Antropometria e valores de ref Flashcards
Vantagem
- Barato e económico.
- Não implica recurso a aparelhos.
- É aplicável à cabeça do doente.
- É praticável na consulta.
- Em estudos, é praticável no terreno
Desvantagens
- É um método com muitas limitações.
- A fiabilidade fica aquém do desejado. Isto é, medir uma prega cutânea, por exemplo, ao validar contra um método sofisticado de composição corporal, pode induzir-nos em erro, levando-nos a pensar que aquilo que estamos a medir é gordura quando pode não ser efetivamente gordura. É importante ter a certeza se a prega cutânea está efetivamente a medir a gordura
- É importante distinguir padronização (ou valores de referência) de validação do que estamos a medir.
Medidas diretas
▪ Peso;
▪ Estatura;
▪ Perímetro cefálico
- Há outras que também podem ser úteis para a criança como o perímetro braquial, da cintura e pregas cutâneas.
Medidas calculadas
- De entre as medidas calculadas, o índice de massa corporal (IMC) é o mais conhecido de todas.
- ? Segundo a OMS, um determinado índice pode dar mais informação do que as medidas diretas originais. O IMC, por exemplo, pode dar mais informação do que o peso isolado
Peso
- oferece maior rigor e reprodutibilidade
- Por muito que difira de uma balança para outra, o peso é aquele. Por isso é que são tão constrangedoras muitas das intervenções nutricionais que, ao invés de se basearem em dados finos do estado nutricional, se baseiam no peso
- O peso é reprodutível, no entanto, não fornece qualquer informação dos vários compartimentos corporais
- Se tivermos um modelo bicompartimental do corpo com massa gorda e massa magra, não conseguimos perceber se o peso aumentou à custa das duas, de uma apenas e, se sim, qual
Estatura
- Quando é medida deitado, até aos 2 A de idade, é considerado comprimento. A partir dos 2 A de idade, momento a partir do qual a estatura é medida de pé, diz-se altura. A altura e o comprimento são métodos de medição distintos.
- Se houver um erro na medição da altura, ao calcular o IMC, uma vez que a altura é elevada à potência, o erro é ampliado.
- A medição da estatura na criança até aos 2 A de idade implica alguns cuidados:
▪ Deve ter os dois membros estendidos.
▪ Deve ter os joelhos estendidos.
▪ O eixo da cabeça, do tronco e dos membros tem de estar alinhado. Por outras palavras o eixo longitudinal tem de estar alinhado.
▪ Deve ser realizada com a intervenção/participação de 2 colaboradores, podendo um deles ser a própria mãe do bebé. - Na medição da estatura das crianças até aos 2 A de idade, é mais frequente utilizarmos a craveia do que o infantómetro, que é um aparelho mais sofisticado como o que está representado na figura ao lado. Se a craveira for boa é adequada para a medição em questão
- A altura é medida com o estadiómetro. A técnica de medição passa por ter o occipital bem apoiado, bem como as escápulas, as nádegas e os calcanhares, por forma a estar bem encostado ao aparelho de medição.
- Quer no comprimento, quer na altura, há o chamado Plano de Frankfort, que é a linha que une o ponto mais baixo da margem orbitária ao ponto mais alto do meato auricular. Para que a medição seja feita corretamente, este plano deve estar perpendicular ao plano longitudinal
Perimetros
- Cefálico: Enquanto na mediçãoda altura e do perímetro braquial se considera a média das três medições, no caso do perímetro cefálico considera-se a maior das 3 medições. A medição deve ser rigorosa e, para isso, a fita deve passar pela glabela e pela eminência occipital
- Braquial: Reflete a soma dos compartimentos muscular e gordo do braço. É um indicador indireto (com limitações) da reserva somática lipídica e proteica, pois temos gordura subcutânea e músculo. A medição deve ser feita no ponto médio entre o acrómio e o olecrano. Podemos fazer a medição a olho ou, se for para investigação, temos mesmo de marcar.
- Cintura: Esta medição é feita a partir dos 2 anos de idade, no ponto médio entre a última costela e a crista ilíaca. No entanto, se quisermos ser mais práticos, podemos medir ao nível das cristas ilíacas. Atentar ainda no rácio entre o perímetro da cintura e a altura (WHR), que está assinalado a vermelho na imagem da direita, pois é diferente termos um determinado perímetro de cintura para um indivíduo baixo e o mesmo perímetro de cintura para um indivíduo alto. O WHR permite-nos concluir se há ou não um exagero da gordura acumulada a nível abdominal
- Anca: Corresponde à circunferência máxima das ancas ao nível das nádegas. É uma linha horizontal entre o grande trocânter e o nível mais baixo das nádegas. Os perímetros da anca e da cintura permitem-nos calcular um rácio que é útil no caso dos indivíduos obesos. Se o indivíduo não for obeso, este rácio não tem qualquer valor. O rácio entre os 2 perímetros referidos permite-nos concluir, no indivíduo obeso, se se trata de uma obesidade ginóide ou androide. Isto é importante pois a obesidade androide está associada à resistência à insulina e ao síndrome metabólica
Pregas cutâneas
- Pregas cutânea: As pregas cutâneas dão uma estimativa da gordura subcutânea, assumindo que os locais escolhidos representam a espessura média da camada gorda subcutânea de todo o corpo (o que não é verdade). Há dois sítios de eleição onde se faz a medição das pregas cutâneas: a nível tricipital e região subescapular. Há ainda dois outros locais que, embora não seja tão habitual, também podem são usados como pregas cutâneas: bicipital e região supra-ilíaca. Esta última é também usada para ver a gordura troncular
NOTA: Existe a gordura troncular (do tronco)e a gordura periférica. Um excesso de gordura troncular associa-se mais a resistência à insulina do que excesso de gordura periférica
- Prega tricipital: Mede-se no ponto médio entre o acrómio e o olecrano. Dá uma estimativa da gordura periférica.
- Prega subescapular: Mede-se no ângulo inferior da omoplata. Dá uma estimativa da gordura troncular
IMC
- mais importante de todas as medidas calculadas
- É muito conveniente, sendo apenas necessário o peso e a estatura para o seu cálculo
- É uma técnica simples e o equipamento utilizado é económico e portátil.
- A medição do peso requer apenas uma simples balança. Além disso, podemos improvisar o estadiómetro
- excelente indicador de Saúde Pública, pois é uma excelente medida de excesso de peso e obesidade. Contudo, devemos ter em conta que o peso não é só gordura, mas também músculo, ossos e outros tecidos. Isto leva a que se questione se o IMC, a nível individual, será tão boa medida de excesso de adiposidade quanto se poderia pensar
- International obesity task force: valores de referência muito importantes, principalmente para fins epidemiológicos. Não são valores meramente estatísticos pelo facto de terem uma associação com a comorbilidade. Têm sido muito usados para finalidades clínicas. Bases de dados de 6 países
Crítica IMC
- Elevado índice de massa nem sempre significa adiposidade!
- RN ao adolescente (tabelas de Fenton):
o Como distinguir se “o grande”para a idade gestacional é constitucional ou patológico? -> Se o IMC for muito elevado significa que o recém-nascido é mais pesado do que comprido. Ou seja, com o IMC conseguimos perceber se o recém-nascido é grande ou gordo ou se é grande, mas bem proporcionado. - O Índice Ponderal, que se distingue do Índice de Massa Corporal por, ao invés de elevar o comprimento ao quadrado elevá-lo ao cubo, é um fraco indicador de adiposidade.
- não existe uma boa correlação entre IMC e a adiposidade, determinada por um aparelho sofisticado–a pletismografia de deslocação de ar ( Em primeiro lugar, mede-se a massa gorda e a massa magra. Para tirarmos conclusões acerca da adiposidade, não é suficiente saber a massa gorda; é importante saber se a massa magra é igualmente elevada. Um indivíduo pode ter, para a idade, a massa gorda aumentada, o que não implica ter adiposidade aumentada, pois pode apenas ser grande e ter a massa magra proporcionalmente aumentada. Para afirmar que a adiposidade está aumentada, a proporção (percentagem) da massa gorda em relação à massa magra tem de ser elevada. Por outras palavras, a massa gorda tem de ser desproporcionalmente aumentada face à massa magra. A % de massa gorda é um bom indicador de adiposidade.Pelo contrário, em bebés pequeninos, o IMC pode não ser um indicador tão rigoroso de adiposidade
- IMC (z-score): independente de género, IG e IMC materno e MELHOT INDICADOR QUE ÍNDICE PONDERAL (z-score do IMC é algo mais sofisticado e é melhor indicador de adiposidade que o índice ponderal, pelo facto de ter associação com a percentagem de massa gorda (%MG))
- os fatores maternos têm pouca ou nenhuma influência sobre a adiposidade do R
- má correlação entre o IMC e a %MG
- Outros investigadores demonstraram que, entre 1 mês e os 2 A de idade, comparado com a %MG medida por outra tecnologia –hidrometria –com diluição de isótopos também é um mau indicador de adiposidade. Outro estudo ainda obteve as mesmas conclusões para crianças com 5 meses de idade. O mesmo se verificou num estudo longitudinal até aos 7 meses de idade.
- Para as crianças em idade pré-escolar e escolar, há 3 estudos de validação que mostraram que o IMC tem uma sensibilidade e especificidade razoáveis como indicador de adiposidade. -> IMC é um indicador bom/modesto de adiposidade nas idades pré-escolar e escolar
- OBESOS: Na idade escolar e na adolescência já começa a haver uma melhor correlação. TOBEC é uma outra tecnologia também ela demonstrativa da correlação. crianças da faixa etária dos 5–18A, existe uma boa correlação entre o IMC e a massa gorda (podíamos ser críticos relativamente a este estudo apontando uma limitação que é o facto de investigar a correlação entre o IMC e a MG, ao invés da %MG)
- Em crianças recém-nascidas e muito pequenas, o IMC pode não ser um bom indicador de adiposidade. Mas, em adolescentes,especialmente se forem obesos, é um bom indicador! A nível populacional, o IMC é uma excelente medida de excesso de peso (daí ser um bom indicador de Saúde Pública). A nível individual, o IMC é uma boa medida de excesso de adiposidade (%MG) em idade escolar e adolescentes, especialmente nos casos de obesidade. Em recém-nascidos e lactentes, devemos ter alguma cautela na interpretação e nas conclusões que tiramos a partir do valor do IMC
Áreas da Secção Transversal do Braço
- São obtidas por um método muito simples:com a medida do perímetro braquial e com a medida da prega tricipital.Com os pressupostos geométricos estabeleceram-se 2 equações, uma delas mais recente que é a de Rolland-Cachera. (AA= PB x PT/2; AM= AT- AA)
- A medição do PB e da PT podem ser úteis inclusivamente no contexto de cuidados intensivos. Pegamos no braço do indivíduo que está ventilado e vamos verificando como progride a sua nutrição (estado nutricional).
- Validada correlação com composição corporal: em adultos (TAC), e adolescentes e crianças >9 (RM), e RN (DEXA)
Valores ref vs valores padrão
- Valores de referência-refletem a realidade. São construídos a partir do registo (transversal ou longitudinal) da antropometria de uma amostra não selecionada da população.
- Como obter?
1. Escolha da Amostra Populacional.
2. Medição dos valores com os aparelhos adequados. Ter o cuidado de providenciar pelo menos 2 colaboradores no caso de ser necessário medir o comprimento ou a altura.
3. Construção das curvas de percentil por um epidemiologista - Valores padrão- refletem o ideal. São construídos a partir do registo longitudinal da antropometria de coorte que cresce em condições ideais
- As curvas de padrão, como é o caso das que foram feitas pela OMS, são curvas longitudinais e para obter estas curvas há controlo das variáveis (alimentação controlada, ausência de comorbilidade, etc). É um estudo coorte, ou seja, os indivíduos são seguidos ao longo do seu crescimento e crescem em condições ideais
Curvas de crescimento
- Padrão da OMS até aos 5 anos:
- As curvas da OMS são curvas padrão/ standard e foram incorporadas no programa de sáude infantil e juvenil. Publicadas em 2006. Tiveram 2 amostras populacionai
• Longitudinal dos 0-24 meses
o 882 crianças de termo, de 6 países desenvolvidos de diferentes continentes, medidas semanalmente até aos 2 anos
o Critérios de inclusão: Amamentação até aos 6 meses, Correta diversificação alimentar, Cuidados de saúde adequados, Bom nível socioeconómico
o Estas crianças são próximas ao ideal
•Transversal dos 2 aos 5 anos
o 8440 crianças de termo, de comunidades de vários continentes (Brasil, EUA, Gana, Índia, Noruega e Omã,mesmos países que a amostra longitudinal)
o Critérios de inclusão semelhantes aos anteriores, aceitando-se amamentação exclusiva até aos 3 meses.
- Desta diferença de amostras surge um descarrilamento, tendo sido depois necessário usar suavizadores para alisar esta transição a partir dos 2 anos
- A partir dos 5 anos
o A partir dos 5 anos recorreu-se às curvas de referência americanas (do NHCH de 1977) que foram fundidas com as curvas padrão até aos 2 anos da OMS, disponibilizando assim valores de referência para crianças e adolescentes dos 5 aos 19 anos.Apesar de estas curvas terem sido feitas com dados de apenas 6 países, elas podem ser aplicadas em todo o mundo, tendo mais importância o ambiente que o património genético.Assim passamos de curvas padrão a curvas próximas de padrão a curvas de referência
Limitação Curvas fenton
- e não consideram a perda de água fisiológica após o nascimento, sendo assim inúteis para avaliar o estado de nutrição durante as semanas1-2
Intergrowth-21
- INTERGROWTH-21tentou fazer curvas padrão neonatais
- São:
• Multinacionais(consórcio de 8 centros perinatais de países geograficamente distintos)
• Com grávidas (inicialmente 4067) sem problemas na gravidez,com vigilância superior a 14 semanas, com necessidades nutricionais satisfeitas e sem exposição ambiental adversa
• com prematuros sem doença grave, com percentil superior a 3, alimentação preferencial com leite materno e sem morbilidade grave