Cirrose Hepática - QC, Complicações e Tratamento Flashcards

1
Q

Quais as consequências para o organismo da cirrose hepática?

A

Distúrbios endócrinos e hemodinâmicos predominam nas fases iniciais, enquanto problemas como a encefaloaptia, hipoalbuminemia e coagulopatia aparecem em fases mais avançadas.

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2
Q

Quais os distúrbios endócrinos da CH? Quais as consequências desses distúrbios?

A

Hiperestrogenismo e hipoandrogenismo. Telangiectasias, eritema palmar, ginecomastia, rarefação de pelos, redução da massa muscular, atrofia interóssea, disfunção erétil/perda da libido e atrofia testicular.

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3
Q

Quais os distúrbios hemodinâmicos da CH?

A

RVP diminuída (vasodilatação), alto DC, retenção hidrossalina (ascite e anasarca) e hipobolemia relativa (redução do VCE).

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4
Q

Como a CH promove as alterações endócrinas da doença?

A

Através de uma maior conversão periférica de andrógenos em estrona, por aumento da SHBG (globulina ligadora de hormônios sexuais) e menor produção de andrógenos nas gônadas.

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5
Q

Como é a telangiectasia da CH e por que ocorre?

A

Ocorre pelo hiperestrogenismo, sendo que ela, caracteristicamente, começa a se encher do centro para a periferia após a compressão. São encontradas no pescoço, porção superior do tronco e MMSS.

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6
Q

O que é o baqueteamento digital e por que ocorre?

A

Também chamado de hipocratismo digital, é o abaulamento na base da unha dos dedos, deixando-os com o aspecto de baqueta de tambor. Ocorre por um aumento do TCSC vascularizado na extremidade digital.

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7
Q

Como se desenvolvem os distúrbios hemodinâmicos na CH?

A

Uma das primeiras alterações é a vasodilatação esplâncnica, que ocorre, provavelmente, pelo menor clearance bacteriano (pela hipertensão portal), estimulando a liberação de NO. Essa vasodilatação faz com que haja sequestro de sangue passa essa região, diminuindo o VCE, com estímulo ao SRAA, SNAS e à liberação de ADH, promovendo a retenção hidrossalina. Esse volume retido, porém, irá se concentrar progressivamente na circulação esplâncnica, até que esse volume começa a transudar para a cavidade peritoneal, promovendo ascite (isso é potencializado pela hipoalbuminemia). A consequência disso tudo é a redução do VCE (o paciente comporta-se como hipovolêmico, tendo tendência à hipotensão e a IRA pré-renal), aumento da volemia total (que está, basicamente, no território esplâncnico e portal), aumento do Na e água (edema e ascite), redução da RVP (vasodilatação intensa) e aumento do DC.

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8
Q

Qual cuidado deve ser tomado com os pacientes com CH em relação à sua hemodinâmica?

A

Esses pacientes, por terem um VCE reduzido, comportam-se como hipovolêmicos, fazendo com que eu tenha que ter extremo cuidado com o uso de diuréticos, especialmente nos virgens de tratamento. Isso pois eu posso descompensar a hipovolemia deles e fazer com qeu evoluam com instabilidade hemodinâmica e IRA pré-renal. Ou seja, eu não devo promover uma perda muito rápida de quilos por dia.

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9
Q

O que é a encefalopatia hepática (EH)?

A

É uma sd neuropsiquiátrica potencialmente reversível que surge em pacientes com hepatopatia avançada ou fulminante.

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10
Q

Por que ocorre a EH?

A

Ocorre pela passagem de substâncias tóxicas (especialmente a amônia proveniente do intestino) para o cérebro. Essas toxinas, em uma pessoa normal, seriam depuradas pelo fígado, porém essa pessoa não apresenta fígado funcionante, gerando seu acúmulo.

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11
Q

Quais fatores contribuem para o desenvolvimento da EH?

A

A insuficiência hepatocelular (incapacidade de depurar essas toxinas) associada com a hipertensão portal, que promove a formação de um shunt portossistêmico, levando mais toxinas à circulação sistêmica sem a passagem pelo fígado (encefalopatia portossistêmica).

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12
Q

Quais as principais fontes de amônia intestinal?

A

Metabolismo da glutamina (enterócitos) e bactérias colônicas (catabolismo de proteínas, ureia e sangue).

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13
Q

Como é o metabolismo normal da amônia?

A

Ela é quase toda depurada pelo fígado em ureia, que é altamente hidrossolúvei e menos tóxico, sendo mais facilmente eliminado na urina.

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14
Q

Quais as possíveis evoluções da EH?

A

A EH pode ser quase que totalmente revertida com a correção e diminuição dos níveis de amônia no sangue. Porém, se persistente, poderá promover lesões irreversíveis no parênquima cerebral, podendo haver degeneração das células nervosas e axônios do cérebro, medula e cerebelo (degeneração hepatocerebral adquirida).

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15
Q

Qual a patogenia da EH?

A

A hiperamonemia promove edema das células gliais, estimula a produção de GABA (depressor do SNC) e promove a captação de AA que irão ser convertidos em neurotransmissores inibitórios do SNC. Tudo isso resulta em hiperatividade GABAérgica (como ocorre pelos BZDs e barbitúricos), promovendo o quadro da EH. Isso explica a melhora desses pacientes com o flumazenil.

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16
Q

Qual o QC da EH?

A

Existem vários graus de EH, podendo ser mínima, aguda esporádica, crônica ou assocaida à IH fulminante.

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17
Q

Qual o QC da EH mínima?

A

Também chamada de subclínica, é a presença de alterações neuropsiquiátricas detectadas apenas em testes neuropsicométricos, pois as alterações são sutis (estão presentes em 70% dos CH). Porém, eu não devo investigar pois os riscos do tto podem superar os benegícios. A principal complicação aqui é a dificuldade para dirigir.

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18
Q

Qual o QC da EH aguda esporádica??

A

Início agudo de desorientação, agitação psicomotora, torpor ou mesmo o coma. Podem apresentar distúrbios de comportamento (agressividade), sonolência/letargia, inversão do ciclo sono-vigília, fala arrastada, hálito hepático, asterixis (flapping), incoordenação muscular, hipertonia, reflexos tendinosos exacerbados, Babinski, crises convulsivas e postura de descerebração. 80% desses casos possuem um fator precipitante e esses pacientes melhoram drasticamente com sua correção. *Se não houver fator precipitante, é dita EH aguda esporádica espontânea.

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19
Q

Como avaliar se há ou não a presença do flapping?

A

Solicita-se ao paciente que estenda o braço para a frente e faça a dorsoflexão da mão. A pessoa normal mantém a posição estável, enquanto que no paciente com EH, a mão cai repetidamente, em movimentos ritmados. O médico pode hiperestender o punho do paciente, causando o flapping induzido.

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20
Q

O flapping é patognomônico da EH?

A

Não, podendo ocorrer em encefalopatia urêmica, carbonarcose, pré-eclâmpsia grave ou eclâmpsia e intoxicação por lítio.

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21
Q

Quais os graus da EH?

A
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22
Q

Quais os fatores precipitantes da EH nos cirróticos?

A

HDA, hipocalemia, alcalose metabólica ou respiratória, desidratação/hipovolemia, diuréticos (TZD ou alça), nfecções (inclusive a PBE), sedativos (BZD ou barbitúricos), constipação, cirurgias, hipóxia, shunts portossistêmicos e dieta hiperproteica.

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23
Q

Por que o paciente cirrótico é propenso à hemorragia digestiva?

A

Por apresentar: distúrbios da hemostasia (insuficiência hepatocelular dos fatores da coagulação e plaquetopenia) + varizes esofagogátricas + aumento do risco de DUP.

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24
Q

Como o sangramento digestivo promove EH?

A

O sangue no tubo digestivo é metabolizado por bactérias colonicas, formando-se mais amônia e sobrecarregando o organismo do paciente com essa toxina.

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25
Q

Por que os CH possuem mais DUP?

A

Pois a histamina prozida no organimso é normalmente depurada no fígado. Como esse paciente apresenta IH cronicamente, ele não depura a histamina, aumentando seus níveis circulantes. A histamina estimula diretamente as células parietais do estômago a produzirem HCl, predispondo à DUP.

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26
Q

Explique a EH em: alcalose, hipocalemia e diuréticos.

A

Alcalose: o aumento do pH aumenta a conversão de amônio (NH4+) em amônia (NH3). Hipocalemia: aumenta a produção renal de NH3, que é reabsorvida pelos néfrons. Diuréticos: promovem tanto hipoK quanto alcalose e desidratação (se usado indiscriminadamente).

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27
Q

Como as infecções promovem EH?

A

O mecanismo é pouco conhecido, mas o destaque é a PBE. Outros: ITU e respiratórias.

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28
Q

Qual a importância da relação da PBE com a EH?

A

TODO PACIENTE COM EH DEVE TER SUA ASCITE INVESTIGADA PARA PBE, MESMO NA AUSÊNCIA DE SINAIS INFECCIOSOS!!!

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29
Q

Como a constipação intestinal promove EH?

A

Pois favorece a proliferação bacteriana e o tempo de contato da amônia com a mucosa intestinal, aumentando a produção e a absorção dessa toxina.

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30
Q

Como dx a EH?

A

Clínico!!! Alguns exames complementares podem auxiliar, porém são muito limitados: 1) Amônia sérica: estará aumentada na EH, porém pouco específica e não pode não ter correlação com a gravidade do quadro. 2) EEG: as alterações (onda theta em pré-comatosos e delta em avançado) não são patognomônicas e não possuem valor prognóstico, porém podem ser usadas para avaliar resposta terapêutica.

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31
Q

No que consiste o tto da EH?

A

No controle dos fatores precipitantes e na redução da produção e absorção da amônia pelo cólon.

32
Q

Como tratar a EH?

A

Restrição proteica (ver próxima questão), dieta zero (se EH graus III e IV, sendo feita nas primeiras 24-48h apenas), corrigir constipação (lactulose), ATB (redução da flora bacteriana se refratário à lactulose - neomicina, metronidazol, RIFAXIMINA É O MELHOR). Outras medidas: probióticos, zinco, flumazenil.

33
Q

A restrição proteica deve ser indicada de rotina na EH? Explique.

A

Não, pois há grande impacto nutricional dessa medida. Porém deve ser feita em pacientes com EH aguda ou crônica refratária ao uso de lactulose e/ou ATB - substituir proteína animal por vegetal.

34
Q

Como a lactulose atua na EH?

A

A lactulose permite a diminuição da constipação (efeito catártico) e também apresenta um efeito de acidificação das fezes, permitindo a maior formação de NH4+, diminuindo a absorção da amônia.

35
Q

Qual a meta de defecação com o uso da lactulose para prevenção da EH?

A

2-3 evacuações pastosas por dia.

36
Q

Quais os efeitos adversos da neomicina e metronidazol?

A

Neomicina: apesar de ser pouco absorvido, ainda é ototóxico e nefrotóxico. Metronidazol: uso crônica promove o desenvolvimento de neuropatia periférica.

37
Q

Comente sobre a EH em pacientes com cirrose alcoólica que ainda bebem.

A

Esses pacientes podem ter, sobreposta à EH, um quadro de abstinência do álcool, que promove agitação psicomotora. O tratamento padrão para a abstinência são os BZDs, porém eles devem ser evitados na EH. Portanto, esses pacientes devem ser tratados com antipsicóticos (haloperidol). Porém, pacientes que não respondem ao haldol podem e devem ser submetidos ao BZD.

38
Q

Qual o BZD usado no paciente com CH? Explique.

A

O LORAZEPAM, pois é o BZD com maior excreção RENAL.

39
Q

Quais as principais proteínas sintetizadas no fígado?

A

Albumina (principal), alfaglobulinas, betaglobulinas, ferretina e PCR, além de todos os fatores de coagulação (exceto o fator VIII).

40
Q

Quais fatores da coagulação dependem da vitamina K para serem sintetizados?

A

II, VII, IX e X (complexo protrombínico).

41
Q

Qual a função da albumina? Quais seus valores normais?

A

Dá a pressão coloidosmótica do plasma, sendo a pressão que “prende” o líquido no compartimento intravascular. 3,5-5,5.

42
Q

Quais as consequências da hipoalbuminemia?

A

Uma tendência ao extravasamento do plasma para o intestício, predispondo ao edema.

43
Q

O que a hipoalbuminemia significa em relação ao fígado do paciente?

A

Significa que ele apresenta uma hepatopatia crônica (ou crônica agudizada), pois a albumina tem uma meia-vida relativamente longa, não ocorrendo e acometimentos agudos do fígado. Além disso, a albumina marca o estado nutricional do paciente.

44
Q

Devo repor, de forma rotineira, albumina no paciente hepatopata com hipoalbuminemia? Explique.

A

Não, pois não há evidência alguma de benefício clínico.

45
Q

Quais as principais indicações da reposição de albumina exógena no paciente cirrótico?

A

Tratamento da PBE, tratamento da SHR e após paracentese de alívio nas GRANDES ascites.

46
Q

Como deve ser a reposição de albumina nas paracenteses de alívio das grandes ascites?

A

Repor 6-8g de albumina para cada litro de líquido ascítico retirado nas paracenteses acima de 5L (se retirou 5L = repor 30-40g; se retirou 8L = repor 48-64g).

47
Q

Qual o fator de coagulação mais acometido pela IH crônica e por quê? Qual a via desse fator e qual exame avalia ela?

A

O fator VII, pois é o com a meia-vida mais curta. É da via extrínseca. É avaliada pelo TP (tempo de protrombina) = TAP (INR).

48
Q

Qual TAP/INR é considerado sinal laboratorial de insuficiência hepática?

A

Atividade de protrombina < 50% e INR > 1,7.

49
Q

Quais outros exames avaliam as vias de coagulação?

A

Com a progressão da lesão, pode haver alteração no PTT, que avalia a via intrínseca.

50
Q

Qual condição pode promover alargamento do TAP e INR porém sem relação com insuficiência hepatocelular? Explique.

A

A colestase, pois promove diminuição da liberação de sais biliares com menor digestão de proteínas lipossolúveis, especialmente a vitamina K, que determina a produção dos fatores II, VII, IX e X. Como o VII é o com a menor meia vida, ele que se altera primeiro, alargando o TAP e INR.

51
Q

Como diferenciar o alargamento do TAP e INR por colestase ou por IH?

A

Todo paciente hepatopata com INR aumentado deve ser submetido à prova da vitamina K. Administra-se vitamina K e avalia-se o TAP 24h após. Se retornou ao normal, era colestase (grandes chances).

52
Q

Qual componente do sangue transfundir no paciente hepatopata sangrando e por quê?

A

O plasma fresco congelado, pois ele que fornece todos os fatores de coagulação. A vitamina K demora mais de 12h para fazer efeito, não sendo bom para quadros agudos assim.

53
Q

Quais os critérios analisados no estadiamento Child-Pugh e quais as divisões?

A

A: 5-6; B: 7-9; C: 10-15. São avaliados 2 parâmetros clínicos e 3 laboratoriais, pontuando 1, 2 e 3 pontos respectivamente: Ascite: ausente, facilmente controlável, mal controlada. EH: ausente, graus I e II, graus III e IV. Brb: < 2, 2-3, > 3. Albumina: > 3,5, 3,5-3, < 3. INR e TAP: < 1,7/0-4, 1,7-2,3/4-6, > 2,3/>6.

54
Q

Quais os principais distúrbios hematológicos da CH?

A

Anemia da hepatopatia crônica e hiperesplenismo.

55
Q

Quais os mecanismos da anemia no hepatopata crônica?

A

A maioria das vezes é meramente dilucional (pela retenção hidrossalina), mas pode ser também pela redução verdadeira nas hcs circulantes.

56
Q

Qual a patogenia da anemia do hepatopata crônico por real perda de hcs?

A

Diminução da meia vida das hcs e redução da eritropoiese à anemia. Aquela ocorre pelo hiperesplenismo (esplenomegalia congestiva), alterações no metabolismo eritrocitário e da composição das membranas das hcs. A redução da eritropoiese ocorre por efeito direto do álcool na MOV, anemia megaloblástica por carência nutricional, anemia ferropriva por sangramento crônico e provável quera na EPO.

57
Q

O que é a sd de Zieve?

A

É uma anemia hemolítica transitória e paroxística que ocorre nos etilistas crônicos com hepatopatia (gordurosa ou cirrótica). Há dor abdominal intensa em QSD, icterícia, hiperlipidemia e anemia hemolítica.

58
Q

Qual o QC e o laboratório da anemia no hepatopata crônico?

A

A maioria dos casos é leve/moderado, sendo assintomático. O laboratório mostra alterações em hemácias no esfregaço de sangue periférico (hcs em alvo, acantócitos). Pode haver pancitopenia ou bicitopenia (pelo hiperesplenismo).

59
Q

O que é e quais os limites do espaço de Traube?

A

É um espaço geralmente timpânico à percussão e corresponde à localização do estômago. É delimitado superiormente pela 6a costela, inferiormente pela margem costal e lateralmente pela LAM.

60
Q

Como se desenvolve e quais as consequências do hiperesplenismo na CH?

A

Se desenvolve pela hipertensão portal causando esplenomegalia congestiva. Esse baço apresenta maior poder de hemocaterese. O resultado é o aumento da hemólise extra-vascular, havendo uma anemia leve com reticulocitose, trombocitopenia (sequestro de plaquetas pelo baço). Pode haver neutropenia por sequestro também, mas é mais raro.

61
Q

Qual a conduta se o paciente com CH apresentar citopenia grave por hiperesplenismo?

A

Esplenectomia.

62
Q

O que é e por que ocorre a SHR?

A

É uma forma de IRA funcional pré-renal (sem alterações hisotpatológicas renais) com perda progressiva da função renal por vasoconstrição renal e vasodilatação extra-renal (mesentérica) em indivíduos com hepatopatia crônica avançada. É um continuum das alterações hemodinâmicas da hepatopatia crônica.

63
Q

Quais os tipos de SHR? Explique.

A

Tipo 1: rápida progressão da IR (< 2s), havendo aumento da Cr sérica além do dobro do valor inicial (> 2,5 mg/dl) ou queda do Clearance da Cr para < 50% do valor inicial (< 20 ml/min). IRA oligúrica. Tipo 2: Cr sérica > 1,5 e/ou Cl < 40 ml/min, com evolução mais insidiosa com prognóstico, em curto prazo com o tto, melhor. Ascite refratária.

64
Q

Quais os principais precipitantes da SHR?

A

Sangramento GI, infecção (especialmente PBE), diurese intensa com rápida perda de perso, paracentese de grande volume sem reposição de albumina. Há ausência de melhora da IRA após correção desses fatores.

65
Q

Qual o tto da SHR?

A

Suporte (repouso, euvolemia, retirada de drogas nefrotóxicas, parecenteses de alívio pequenas), farmacológico (ação vasoconstritora esplâncnica, como a terlipressina, e infusão de albumina 1g/kg no 1° dia seguido de 20-40g/dia) +/- hemodiálise. Se refratário: TIPS ou Tx hepático (tratamento de escolha).

66
Q

Como dx a SHR?

A

É um dx de EXCLUSÃO!!! Devo excluir as outras possibilidades para poder dx SHR: SEM hipovolemia, infecção (inclusive PBE), droga nefrotóxica e O RIM ESTÁ NORMAL À USG.

67
Q

O que é a síndrome hepatopulmonar (SHP)?

A

São distúrbios de troca gasosa secundários à CH.

68
Q

Qual o panorama clínico do paciente com a SHP?

A

A tríade: doença hepática crônica, hipoxemia com gradiente alvéolo arterial aumentade e evidências de alterações vasculares intrapulmonares (DVIP - dilatação vascular intrapulmonar).

69
Q

Qual a patogenia da SHP?

A

A DVIP promove um shunt arteriovenoso nos pulmões, fazendo com que o sangue bypassa os alvéolos ao prosseguir pelos vasos dilatados, misturando com o sangue que sai dos pulmões. Isso promove a mistura de sangue dessaturado com o saturado, havendo hipoxemia. Essa vasodilatação pode ocorrer pela maior circulação de vasodilatadores endógenos, como o NO.

70
Q

Qual o QC da SHP?

A

Dispneia, cianose de lábios e extremidades, baqueteamento digital, aranhas vasculares e platipneia (dispneia que piora com a posição sentada ou em pé - achado clássico). Pode haver ortodeoxia (hipoxemia desencadeada/agravada pela posição ortostática - outro achado clássico). Tudo isso além da insuficiência hepatocelular.

71
Q

O que define a hipoxemia arterial? E a ortodeoxia? E o shunt?

A

Hipoxemia arterial: paO2 em AA e em posição supina < 70 mmHg. Ortodeoxia: decrésimo ≥ 10% na SaO2 quando passa da supina para ortostática. Shunt: gradiente alvéolo-arterial acima de 15-20 mmHg.

72
Q

Qual o achado do rx de tórax na SHP e qual sua importância?

A

Geralmente é normal, mas pode haver discreto infiltrado intersticial bilateral com acentuação dos vasos pulmonares ou aspecto mosqueado com imagens nodulares (principalmente nas bases). É importante para descartar outras causas de hipoxemia.

73
Q

Quais exames permitem o dx da SHP?

A

Ecocardiograma contrastado (exame não invasivo mais importante para o dx), cintilografia pulmonar, angiografia pulmonar.

74
Q

Qual o tto da SHP?

A

Adm de oxigênio, tx hepático.

75
Q

O que é a hipertensão portopulmonar?

A

É uma hipertensão pulmonar associada à hipertensão porta, ocorrendo pelo acúmulo de substâncias tóxicas ao endotélio que não foram depuradas pelo fígado, fazendo com que as artérias pulmonares sofram remodelamento com vasoconstrição, hiperplasia da média, espessamento da íntima e trombos in situ.

76
Q

Qual o QC, dx e tto da hipertensão portopulmonar?

A

QC: Dispneia progressiva aos esforços, sobrecarga de VD, hiperfonese de P2 da B2, síncope e dor torácica. Dx: rx com abaulamento do segundo arco da silhueta cardíaca esquerda e aumento da área cardíaca por VD, ecocardiograma, cintilografia pulmonar, cateterismo cardíaco direito. Tto: warfarin, epoprostenol (vasodilatador pulmonar), tx hepático.