T11 - Infeção VIH (1) Flashcards

1
Q

Introdução – História do VIH?

A

❑ O VIH é uma doença relativamente recente, pelo menos no que diz respeito ao conhecimento dela.
❑ Os primeiros casos de uma nova doença que causava imunodeficiência apareceram nos EUA em 1981.
❑ Em 1982 apareceram as primeiras sugestões de que podia haver transmissão sexual; e foi neste ano que foi introduzido o termo de síndrome da imunodeficiência adquirida humana nos EUA.
❑ Em 1983 surge o primeiro caso relatado em Portugal e é conseguida a identificação do vírus, e é-lhe dado o nome de LAV.
❑ Também foi em 1983 que foi relatada pela primeira vez a transmissão vertical de mãe para filho e o CDC atualizou as suas vias de transmissão.

How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
2
Q

Introdução – História do VIH (2)?

A

❑ Em 1984-1986 é utilizado o primeiro teste; identifica-se o HIV 2, que na altura foi chamado de HTLV-IV, enquanto o HIV era chamado HTLV-III; e em Portugal em 1986 passaram a haver medidas para prevenir a transmissão associada à hemodiálise e à transplantação.
❑ 1987 marca uma data bastante importante, o aparecimento do primeiro anti retrovírico, a zidovudina, também conhecida como AZT; são utilizados novos testes e também é confirmada a possibilidade de transmissão através do leite materno.
❑ A década de 90 foi muito importante, pois houve um grande investimento nesta área, e que foi muito motivado pelo atingimento de figuras públicas como Freddy Mercury e Magic Jonhson.
❑ Em 1995 aparece o primeiro inibidor da protéase e há uma mudança brutal do paradigma de tratamento da infeção do VIH e passa a haver um novo paradigma do que é a terapêutica anti retrovírica de alta eficácia.

How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
3
Q

Introdução – História do VIH (3)?

A

❑ Nos anos 2000 começam a aparecer mais fármacos, os fármacos existentes passam a poder ser produzidos de forma genérica para alguns países do mundo.
❑ Em 2006 aparece o comprimido único diário com 3 fármacos apenas num único comprimido. ❑ Na década de 2010 aparece o doente de Berlim, que foi um doente com uma cura funcional após um transplante de medula; as mortes começaram a diminuir.
❑ Em 2015, outro marco importante, na sequência de vários estudos, a OMS recomenda para todo o mundo que todos os doentes com diagnóstico de VIH sejam tratados independentemente do grau de imunodeficiência.

How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
4
Q

VIH – Grupos e subtipos?

A

❑ Família Retroviridae
❑ Lentivirinae
– Vírus da imunodeficiência humana tipo 1
– Vírus da imunodeficiência humana tipo 2

❑ Grupo M – major (11 subtipos)
* Subtipo – A(1,2),B,C,D,F(1),G,H,K,J
❑ Grupo O – outlier (3 subtipos)
* Subtipo O1, O2, O3
◦ Estirpes originárias de África: Camarões, Gabão e Guiné
❑ Grupo N – non M-non O
❑ Grupo P

❑ A distribuição destes grupos e subtipos no globo está representada no slide, o subtipo mais comum em termos globais de longe é o subtipo C, que é também o mais comum em África onde existe o maior burden da doença; mas nos países europeus, incluindo Portugal, o subtipo mais comum é o subtipo B.

How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
5
Q

Origens do VIH?

A

❑ Relativamente às origens do VIH, há várias teorias da conspiração (como em todas as pandemias), mas neste momento é bastante consensual que o VIH se originou a partir do mundo animal e cruzou a barreira das espécies.
❑ Este cruzamento da barreira das espécies e o primeiro caso em humanos poderá ter acontecido há muito tempo, nomeadamente na década de 1920.
❑ Isto foi percebido a partir de estudos de serotecas em que foi possível diagnosticar a presença do vírus em sangue armazenado já com muitas décadas.

❑ Portanto, provavelmente o VIH é um vírus que se originou a partir do vírus da imunodeficiência símia, SIV, e depois se alastrou pelo ser humano.

How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
6
Q

VIH - Estrutura?

A

❑ É um retrovírus, esta é a estrutura base com as glicoproteínas da cápside, gp120 e gp41; antigénios do core, nomeadamente o p24 (veremos que é importante); e enzimas importantes como protéase, integrase e transcriptase reversa.
❑ Em termos genéticos não é um vírus muito complexo; tem 3 genes fundamentais: gal, pol e env.
– Gag vai codificar os antigénios p17, p24 e p7;
– Pol de polimerase vai codificar as 3 enzimas, que vão ser alvos terapêuticos, nomeadamente a protéase, transcriptase reversa e integrase;
– Env de envelope, vai codificar as glicoproteínas do invólucro portanto gp120 e gp41.

How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
7
Q

O Vírus?

A

➢ Tropismo para células com receptores CD4+ expressos na sua superfície
▪ Linfócitos T CD4+
▪ Monócitos/macrófagos
▪ Células epiteliais de Langerhans
▪ Células foliculares dendríticas
▪ Células M das placas de Peyer

➢ Reservatórios: o vírus consegue ficar latente em reservatórios, chamados santuários imunológicos (ex:SNC), alguns deles bastante inacessíveis para a terapêutica

▪ Células com infecção latente:
- CD4 memória (sangue/tecido linfóide)
- Células da linha monocito-macrofágica, com origem na MO e capacidade de migração para o SNC
- Células progenitoras hematopoieticas

How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
8
Q

Ciclo de vida?

A

➢ A partícula viral vai-se ligar ao recetor CD4, e é necessário um correcetor.
➢ É feita a entrada do vírus na célula, ele perde o seu invólucro, e é realizada a transcrição reversa ainda no citoplasma da célula que está a ser invadida.
➢ E a partir daí passa o material genético para dentro do núcleo, onde é integrado no DNA da célula hospedeira. Realçar o papel importante da enzima integrase, depois este DNA é transcrito e esta transcrição depois vai resultar em RNA mensageiro; o que vai levar à tradução deste RNA mensageiro no citoplasma com a montagem de novas partículas víricas.
➢ E também leva à formação de RNA de novo para inclusão nos novos viriões e este processo vai continuando ao longo do tempo.

➢Na adesão inicial do vírus à célula são fundamentais, além do CD4, os correcetores e pode haver algum tropismo específico para alguns destes correcetores consoante estamos em diferentes fases da doença. Os dois correcetores principais são o CCR5 e o CXCR4.

How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
9
Q

Mudança de paradigma?

A

➢ Forma como tratamos o VIH tem vindo a mudar ao longo do tempo. Antes atribuía-se grande parte das consequência do VIH à imunodepressão, e agora continua a ser assim em parte.
➢ Mas agora também é importante recordar que o VIH é um estado pró-inflamatório com uma ativação imune sistémica importante e isto vai ter impacto, nomeadamente no que são consideradas as complicações do VIH como aterosclerose, osteoporose e alterações neurocognitivas (que também são muito frequentes).

How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
10
Q

Vias de transmissão?

A

➢ Sexual
- anal 5/1000
- vaginal 3/1000
➢ Endovenosa
◦ Partilha de seringas com doentes infetados - 7/1000
◦ Transfusões (a partir dos derivados do sangue) - 90%
➢ Vertical
◦ Gestação
◦ Parto
◦ Amamentação

➢ Fluidos biológicos de risco: Contacto c/ estes fluidos biológicos poderá condicionar risco de transmissão
▪ Sangue ou fluido biológico com sangue ou vestígios de sangue
▪ Secreções sexuais daí a transmissão sexual
▪ Leite materno
➢ Não contagiosos: Urina, vómito, saliva, fezes, lágrimas, suor, esputo

How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
11
Q

Epidemiologia Global?

A

➢ Cerca de 37 milhões de pessoas infetadas e que vivem com a doença, a grande parte adultos; mas também muitas crianças (com menos de 15 anos), quase 2 milhões.
➢ Perto de 2 milhões de novos infetados por ano e quase 1 milhão de mortes relacionadas com o VIH por ano.
➢ A maior parte das novas infeções continua a ocorrer na África Subsariana, em países mais pobres, e 1/10 destas em crianças, o que é particularmente importante.
➢ Tem havido um aumento da longevidade dos doentes com VIH, acompanhado de uma diminuição da mortalidade; portanto embora a incidência tenha vindo a diminuir a prevalência da doença tem vindo a crescer ao longo do tempo.
➢ Número de crianças que vivem com VIH têm vindo a diminuir fruto dos esforços que têm sido feitos para evitar a transmissão mãe-filho.
➢ Tuberculose é a principal causa de morte VIH+ – 1/5 mortes
➢ Número de doentes que se encontram sob terapêutica e que tem vindo a aumentar (se tivermos virtualmente todos os doentes em tratamento e suprimidos seria possível, teoricamente, quebrar a possibilidade de transmissão da doença.)

How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
12
Q

Epidemiologia - Europa?

A

➢ 30 mil novos casos com predominância do sexo masculino (3 homens para cada mulher infetada).
➢ A principal categoria de transmissão é a de homens que têm sexo com homens, seguida da categoria heterossexual e depois a injeção de drogas endovenosas; portanto a via sexual é a predominante nos países europeus.
➢ Tem-se verificado algum decrescimento do fator de risco relacionado com a injeção de drogas venosas, contudo em alguns países, nomeadamente no leste europeu, tem-se assistido ao recrudescimento desta via de transmissão.

How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
13
Q

Epidemiologia - Portugal?

A

➢ Em Portugal, neste slide vemos dados publicados em 2018 relativamente a 2017, tem havido cerca de 1000 novos casos por ano, mas tem seguido uma tendência decrescente desde o início dos anos 2000.
➢ A via sexual, tal como noutros países europeus, é a mais comum, mas a principal categoria não é a de homens que têm sexo com homens, mas sim a heterossexual, embora vejamos alguma convergência destas duas categorias.
➢ O programa de substituição com opioides começou em 1987. O programa de troca de seringas, que na altura foi muito polémico, começou em 1993. Depois a descriminalização do consumo de drogas em 2001.

How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
14
Q

Diagnóstico?

A

➢ O diagnóstico é estabelecido por um dos seguintes métodos (meio laboratorial): detecção dos anticorpos para o HIV, do antigénio vírico p24, do ácido nucleico vírico ou por cultura do HIV
➢ Atc IgG para o HIV-1 são detectados 6-12 semanas após a infecção (<6 meses para >95% dos casos; os primeiros marcadores de infecção HIV são a presença de atg p24 ou HIV-RNA).
➢ Testes serológicos – ELISA e Western blot
➢ Critério para Teste POSITIVO: 2 testes EIA (testes imunoenzimáticos) positivos; confirmação por 1 teste

How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
15
Q

Diagnóstico - Pesquisa de anticorpos específicos?

A

➢ Presentes a partir das 6-12 semanas após o contágio
➢ Método imunoenzimático (ELISA)
- Sensibilidade e especificidade de 99%.
➢ Confirmação obrigatória: WB, IFA, RIPA

➢ No caso de primoinfecção (infeção aguda)
▪ Pesquisa de ADN ou ARN víricos por PCR
▪ Pesquisa de antigénio p24
▪ Cultura de vírus
▪ Seroconversão

How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
16
Q

Diagnóstico Adulto e criança com idade >18 meses?

A

➢ Pesquisa de anticorpos específicos
➢ Duas determinações por ELISA
- duas amostras de sangue não simultâneas
➢ Se ambas reactivas
- confirmação por Western-blot
➢ Portanto, duas determinações por metodologia imunoenzimática e depois confirmação por Western-blot.

➢ Nos RN as coisas funcionam de forma um pouco diferente e pode ser preciso usar PCR para a deteção de ARN do vírus.

17
Q

Em termos de marcadores como funciona?

A

➢ Se o momento 0 for o momento da infeção, vamos ter crescimento viral local e depois a disseminação do vírus.
➢ Logo uma semana após a infeção é possível detetar o RNA do vírus; à 2a semana pós infeção passamos a ter o antigénio p24, mais tarde aparece o IgM e só depois é que aparece o IgG às 4-6 semanas.
➢ Hoje em dia usamos testes de 4a geração que, para além de detetarem anticorpos do tipo IgG para o vírus, também detetam o antigénio p24, portanto o tempo janela para o diagnóstico está muito encurtado.

18
Q

Quem é que deve fazer o teste?

A

“Pessoas que se considerem em risco ou queiram fazer o teste”, portanto qualquer pessoa com vida sexual ativa e que tenha relações sexuais sem uso de preservativo está em risco e portanto deve fazer o teste VIH (“qualquer pessoa deve fazer o teste VIH uma vez na vida”).

19
Q

Hx Natural da doença?

A

➢ Após a infeção há uma replicação abundante do vírus, refletido por uma grande carga vírica detetada por biologia molecular; e há uma queda inicial dos linfócitos T CD4, associada a uma grande distribuição inicial por esta replicação muito ativa do vírus.
➢ Entretanto, o sistema imunitário consegue “acomodar-se” a esta situação e vamos atravessar um período em que há um controlo relativo da replicação do vírus, portanto a carga vírica vai baixar e também vamos ter alguma estabilidade das contagens dos linfócitos T CD4, embora sempre com uma tendência decrescente.
➢ Depois, um número variável de anos se passam até que rapidamente acaba por haver uma perda de controlo por parte do sistema imunitário com uma replicação viral muito aumentada, uma grande depleção dos linfócitos T CD4 e vão aparecer as doenças ditas oportunistas.

20
Q

Estadios da infecção VIH?

A

➢ Temos a transmissão -> infeção primária -> seroconversão -> período de latência clínica e depois o aparecimento das infeções oportunistas que conduzem à tal infeção avançada, em que temos contagens de linfócitos T CD4 muito baixas.