Introdução à Hepatologia Flashcards

1
Q

Como é uma organização celular do fígado?

A

Os hepatócitos são inspirados em lóbulos, sendo essenciais o desempenho das funções hepáticas.

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2
Q

Qual a organização de um lóbulo hepático?

A

É uma estrutura hexagonal com o espaço porta em cada vértice do lóbulo contendo um ramo da veia porta, um ramo da artéria hepática comum e um dúctulo biliar. O sangue se direciona do espaço porta até o centro do lóbulo, onde está a veia centrolobular, que irá drenar para as veias hepáticas e, então, para a VCI.

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3
Q

O que são os sinusoides hepáticos?

A

São os espaços entre os muros de hepatócitos, sendo revestidos por um endotélio altamente fenestrado, formado pelas células endoteliais e células de Kupffer, que apresentam capacidade fagocitária (paritipa da defesa do organismo e hemocaterese). O espaço entre o endotélio sinusoidal e o hepatócito é chamado de espaço de Disse.

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4
Q

Como é a vascularização hepática?

A

Se dá tanto pela veia porta quanto pela artéria hepática comum. A veia porta trás todo o sangue do intestino e mesentério, obrigando esse sangue a passar pelo fígado para que este exerça sua função de defesa e metabólica. A veia porta, por seu elevado volume de sangue, é responsável pela maior vascularização hepática. A veia porta e a a. hepática comum se ramificam até formarem o espaço porta, onde desembocarão nos sinusoides hepáticos e o sangue irá se misturar.

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5
Q

Qual a anatomia e fisiologia do sistema biliar?

A

A bile produzida pelos hepatócitos é liberada nos canalículos biliares, que drenam para os dúctulos biliares, que irão se unir para formar os ductos hepáticos direito e esquerdo. Estes irão se unir fora do fígado para formar o ducto hepático comum, que irá se unir ao ducto cístico para formar o colédoco. Este irá desembocar no duodeno pela ampola de Vater após se unir com o ducto pancreático principal.

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6
Q

Como é a formação da veia porta?

A

Pela união da veia esplênica com a VMS. A VMI tributa na v. esplênica.

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7
Q

Quais as principais funções hepáticas?

A

Depuração (toxina - amônia -, BI - capta, conjuga e excreta), síntese (glicose, albumina, fator de coagulação).

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8
Q

Como o fígado controla o metabolismo dos carboidratos?

A

Ele é responsável pela manutenção dos níveis de glicose no sangue, fazendo isso pela glicogenólise e gliconeogênese. Uma lesão hepática pode promover tanto hipoglicemia (hepatite aguda) quanto hiperglicemia (hepatite crônica). O mecanismo da hepatite aguda é por essa dificuldade de mobilização da glicose armazenada e da síntese de mais glicose. Da crônica, por sua vez, há um certo grau de resistência insulínica e uma produção excessiva de glicose pelo fígado, promovendo a hiperglicemia.

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9
Q

Como o fígado controla o metabolismo dos lipídeos?

A

Atuam tanto no metabolismo dos TGC quanto do colesterol, sendo a principal fonte endógena de colesterol, sintetizando-o e armazenando-o.

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10
Q

Como o fígado controla o metabolismo das proteínas?

A

A grande maioria das proteínas plasmáticas são sintetizadas no fígado, com exceção das Igs. A lesão hepática promove uma redução na concentração dessas proteínas, sendo que as primeiras afetadas são as com tempo de meia vida mais curto, como os fatores de coagulação. Alguns exames podem avaliar essa capacidade de produção hepática de proteínas, como o tempo de protrombina, de tromboplastina parcial e na concentração de albumina sérica.

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11
Q

Como o fígado participa do sistema endócrino e da detoxicação?

A

O fígado é responsável pelo metabolismo de vários hormônios, ativando-os ou inativando-os. Além disso, é responsável pela eliminação de várias substâncias nocivas, como por exemplo a conversão de amônia (tóxica) em ureia (muito menos tóxica e mais fácil de ser eliminada pelos rins).

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12
Q

Quais fatores contribuem para o aporte de amônia ao SNC?

A

Doença hepática grave que impede essa conversão dela em ureia; caso haja a presença de shunts portossistêmicos, há exacerbação do processo; hemorragias digestivas promovem a maior produção de sangue pela flora bacteriana intestinal.

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13
Q

Como é a formação e transporte da brb?

A

A produção ocorre pela destruição de hcs (hemocaterese ou hemólise), havendo a formação do grupo heme e globina. O heme é clivado em ferro lirve e protoporfirina, e esta é convertida em biliverdina e esta em brb indireta, que é altamente insolúvel, sendo ligada à albumina plasmática para seu transporte até o fígado. Essa brb é a não conjugada.

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14
Q

Como é o metabolismo hepático da brb?

A

Existem 3 fases do metabolismo hepático da brb: captação, conjugação e excreção para a bile. A fase que mais impõe limite à velocidade do processo é a última (excreção), pois é a fase mais dependente de ATP. A fase de conjugação é responsável por converter a brb insolúvel em um composto solúvel, a brb direta ou conjugada, sendo feito pela glicuronil-transferase.

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15
Q

Como é a fase intestinal do metabolismo da brb?

A

A BD excretada pelo fígado na bile ganha o lúmen intestinal e pode seguir 2 caminhos: ser excretada nas fezes ou metabolizada em urobilinogênio por bactérias colônicas. Esse urobilinogênio é reabsorvido e excretado pelos rins. O urobilinogênio, ao ser exposto no ar, é convertido em urobilina e dá a cor da urina, e no intestido é convertido em estercobilina e dá a cor às fazes. Uma parte do urobilinogênio que chega ao fígado após a absorção colônica é excretado novamente na bile, sendo chamado de circulação enterohepática.

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16
Q

Quais condições podem promover acolia ou hipocolia fecal?

A

Condições que impeçam a secreção de brb pelo fígado (hepatites e colestase) ou uma diminuição da quantidade de bactérias colônicas (uso de ATB), pois haverá menor conversão de brb em urobilinogênio.

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17
Q

Qual das brb pode ser excretada na urina?

A

A BD, ocorrendo principalmente em situações de hiperbilirrubinemia direta, ocorrendo a bilirrubinúria (colúria), como ocorre na sd colestática.

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18
Q

O que é a icterícia e quando ocorre?

A

É a pigmentação amarelada da pele e mucosas por um acúmulo de bilirrubina no organismo (brb > 2,5-3 mg/dl). O acúmulo ocorre de forma estereotipada: esclera (2,5-3) > língua > pele (5 mg/dl).

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19
Q

Quais os grandes tipos de icterícia e suas causas?

A
  1. Flavínica: cor amarelo pálido (BI), geralmente de estados hemolíticos.
  2. Verdínica: amarelo esverdeado (BD), estados colestáticos.
    1. Rubínica: BD + vasodilatação cutânea, dando aspecto alaranjado, leptospirose.
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20
Q

Quais os valores normais da brb?

A

< 1 mg/dl. Diz-se que há hiperbilirrubinemia indireta quando a BD corresponde a menos de 15% brb total.

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21
Q

Como é a icterícia da hepatite e hepatotoxicidade? Explique.

A

A icterícia geralmente é mista nesses casos com predomínio de BD, isso pois a fase que impõe limitação ao metabolismo hepático da brb é a de excreção, fazendo com que ela seja conjugada adequadamente no hepatócito, mas ele não seja capaz de excretá-la na bile, acumulando, principalmente, BD.

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22
Q

Quais os grupos de causas da icterícia?

A
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23
Q

Qual o distúrbio hereditário do metabolismo da brb mais comum?

A

A sd de Gilbert.

24
Q

Qual a epidemiologia e por que ocorre a sd de Gilbert?

A

Predomínio em homens, ocorrendo por uma deficiência leve na enzima glicuronil-transferase.

25
Q

Qual o prognóstico da sd de Gilbert?

A

É uma doença extremamente benigna, sem complicações, porém é crônica com hiperbilirrubinemai indireta leve e persistente (raramente > 5 mg/dl).

26
Q

Quais as principais causas de hiperbilirrubinemia indireta?

A

Hemólise > sd de Gilbert.

27
Q

Quais condições podem agravar a icterícia na sd de Gilbert?

A

Jejum prolongado (p) ou retirada de gordura da dieta, exercício intenso, ingestão de álcool.

28
Q

Como dx a sd de Gilbert?

A

É um dx de exclusão, sendo feito quando o paciente apresenta hiperbilirrubinemia indireta sem outros sinais e sintomas, sem hemólise, provas de função hepática normais e bx normal (esta última não é necessária).

29
Q

Qual o tto da sd de Gilbert?

A

Não necessita de tratamento, porém, por motivos estéticos, pode-se administrar fenobarbital cronicamente em doses baixas (aumenta a atividade da glicuronil-transferase).

30
Q

O que são as sd de Crigler-Najjar?

A

São sd hereditárias por distúrbio da glicuronil-transferase.

31
Q

Quais os tipos da sd de Crigler-Najjar?

A

Tipo I e tipo II. O tipo I é grave e resulta da deficiência COMPLETA desta enzima. O tipo II é uma deficiência parcial.

32
Q

Qual o QC da sd de Crigler-Najjar tipo I?

A

RNs com BI extremamente elevada (pode chegar até 45 mg/dl) com BD ausente. O prognóstico é geralmente sombrio com morte no 1° ano de vida por encefalopatia bilirrubínica.

33
Q

Qual o tto da sd de Crigler-Najjar tipo I?

A

Plasmaférese e fototerapia. O fenobarbital não é eficaz pois não há nenhuma enzima para ser estimulada. O tx hepático é a única opção de cura definitiva.

34
Q

Comente sobre a sd de Crigler-Najjar tipo II.

A

Os níveis de BI não são tão elevados, é dx tardiamente (adolescência ou mais), o tratamento com fenobarbital é eficaz na redução da BI.

35
Q

O que é a sd de Dubin-Johnson?

A

É uma sd em que há uma deficiência na fase de excreção da BD, sendo chamada também de icterícia crônica idiopática.

Faz ddx com sd de Rotor, que apresenta o mesmo mecanismo.

36
Q

Qual a epidemiologia da sd de Dubin-Johnson?

A

Típica de judeus Sefarditas.

37
Q

Qual o QC da sd de Dubin-Johnson?

A

É assintomático ou com sintomas brandos: hepatomegalia discreta e hipersensível. Os estigmas de colestase geralmente estão ausentes (prurido e esteatorreia). Os níveis séricos de FA são NORMAIS.

38
Q

Como confirmar o dx de sd de Dubin-Johnson?

A

Dosagem da coproporfirina urinária.

39
Q

Qual o tto da sd de Dubin-Johnson?

A

Não há nacessidade de tratamento pois o prognóstico é excelente (os níveis de brb raramente ultrapassam 5 mg/dl).

40
Q

Quadro icterícias hereditárias.

A
41
Q

O que é a sd colestática?

A

É o acúmulo de BD e outros ingredientes da bile (ácidos biliares e colesterol) por um problema existente na drenagem biliar intra ou extra-hepática.

*A hepatite promove icterícia por um mecanismo diferente: impede a excreção da BD pelos hepatócitos.

**O PRURIDO é muito mais comum (prova) na colestase do que na hepatite.

42
Q

Quais os achados histopatológicos da sd colestática?

A

Há acúmulo do pigmento nos hepatócitos e células de Kupffer, além da dilatação dos canalículos biliares entre os hepatócitos, edema e degeneração hepatocitária (efeito dos ácidos biliares), apoptose e alterações nos espaços-porta.

43
Q

Qual o QC da sd colestática?

A

Icterícia mista com forte predomínio de BD, colúria, acoleia/hipocolia fecal e prurido. Casos mais avançados podem apresentar esteatorreia e deficiência de vitaminas lipossolúveis pela digestão inadequada, especialmente da vitamina K (coagulopatia).

44
Q

Qual o mecanismo do prurido na sd colestática e como melhorar esse quadro?

A

Acredita-se que ocorra por um aumento do tônus de opioides no organismo, tanto que melhora com o uso de antagonistas opioides (naloxone).

45
Q

Quais os achados laboratoriais da sd colestática? Explique.

A

Há aumento das enzimas canaliculares pelo efeito detergente dos ácidos biliares (essas são enzimas de superfície, sendo tiradas das células pelos ácidos biliares). São elas a FA e GGT.

46
Q

Quando ocorre aumento da FA?

A

Quando há aumento da pressão no interior do sistema biliar e nas doenças infiltrativas hepáticas (neoplasias e granulomas).

*Existe a FA óssea, fazendo com que todo caso de FA elevada eu deva pedir a GGT (ou a 5-nucleotidase) para confirmar que é do fígado e não dos ossos.

47
Q

Comente sobre a brb delta.

A

É uma brb direta que está ligada de forma covalente com a albumina, apresentando tempo de depuração mais longo que a BD, já que a delta não consegue ser filtrada pelos rins. Ela aumenta quando a excreção hepática da brb está prejudicada (sd hepatocelular ou colestática).

48
Q

O que o aumento da BD me direciona no raciocínio dx? Como auxiliar?

A

Sd colestática ou hepatocelular, fazendo com que os níveis das transaminases + FA e GGT me direcionem para cada uma.

49
Q

Quais os ddx para icterícia por BI e por BD?

A

BI: hemólise, Gilbert e Criger-Najjar. BD: hepatite ou obstrução das vias biliares.

50
Q

Qual a diferença enzimática da icterícia por hepatite e por colestase?

A

A por hepatite promove grande aumento das aminotransferases e pouco das canaliculares, enquanto que a colestase promove o contrário.

51
Q

Qual o exame inicial no algoritmo diagnóstico de uma icterícia colestática e por quê?

A

O USG, pois permite a avaliação da dilatação das vias biliares.

52
Q

Qual nível de brb confirma icterícia?

A

Brb > 2 mg/dl.

53
Q

Qual a importância da GGT e FA em um paciente ictérico? Explique.

A

Se aumentadas, confirmam a presença de colestase. Porém a FA pode estar aumentada na gestação e distúrbios ósseos e a GGT em alcoolismo ou medicamentos. Por isso devem ser avaliadas com cautela e em conjunto.

54
Q

Qual o significado da elevação da AST > ALT em > 2:1?

A

É um achado muito sugestivo de hepatite ALCOÓLICA. Outras: doença de Wilson ou evolução de hepatopatia crônica para cirrose.

55
Q

O que é a prova da vitamina K?

A

É a administração de 10 mg de vitamina K parenteral em casos de icterícia com alargamento do TAP. Nos casos de colestase, haverá retorno do TAP ao normal e nas hepatocelulares não haverá alteração.

56
Q

Qual a alteração laboratorial mais precoce da insuficiência hepática?

A

O alargamento do TAP.