problemas correntes do lactente Flashcards

1
Q

Regurgitação

A
  • É preocupante sempre que um recém-nascido tenha história de vómitos ou refluxo acompanhado de perda de peso.
  • A regurgitação pressupõe a chegada do conteúdo alimentar à boca, sendo o resultado visível do refluxo gastro-esofágico. A regurgitação é comum em todas as faixas etárias e não se traduz necessariamente numa patologia. O vómito pressupõe uma expulsão forçada com recurso à contração dos músculos abdominais e respiratórios.
  • A passagem de conteúdo gástrico para o esófago é um processo fisiológico normal que ocorre em adultos, crianças e recém-nascidossaudáveis.
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2
Q

Peso RN

A

É expectável que o aumento de peso seja maior nos primeiros meses de vida. Segundo as curvas de peso normais, esperamos que:

  1. Haja perda de peso imediatamente após o nascimento
  2. Haja recuperação de peso entre os 10 e os 14 dias de vida
  3. Haja duplicação de peso em relação ao registado no nascimento aos 4 meses
  4. Haja triplicação de peso em relação ao registado no nascimento aos 12 meses
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3
Q

Doença do refluxo GE

A

A doença de refluxo gastro-esofágico é comum no lactente sendo até mais comum no lactente do que na criança ou no adulto. O refluxo vai diminuindo progressivamente com a idade devido ao aumento do controlo sobre a posição sentado ou de pé. Na verdade, esta posição é bastante útil na prevenção do refluxo dada a ação da gravidade.

  • É frequente a resolução do refluxo gastro-esofágico ou uma diminuição significativa da sua prevalência até aos 12 meses de idade.
  • A DRGE é sugestiva de preocupação quando há complicações. Populações com doenças neurológicas, síndromes genéticos, atrésia do esófago, doença pulmonar crónica ou recém-nascidos pré-termo são de risco para o desenvolvimento destas complicações e, por isso, são grupos aos quais devemos prestar especial atenção.
  • maioria das crianças apresenta uma DRGE sem complicações (designados de “happy spitters”) e o diagnóstico depende essencialmente da história clínica e do exame objetivo. Os sintomas/sinais de que podemos estar perante uma DRGE com alguma gravidade são uma má progressão ponderal, recusa alimentar, irritabilidade e hematemese (sugestiva de esofagite) ou sangue nas fezes. Devem evitar-se exames complementares de diagnóstico em excesso e, mediante os achados no exame objetivo,deve proceder-se ao tratamento
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4
Q

TX refluxo

A
  • sem doença: refeições fraccionadas, confiança, posição a dormir e apos refeições, evitar movimentos pós alimentação
  • Esofagite: antiacidos (IBP, ranitidina)
  • Má progressão: reabilitação nutricional, nutrição entérica +/- fundoplicatura
  • Apneia: monitorização +/- fundoplicatura
  • Aspiração: +/- fundoplicatura
  • As medidas básicas iniciais na ausência de sinais de alarme são fraccionar as refeições, utilizar fórmulas espessas e promover a continuação do aleitamento materno. Caso estas medidas não melhorem as queixas, devem ser consideradas 2 a 4 semanas de administração de proteína hidrolisada em crianças em amamentação, suspendendo o leite de vaca(considerando a hipótese de uma possível alergia às proteínas do leite de vaca). Caso a ausência de melhoria se mantenha,o caso clínico deve ser referenciado a um gastroenterologista pediátrico.
  • Decúbito ventral diminui o índice de refluxo. Porém, o decúbito dorsal é o aconselhado dado que o decúbito ventral está associado a um aumento do risco de morte súbita. Assim, numa criança com DRGE continua a aconselhar-se o decúbito dorsal, mas com elevação da cabeceira da cama.
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5
Q

Cólica

A

o choro persistente ou excessivo e apresenta-se como um dos problemas mais angustiantes da infância. É uma condição benigna autolimitada que se resolve com o tempo.

  • chorar sem razão aparente com duração igual ou superior a 3 horas por dia e que ocorre em 3 ou mais dias por semana numa criança saudável com menos de 3 meses de idade.
  • tem início às 3 semanas de vida e, normalmente, resolve-se aos 3 meses de idade.
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6
Q

Etiologia cólica

A
- GI
• Técnica de alimentação
• APLV (alergia às proteínas do leite de vaca <10%)
• Intolerância à lactose
• Imaturidade gastrointestinal
• Hipermotilidade intestinal
- Biológica
• Regulação motora imatura
• Serotonina aumentada
• Exposição à nicotina
• Forma de enxaqueca
  • Atualmente considera-se que as alterações na microflora fecal também podem estar implicadas na etiologia da cólica. No estudo apresentado abaixo, verificou-se que as crianças com cólica têm mais calprotectina (proteína que se liga ao cálcio e zinco, presente nos granulócitos, e cuja quantidade nas fezes depende da migração de neutrófilos da parede intestinal inflamada para a mucosa–marcador de doença infamatória intestinal).-> Conclui-se que as crianças com cólica têm mais calprotectina, um importante marcador da doença inflamatória intestinal que resulta da degradação dos neutrófilos.
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7
Q

Clínica da cólica

A
  • Paroxística
  • Grito/Guincho
  • Hipertonia
  • Difícil de consolar
  • Melhora com a mudança de posição e com a expulsão de gases
  • diagnóstico diferencial com outras causas de choro persistente como o abcesso perianal e a fome e, por isso, é exigida uma boa colheita de história clínica e um bom exame objetivo
  • história natural da cólica traduz-se na melhoria sendo que os sintomas se resolvem em 60% dos casos dos lactentes aos 3 meses e em 90% dos casos aos 4 meses.
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8
Q

Repercussão da colica

A
  • Interrupção do leite materno mais cedo
  • Múltiplas mudanças de leite
  • Ansiedade nos pais•Maus tratos em crianças com cólica (shaken baby syndrome)–a criança maltratada tem tendência a sofrer mais episódios de cólica e, por outro lado, a criança com cólica está mais susceptível à negligência por parte dos seus cuidadores
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9
Q

TX colica

A
- Razoavelmente eficaz:
o Massagem
o Aconselhamento e confiança
o Técnicas de alimentação, etc
o Banho
o Evitar comer de mais ou de menos
o Pode ponderar-se a suspensão   temporária   do leite de vaca durante 7 a 10 dias, mas nunca retirando o leite   materno,   na   medida em que, revisões sistemáticas   de   pequenos ensaios  randomizados  com limitações metodológicas sugerem que  as  fórmulas de  leite  hidrolisado  podem reduzir o choro.
o  probióticos, pensa-se que haja algum efeito na redução da cólica em crianças alimentadas com leite materno -> Não  há evidência clara  de  que  os  probióticos sejam mais  eficazes  do  que  o  placebo  na prevenção   de   cólica   infantil
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10
Q

Obstipação

A
  • O mecónio são fezes escuras, características do recém-nascido.
  • As fezes do segundo dia são líquidas amareladas,com uma aparência do tipo grãos de mostarda, fezes normais do lactente do leite materno
  • Padrão normal
    • 99% dos RN tem 1ª dejeção nas 1as24h(mecónio);
    • Se não há passagem –pensar em obstrução anatómica ou funcional;
    • Prematuros: é comum ter atraso na passagem de 1as fezes;
    •Para crianças > 3 anos, assemelha-se aos adultos, com uma média de 1 dejeção/dia;
    • Para RN com leito materno, cerca de 3 dejeções/dia, em média. No entanto, qualquer padrão dos movimentos intestinais é aceitável(entre 5-40 dejeções/semana), desde que não haja outros sintomas acompanhantes.
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11
Q

Criança preparada para controlo de esfíncter

A

•Sinais fisiológicos:
o A coordenação voluntária do controle dos esfíncteres ocorre entre os 12 a 15 meses de idade, aquando da mielinização dos tratos piramidais dos esfíncteres,estando completa, entre os 12 e os 18 meses de idade;

•Sinais do desenvolvimento:
o Compreender e seguir instruções simples como “vai buscara bola”, “arruma o brinquedo”, etc;
o Saber apontar para as diferentes partes do corpo;
o Conseguir estar sentado, quieto e entreter-se;
o Ter fralda seca -da sesta da hora-do-almoço;

•Sinais comportamentais:
o Habilidade de imitar comportamento;
o Desejo de agradar
o Expressa interesse no tema;
o Sem comportamento de oposição (muitas vezes pode levar a uma regressão no treino de esfíncteres);

•Até aos 3 anosnão deve existir uma pressão na criança para que esta tenha um controlo dos esfíncteres. •A partir dos 18 meses(mielinização dos tratos piramidais dos esfíncteres está completa), devemos começar a falar nas dejeções e micções à criança, disponibilizando um bacio ou um redutor, assumindo o processo com naturalidade.

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12
Q

Reflexo de defecação

A
Na  criança  que  está  no  processo  de  retirada  das  fraldas,  ocorre  uma retenção  de  fezes voluntária,  apesar de sentir vontade de ir  à casa de banho, para que haja alguma adaptação social. Isto leva a uma acumulação progressiva de fezes no reto, que sofrem uma reabsorção de água, tornando-se mais duras e volumosas, dificultando a sua passagem anal na expulsão. Numa próxima tentativa de defecação, a criança terá dor, gerando um novo padrão de retenção, caracterizado por:
• Agachamento;
• Cruzar os tornozelos;
• Corpo rígido;
• Agarrado  aos  moveis  ou à mãe;
• Sudorese, choro, irritabilidade;
• Esconder-se durante a defecação; 
• Resultado de medo, ansiedade e DOR
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13
Q

Obstipação funcional

A
- até 4 anos:
o 2 ou menos dejeções/semana
o dor
o fezes grandes/duras
o retenção ecessiva
- >4 anos
o 2 ou menos dejeções/semana
o 1 episódio incontinência fecal
o fezes grandes/duras
o Hx de postura de retenção
o hx de mov intestinais dolorosos
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14
Q

Escala de Bristol

A
  • A criança deve caracterizar objetivamente a consistência das fezes, através da escala de Bristol:
    o O ideal seria a criança ter fezes do tipo 5 e 6, para evitar a dor aquando a passagem pelo canal anal
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15
Q

Tx obstipação

A
  • A criança tem de ter a perceção que a evacuação já não está associada a sensação dolorosa, podendo inclusivamente haver prazer em cada dejeção. Isto pode ser alcançado através de:
    o Enemas: permite a limpeza da ampola retal. Estes devem ser aplicados com cautela, o mínimo possível, uma vez que esta via não é fisiológica;
    o Estratégias de treino de esfíncter, como recompensas com presentes;
    o Calendário positivo;
    o Dieta mais rica em água e fibra;
    o Posição, com apoio dos pés;
    o Substâncias osmótica a longo prazo, como: macrogol, lactulose, óleo mineral;
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16
Q

Picky eater

A

• As crianças que comem mal, estão mais suscetíveis a problemas de ansiedade e depressãona adolescência;
• 1/3 das crianças são descritas como tendo dificuldades de alimentação em algum momento antes dos 5 anos;
• Este problema é mais frequente entre os 2-4 anos de idade(fase de transição alimentar), devido a:
o Queda de velocidade de crescimento no segundo ano de vida;
o Aumenta curiosidade e desenvolvimento –ocupados com outras coisas!
o Paladar mais sensível–doce é inato, o que leva a erros na escolha da alimentação: (ex.: criança que só quer doces ou leite, pelo que os pais não contrariam a opção dos filhos);
o Desenvolvimento da independência;
o Gerir esta transição adequadamente sem sobrealimentação de líquidos(leite) e ir aumentando o tipo certo de alimentos sólidos
; o Auto –alimentação-é demorado, complicado e ineficiente no primeiro ano!!

• Os pais devem educar as crianças, oferecendo-lhes alimentos com diferentes texturas, volumes, sabores e cheiros, uma vez que uma criança mais exposta à diversidade de comida, aceita mais facilmente aqueles que lhe são mais familiares.
• A sopa é essencial na alimentação da criança, uma vez que garante um aporte de vegetais, leguminosas e água, sendo vantajoso no caso do picky eater, uma vez que é mais líquida, mais fácil de ingerir;
• As dificuldades na fase de transição alimentar tornam-se preocupantes,quando:
o criança está abaixo do peso/comprimento na curva de crescimento;
o preocupações sobre deficiência de micronutrientes (Fe, Ca, vitamina D);
o padrão de “esquisitice” sugere sensibilidade oro-motora, alergia, etc.;
o quando “esquisitice” é extrema ou prolongada;
o padrão repetido noutras áreas comportamentais;

17
Q

TX picky eater

A
  • Estruturar as refeições!
    • Dar sólidos sempre antes dos líquidos;
    • Minimizar distrações;
    • Comer com toda a família;
    • Comer sem televisão;
    • Expor os alimentos vezes repetidas;
    • Aumentar a densidade calórica dos alimentos;
    • Deixar que a criança se auto-alimente;
    • Evitar comidas entre refeições, controlar leites;
    • Respeitar preferências;
    • Apresentar sempre novos alimentos;
    • SEMPRE: Relaxar e evitar batalhas campais!
    • NUNCA: Forçar, Projetar, Chantagear, Ameaçar, Delegar