CIR - Trauma e Queimaduras Flashcards

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1
Q

Propedêutica e indicações de cirurgia em trauma contuso

A

Indicações IMEDIATAS de cirurgia (laparotomia exploradora):

  • Peritonite
  • Pneumoperitônio (indica ruptura de víscera oca)
  • Instabilidade hemodinâmica (entretanto, em caso de politrauma, primeiramente realizar FAST ou LPD para verificar se a origem do sangramento é abdominal)

Se a princípio o abdome não for cirúrgico e o paciente estiver ESTÁVEL, realizar FAST seguido de TC com contraste, para avaliar o grau da lesão e orientar a conduta subsequente (tratamento não-operatório ou operatório)

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2
Q

Indicações de cirurgia em trauma penetrante de abdome

A

Choque
Sinais de irritação peritoneal
Evisceração
Lesão por arma de fogo (PAF) na região anterior do abdome

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3
Q

Indicações de cirurgia no trauma esplênico e técnica de escolha

A

INDICAÇÕES:

  • Sinais de peritonite
  • Instabilidade hemodinâmica com FAST ou LPD positivos (indicando hemorragia de origem abdominal)
  • Presença de coagulopatia
  • Lesões IV e V (a gradação tomográfica vai de I a V)

Atualmente é mais realizada a ESPLENECTOMIA TOTAL. Lembre-se de que esses pacientes precisam ter o calendário vacinal completo para cobrir germes encapsulados (pneumococo, meningococo e Haemophilus B)

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4
Q

Classificação de perda volêmica segundo o ATLS

A
Classe 1 (perda < 15% / 750 mL): PA normal (PAS > 90) e Fc < 100
Classe 2 (perda < 30% / 1500 mL): PA normal e Fc > 100
Classe 3 (perda <40% / 2000 mL): hipotenso e Fc > 120 
Classe 4 (perda > 40% / >2000 mL): hipotenso e Fc > 140 ou anúria 

Para as classes 3 e 4 (choque avançado), há indicação de hemoderivados. Na classe 4, faz-se transfusão maciça (1 CH para 1 concentrado de plaquetas para 1 PFC) + ácido tranexâmico.

📌 O ácido tranexâmico, que é um anti-fibrinolítico está indicado nas primeiras 3h de um choque hipovolêmico grau 4 em 1g de bolus EV.

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5
Q

Definição, quadro clínico e conduta de TÓRAX INSTÁVEL

A

DEFINIÇÃO: Tórax instável ocorre quando há fraturas de dois ou mais arcos costais consecutivos, com cada arco fraturado em dois pontos.

QUADRO: dor intensa, restrição respiratória e respiração paradoxal (sinal de Hover). Uma das complicações associadas é a presença de CONTUSÃO PULMONAR (hemorragia alveolar e intersticial e lesão tecidual, gerando imagem de consolidação ao RX)

CONDUTA: fornecer O2 + analgesia (IV ou epidural)

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6
Q

Quadro clínico da hérnia de úncus

A

Ocorre em situações de elevada pressão intracraniana, com herniação do úncus através da tenda do cerebelo. Determina:

  • Lesão do oculomotor → MIDRÍASE PARALÍTICA IPSILATERAL à lesão expansiva;
  • HEMIPLEGIA CONTRALATERAL à lesão, devido à compressão do trato corticoespinhal.
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7
Q

Um paciente sofreu acidente de carro com contusão abdominal e apresenta dor abdominal difusa. À TC, observa-se líquido livre em cavidade peritoneal, com vísceras sólidas íntegras. Qual é a HD mais provável e conduta?

A

Lembre-se que a TC possui sensibilidade limitada para as lesões de vísceras ocas, o que se torna nossa principal hipótese diagnóstica diante de líquido livre e vísceras sólidas íntegras.
Uma possibilidade é a lesão de delgado.
Por se tratar de VÍSCERA OCA PERFURADA, a conduta é LAPAROTOMIA.

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8
Q

Locais de pesquisa de líquido livre no FAST (importante!)

A
  • Saco pericárdico
  • Recesso hepatorrenal
  • Recesso esplenorrenal
  • Fundo de saco (pelve)
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9
Q

Quadro clínico e imagem no hematoma SUBDURAL

A

Primeiramente, lembre-se de que o hematoma subdural agudo é o MAIS COMUM.
Ocorre por lesão de VEIAS PONTE, com coleção de sangue entre a dura máter e a aracnóide, formando imagem EM CRESCENTE.
O quadro clínico é PROGRESSIVO

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10
Q

Quadro clínico e imagem no hematoma EPIDURAL

A

Ocorre por lesão de RAMOS DA ARTÉRIA MENÍNGEA. O sangue se acumula entre a dura máter e a calota craniana, formando imagem BICONVEXA.
O quadro clínico típico é de uma concussão, seguida por INTERVALO LÚCIDO e deterioração neurológica súbita.

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11
Q

Classificação de TCE

A

Glasgow entre 13 e 15: leve
Glasgow entre 9 e 12: moderado
Glasgow < 8: grave (indica via aérea artificial)

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12
Q

Indicações de TC no TCE

A
  • TCE moderado ou grave (Glasgow < 13)
  • Idoso (> 65 anos)
  • Glasgow < 15 após 2h do acidente
  • Perda de consciência > 5 minutos
  • > 2 episódios de vômitos (para criancinhas muito pequenas, poucos vômitos são aceitáveis)
  • Amnésia > 30 minutos
  • Suspeita de fraturas de crânio → otorreia ou otorragia, rinorreia ou rinorragia; hematoma de Battle; sinal dos olhos de guaxinim.
  • Mecanismo perigoso (ejeção de veículo, atropelamento, queda > 1m)
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13
Q

Descreva o A do ATLS

A

A = Air pathway (coluna cervical + via aérea)

1) Estabilizar a coluna -> COLAR CERVICAL + prancha rígida
2) Avaliar perviedade das vias aéreas
3) Se não está pérvia, afastar a possibilidade de corpo estranho e instituir via aérea artificial

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14
Q

Descreva o B do ATLS

A

B = breathing (ventilação e respiração)

1) Oferecer O2
2) Colocar OXÍMETRO
3) Exame respiratório

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15
Q

Descreva o C do ATLS

A

C = circulação + controle de hemorragia

1) 2 acessos venoso periféricos e reposição com 1L de CRISTALÓIDES (ou 20 mL/Kg para crianças)
2) CLASSIFICAR A PERDA VOLÊMICA > avaliar PA e Fc (paciente hipotenso deve receber hemotransfusão)
3) SONDAR para avaliar diurese, que é a melhor maneira de verificar a perfusão (EXCETO se: uretrorragia, hematoma perineal, fraturas de pelve ou retenção urinária)
4) Compressão simples e uso de torniquete, se necessários

📌 O uso de mais de 2L de cristalóides piora o prognóstico do paciente, pois promove hemodiluição dos fatores de coagulação, e o aumento da pressão também pode favorecer o sangramento
📌 Lembre-se que a pressão, isoladamente, NÃO pode ser considerada sinal de choque. Nem todo hipotenso está chocado, assim como pacientes com hipoperfusão tecidual podem apresentar PA normal. No choque hipovolêmico, por exemplo, a PA só se altera em quadros avançados, após perda de >1500 mL de sangue!

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16
Q

Descreva o D do ATLS

A

D = disfunção neurológica

1) Avaliar escala de coma de Glasgow
2) Avaliar pupilas

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17
Q

Descreva o E do ATLS

A

E = exposição + controle de ambiente

1) Expor o paciente e buscar lesões
2) Aquecer para prevenir hipotermia

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18
Q

Descreva a escala de coma de Glasgow (importante!)

A

ABERTURA OCULAR (1 a 4): ausente, à pressão, à sons, espontânea.

RESPOSTA VERBAL (1 a 5): ausente, pronuncia sons, palavras, confuso, orientado.

RESPOSTA MOTORA (1 a 6): ausente, extensão (descerebração), flexão anormal (decorticação), flexão normal (retira o membro), localiza a dor, obedece a comandos.

Há uma ATUALIZAÇÃO NO ATLS 10 → devemos avaliar a fotorreatividade pupilar, subtraindo -1 para cada pupila não-reativa → logo, agora a menor nota possível no Glasgow é 1.

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19
Q

Quadro clínico e conduta no pneumotórax hipertensivo

A

Lembre-se que o diagnóstico é clínico!

CLÍNICA: MV diminuído, hipertinpanismo, desvio da traqueia, hipotensão e ingurgitamento jugular (devido à compressão dos vasos da base)

CONDUTA: imediatamente deve ser realizada TORACOCENTESE DE ALÍVIO do lado acometido, no 5 EIC entre as linhas axilares anterior e média. A conduta definitiva é toracostomia (drenagem).

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20
Q

Definição e conduta de pneumotórax simples

A

O pneumotórax SIMPLES é um pneumotórax não-hipertensivo. No pequeno, a perda de parênquima é menor do que 1/3.

CONDUTA:

  • No pequeno, na maioria das vezes a drenagem só é necessária em caso de transporte aéreo ou ventilação mecânica (pelo risco de evoluir para pneumotórax hipertensivo).
  • No grande, é necessária a toracostomia com DRENAGEM EM SELO D’ÁGUA.

📌 Extra: a causa mais comum de pneumotórax SECUNDÁRIO é a DPOC.

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21
Q

Definição e conduta de pneumotórax aberto

A

O pneumotórax aberto é causado por uma ferida criando uma solução de continuidade entre a pleura e o ar atmosférico.

Se o diâmetro da ferida for maior do que 2/3 do diâmetro da traqueia, irá causar insuficiência respiratória.

A conduta imediata deve ser a colocação de CURATIVO DE 3 PONTAS, seguida de toracostomia e DRENAGEM em selo d’água

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22
Q

Critérios de retirada de dreno em um pneumotórax

A

Reexpansão pulmonar e ausência de borbulhamento por 48 a 72h

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23
Q

Diagnóstico e conduta de tamponamento cardíaco

A

O tamponamento é causado por presença de líquido no espaço pericárdico (100-150 mL).

O diagnóstico é clínico e ecocardiográfico. Observa-se a tríade de BECK: INGURGITAMENTO JUGULAR + HIPOTENSÃO + BULHAS HIPOFONÉTICAS.
Além disso, pode haver pulso paradoxal (redução da PAS em mais de 10 mmHg durante a inspiração) e sinal de Kussmaul (aumento da turgência jugular na inspiração).
📌 Entenda o pulso paradoxal: durante a inspiração, o aumento do retorno venoso promove uma redução leve e fisiológica do débito cardíaco. Em situação de tamponamento isto é agravado, causando uma redução expressiva da PAS

A conduta é, idealmente, toracotomia e reparo. Faz-se pericardiocentese de alívio se isso não for possível

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24
Q

1) Homem após acidente automobilístico, com fratura de bacia, apresenta uretrorragia.
2) Homem evoluindo com hematúria após queda a cavaleiro. Apresenta também hematoma perineal.

Qual é o provável diagnóstico de cada um deles e o exame confirmatório?

A

1) Fraturas de bacia podem causar lesão da uretra MEMBRANOSA (parte posterior da uretra). É o tipo mais comum de lesão uretral. Sintomas incluem uretrorragia, retenção urinária e bexigoma.
2) Esse caso caracteriza uma provável lesão de URETRA BULBAR. Em geral, ocorre isoladamente, decorrente de trauma direto sobre o períneo.

O exame confirmatório para as lesões de uretra é a URETROGRAFIA RETRÓGRADA (injeção de contraste através de um cateter uretral).

📌 Lembre-se que, diante de suspeita de lesão uretral, a sondagem vesical é contraindicada!

📌 O ATLS10 não inclui mais o deslocamento cranial da próstata como sugestiva de lesão uretral.

OBS: a uretrorragia aponta para lesão de uretra, enquanto a hematúria aponta para a lesão de bexiga. São conceitos distintos, pois a hematúria depende da miccção.

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25
Q

Descreva a profundidade, aspecto e conduta das queimaduras de TERCEIRO GRAU

A

A queimadura de 3 grau atinge até o TECIDO CELULAR SUBCUTÂNEO ou hipoderme (também chamada de queimadura de “espessura total”).

Se apresenta como uma ESCARA ENDURECIDA e INDOLOR, podendo ter coloração variada.

O tratamento preconizado é o encaminhamento para centro especializado em queimados, ESCAROTOMIA e ENXERTIA PRECOCE (24-72h)

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26
Q

Descreva a profundidade, aspecto e conduta das queimaduras de SEGUNDO GRAU

A

Queimaduras de 2 grau (“espessura parcial”) acometem até a DERME, e são caracterizadas pela presença de BOLHAS.

Dividem-se em:

  • SUPERFICIAL, que atinge até a derme PAPILAR;
  • PROFUNDAS, que acometem até a derme RETICULAR (tem aspecto mais seco e maior comprometimento estético).

A conduta envolve limpeza, uso de antibióticos tópicos (sulfadiazina de prata) e curativos oclusivos. Se a queimadura for profunda, indica-se enxertia precoce

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27
Q

Descreva a profundidade, aspecto e conduta das queimaduras de PRIMEIRO GRAU

A

As queimaduras de 1 grau (“superficiais”) são RESTRITAS À EPIDERME, sem acometimento de anexos cutâneos.

📌 Detalhe: ela não entra no cálculo de superfície corporal queimada!

Apresentam-se com ERITEMA e ardência, sem bolhas.

A conduta é limpeza, analgesia, e hidratantes.

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28
Q

Descreva a profundidade, aspecto e conduta das queimaduras de QUARTO GRAU

A

Queimaduras de 4 grau atingem OSSO E MÚSCULOS.

São mais encontradas em queimaduras ELÉTRICAS, e estão relacionadas a complicações como rabdomiólise (hiper-hidratar, utilizar manitol e alcalinização com bicabornato de sódio) e síndrome compartimental (fasciotomia).

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29
Q

Descreva a Fórmula de Wallace para cálculo da superfície corporal queimada (SQC)

A

Trata-se da “Regra dos 9”:

  • Membros superiores e cabeça: 9% cada
  • Membros inferiores: 18% cada
  • Tronco + abdome: 36%
  • Mãos, pescoço e genitália: 1% cada
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30
Q

Descreva a fórmula de Parkland e a recomendação do ATLS para reposição volêmica de grandes queimados

A

A fórmula de Parkland, clássica nos livros, prevê reposição com solução cristalóide de 4mL x Kg x SCQ nas primeiras 24h após o acidente.

O ATLS 10 (2018) modificou a fórmula para:

  • 2mL x Kg x SCQ.
  • 3mL x Kg x SCQ (se < 14 anos ou < 30kg).
  • Mantém 4 mL x Kg x SCQ para queimadura elétrica.

A preferência é por Ringer Lactato. A metade do volume deve ser infundido nas primeiras 8 horas após a queimadura, e a outra metade nas 16h seguintes.

📌 Nas crianças, devemos acrescentar o volume de manutenção calculado pela regre de Holliday-Segar.

📌 Muito cuidado! Se a questão cobrar “fórmula de Parkland” sem especificar o ATLS 10, pode estar querendo a fórmula antiga! Muitos livros ainda não estão atualizados.

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31
Q

Diferencie enxerto (parcial e total) e retalho e os usos de cada um

A

ENXERTOS são a transferência de tecido de uma área doadora para recobrir a área receptora.
Os PARCIAIS englobam a epiderme + parte da derme, usualmente utilizados quando é necessária maior quantidade de tecido para o fechamento da ferida.
Já os TOTAIS englobam a epiderme + derme completa. Se integram mais facilmente à área receptora, tendo maior sobrevida e melhor resultado estético.

Os RETALHOS se diferenciam dos enxertos por MANTEREM SEU SUPRIMENTO SANGUÍNEO original. São necessários para feridas complexas, quando há exposição de tecidos nobres (ósseo, cartilaginoso, tendinoso)

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32
Q

Diferencie a clínica, diagnóstico e conduta de lesão térmica de vias aéreas e lesão pulmonar por inalação

A

Vítimas de queimadura por chama, sobretudo em espaços fechados, podem ser acometidas por lesão térmica da via aérea e/ou lesão por inalação.

Comprometimento da VA tem como sinais indiretos queimaduras de face e pescoço, chamuscamento de cílios e vibrissas nasais. Pode evoluir com ROUQUIDÃO, EDEMA DE CORDAS VOCAIS E ESTRIDOR. O diagnóstico pode ser confirmado com LARINGOSCOPIA e o tratamento consiste em IOT precoce.

Já a lesão pulmonar por inalação ocorre por inalação de partículas em combustão. A clínica consiste em SIBILOS, ESCARRO CARBONÁCEO E INSUFICIÊNCIA RESPIRATÓRIA que evolui em cerca de 24h. A BRONCOSCOPIA confirma o diagnóstico. O tratamento é feito com nebulização com broncodilatadores e heparina.

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33
Q

Mulher de 27 anos vítima de incêndio em ambiente fechado. Ao exame, apresenta-se em estabilidade hemodinâmica, SatO2 = 99% e queixando-se de náuseas e dor de cabeça.
Qual é a HD e a conduta?

A

Quando tivermos incêndios em ambientes fechados, devemos pensar obrigatoriamente em INTOXICAÇÃO POR MONÓXIDO DE CARBONO!

A clínica é justamente de náuseas, cefaléia e rebaixamento da consciência.
E atenção para o detalhe: a gasometria e o oxímetro de pulso serão normais, pois não conseguem distinguir a carboxihemoglobina.

A confirmação pode ser feita com dosagem da carboxi-hemoglobina.

A conduta consiste em oxigenioterapia de alto fluxo a 100%

34
Q

Mulher vítima de acidente de carro. Mantém estabilidade circulatória e ventilatória, FAST negativo e diagnóstico de pequena fratura em ramo isquiático à radiografia. Evoluiu com franca hematúria.
Qual é o diagnóstico mais provável, o exame confirmatório e a conduta?

A

FRATURAS DE BACIA podem estar associadas a LESÕES DE BEXIGA, sendo a hematúria um sinal sugestivo. A ruptura EXTRAPERITONEAL é mais frequente nesses casos.

A confirmação pode ser feita com CISTOGRAFIA, em que vemos o CONTRASTE escorrendo pela LATERAL da bexiga (a lesão costuma ser na parede vesical).

A conduta é conservadora, com colocação de SONDA FOLEY e a resolução espontânea da lesão em 10-14 dias.

📌 Por outro lado, nas lesões INTRAPERITONEAIS, mais associadas a TRAUMA CONTUSO sobre o abdome inferior, é necessário o REPARO CIRÚRGICO. Nesses casos, à cistografia vemos o CONTRASTE “SUBINDO” em direção ao abdome (a lesão costuma ocorrer mais na cúpula vesical).

OBS: a uretrorragia aponta para lesão de uretra, enquanto a hematúria aponta para a lesão de bexiga. São conceitos distintos, pois a hematúria depende da miccção.

35
Q

Nas queimaduras em crianças, como é feito o cálculo da superfície corporal queimada e como deve ser feita a reposição volêmica?

A

Com relação aos adultos, nas crianças a cabeça representa um percentual maior da superfície corporal, e os membros inferiores, um percentual menor:

  • Tronco: 36% (18% tórax e abdome + 18% dorso)
  • Cabeça: 18%
  • Membros inferiores: 14% cada
  • Membros superiores: 9% cada

No ATLS 10, houve uma atualização quanto à reposição volêmica, indicando-se agora uma quantidade mais conservadora: 3mL x kg x SCQ para aqueles com < 14 anos ou < 30kg.

36
Q

Paciente vítima de acidente automobilístico, chega ao pronto socorro orientado e hemodinamicamente estável. Tem dor à palpação do flanco esquerdo e hematúria macroscóspica. FAST foi negativo, e TC mostrou volumoso hematoma perirrenal à esquerda, com extravasamento de contraste na fase arterial. Qual é a conduta?

A

Paciente com hematoma renal e extravasamento de contraste na TC, demonstrando SANGRAMENTO ATIVO, e hemodinamicamente ESTÁVEL.
A conduta preferencial é a EMBOLIZAÇÃO SELETIVA por arteriografia.

📌 Observação clínica seria possível na presença de um hematoma sem sangramento ativo.

📌 Laparotomia seria necessária em caso de indisponibilidade da terapia endovascular (tentar nefrectomia parcial), instabilidade hemodinâmica ou fragmentação total do rim (nefrectomia total).

37
Q

Homem de 24 anos foi vítima de ferimento por faca em 7o EIC, na linha axilar média esquerda. Está hemodinamicamente estável e o RX de tórax é normal. Qual é a conduta?

A

Todo paciente com lesão penetrante abaixo do mamilo e acima da margem costal deve ser investigado para possível comprometimento diafragmático.
Os exames de escolha são LAPAROSCOPIA ou TORACOSCOPIA, porque a sensibilidade da TC é limitada neste caso. No entanto, lembre-se que estes métodos são reservados para os pacientes com ESTABILIDADE hemodinâmica.

38
Q

Paciente foi atropelada e levada ao PA inconsciente, com PA = 80:50 mmHg e Fc = 140. Foi realizada IOT e reposição com 1L de cristalóides, sem melhora hemodinâmica. FAST e RX de tórax foram normais, e a radiografia de pelve mostrou fratura em livro aberto (comprometimento da sínfise púbica, com afastamento > 2,5 cm).
Qual deve ser a conduta?

A

No trauma de pelve, o sangramento é RETROPERITONEAL (portanto, com FAST negativo) e o mais frequente é que seja de origem VENOSA (plexo venoso sacral).

Neste caso, temos uma paciente com perda volêmica grau 4 e fratura de pelve em livro aberto, que é o tipo mais associado a hemorragias.

A conduta inicial, considerando a INSTABILIDADE HEMODINÂMICA, deve ser a IMOBILIZAÇÃO da pelve com lençol e reposição com HEMODERIVADOS.

Em seguida, a conduta preferencial para interromper o sangramento é a EMBOLIZAÇÃO. Se não estiver disponível, pode-se fazer TAMPONAMENTO EXTRA-PERITONEAL e FIXAÇÃO EXTERNA DA BACIA.

39
Q

Um paciente vítima de facada há 1 hora, hemodinamicamente estável e orientado, apresentou sangue em dedo de luva ao toque retal. TC evidenciou lesão única no cólon descendente, grau II. Qual deve ser a conduta?

A

Atualmente, a RAFIA PRIMÁRIA é considerada o padrão-ouro para o tratamento das lesões de cólon. No entanto, há muitos requisitos para que possa ser realizada, já que no cólon há grande risco de deiscência e fístulas. As CONTRAINDICAÇÕES são:

  • Tempo decorrido > 4-6h;
  • Lesões múltiplas ou com acometimento > 50% do diâmetro da alça (grau ≥ III);
  • Lesão vascular colônica;
  • Estado hemodinâmico → necessidade de > 6 U de concentrado de hemácias durante a reanimação.

Para os pacientes hemodinamicamente estáveis que não preencherem os requisitos de rafia primária, faz-se ENTERECTOMIA SEGMENTAR com ANASTOMOSE PRIMÁRIA.

40
Q

Qual deve ser a conduta em um paciente vítima de trauma com lesão do reto extraperitoneal?

A

Lembre-se que a porção distal do reto é extraperitoneal.

A conduta nos casos de lesão deve ser o DESBRIDAMENTO, RAFIA PRIMÁRIA quando possível e COLOSTOMIA PROTETORA, para evitar contaminação local e gangrena de Fournier.

📌 Por maior facilidade técnica, a colostomia protetora costuma ser feita próxima ao ângulo da flexura hepática.

41
Q

Quais são as recomendações gerais para o tratamento de um TCE grave (Glasgow ≤ 8)?

A
  • INTUBAÇÃO orotraqueal.
  • Cabeceira a 30 graus.
  • Monitorização da PIC.
  • Cristalóides para manter paciente euvolêmico e com PAS ≥ 90mmHg (se necessário, associar drogas vasoativas), evitando a hiperhidratação.
  • Se HIC (PIC > 20mmHg por ≥ 5mins) escalonar tratamento: drenagem liquórica → bloqueio neuromuscular e sedação → manitol/NaCl3% → hiperventilação cautelosa → barbitúricos → craniotomia descompressiva.

📌 Em hipotensos/hipovolêmicos, a salina hipertônica pode ser útil, enquanto o manitol e os barbitúricos são contraindicados.
📌 Manitol é mais indicado diante de suspeita de herniação (vista por uma deterioração clínica rápida).
📌 A hiperventilação reduz a PIC pois gera vasoconstrição das artérias cerebrais. Porém, pode reduzir a PPC por redução do fluxo sanguíneo, piorando a isquemia. Por isso, deve ser cautelosa, por pouco tempo e mantendo PaCO2 entre 25 e 30mmHg.
📌 Corticóides não são indicados.

42
Q

Após um acidente de trânsito, nota-se no motorista um hematoma em formato de cinto de segurança. Provavelmente qual órgão foi lesado?

A

Apesar do enunciado se tratar de um trauma fechado, o trauma duodenal é mais associado a eventos PENETRANTES e gera ALTA MORBIMORTALIDADE → frequentemente associado a lesões de outros órgãos próximos e a atraso no diagnóstico por ser retro-peritoneal. É de difícil abordagem e sutura por não possuir serosa e ser pouco móvel.

Nas provas a clínica é baseada no hematoma abdominal em SINAL DO CINTO DE SEGURANÇA e no RETROPNEUMOPERITÔNEO (dor lombar com irradiação para períneo, escoliose antálgica e crepitação ao toque retal). A radiografia pode mostrar hipertransparência ao redor dos rins e os exames laboratoriais HIPERAMILASEMIA (por acometimento pancreático por proximidade).

Sobre o estadiamento, o importante é saber que grau I e grau II apresentam laceração < 50% da circunferência do duodeno.

Em caso de lacerações, o tratamento costuma ser cirúrgico (variando desde rafia simples em lacerações sem perda de substância até amplas ressecções). Hematomas discretos podem ser tratados de maneira conservadora.

OBS: vale lembrar que órgãos retroperitoneais, como o duodeno e o pâncreas, normalmente não cursam com peritonite.

43
Q

Trauma de estômago vs. de duodeno: qual tem melhor prognóstico?

A

Ambos são mais comuns em traumas PENETRANTES.

Diferentemente do duodeno, o estômago tem serosa e boa mobilidade (rafias menos sujeitas a deiscência). Além disso, o estômago é intraperitoneal (evolui com peritonite mais precocemente → reconhecimento mais rápido).

Assim, o TRAUMA GÁSTRICO TEM BOM PROGNÓSTICO e na maioria das vezes pode ser tratado com rafia simples.

44
Q

Julgue como V ou F o item a seguir: o trauma de intestino delgado apresenta prognóstico ruim por estar mais relacionado a lesões penetrantes.

A

Realmente o trauma de delgado está mais relacionado a traumas PENETRANTES (principalmente por PAF), mas em geral tem BOM PROGNÓSTICO → logo, a afirmativa é falsa.

Assim como o trauma de estômago, evolui rapidamente com peritonite e é detectado precocemente.

A maioria das lesões é tratada com rafia simples. Em casos de desvacularização, lesões múltiplas ou acometimento ≥ 50% da circunferência da alça, podemos optar por enterectomia segmentar com anastomose primária.

45
Q

No trauma pancreático, qual é o principal fator para determinar a abordagem cirúrgica.

A

O trauma pancreático pode ser graduado de I a V.

Mas o que precisamos saber é que traumas grau ≥ III apresentam LESÃO DUCTAL → necessidade de abordagem cirúrgica (pancreatectomia parcial ou total, esta última se houver acometimento da cabeça do órgão).

Vale lembrar que o trauma pancreático pode cursar com ausência de peritonite por ser um órgão retroperitoneal (assim como o duodeno… inclusive, a lesão simultânea dos dois pode ocorrer no trauma).

46
Q

Na queimadura, quais são as metas de diurese?

A

Adultos → 0,5 mL/kg/h;

Crianças (≤ 30 kg) → 1 mL/kg/h;

Queimadura elétrica → devido ao risco de rabdomiólise → 2 mL/kg/h ou 100 mL/h (adultos) e 1-1,5 mL/kg/h (crianças).

47
Q

Qual é a tríade da fratura de laringe e qual conduta devemos ter diante dela?

A

Tríade da fratura de laringe = FRATURA PALPÁVEL + ROUQUIDÃO + ENFISEMA SUBCUTÂNEO. O exame de escolha é a TC, e não a laringoscopia.

A presença dela contraindica a IOT e os procedimentos de cricotireoidostomia → fazemos TRAQUEOSTOMIA DE URGÊNCIA (normalmente a traqueostomia é um procedimento eletivo).

Outra indicação para traqueostomia de urgência pode ser criança < 12 anos, visto que cricotireoidostomia cirúrgica não pode ser feita nesses pacientes (mas, normalmente, na urgência, é feita a cricotireoidostomia por punção, que não é uma via definitiva).

48
Q

Diante de um trauma cervical, quando devemos proceder com cervicotomia exploradora?

A

São indicações de cervicotomia exploradora:

  • Instabilidade hemodinâmica;
  • Hematoma em expansão ou sangramento ativo;
  • Obstrução de vias aéreas;
  • Piora dos sinais neurológicos;
  • Enfisema subcutâneo progressivo.

📌 Em pacientes estáveis, procedemos com realização de exames complementares → TC e doppler de carótidas.

As vias de acesso para o tratamento cirúrgico são:

  • Zona I = prolongada para esternotomia ou toracotomia;
  • Zona II (melhor prognóstico) = borda anterior do ECM;
  • Zona III = deslocamento da mandíbula.

📌 As zonas I e III são de difícil abordagem cirúrgica. Sempre que possível, devem ser investigadas com angiografia pré-operatória.

49
Q

Quais são as principais contraindicações à IOT e à cricotireoidostomia cirúrgica?

A

Contraindicações à IOT:

  • Trauma maxilofacial grave;
  • Trauma de pescoço com distorção anatômica;
  • Incapacidade de ver as cordas vocais;
  • Trauma de laringe.

📌 Mas atenção: se a questão citar que há fraturas ósseas em face, mas não der nenhum sinal de dificuldade expressiva, podemos sim tentar fazer a IOT! Se falhar, passamos para outras técnicas.

Normalmente, a cricotireoidostomia cirúrgica é indicada diante de impossibilidades de IOT (exceto no trauma de laringe, que é contraindicação para ambas). Porém, não pode ser feita em CRIANÇAS < 12 ANOS ou em APNEIA IMINENTE.

Nesses casos, diante de contraindicação à IOT e à cricotireodostomia cirúrgica, as condutas são:

  • Apneia iminente = cricotireoidostomia por punção;
  • Criança < 12 anos = cricotireoidostomia por punção (não é via aérea definitiva) e depois traquestomia.
  • Fratura de laringe = traqueostomia de urgência.
50
Q

No trauma torácico, quando realizamos toracotomia de reanimação?

A

É a conduta no trauma torácico PENETRANTE com parada cardiorrespiratória por AESP.

51
Q

O US-FAST normalmente é utilizado para avaliar a cavidade abdominal e a pericárdica. Porém, pode ser estendido para avaliar o tórax. Na avaliação torácica, quais são os sinais que podem ser achados?

A

O US-FAST pode ser estendido e realizado também para avaliar o tórax. Podem ser detectados os seguintes sinais:

  • “Sinal da praia” = tórax normal;
  • “Sinal da estratosfera” = pneumotórax;
  • “Sinal do sinusóide” = hemotórax ou derrame pleural.

DICAS:

  • É normal querermos ir para a praia.
  • A estratosfera é cheia de “nada” (alusão ao pneumotórax).
  • S de sinusóide com S de sangue no hemotórax ou S de secreção derrame pleural.

📌 Fora do contexto do trauma, temos ainda as seguintes informações importantes sobre o uso torácico do ultrassom:

  • NORMAL = DESLIZAMENTO dsa pleuras, LINHAS A HORIZONTAIS (indicativas de presença de ar subpleural e sem líquido) e, no modo M, SINAL DA PRAIA (separa a linha pleural - linhas horizontais - do parênquima pulmonar, que possui aspecto granulado).
  • LINHAS B = artefatos hidroaéreos em cauda de cometa, que se originam na linha pleural, hiperecoicas e APAGAM AS LINHAS A → linhas B estão associadas a COEXISTÊNCIA DE LÍQUIDO E AR.
  • AUSÊNCIA DE DESLIZAMENTO PULMONAR (pleura visceral não desliza sobre a parietal) pode ser causada por aderência inflamatória, perda de expansão pulmonar, atelectasias, apneia ou pela perda do contato entre as camadas da pleura (ex: pneumotórax ou pneumectomia).

📌 Ausência de deslizamento pulmonar + presença de linhas A torna necessária a exclusão de pneumotórax (afinal, temos ar subpleural mas sem o deslizamento, que aponta para afastamento das pleuras)

52
Q

Decoreba: descreva a classificação de LeFort para fraturas faciais.

A

No trauma facial, a correção cirúrgica não é prioridade inicial → exceto se fraturas com grande afundamento e risco de comprometimento cerebral.

Fraturas de LeFort:

  • I = disjunção dento-alveolar.
  • II = disjunção dos ossos nasal e maxilar do osso frontal.
  • III = a linha de fratura tem um curso semelhante a do tipo II. Entretanto, no nível da parede medial da órbita, o traço se estende lateralmente e posteriormente, pelo assoalho da órbita, em direção à fissura orbitária inferior. Este tipo de fratura está associado a traumatismo extenso das estruturas da linha média da face.
53
Q

Descreva a tríade de Cushing.

A

Os sinais e sintomas característicos de HIC com iminência de herniação cerebral são → BRADICARDIA + HIPERTENSÃO ARTERIAL + BRADIPNEIA = tríade de Cushing.

54
Q

O que é a manobra de Pringle?

A

É uma manobra que tem como intenção identificar a origem do sangramento hepático. Consiste no clampeamento da tríade portal (veia porta + artéria hepática + ducto biliar).

Caso o sangramento cesse, significa que estava advindo da veia porta ou da artéria hepática.

Caso o sangramento NÃO PARE, a origem é da VCI retro-hepática ou das VEIAS HEPÁTICAS.

55
Q

Qual é a lesão mais temida no trauma da transição toraco-abdominal (TTA)?

A

Para facilitar a localização anatômica, considere a TTA como a região que vai dos mamilos (por volta do 4 EIC) até os rebordos costais. Um trauma nesse local pode evoluir com LESÃO DIAFRAGMÁTICA, e ela deve ser investigada para evitar complicações tardias (como HERNIAÇÃO e estrangulamento).

Em ASSINTOMÁTICOS → investigamos com LAPAROSCOPIA (ou toracoscopia caso apresente dreno torácico).

Porém, diante de INSTABILIDADE HEMODINÂMICA sem outros focos prováveis ou PERITONITE → procedemos com LAPAROTOMIA.

📌 Em traumas fechados (contusos), não há predileção de lado de lesão diafragmática. Porém, como a lesões no lado direito evoluem mais com maior mortalidade devido ao acometimento do fígado, vemos mais lesões diafragmática à ESQUERDA. Porém, no trauma penetrante, há predileção realmente pelo lado esquerdo uma vez que a maioria dos agressores é destra.

56
Q

Como diferenciamos concussão cerebral e lesão axonal difusa (LAD)?

A

Concussão cerebral → perda da consciência < 6 horas.

LAD → perda da consciência ≥ 6 HORAS.

57
Q

Quais são as indicações de tratamento cirúrgico no trauma de grandes vasos abdominais?

A

As indicações de tratamento cirúrgico no trauma de grandes vasos abdominais são:

  • Trauma penetrante;
  • Hematoma na zona 1;
  • Sangramento ativo;
  • Hematoma em expansão.

📌 Existem 3 zonas topográficas das lesões vasculares, sendo que a zona 1 (central e acima da bifurcação das artérias ilíacas) acomoda os grandes vasos. A zona 2 corresponde às regiões laterais à zona 1 e a zona 3 à inferior.

Logo, os hematomas em zona 2 ou 3 só devem ser abordados se encaixarem em alguma das outras indicações: trauma penetrante, sangramento ativo ou hematoma em expansão.

E zona 1 é explorada com trauma contuso ou penetrante, SEMPRE.

58
Q

Decoreba: quais são as manobras realizadas para acessar o retroperitôneo?

A

Manobras:

  • Cattel-Braasch: acesso à direita para deslocar os órgãos para a esquerda;
  • Kocher: mobilização do duodeno, retirando aderências retroperitoneais;
  • Mattox: acesso à esquerda para deslocar os órgãos para a direita.

Dica: pensar na enzima CKMB, mas sem o B → CKM. Vendo o abdome de frente, da esquerda para a direita teremos:

  • C → Cattel-Braasch = direita.
  • K → Kocher = duodeno.
  • M → Mattox = esquerda.

📌 Lembrando que a dica é relativa ao lado do acesso e não ao sentido do deslocamento.

59
Q

Vítima de atropelamento encontra-se em coma, hiperventilando, com respiração profunda e rápida e dilatação pupilar bilateral. Qual é o nível da lesão no SNC?

A

Como a paciente apresenta coma, ventilação profunda e rápida com HIPERVENTILAÇÃO e MIDRÍASE BILATERAL, pensamos em uma lesão em MESENCÉFALO.

📌 Em lesões na PONTE teríamos alterações SENSITIVAS IPSILATERAIS e MOTORAS CONTRALATERAIS. Além disso, lesões pontinas podem cursar com PUPILAS PUNTIFORMES (“pontiformes”) fotorreativas.

📌 O BULBO tem relação com a integração visceral, como o sistema respiratório e o sistema vasomotor. Em pacientes em como com lesão bulbar, podemos ver AUSÊNCIA DE RESPOSTA MOTORA, APNEIA e PUPILAS NÃO-REAGENTES.

OBS: a decussação das pirâmides ocorre no bulbo. Logo, lesões acima do bulbo geram cometimento motor contralateral e abaixo ipsilateral.

Em um paciente não-comatoso, veríamos outras clínicas menos brandas a depende do par craniano acometido.

60
Q

Quais são os principais achados à herniação do uncus?

A

Suspeitamos de herniação de uncus quando temos MIDRÍASE IPSILATERAL à lesão expansiva + HEMIPLEGIA CONTRALATERAL.

Porém, existe um fenômeno que pode estar associado → a síndrome KERNOHAN. Nela, a HEMIPLEGIA SERÁ IPSILATERAL. A midríase continuará sendo ipsilateral.

61
Q

Qual é a utilidade da intubação nasotraqueal?

A

A INT é uma opção se a IOT não for possível devido a fatores bucais (ex: manipulação bucal durante a cirurgia, trauma grave em dentes, etc).

Está contraindicada em caso de fratura de base de crânio ou em pacientes sem respiração espontânea.

📌 Para ser feita, o paciente deve estar respirando espontaneamente, pois, como não vemos o tubo entrando na glote, sabemos que está bem localizado se ele ficar embaçado devido à respiração.

62
Q

Como é feita a classificação das fraturas pélvicas?

A

Antes, devemos saber que as fraturas pélvicas são dividias entre:

  • Estáveis = anel pélvico alinhado + abertura da sínfise púbica < 2,5cm;
  • Instáveis = anel pélvico desalinhado ou abertura da sínfise púbica ≥ 2,5cm.

A classificação das fraturas pélvicas é feita através do esquema proposto por Young e Burgess, de acordo com o vetor causador da fratura e do grau de estabilidade:

  • Tipo A → fraturas resultantes de forças LATERAIS;
  • Tipo B → fraturas resultantes de forças ANTERO-POSTERIORES (mais graves);
  • Tipo C → fraturas resultantes de forças VERTICAIS.

📌 Cada um destes tipos é divido em tipo I (fraturas estáveis, abordadas com repouso no leito) e tipos II e III (fraturas instáveis, abordadas com cirurgia).

As lesões MAIS GRAVES são as do TIPO B (decorrentes de força AP), pois levam à abertura do anel pélvico (fraturas em “LIVRO ABERTO”) → aumentam o risco de HEMORRAGIA para o retroperitônio (observado somente nas fraturas instáveis).

As fraturas dos TIPOS A e C, por outro lado, FECHAM A PELVE → menor risco de sangramento importante, mas geram mais LESÕES VISCERAIS.

📌 As provas costumam cobrar muito a relação da fratura de pelve com lesão vesical extraperitoneal e lesão de uretra posterior (membranosa).

63
Q

Qual é a diferença entre hipertensão intra-abdominal e síndrome do compartimento abdominal?

A

A HIPERTENSÃO intra-abdominal é definida como a elevação persistente pressão intra-abdominal ≥ 12 MMHG. Pode ser dividida em:

  • Grau I = 12 a 15mmHg;
  • Grau II = 16 a 20mmHg;
  • Grau III = 21 a 25mmHg;
  • Grau IV ≥ 25mmHg.

Por sua vez, a SÍNDROME DO COMPARTIMENTO abdominal é definida como esta pressão sustentada ≥ 20 MMHG e que se associa a nova disfunção orgânica.

64
Q

Nos TCE, qual é a ordem de frequência dos hematomas?

A

Ordem de frequência dos hematomas:

  • 1º = intraparenquimatoso (aneurismas);
  • 2º = subdural (veias ponte);
  • 3º = epidural (meníngea média).
65
Q

O que devemos saber sobre a classificação das lesões hepáticas e esplênicas no trauma?

A

Por serem classificações amplas e pouco cobradas, não necessitamos de saber muito. O importantes é ter alguns links mentais.

Existem 3 tipos de lesão → laceração, hematoma e lesão vascular:

  • Lesão VASCULAR SEMPRE vai ser GRAVE (grau V no esplênico e graus V e VI no hepático);
  • Laceração se torna significativa se acometer ≥ 25% do órgão (grau IV em ambas);
  • Hematoma isolado dificilmente indica alta gravidade.

📌 A classificação hepática é de 1 a 6 e a esplênica de 1 a 5.

Resumindo, indicamos cirurgia em caso de:

  • Instabilidade hemodinâmica;
  • Peritonite;
  • Desvacularização esplênica;
  • Explosão esplênica;
  • Avulsão hepática;
  • Sangramentos intensos (mas provavelmente já enquadrariam como “instabilidade hemodinâmica”);
  • Lacerações grandes, em média ≥50% (mas provavelmente já enquadrariam como “instabilidade hemodinâmica”).
66
Q

Quais são os limites da área de transição toracoabdominal?

A

Superiormente:

  • 4º EIC anterior;
  • 6º EIC lateral;
  • 8º EIC posterior.

Inferiormente = último arco costal.

67
Q

Mulher de 29 anos caiu de moto. Estava estável e TC de abdome revelou diversos hematomas hepáticos. Recebeu tratamento não-operatório. Após 5 dias, apresentou melena recorrente. Ao exame: descorada, 110 bpm, PA = 100x60, dor à palpação profunda do hipocôndrio e flanco direito. A hemoglobina caiu de 10 para 6. Foi estabilizada com concentrados de hemácia e realizou EDA que não detectou alterações.

Qual é a HD? Qual é o próximo exame que devemos solicitar?

A

Após 5 dias estando aparentemente estável, paciente com trauma hepático evoluiu com melena tardia intensa. Guarde a seguinte equação:

TRAUMA HEPÁTICO + MELENA = cogitar HEMOBILIA.

A explicação é que provavelmente houve lesão de algum vaso sanguíneo que se comunicou com a via biliar. Com isso, sangue foi eliminado juntamente à bile.

Devemos solicitar ANGIO-TC.

68
Q

Clinicamente, como diferenciamos as queimaduras de 2º grau superficial e profunda?

A

A queimadura de 2º grau SUPERFICIAL acomete até a DERME PAPILAR. Já a PROFUNDA acomete também a RETICULAR. A característica principal das queimaduras de 2º grau ao exame físico é a presença de flictenas (BOLHAS com líquido) e dor.

Na clínica, há uma dica para diferenciar:

  • Superficial → eritema DESAPARECE com a digitopressão;
  • Profunda → eritema NÃO DESAPARECE com a digitopressão.

📌 A ENXERTIA PRECOCE é indicada a partir da queimadura de 2º grau PROFUNDA.

69
Q

Quando o ácido tranexâmico está indicado no trauma? E qual é o padrão de tromboelastograma para o qual ele está indicado?

A

O ácido tranexâmico está indicado em 1g bolus EV nas PRIMEIRAS 3 HORAS de um CHOQUE HIPOVOLÊMICO CLASSE 4, juntamente com a transfusão maciça (1:1:1).

O tromboelastograma é um exame com aspecto gráfico que podemos utilizar para avaliar o processo formação e dissolução de um trombo. Diante de um padrão de fibrinólise, temos ainda mais força para indicar o ácido tranexâmico, que é um antifibrinolítico.

📌 Fica difícil de saber sem imagens, mas imagine a descrição dos seguintes padrões do tromboelastograma:

  • Normal → formato de U com a “boca” para a direita;
  • Hipercoagulabilidade → U mais gordo que que no ‘normal’;
  • Antiagregantes plaquetários → U mais fino que o no ‘normal’;
  • Anticoagulantes ou trombofilia → espessura parecida com no ‘normal’, mas com aspecto mais de V com a boca para a direita;
  • Fibrinólise → aspecto de cone com a ponta para a direita, como se fosse um V com a boca para a esquerda (ou seja, a coagulação começa normal, mas o trombo vai sendo consumido rapidamente).
70
Q

Homem de 25 anos de idade foi levado ao pronto-socorro de um hospital quaternário por história de trauma por queda de moto. Apresentava vias aéreas pérvias, exame físico do aparelho respiratório normal e estabilidade hemodinâmica. Não havia sinais de peritonite. Foi submetido à TC, que evidenciou lesão esplênica grau 3 associada a extravasamento de contraste na fase arterial, sem líquido livre na cavidade.

Qual é a próxima conduta?

A

Como o paciente está estável e sem peritonite diante do trauma contuso, não precisamos de realizar abordagens imediatistas (ex: laparotomia).

Porém, a TC revelou o extravasamento de contraste (sangramento ativo) na fase arterial… então, vamos apenas observar a evolução clínica e laboratorial? Não! Devemos tratar essa lesão que foi detectada da maneira menos invasiva possível.

A melhor opção para o caso é a realização de ARTERIOGRAFIA COM EMBOLIZAÇÃO.

📌 “A arteriografia é indicada para realizar angioembolização quando a TC com contraste evidenciar sangramento esplênico ativo na fase arterial, desde que tenha parênquima viável”.

71
Q

Qual é o principal achado no trauma renal?

A

O achado mais frequente no trauma renal é a presença de HEMATÚRIA, cuja intensidade NÃO guarda relação com a gravidade do comprometimento renal. Nos pacientes estáveis a TC com contraste em três fases (arterial, venosa e excretora) é o exame de escolha.

Classificação:

  • I a III (MAIORIA) → nos pacientes estáveis e sem peritonite, podemos adotar conduta conservadora (repouso + ATB);
  • IV (laceração se estende até o sistema coletor) → embolização por arteriografia (nos estáveis) ou nefrectomia parcial;
  • V (fragmentação total do rim ou desvascularização) → nefrectomia total.

📌 Ausência de captação de contraste pelo rim associada a não excreção de contraste pelo sistema coletor são sinais indicativos de lesão da artéria renal, com exclusão renal (desvacularização, que pode ocorrer em traumas de desaceleração brusca, de maneira a às vezes sequer evoluir com hematúria).

72
Q

Indicações de encaminhamento para o centro especializado em queimaduras

A

São indicações queimaduras:

  • SQC ≥ 10%;
  • Áreas nobres (face, mãos, pés, genitália, períneo ou principais articulações);
  • 3º ou 4º grau;
  • Elétricas ou químicas;
  • Lesões por inalação;
  • Paciente com comorbidades que possam complicar o tratamento;
  • Associada a trauma.
73
Q

Julgue como V ou F:

A traqueostomia deve ser feita com incisão no 2º e 3º anéis traqueais e o istmo da tireóide pode ter que ser incisado e suturado.

A

VERDADEIRO.

📌 Outras informações sobre a traqueostomia:

  • Opção importante para pacientes que ficariam em IOT por tempo prolongado (teria alto risco de estenose ou necrose traqueal);
  • Não devemos inflar muito o cuff para evitar isquemia superficial da traqueia ou maior risco de estenose;
  • Como a traqueostomia leva cerca de uma semana para maturar (para que o trajeto da cânula fique bem estabelecido), caso haja decanulação antes de 1 semana devemos realizar IOT. Não podemos simplesmente reintroduzir!
  • Para realizar a decanulação é necessário que o paciente resista bem à cânula fechada por pelo menos 24h;
  • Cânulas plásticas são mais difíceis de higienizar, sendo as cânulas metálicas as de escolha para quando o paciente recebe alta.
74
Q

Paciente submetido à esofagectomia há 10 dias. Queixava-se de dispneia e rigidez torácica. RX de tórax revelou derrame pleural extenso. Submetido à toracocentese diagnóstica com obtenção de líquido de aspecto leitoso. A conduta inicial é:

A

O quilotórax é o acúmulo de linfa no espaço pleural.

O tratamento não é muito consensual, mas podemos fazer tratamento CLÍNICO por até 14 DIAS (dieta hipogordurosa, triglicerídeos de cadeia média e drenagem pleural em selo d’água).

A cirurgia com LIGADURA do ducto torácico fica mais indicada para quadros ≥ 14 DIAS

Logo, no caso, vamos adotar o tratamento clínico descrito acima.

75
Q

Nas queimaduras, quando indicamos escarotomia vs. fasciotomia?

A

Mentalize que a ESCAROTOMIA é destinada principalmente para queimaduras TÉRMICAS CIRCUNFERENCIAIS, onde a compressão anelar extrínseca pode prejudicar a circulação sanguínea.

Por outro lado, tente correlacionar a FASCIOTOMIA às queimaduras ELÉTRICAS gerando um contexto de de SÍNDROME COMPARTIMENTAL com o aumento da pressão interna.

📌 Mas nada impede que as duas sejam realizadas dependendo do contexto.

76
Q

Qual é a dosagem padrão de reposição volêmica que fazemos nas emergências pediátricas?

A

SF 0,9% 20mL/kg (EV em 5min, podendo repetir até 3x)

Basicamente todas ressuscitações volêmicas na pediatria são com esse valor. A única exceção é que o MS recomenda inicialmente 30mL/kg no plano C da desidratação (mas, até mesmo o CDC também recomenda 20mL/kg nesse exato contexto).

Em crianças cardiopatas ou desnustridos fazemos 10mL/kg.

📌 Não caia na pegadinha de achar que é 30mL/kg igual em adultos. Inclusive, é importante lembrar que esta é a dosagem recomendada na ressuscitação da sepse do adulto. Não se esqueça!

77
Q

O que é o “índice de choque”?

A

Índice de choque = FC / PA sistólica

📌 Valores ≥ 0,9 apontam para a necessidade de abordagem agressiva à hemorragia, com possibilidade de transfusão.

78
Q

Cite duas proteínas negativas de fase aguda

A

São aquelas que reduzem durante o estresse inflamatório.

Lembre-se da transferrina e da albumina.

📌 PCR, VHS, fibrinogênio e ferritina aumentam.

79
Q

Quando solicitamos TC diante de um TCE pediátrico?

A

Independentemente da idade:

  • Alteração neurológica;
  • Perda de consciência (> 5 segundos no < 2 anos);
  • Mecanismo grave.

Nos < 2 anos:

  • Qualquer fratura craniana;
  • Alteração comportamental;
  • HEMATOMA NÃO-FRONTAL.

Nos ≥ 2 anos:

  • Fratura de base de crânio;
  • CEFALEIA;
  • VÔMITOS.
80
Q

Mnemônico ‘DOPE’ para problemas na ventilação invasiva

A

“Don’t be a DOPE!”

D - Displacement → mau posicionamento (ex: tubo soltar);

O - Obstrução (ex: secreções acumuladas no tubo);

P - Pneumotórax (e também hemotórax e pneumomediastino);

E - Estrutura (ex: se o paciente está bem acoplado à máquina ou se há algum vazamento).

81
Q

Homem apresentou tamponamento cardíaco traumático e respondeu completamente à pericardiocentese. Qual é a conduta?

A

Pericardiocentese é uma conduta de alívio e não é definitiva! Por isso, devemos proceder com a TORACOTOMIA para tratamento definitivo.