ESPECIALIDADES CIRÚRGICAS Flashcards
Qual é o exame PADRÃO OURO no diagnóstico de nefrolitíase?
TC de abdômen sem contraste
Descreva o manejo geral da nefrolitíase sintomática, bem como a indicação específica de acordo com tamanho e localização dos cálculos.
Manejo inicial:
Analgesia (AINE ou OPIOIDE) + hidratação
até 5mm -> aguardar eliminação ESPONTÂNEA
até 10mm -> terapia expulsiva medicamentosa com TANSULOSINA
> 1cm até 2 cm -> LECO
(ureteroscopia se cálculo em ureter médio/distal)
> 2cm -> nefrolitotripsia PERCUTÂNEA
‼️casos COMPLICADOS (ITU, IRA, obstrução) = inserção de duplo J e estabilização
Qual tipo de cálculo não aparece na TC sem contraste?
Cálculos formados por inibidores da protease (indinavir e ritonavir).
Paciente assintomática com achado incidental de cálculo ureteral de 6mm ao ultrassom abdominal. Qual a conduta?
VIGILÂNCIA ATIVA com hidratação e MODIFICAÇÕES DIETÉTICAS, visando prevenir o crescimento do cálculo existente e a formação de novos cálculos.
Oxalato de cálcio:
- NÃOOO restringe cálcio na dieta!!
- dieta hipossódica hipoproteica
- tiazídico
Estruvita:
- antibiótico
- refratário -> inibidor de urease (ácido acetohidroxâmico)
Ácido úrico:
- restringir ingestão de carne (purinas)
- alcalinizar urina: citrato de potássio
- refratário -> alopurinol
‼️só faria terapia expulsiva medicamentosa se fosse SINTOMÁTICA‼️
Paciente é admitida por litíase renal, possui enxaqueca crônica como comorbidade. Qual fármaco utilizado pode ter contribuído para o quadro atual?
TOPIRAMATO, nefrolitíase é um dos seus efeitos colaterais.
Descreva o protótipo das provas dos seguintes cálculos renais:
• Oxalato de cálcio;
• Estruvita;
• Ácido úrico;
• Fosfato de cálcio;
• Indinavir;
• Cistina.
1) Oxalato de cálcio:
- MAIS COMUM
- RADIOPACO
- relacionado à SÍNDROME METABÓLICA, doença de CHRON (gera hiperoxalúria) e cirurgia BARIÁTRICA
2) Estruvita:
- segundo mais comum
- RADIOPACO e CORALIFORME
- formado em urina BÁSICA
- relacionado à ITU por PROTEUS (urease)
3) Ácido úrico
- terceiro mais comum
- RADIOTRANSPARENTE
- formado em urina ÁCIDA
- relacionado à GOTA e NEOPLASIAS
4) Fosfato de cálcio
- formado em urina BÁSICA
- relacionado ao
HIPERPARATIREOIDISMO e à ATR II
(Fanconi)
5) Indinavir = RADIOTRANSPARENTE e relacionado à TARV DO HIV.
6) Cistina = urina ÁCIDA e causado por
HOMOCISTINÚRIA.
‼️citrato e magnésio são fatores protetores contra nefrolitíase
Qual é o subtipo histológico mais comum do câncer renal?
Carcinoma de células claras
Clínica e conduta no câncer renal
Tríade clássica: HEMATÚRIA + DOR + MASSA em flanco (maioria dos casos é assintomática)
NEFRECTOMIA PARCIAL: T1a e T1b (até 7cm limitado ao rim)
NEFRECTOMIA TOTAL: nódulos >7cm não locamente avançados (ressecção em bloco do rim, gordura perirrenal, fáscia de Gerota e adrenal)
IMUNOTERAPIA E TERAPIA-ALVO: lesões localmente avançadas, com comprometimento vascular ou linfático, ou metastáticas
‼️ vigilância ativa a cada 6-12 meses nos pacientes com pequenas lesões (< 2 cm), ou aqueles que não tolerariam a cirurgia
O diagnóstico definitivo do câncer renal é feito através de biópsia percutânea com análise histológica. VERDADEIRO ou FALSO?
FALSO!
O diagnóstico é feito a partir da alta suspeição no exame de imagem (NÓDULO SÓLIDO), prosseguindo diretamente para a RESSECÇÃO CIRÚRGICA.
📍as exceções que indicam bx são: lesões BILATERAIS, suspeita de ORIGEM METASTÁTICA do nódulo, suspeita de LINFOMA RENAL, lesões < 3 cm com RISCO CIRÚRGICO elevado
Qual o subtipo histológico mais comum no câncer de ureter?
Carcinoma de células transicionais (urotelial)
MESMO DO CÂNCER DE BEXIGA
Qual é a principal causa de hematúria macroscópica acima de 50 anos?
CÂNCER DE BEXIGA
‼️ Embora pacientes com nefrolitiase normalmente apresentem hematúria, ela é majoritariamente microscópica, ficando evidente apenas em exames de urina.
Conduta no câncer de bexiga
O exame padrão ouro é a CISTOSCOPIA com biópsia.
Tumores não invasivos (até T1) = RTU + MITOMICINA C intravesical
Tumores invasivos (a partir de T2, invade músculo detrusor) = CISTECTOMIA RADICAL com ressecção da gordura perivesical, órgãos reprodutores e linfonodos pélvicos + QT NEOADJUVANTE
‼️para tumores de ALTO GRAU, > 3cm ou múltiplos, está indicada a aplicação de BCG intravesical 6 semanas após RTU
Diferencie as principais causas de escroto agudo quanto à clínica
TORÇÃO TESTICULAR
- dor intensa, SÚBITA e constante
- ausência do reflexo cremastérico
- sinal de Prehn negativo
📌 intravaginal é mais comum em adolescentes, e extravaginal em neonatos
ORQUIEPIDIDIMITE
- dor SUBAGUDA
- associação com sintomas urinários e descarga uretral
- reflexo cremastérico preservado
- sinal de Prehn positivo
TORÇÃO DE APÊNDICE TESTICULAR
- CRIANÇAS pré-púberes
- nodulação dolorosa
- sinal da mancha azul (blue dor sign)
- reflexo cremastérico preservado
📍outras: trauma, Púrpura de Henoch-Schöenlein
‼️ ESPERMATOCELE = cisto de epidídimo maior do que 2 cm, ASSINTOMÁTICO (achado incidental ultrassonográfico)
Conduta na torção testicular
Pode-se realizar uma tentativa de destorção através de manobras manuais e vigilância clínica até SEIS HORAS do início dos sintomas.
ABORDAGEM CIRÚRGICA:
- testículo viável = orquidopexia
- não viável = orquiectomia
📍sempre faz também a fixação do lado contralateral
‼️a orquiepididimite e a torção de apêndice testicular são de tratamento clínico
Principais causas de disfunção erétil (incluindo medicamentosas)
A maior parte dos casos é de origem PSICOSSOCIAL, sem associação a outros sintomas fisiológicos ou alterações anatômicas.
Antidepressivos (ISRS e inibidores da MAO)
DIURÉTICOS TIAZÍDICOS
‼️ sempre que receber a queixa de disfunção erétil, é importante avaliar o risco cardiovascular do paciente, pois há associação com doenças cardiovasculares‼️
Qual a origem histológica principal do câncer de testículo?
GERMINATIVA (95%)
Divide-se em seminomas (40-45%) e não seminomatosos (35-40%).
Clínica e fatores de risco do câncer de testículo
Massa indolor com edema e desconforto local
Homens JOVENS, entre 20-40 anos, história de criptorquidia e história familiar positiva
Investigação e conduta no câncer testicular
IMAGEM: USG de bolsa escrotal com Doppler
LABORATÓRIO: LDH, alfa-fetoproteína e beta-hCG
📍a alfafetoproteína é aumentada somente nos tumores não seminomas, enquanto o beta-hCG aumenta levemente em ambos, apesar de ser mais comum nos não seminomas
Tratamento = ORQUIECTOMIA RADICAL por via inguinal (não faz biópsia)
Conduta no priapismo
A partir de 4 HORAS do início do quadro já é necessário intervir pelo risco de dano
1) ASPIRAÇÃO DO CORPO CAVERNOSO com irrigação de solução salina
2) se refratário -> INJEÇÃO de alfa adrenérgico
3) se refratário -> abordagem CIRÚRGICA com shunt
📍se a causa for anemia falciforme = hidratação, analgesia, O2 e suporte hematológico
📍se causa não isquêmica = embolização seletiva da fístula
Qual é o subtipo histológico mais comum no câncer de pênis?
CEC (espinocelular/escamoso)
Fatores de risco, clínica, diagnóstico e conduta no câncer de pênis (resumão)
FR: má higiene, infecção pelo HPV e ausência de circuncisão
Clínica: úlcera persistente não relacionada a ISTs
Diagnóstico: biópsia INCISIONAL
Conduta:
- estágios iniciais: excisão da lesão
📍radioterapia a laser para T1/T2 com envolvimento da glande a menos de 4cm do sulco coronal
- estágios avançados: penectomia parcial ou total
Quais são as indicações de rastreio do câncer de próstata?
Ministério da Saúde → não deve ser realizado rotineiramente.
Sociedade Brasileira de Urologia → toque + PSA de 50-75 anos (ou a partir dos 45 anos em pacientes com história familiar ou negros).
‼️NÃO continuar após 75 anos ou não iniciar o rastreio se a expectativa de vida for < 10 anos.
Quais os principais fatores de risco para o câncer de próstata?
Raça NEGRA e idade avançada!
‼️TABAGISMO E HPB NÃO SÃO‼️
Quando o rastreio indica biópsia para investigação de câncer de próstata?
Se houver presença de ENDURECIMENTO, NODULAÇÕES ou IRREGULARIDADES ao toque retal
ou
PSA > 4 ou > 2,5 em maiores de 60 anos
📍refinamento do PSA
- são padrões suspeitos:
1) aumento > 0,75/ano
2) densidade > 0,15
3) fração livre < 25%
Conduta no câncer de próstata
VIGILÂNCIA ATIVA: Gleason ≤ 6, PSA < 10 e estadiamento T1c
PROSTATECTOMIA/RADIOTERAPIA: doença localizada (até T2)
📌a RT tem risco de impotência semelhante ao da cirurgia, só é mais tardio!!
BLOQUEIO HORMONAL: doença metastática
📌pode ser realizado com orquiectomia bilateral ou com agonista de GnRH (goserelina/leuprolide)
Zonas da próstata de acometimento pela HPB e pelo câncer de próstata
HPB: zona de transição
Câncer: zona periférica
Conduta na HPB segundo o grau de sintomas
IPSS 0 a 7 → OLIGOSSINTOMÁTICO → acompanhamento;
IPSS 8 a 19 → SINTOMÁTICO com piora na qualidade de vida → alfabloqueador se próstata < 60g ou terapia combinada (alfabloqueador + inibidor de 5a redutase) se ≥ 60g;
IPSS ≥ 20 → intolerante ou REFRATÁRIO aos medicamentos, ou com presença de COMPLICAÇÕES (cálculos, alterações anatomofuncionais na bexiga, IRA pós-renal) → RTU se < 80g, ou cirurgia aberta se > 80g ou muitas complicações.
O local mais comum para a recorrência tardia do tumor de testículo de células germinativas não-seminomatosas, é:
RETROPERITÔNEO
Diferencie a ENTEROCOLITE NECROTIZANTE da INTUSSUSCEPÇÃO INTESTINAL quanto à clínica e ao tratamento
ENTEROCOLITE NECROTIZANTE
• FR: PREMATURIDADE, asfixia perinatal e cardiopatias congênitas
• tríade: distensão + dificuldade de progressão da dieta + resíduo gástrico (pode ter MELENA)
• RX: PNEUMATOSE INTESTINAL
• tratamento de SUPORTE (dieta zero, sonda nasogástrica, hidratação EV) + ATB AMPLO ESPECTRO (ampi + genta + metronidazol)
📍cirurgia se perfuração intestinal
INTUSSUSCEPÇÃO INTESTINAL
• FR: VORH (inclusive contraindica)
• tríade: fezes em geleia de framboesa + DOR abdominal aguda + massa palpável
📍sinal de DANCE = massa em QSD com FID vazia
• US: SINAL DO ALVO ou pseudorim
• tratamento de DESCOMPRESSÃO com enema baritado (cirurgia se falha)
Diferencie ESTENOSE HIPERTRÓFICA DE PILORO e ATRESIA DUODENAL quanto à clínica e ao tratamento
ESTENOSE HIPERTRÓFICA DE PILORO
• tardia (3-5 semanas de vida)
• vômitos NÃO BILIOSOS
❗️alcalose hipoclorêmica hipocalêmica com urina ácida
• sinal da OLIVA PILÓRICA (USG)
• cd: pilorotomia (Fredet-Ramstedt)
ATRESIA DUODENAL
• precoce (1º dia de vida)
• vômitos BILIOSOS
• sinal da DUPLA BOLHA (RX)
• cd: duodeno-duodenostomia
Clínica, classificação, diagnóstico e tratamento da ATRESIA DE ESÔFAGO
ATRESIA DE ESÔFAGO
• intraútero: polidrâmnio
• pós-natal: vômitos, sialorreia, tosse, cianose
• mais comum = TIPO C fístula traqueoesofágica distal
• associação com outras malformações: VECTREL (Vértebra, Esfíncter, Coração, Traqueia, Rim, Esôfago, Limbs)
• cd: cirurgia de reconstrução de trânsito
-> para saber se tem ou não fístula, temos que olhar para a bolha gástrica e para a classificação de Gross
A) sem fístula (8%)
B) fístula proximal (1%)
C) fístula distal (87%)
D) fístula proximal e distal (1%)
E) só fistula, sem atresia (3%)
❗️apenas fístulas do segmento distal podem cursar com a presença de bolha gástrica❗️
📍assim, na ausência desta, o mais provável é que NÃO haja fístula, visto que a classe A é bem mais comum que a B (fístula proximal)
Descreva fisiopatologia, manifestações clínicas, métodos diagnósticos e conduta na DOENÇA DE HIRSCHSPRUNG
É a principal causa de obstrução intestinal em RN
Ocorre pela AGANGLIONOSE, principalmente de segmentos DISTAIS (retossigmoide) do cólon, com ausência dos plexos de Auerbach, Henle e Meissner.
Cursa com ATRASO NA ELIMINAÇÃO DE MECÔNIO, distensão abdominal e toque retal com saída explosiva de fezes
Diagnóstico:
• enema contrastado: cone de transição
• manometria anorretal: não relaxamento
• CONFIRMAÇÃO: BIÓPSIA
Cirurgia RESSECÇÃO + RECONSTRUÇÃO:
• Soave: mucosectomia (s/ ressecção)
• Duhamel: secção + anastomose
• Swenson: ressecção com anastomose
📍a principal complicação é a ENTEROCOLITE, podendo ocorrer antes ou após a cirurgia
Diferencie ONFALOCELE e GASTROSQUISE
ONFALOCELE
• intestino delgado, fígado
• coberta por membrana
• saída na cicatriz umbilical
• associação com outras malformações (trissomias 21/13, cardiopatias)
• alfafetoproteína PODE elevar
GASTROSQUISE
• intestino delgado
• SEM membrana
• linha paramedial (à direita do umbigo)
• outras anomalias são incomuns (se tiver, atresia de esôfago)
• alfafetoproteína GERALMENTE eleva
Quando fazer cirurgia nas seguintes condições:
Hérnia inguinal;
Hidrocele;
Hérnia umbilical;
Fimose;
Criptorquidia.
• Hérnia inguinal = imediato.
• Hidrocele = 1-2 anos.
• Hérnia umbilical = > 2cm, estrangulamento, DVP ou persistência até 5 anos.
• Fimose = parafimose, fimose patológica, complicações ou 6 anos.
• Criptorquidia = não opera nos primeiros 6 meses! Se não descer, operar até 2 anos.
Lactente procura atendimento com relato de sangramento intestinal baixo volumoso, sem outras queixas.
Qual a principal hipótese, como é feito o diagnóstico e qual é a indicação de tratamento?
DIVERTÍCULO DE MECKEL é a principal causa de hemorragia digestiva baixa importante em crianças, sendo a anomalia congênita mais comum do TGI
📍observe que a enterocolite necrotizante e a intussuscepção causam sangramento nas fezes, de menor volume
O diagnóstico é feito através da CINTILOGRAFIA COM 99m-Tc, ou por laparotomia se alta suspeição clínica
Deve-se tratar apenas os casos SINTOMÁTICOS, com remoção cirúrgica
Cite as 4 principais malformações congênitas da região cervical, bem como sua apresentação clínica e tratamento.
1) CISTO DO DUCTO TIREOGLOSSO
• mais comum
• massa da linha média, móvel à deglutição
• cd: PROCEDIMENTO DE SISTRUNK❗️ (ressecção cisto + ducto + osso hioide)
2) HIGROMA CÍSTICO
• malformação linfática posterior
• massa cística, multiloculada, com transiluminação positiva
• crescimento rápido -> efeito de massa
• cd: RESSECÇÃO + LIGADURA VASOS LINFÁTICOS
📍ressecção difícil -> bleomicina
3) CISTOS/FENDAS BRANQUIAIS
• mais comum = 2º arco (96%)
• drenagem ao longo da borda do esternocleidomastoideo
• cd: ressecção de TODOS os remanescentes do arco branquial
📍se infectado, tratar antes de operar
4) TORCICOLO CONGÊNITO
• encurtamento e fibrose do esternocleidomastoideo
• cabeça inclinada para o lado acometido e rotacionada para o lado oposto
• cd: FISIOTERAPIA (90%)
📍refratários: botox/cirurgia
Um paciente de 52 anos se apresenta com dor abdominal, perda de peso e hematúria. Investigação complementar direciona para um carcinoma de células claras renal com extensão para a veia cava inferior. O melhor tratamento para esse caso é:
RESSECÇÃO CIRÚRGICA
Nos carcinomas renais com invasão do sistema vascular, desde que na ausência de metástases ou invasão linfonodal, é feita a nefrectomia radical com a trombectomia tumoral do sistema venoso.