Imunologia da Gravidez Flashcards
O que permite a sobrevivência do feto?
A tolerância materna ao enxerto fetal
Não se conhece a razão pela qual o feto não é rejeitado, apesar de expressar antigénios de histocompatibilidade paternos
Paradoxo Imunológico da Gravidez
3 hipóteses que em conjunto permitiriam a proteção imunológica do feto:
- Separação anatómica;
- Imaturidade antigénica fetal;
- Inércia imunológica materna;
Adaptação da resposta imune materna
Feito pelo ambiente hormonal da grávida;
- Alterações na tolerância => inferitilidade e patologias reprodutivas;
- 80% das falências inexplicadas têm substrato imunológico;
- Desequilíbrio imunológico contribuiu para pré eclâmpsia;
SI inato
Fase inflamatória inicial;
- Baseado no reconhecimento do agente agressor pelos macrófagos, neutrófilos, células NK e secreção de citocinas => lesam diretamente as trompas ou a placenta, levando à morte do embrião/feto;
Mecanismos de imunotolerância materno fetal
O “maestro” é o sistema endócrino;
- Iniciados pelo trofoblasto;
- Resposta imune inata materna;
- Resposta imune adaptativa materna;
Mecanismos de imunotolerância materno fetal iniciados pelo trofoblasto
Imunosupressão por sinalização parácrina: - Secreção IDO; - Secreção VIP; - Secreção HLA-G solúvel; Interações célula-célula: - Expressão FasL; Indução de tolerância materna: - Descamação do trofoblasto; - Microquimerismo fetal; Evasão imune: - Ausência de MHC II superfície; - Ausência de HLA-A e HLA-B; - Expressão de HLA-C, HLA-E e HLA-G
Taxa de transmissão vertical HIV
Praticamente nula => não passa placenta
Resposta imune inata materna
Células NK: - Angiogénese decidual; - Remodeling artérias espirais; Células dendríticas: - Perfil Th2; - Preparação do útero para implantação; - Early antigen presentation a células T e Treg; - Mediadores de comunicação do trofoblasto com Treg; Mastócitos: - Angiogénese; - Remodeling artérias espirais; - Apoiam a implantação e crescimento fetal; Macrófagos: - Proteção do feto; - Promoção da invasão do trofoblasto; - Remodeling artérias espirais; - Contribuem para parto; Neutrófilos: - Angiogénese;
Esteróides na resposta imune inata materna
Alteram função dos macrófagos => regulação de recetores de superfície
Mecanismo de ação dos macrófagos para promover tolerância materno fetal
- Por ação das Treg e NK, há aumento de IDO (dentro dos macrófagos), que diminui o triptofano e inibe as células T efetoras, estimulando as Treg => AMBIENTE DE TOLERÂNCIA
Células NK
70% das células leucocitárias da placenta;
Dois tipos: uNK e pNK
pNK
Células NK do sangue periférico;
Além da sua função primária de destruir células infetadas por vírus ou células transformadas, participam nas respostas adaptativas do SI através da produção de citocinas ou por interações diretas;
São reguladas pelas hormonas e sofrem alterações na gravidez (nº, fenótipo e atividade);
uNK
Células NK uterinas;
70% das células leucocitárias da placenta;
- Regulam remodeling dos vasos uterinos maternos;
- Produção de fatores angiogénicos (VEGF) importantes na formação de artérias espiraladas;
Origem desconhecida (migração do sangue periférico ou diferenciação a partir de progenitores);
Parecem ser especificamente inibidas => talvez pelo HLA-G solúvel produzido pela placenta;
O que acontece se o processo de imunotolerância não resultar?
REJEIÇÃO DO EMBRIÃO:
- Se for precoce => perdas gestacionais recorrentes;
- Se for mais tardia => parto pré termo ou pré eclâmpsia (se for antes das 28 semanas, temos de terminar gravidez)
Imunidade adaptativa durante a gravidez
Células B:
- Proteção fetal contra Acs simétricos maternos;
- Defesa contra sinais de perigo na interface materno fetal;
Células Breg (pouca qtd):
- Tolerância imune materno fetal (IL-10);
- Proteção contra efeitos adversos do stress inflamatório;
- Bloqueio das respostas imunes Th1;
Células T:
- Proteção da placenta contra rejeição;
- Facilitação da implantação embrionária;
Células Treg:
- Favorece implantação;
- Tolerância precoce aos Ags paternos expressos pelo feto
Balanço Th1/Th2
º Th1 => citocinas pró inflamatórias, envolvidas na imunidade celular;
º Th2 => citocinas anti inflamatórias, envolvidas na imunidade humoral;
Este balanço é afetado por fatores hormais:
- Linfócitos do SP materno têm recetores para progesterona, produzindo PIBF, que atua nos linfócitos;
- PIBF altera padrão de secreção de citocinas e desvia balanço para dominância Th2;
Na gravidez:
1.- Inicialmente, temos perfil Th1, para implantação e desenvolvimento placentar => penetração dos tecidos, angiogénese;
2.- Posteriormente temos predomínio de Th2 na interface materno fetal => crescimento placentar e prevenção da rejeição fetal
Perfis Th1 vs. Th2 ao longo da gravidez e pós parto
Implantação: ++++++Th1;
Gravidez: +++++++ Th2;
Pós parto: +++++++ Th1;
Doenças com dominância Th1
Melhoram com gravidez:
- Artrite reumatoide;
- Esclerose múltipla;
- Doença de Crohn;
- DM tipo I;
- Tiroidite de Hashimoto;
- Doença de Graves;
- Psoríase;
Doenças com dominância Th2
Pioram na gravidez:
- LES;
- Colite ulcerosa;
- Alergias;
- Asma;
- Hepatite B e C;
- Infeções virais;
- Infeções helmínticas;
- Alguns cancros (linfoma, ovário, cancro da mama)
Cancro da mama relacionado com gravidez
Até um ano pós parto
Tem abordagem terapêutica diferente
Gravidez e cancro
Paralelismo, na medida em que há semelhanças entre células do trofoblasto e células tumorais:
- Proliferação;
- Capacidade de invasão tecidual;
- Angiogénese (suporte nutricional);
- Mecanismos de tolerância imunológica
3ª hipótese de Medawar
Atualmente, a explicação Th1/Th2 é insuficiente:
- 3ª hipótese de Medawar:
O SI materno “ignora” o potencial imunogénico do feto => imunotolerância induzida por Treg
Células Treg
Derivadas do timo => CD4+, CD25+, FOXP3+;
Criam ambiente de imunotolerância;
- Efeitos anti inflamatórios;
- Supressão de respostas imunes mediadas por outras células T;
- Prevenção da autoimunidade;
- Prevenção da rejeição de aloenxertos;
- Aceitação imune do produto da conceção;
TODAS as patologias autoimunes encontram associação com Treg;
Células Th17
Efeitos pro inflamatórios (IL-17);
Recrutamento de monócitos e neutrófilos;
Expansão da linhagem mieloide;
Ativação células T;
Amplificação das respostas inflamatórias;
Diminuição da gravidez normal;
Aumento no aborto recorrente de causa inexplicada
Perfil ideal da gravidez
Dominância Treg e Th2;
Diminuição Th17
Doenças inflamatórias e autoimunes
Polarização Th1/Th17;
Desenvolvimento e progressão das DAI e rejeição nos transplantes
Pré eclâmpsia
Estado materno pro inflamatório com predominância Th1/Th17
- Nulíparas têm maior risco de pré eclâmpsia;
- Métodos contracetivos de barreira são risco para pré eclâmpsia;