizou o clister, sem saída de fezes e com piora do quadro abdominal.

O exame do abdome estava prejudicado pela pouca interação do paciente, mas ele manifestava dor à palpação difusa. O toque retal mostrou ampola retal vazia.

Realizaram-se as radiografias de rotina para abdome agudo, o que evidenciou, além de imagem de fecaloma, intensa dilatação de todo o cólon (mais dilatado no ceco - 11 cm de diâmetro), ausência de gás no reto e ausência de dilatação de intestino delgado.

A conduta médica indicada para esse paciente é

A

LAPAROTOMIA!

Vamos relembrar as indicações de cirurgia na obstrução intestinal:

  • Falha após 48h de tratamento clínico da suboclusão;
  • Obstrução total em alça fechada;
  • Inviabialidade de alças;
  • Peritonite;
  • Instabilidade hemodinâmica.

Dessas indicações, o paciente apresenta uma obstrução total em alça fechada que, por mais que pudesse ser reversível com a retirada do fecaloma, já está causando intensa dilatação do cólon (≥ 10cm), o que indica risco iminente de ruptura. Portanto, devemos operar imediatamente.

📌 Se fizéssemos uma colonoscopia descompressiva, aumentaríamos ainda mais o risco de perfuração pois ela causa aumento da pressão intracolônica.

126
Q

Qual a classe de ATB de escolha na pancreatite infectada?

A

Carbapenêmicos (ex: meropenem e imipenem)

📌 O tratamento definitivo dos casos de necrose infectada é a necrosectomia.

127
Q

Julgue como V ou F:

Apesar de a hipercalcemia frequentemente causar pancreatite aguda, a pancreatite aguda é uma manifestação rara da hipercalcemia.

A

FALSO!

  • Pancreatite é uma manifestação rara de hiperCa (essa parte estava correta);
  • HiperCa é uma causa rara de pancreatite.
128
Q

Vincule as palavras-chave com o principal agente de diarreia infecciosa que a prova poderia te cobrar:

  • Causa mais comum em < 2 anos;
  • Diarreia do viajante;
  • E. coli que causa diarreia persistente;
  • Diarreia intensa com hiponatremia;
  • Intoxicação alimentar;
  • Disenteria;
  • E. coli parecida com a Shigella;
  • SHU;
  • Guillain-Barré;
  • Sepse.
A
  • Causa mais comum em < 2 anos → ROTAVÍRUS;
  • Diarreia do viajante → E. coli ENTERO’T’OXIGÊNICA (diarreia do ‘T’urista);
  • E. coli que causa diarreia persistente → E. coli ENTERO’P’ATOGÊNICA (diarreia ‘P’ersistente);
  • Diarreia intensa com hiponatremia → CÓLERA;
  • Intoxicação alimentar → S. AUREUS;
  • Disenteria → SHIGELLA;
  • E. coli parecida com a Shigella → E. coli ENTEROINVASIVA;
  • SHU → E. coli ÊNTERO-HEMORRÁGICA.
  • Guillain-Barré → CAMPYLOBATER (Campylo’barré’);
  • Sepse → SALMONELLA.
129
Q

Quais são os possíveis achados radiográficos e ultrassonográficos podemos ter em um quadro de apendicite aguda?

A

Achados RADIOGRÁFICOS (são ruins):

  • Apendicolito;
  • Escoliose antálgica;
  • Apagamento do psoas;
  • Alça intestinal sentinela.

Achados ULTRASSONOGRÁFICOS:

  • Espessamento;
  • Apêndice NÃO-COMPRESSÍVEL;
  • DIÂMETRO ≥ 7mm.
130
Q

Decoreba: sobre a colelitíase:

  • Qual é a incidência na população?
  • Dos que têm, quantos terão sintomas nos próximos 20 anos (cólica biliar)?
  • Dos que têm, quantos terão complicações (ex: colecistite)?
A
  • Qual é a incidência na população → 20% (maioria assintomática);
  • Dos que têm, quantos terão sintomas nos próximos 20 anos (CÓLICA BILIAR) → 20 a 30%;
  • Dos que têm, quantos terão complicações (ex: COLECISTITE) → 1%.
131
Q

V ou F:

Pólipos gástricos hiperplásicos podem malignizar.

A

VERDADEIRO, apesar de ser muito raro. Indicam que há gastrite subjacente que lhes deu origem (esta sim é um fator de risco importante).

Por isso, PÓLIPOS GÁSTRICOS devem SEMPRE ser RESSECADOS.

📌 Diferentemente dos pólipos hiperplásicos colônicos, que não são fatores de risco para adenocarcinoma.

132
Q

Mulher com RCU apresenta quadro de megacólon tóxico. Qual é a conduta?

A

Megacólon tóxico indica abordagem CIRÚRGICA → devemos realizar COLECTOMIA TOTAL. Como há inflamação importante, não podemos realizar anastomose agora. Portanto, fazemos colectomia total com ileostomia e preservação de reto… em um segundo momento, fazemos a anastomose.

📌 Cuidado com pegadinhas! A PROCTOcolectomia envolve a retirado do ânus (que é poupado pela RCU)… só fazemos isso em caso de tumores de canal anal ou de reto baixo.

133
Q

Julgue como V ou F: complicações da apendicite aguda ocorrem mais em crianças e idosos do que em adultos.

A

VERDADEIRO

134
Q

Qual é a conduta diante de uma ingestão de corpo estranho?

A

A conduta varia de acordo com o local de impactação:

1) BOCA e FARINGE → tentar retirar com uma pinça via laringoscopia ou broncoscopia.
2) ESÔFAGO → fazer EDA de urgência se:

  • SINTOMAS presentes;
  • Objetos PONTIAGUDOS ou cortantes;
  • Objetos ≥ 5cm;
  • Objetos MAGNÉTICOS (dois imãs ou um imã + um objeto metálico;
  • Qualquer BATERIA.

📌 Caso contrário, podemos ter conduta expectante por 24h.

3) ESTÔMAGO → geralmente, os objetos que passam pelo esôfago conseguem passar pelo piloro e sair pelo reto. Porém, se for uma BATERIA, deve-se RETIRAR IMEDIATAMENTE caso tenha um tamanho ≥ 2 CM OU se for uma CRIANÇA < 5 ANOS.
4) DELGADO → realizamos CIRURGIA se for um objeto PONTIAGUDO IMPACTADO HÁ 3 DIAS.

📌 Objetos não perfurantes podem demorar até quatro semanas para eliminação.

135
Q

Na pneumonia, quando indicamos drenagem torácica diante de um quadro de derrame pleural?

A

Se, após toracocentese diagnóstica num quadro de pneumonia, concluirmos se tratar de um EMPIEMA ou um DERRAME COMPLICADO.

OU

Se antes, mesmo de fazermos a toracocentese, fizermos um exame de imagem que revele SEPTAÇÕES.

📌 Sim! Apesar de muitas questões já pularem a etapa de drenagem, ela pode sim ser feita diante do diagnóstico de septações. A videotoracoscopia entra em cena caso a drenagem não seja suficiente para resolver o quadro.

136
Q

Qual é o tratamento da necrose pancreática?

A

Normalmente, a banca nos mostrará à TC uma lesão NÃO-ORGANIZADA e HIPODENSA em relação ao parênquima pancreático, algumas semanas após o diagnóstico de pancreatite (provavelmente MENOS DE 30 DIAS, pois após esse momento teria chance mais organizada).

O tratamento depende de complicação:

  • Necrose SEM INFECÇÃO → tratamento deverá ser CONSERVADOR, SEM ATB e com suporte nutricional;
  • Necrose COM INFECÇÃO → suporte, ATB (carbapenênicos), NECROSECTOMIA.
137
Q

Qual é a principal causa de HDB em delgado?

A

ANGIODISPLASIA.

Lembre-se que o sangramento da angiodisplasia é venoso, enquanto o da doença diverticular é arterial.

📌 HDA é muito mais comum que HDB. Além disso, dentro das HDB, a de cólon é muito mais comum do que a de delgado.

138
Q

V ou F:

A biópsia de delgado não é mais indispensável para o diagnóstico de doença celíaca.

A

VERDADEIRO!!!

O diagnóstico pode ser feito com SOROLOGIA APENAS → antitransglutaminase ≥ 10x LSN → faz uma segunda coleta incluindo antiendomísio → se também for positivo, diagnóstico está feito.

A biópsia fica reservada para casos atípicos e que não preenchem o fluxograma acima.

📌 Para fazer tanto os exames sorológicos quanto a biópsia nós NÃO PODEMOS SUSPENDER O GLÚTEN ANTES! Pode dar um falso-negativo.

139
Q

Mulher, 28a, com epigastralgia, traz resultado de EDA realizada há 3 semanas, que revelou uma úlcera duodenal ativa e pesquisa de H. pylori negativa. Usa regularmente IBP há 2 anos e é tabagista.

Qual é a conduta?

A

Veja que ela provavelmente fez a EDA enquanto usava IBP (possível falso-negativo). Para termos um resultado acurado da pesquisa de H. pylori por EDA, é preciso SUSPENDER O IBP POR AO MENOS 2 SEMANAS E REPETIR A EDA.

Como ela é sintomática, não a deixaremos sem medicações… é possível substituir o IBP por outra medicação durante este tempo → ex: antiácidos, bloqueadores dos receptores H2 (ranitidina) ou sucralfato.

140
Q

Quais alimentos devem ser suspendidos diante do diagnóstico de doença celíaca?

A

São PROIBIDOS →TRIGO (e PÃES), centeio, cevada (e CERVEJA), SALSICHA, quibe, almôndega.

📌 Cuidado com pegadinhas: são permitidos → ARROZ, MILHO, TUBÉRCULOS, linhaça, leite e derivados, frutas.

Em relação à aveia á controvérsias.

141
Q

V ou F:

“Câncer gástrico está reduzindo de incidência”

A

Verdadeiro

142
Q

No câncer colorretal, qual tipo de disseminação ocorre mais precoce: linfática ou hematogênica?

A

Linfática

143
Q

Quais são as principais causas de HDB por faixa etária?

A

Crianças → INTUSSUCEPÇÃO > Meckel;

Adultos < 30 anos → MECKEL > doença inflamatória intestinal > pólipo juvenil;

Adultos ≥ 3 anos → DOENÇA DIVERTICULAR > angiodisplasia > neoplasia.