Patologia Respiratória Neonatal Flashcards

1
Q

Epidemio

A
  • É a principal causa de internamento em Cuidados Intensivos (UCI) no período neonatal imediato. Quanto menor a idade gestacional do RN, maior a probabilidade de ele vir a ter uma patologia respiratória:
    • 15% recém nascidos (RN) de termo (> 37 semanas)
    • 29% RN pré termo tardios (34 –36 semanas e 6 dias)
    • mais comum no RN pré termo < 34 semanas
  • Nas primeiras horas e dias de vida está a ocorrer uma adaptação ao meio extra uterino.Existe patologia respiratória exclusiva deste grupo etário, pelo que é necessário o reconhecimento precoce dos sinais de dificuldade respiratória –investigação da etiologia e terapêutica dirigida atempadamente
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2
Q

Oxigenação feto

A
  • No feto a oxigenação é feita in útero por via placentária. Nesta fase os pulmões estão preenchidos por líquido que é produzido pelo próprio epitélio pulmonar, e que possibilita a sua maturação.
  • No RN dá-se uma transição da vida intra uterina para extra uterina, e o sucesso desta depende de alterações fisiológicas importantes em todos os sistemas, especialmente no pulmonar.
  • Com a primeira inspiração vai haver entrada de ar nas vias respiratórias. Ao serem realizadas as primeiras trocas gasosas dá-se uma diminuição da resistência vascular pulmonar que por sua vez aumenta o fluxo sanguíneo. Isto permite finalmente uma reabsorção eficaz do líquido pulmonar.
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3
Q

Desenvolvimento pulmonar

A
  • O desenvolvimento pulmonar começa muito precocemente, nas duas primeiras semanas de gestação, quando a mulher ainda nem sabe que está grávida, e estende-se para além do nascimento do bebé. De notar que é a partir das24 semanas de gestação que começa a ser produzido o surfactante pulmonar.
- Surfactante pulm
• Produzido por pneumócitos tipo II 
• > 24 semanas 
• Mistura de lípidos e proteínas 
• Diminui a tensão superficial alveolar
• Evita colapso alveolar
• Desenvolvimento alveolar adequado > 32 semanas 
- Quanto mais próximo das 24 semanas ocorrer o parto, maior o défice de surfactante e pior o desenvolvimento alveolar.
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4
Q

Sinais de Dificuldade respiratória no RN

A
  • Taquipneia >60 cpm
  • Apneia- Pausa de > 20 seg ou qualquer pausa acompanhada de cianose e bradicardia
  • Cianose central- lábios, mucosas e tronco
  • Gemido- ruído audível durante a expiração
  • Adejo nasal
  • Tiragem- retração da pele acima das clavículas, espaços intercostais ou abaixo do esterno
  • NOTA: Por vezes os bebés nascem com extremidades cianosadas, mas isso trata-se de acrocianose, que é comum em muitos bebés e não traz preocupação;; O gemido resulta do encerramento da glote na tentativa de aumentar a pressão final da expiração dentro do pulmão do RN, aumentando o tempo para as trocas gasosas.
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5
Q

Patologia do RN

A
  • Patologia do RN pré-termo
  • Patologia do RN de termo
  • Anomalias congénitas/ com necessidade de intervenção cirúrgica
  • Causas extrapulmonares de dificuldade respiratória
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6
Q

Patologia do RN pré-termo

A
  • Síndrome de Dificuldade Respiratória (Doença de Membranas Hialinas) (termomembranas hialinas não é o mais correto porque se refere a um diagnostico histológico de epitélio pulmonar lesado, sendo transversal a varias patologias e não apenas a esta.)
  • Doença pulmonar crónica da prematuridade (Displasia Broncopulmonar)
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7
Q

Doença membranas hialinas

A
  • Dificuldade respiratória de grau variável por colapso alveolar
  • Défice de surfactante (aumento da tensão superficial alveolar -> microatelectasias e baixos volumes pulmonares)
  • Membranas hialinas: dx histológico
  • Epidemio
    • Incidência e gravidade aumentam com o decréscimo da IG
    • 60% dos RN < 28 semanas, 30% dos RN < 30 semanas, 5% RN term
  • FR:
    ↑ Risco: menor IG, corioamnionite, diabetes materna, asfixia perinatal, fatores genéticos (sexo masculino, raça branca, irmão com SDR), cesariana sem trabalho de parto (pulmões in útero estão preenchidospor líquido, que começa a ser reabsorvido algumas horas ou poucos dias antes do início do trabalho de parto espontâneo, sendo que grande parte é reabsorvido na passagem pelo canal de parto. A menor reabsorção deste liquido nos partos por cesariana condiciona um maior risco para o desenvolvimento de SDR), gestação múltipla, hipotermia
    ↓ Risco: HTA materna ( acelera a maturação do bebé, e diminuia restriçãodo crescimento;visto que estes bebés já estarão habituados a algum grau de hipoxia a sua maturação é mais rápida. ), restrição de crescimento fetal
  • CX:
    • Dificuldade respiratória moderada a grave
    • Desde o nascimento ou primeiras 6 horas de vida
    • Agravamento nos primeiros 2 a 3 dias
    • Estabilzação ao 3º e 4º dia
    • Melhoria a partir do 5º dia (fase diurética –menor sobrecarga hídrica)
  • RX tx:
    • Padrão reticulo-granular difuso e bilateral (padrão em “vidro despolido”)
    • Broncograma aéreo
    • Menor expansão pulmonar (diafragma acima do 8º espaço intercostal)
    • Menor definição da silhueta cardíaca
  • Classificação grau I-IV (pulmão “branco”)
  • Gasimetria: >pCO2 e CPAP, PEEP 6 cmH2O; VPP 20 –25 cmH2O se RN mantém bradicardia ou apneias
    • Entubação se não responde a VPP —»surfactante
    • Colocar RN < 28semanas em saco plástico sob fonte de calor
  • Os níveis alvo de O2 variam consoante as semanas de gestação, sendo que níveis demasiado altos podem causar dano no RN, como é o caso da retinopatia da prematuridade
  • Se mantém bradicardia ou apneia aumenta-se a ventilação de pressão positiva.
  • Caso não responda ao VPP procede-se à entubação e administração de surfactante, idealmente na primeira hora de vida
  • A epiderme dos RN com menos de 28 semanas não esta queratinizada e há grandes perdas de calor, que contribui para mortalidade destes bebés; o saco plástico com calor evita compensa essa perda.
  • Surfactante exógeno
    • Primeiras 2h de vida; na sala de partos se entubação
    • ≤ 26 semanas e FiO2 30%; > 26 semanas e FiO2 40%
    • Poractant-alfa (Curosurf ®): 1ª dose 200 mg/kg em bólus, via endotraqueal
    • INtubate SURfactant Extubate (INSURE) se falência do CPAP
    • Ponderar 2ª dose..
  • O Curosurf é um surfactante derivado do porco. Monitorização apos primeira dose para determinar se necessário uma segunda administração apos 12 horas).
  • Por vezes os RN são intubados apenas para a administração do surfactante, sendo posteriormente extubados e conectados a CPAP
  • Se CPAP não for eficaz é necessário recorrer a ventilação mecânica invasiva.Utilizam-se estratégias de ventilação protetoras, isto é, tentando causar o menor dano possível, visto que a ventilação mecânica é lesiva. Devem controlar-se volumes e pressões e alterações gasimétricas:
  • hipocapnia aumenta o risco de hemorragia intraventricular (cerebral);
  • hipercapnia permissiva –quando permitimos pCO2 de 55/60 desde que o pH > 7,22 (evitando assim parâmetros ventilatórios mais agressivos)
  • Podem ser administradas também as metilxantinas. O citrato de cafeína é administrado a todos os bebé com menos de 34 semanas de IG, diminuindo apneias, tempo de ventilação, necessidade de oxigénio e reentubação.
  • Para além disso é necessária terapia de suporte constante:
  • controlo térmico (36,5 –37.5º)
  • aporte hídrico adequado (evitando sobrecarga hídrica)
  • suporte circulatório e nutricional
  • Complicações
    o Agudas: rotura alveolar, hemorragia pulmonar, infeção/sepsis, hemorragia intracraniana, persistência do canal arterial, enterocolite necrosante
    o Crónica: displasia broncopulmonar, retinopatia de prematuridade, atraso do desenvolvimento psicomotor
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8
Q

Doença pulmonar crónica da prematuridade

A
  • A DPCP é a sequela respiratória mais comum da prematuridade. Define-se como uma dependência de oxigénio suplementar por mais do que 28 dias após o nascimento e às 36 semanas de idade corrigida. Uma lesão no pulmão em desenvolvimento compromete o desenvolvimento alveolar e vascular e evolui para DPCP.
  • FR:
    • Menor idade gestacional (++ < 28 semanas)
    • Leve para idade gestacional (LIG)
    • Raça branca, sexo masculino, fatores genéticos
    • Corioamnionite
    • Ventilação mecânica
    • Sepsis pós natal
    • Toxicidade do oxigénio
    • Sobrecarga hídrica (Persistência de canal arterial)
  • CX:
    • Taquipneia, tiragem, fervores
  • RX:
    • padrão de vidro despolido
  • Gasimetria:
    • pH N ou ↓ (há compensação do pH à custa do bicarbonato)
    • pCO2 ↑
    • HCO3 ↑
  • Evolução:
    • Melhoria lenta e gradual
    • Agudizações
    • Hipertensão pulmonar (por fraco desenvolvimento da vasculatura)
- Prevenção e tx:
•Ventilação protetora 
o evitar volutrauma e barotrauma
o otimizar oxigenação sem causar lesão hiperóxica 
• Alimentação entérica precoce 
• Administração precoce de proteínas 
• Otimização nutricional -≥ 120 Kcal/kg/dia 
• Citrato de cafeína
  • Corticoides pós-natais se ventilação > 2 semanas:
    o Dexametasona / hidrocortisona
    . Risco de infeção
    . Atraso no crescimento
    . Hipertrofia ventricular reversível
    . Perfuração ou hemorragia gastrintestinal
    . Insuficiência suprarrenal
    . Possível compromisso do neurodesenvolvimento
  • Diuréticos, broncodilatadores, corticoides inalados
  • Vit A
  • Existe um risco-benefício a considerar do corticoide vs ventilação mecânica prolongada.
  • Diuréticos, broncodilatadores e corticoides inalados sem eficácia totalmente comprovada, assim como vitamina A.
  • Prognóstico
    • Maior taxa de hospitalizações no 1º ano de vida
    • Persistência de sintomatologia respiratória na vida adulta
    • Alteração das provas de função respiratória: sintomas “asma-like”;; anomalias da via aérea (traqueomalácia, por estarem ventilados)
    • HTA
    • Hipertensão pulmonar secundária (> mortalidade)
    • Pior neurodesenvolvimento
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9
Q

Patologia do RN termo

A
  • Taquipneia Transitória do RN
  • Hipertensão Pulmonar Persistente do RN
  • Pneumonia
  • Pneumotórax
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10
Q

Taquipneia transitória do RN- Síndrome de retenção hídrica pulmonar fetal

A
  • Dificuldade respiratória precoce em RN pré termo e termo tardios.
    − Relaciona-se com o atraso na eliminação do líquido alveolar após o nascimento.
    • No final da gestação a absorção sobrepõe-se à produção de líquido pulmonar 40% é absorvido 2 a 3 dias antes do início do trabalho de parto espontâneo).
    • Aumento da absorção com:trabalho de parto, corticoides pré natais, compressão torácica feta lcom as contrações uterinase na passagem do canal do parto e adrenalina fetal que é libertada no parto.
    • Fatores de risco: RN que nasce sem trabalho de parto < 39 semanas, sexo masculino, parto rápido,sofrimento fetal, patologia materna (diabetes, asma)que contribui para o atraso na maturação fetal, sedação.
  • Cx:
    − Taquipneia;
    − Esforço respiratório;
    − Persiste 24 a 72 horas, depois normalmente fica bem, sem precisar de suporte respiratório, é a própria evolução que dá o diagnóstico
  • RX tórax:
    − Reforço peri hilar;
    − Infiltrado parenquimatoso difuso;
    − Cisurite - líquido nas cisuras pulmonares
    − Derrame pleural ligeiro, não presente neste caso.
  • Gasimetria:
    − Acidose respiratória
    − Hipoxemia
  • Tx:
    − Na maioria os casos, só com oxigénio suplementar;
    − CPAP, raramente.
  • Evolução →Diagnóstico definitivo
    − Resolução dos sintomas em 5 dias.
    − Intervenção terapêutica mínima (ventilação invasiva raramente necessária).
    − Ausência de sequelas.
  • Prevenção
    − Evitar cesariana eletiva < 39 semanas.
    − Se necessário, administrar corticoides pré natais 48h antes de cesariana eletiva < 39 semanas.
  • NOTA: Em situações de hipoxemia e cianose é sempre monitorizada a saturação de O2 pré ductal, ou seja, pré canal arterial, no membro superior direito e a pós-ductal, habitualmente medida num dos membros inferiores (Verifica-se no caso da aula que há um diferencial de saturações de 10% e precisa de uma FiO2 (fração inspirada de oxigénio elevada) de 50%)
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11
Q

Hipertensão Pulmonar Persistente do RN

A
  • falência na adaptação da vasculatura pulmonar ao meio extra-uterino.
  • Com a primeira inspiração do RN começam as primeiras trocas gasosas e há uma diminuição abrupta da resistência vascularpulmonar, quando tal não acontece,a pressão no pulmão é muito superior à pressão arterial sistémica,o sangue não consegue ultrapassar essa pressão e faz um bypass pelo canal arterial, indo não oxigenado para os membros inferiores, daí que haja um diferencial de saturação pré e pós ductal.
- Causas
− Malformações   congénitas   do   parênquima   pulmonar   ou   dos   vasos pulmonares(um  caso  paradigmático  é  a hérnia  diafragmática,  que  irá  ser abordada mais adiante)
− Má adaptação:
• Doença do parênquima pulmonar;
• Infeção;
• Asfixia  perinatal,  em  que  mantem  a  resistência  arterial  pulmonar  muito aumentada;
• Cromossomopatias (ex: trissomia 21);
• Medicação materna (ex: SSRI)
  • Cx:
    − Hipoxemia, essencialmente, o bebé pode nem ter muitos sinais de dificuldade respiratória, mas tem:
    • Cianose;
    • Referencial importante pré e pós ductal (ducto arterial) -Saturação pré-ductal &raquo_space; pós-ductal (shunt direito –esquerdo, sangue passa diretamente da cavidade direita para a esquerda sem oxigenar no pulmão);
    • Achados radiológicos desproporcionais a esta hipoxemia
  • Dx definitivo
    − Feito através do ecocardiograma:
    • Exclui cardiopatia congénita
    • Medição da pressão sistólica na artéria pulmonar
  • Tx:
    − O objetivo é obter o que devia ter acontecido com a primeira inspiração do RN: reduzir as resistências vasculares pulmonares, otimizar ventilação, reduzir acidose (causada nos tecidos, devido à chegada de sangue não oxigenado)e corrigir hipoxia.
    − Monitorização: saturação pré e pós ductal, pressão arterial e gasimetria
  • Manipulação mínima–são bebés que tradicionalmente não gostam de ser mexidos, toleram muito mal a manipulação, agravam a resistência vascular pulmonar
    − Sedação
    − Analgesia
    − Curarização (+/-)–por vezes é necessário curarizá-los
    − Ventilação adequada
  • Ionotrópicos
    • Para ↑débito cardíaco e para que a pressão arterial sistémica ultrapasse a pressão arterial pulmonar.
    • Mais frequentes: Dopamina, dobutamina, noradrenalina. Menos frequente: milrinona.
  • Vasodilatadores
    • Oxigénio–o mais disponível.
    • Óxido nítrico inalado–promove vasodilatação pulmonar seletiva, tem a desvantagem de ser muito caro.
    • Sildenafil–promove vasodilatação sistémica, mas também tem sido usado na neonatologia.
  • Extra corporeal membrane oxygenation (ECMO)–quando temos uma hipoxemia gravíssima e o índice de oxigenação/IO>40, por vezes mais baixo e não se consegue resolver ou reverter a situação de outra forma, o doente tem indicação par ser colocado em ECMO, de forma a que o pulmão “descanse” para que possa recuperar e retomar uma circulação e ventilação normais.
  • Prognóstico
    − Variável
    − Depende da causa subjacente, que tem impacto na mortalidade. Na sequência de uma pneumonia, provavelmente recupera mais rápido do que num caso de hérnia diafragmática
    − Sequelas do neurodesenvolvimento em 45%dos doentes, por estar associado a uma hipoxemia grave.
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12
Q

Índice de oxigenação

A
  • MAP x FiO2 X 100 / PaO2
  • MAP -pressão arterial média (nas vias aéreas)
  • FiO2 -fração inspirada de oxigénio elevada (oxigénio que está a ser administrado)
  • PaO2 –pressão arterial de oxigénio (que temos na gasimetria)
- Hipoxemia:
Ligeira: IO ≤ 15
Moderada: IO > 15 a 25
Grave: IO 25 a 40
Muito grave: > 40
  • Quando temos um IO muito elevado significa que o doente faz pressões médias na via aérea muito altas, que precisa de muito FiO2 e que tem uma PaO2 muito baixa, portanto, é uma hipoxemia grave.
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13
Q

Pneumonia Neonatal

A

− Infeção mais frequente no RN
− Causa importante de dificuldade respiratória

  • Etiologia -> mais frequente é a bacteriana:
    −Bactérias: Streptococcus do grupo B (SGB), que pode ser transmitido no parto, pela mãe; Escherichia coli; Klebsiella; Chlamydia trachomatis; Bordetella pertússis (tosse convulsa).
    − Vírus: herpes simplex, citomegalovirus (CMV), adenovírus, rubéola.
    − Fungos: Candida
    − Espiroquetas: Treponema pallidum (sífilis)
    − Protozoários: Toxoplasma gondii (toxoplasmose)
  • Vias de transmissão
    o Pré natal (transplacentária): Agentes: CMV, adenovírus, enterovirus, Toxoplasma gondii, Treponema palllidum, Mycobacterium tuberculosis, Listeria monocytogenes , vírus varicela zoster, vírusda imunodeficiência humana

o Intraparto / perinatal(++ frequente): Agentes: SGB (streptococcus do grupo B), Esherichia coli, Klebsiella, Chlamydia trachomatis

o Pós-natal: Agentes: Vírus respiratórios, bactérias Gram + ( Streptococcus do Grupo A, Be G, Staphylococcus aureus ), bactérias Gram –( Bordetella spp ,Klebsiella, Proteus, Pseudomonas aeruginosa, Serratiamarcescens, Echerichia coli)

  • RN só por si, é um ser com maior risco de infeção, devido a: −Imaturidade do sistema imunitário (celular e humoral);; −Cílios respiratórios pouco desenvolvidos;;−Escassez de macrófagos
  • FR:
    − Rotura prolongada de membranas (> 18 horas considera-se rotura prolongada, que é o que acontece neste caso, com 22h)

− Presença de Streptococcus Grupo B no exsudado vaginal/retal

− Infeção materna(como a corioamnionite)

− Prematuridade(quanto mais prematuro, mais imaturos serão todos estes fatores)

  • CX:
    − Sinais de dificuldade respiratória

− Primeiras horas de vida

− Sépsis, pode dar muita sintomatologia sistémica (letargia, recusa alimentar, icterícia precoce, instabilidade térmica). Nos casos da Bordetella pertússis e Chlamydia trachomatis, a apresentação pode não ser tão precoce. Pode acontecer em bebés que vão para casa e ao fim de 2 semanas de vida começam com um exsudado ocular, alguém lá em casa andava com tosse e depois começam então com tosse (contexto epidemiológico de contactos com tosse) e apresenta conjuntivite, nesses casos que vêm à urgência devemos sempre pensar nestas duas bactérias.

  • Laboratório
    − Hemograma (faz-se sempre)
    − Proteína C reativa (PCR) (faz-se sempre)
    − Hemocultura (faz-se sempre)
    − Cultura do líquido cefalorraquidiano (pode ou não fazer-se, dependendo da gravidade do quadro)
  • Radiografia
    − Inespecífica
    − Infiltrado parenquimatoso difuso com broncograma aéreo
    − Condensação lobar (seta na imagem)
    − Derrame pleural
    − Cardiomegalia ligeira sem cardiopatia estrutural
    − Pré-natal: condensação bilateral,“pulmão branco”
    − Streptococcus do grupo B: 50% radiografias podem ser confundidas com SDR (síndrome de dificuldade respiratória) ou TTRN (Taquipneia Transitória do RN), nos prematuros há que ter sempre um elevado nível de suspeição.
  • Tx AB
    • Pneumonia / Sepsis precoce: ampicilina + gentamicina
  • RN internado em UCIN > 4 dias-pensar em agentes que possam existir nas unidades: vancomicina ( Staphylococcusaureus meticilino-resistentes, Staphylococcus epidermidis )
  • RN em enfermarias /domicílio: cobrir bactérias Gram + e Gram –
  • Chlamydia trachomatis, Bordetella pertússis (toda a família deve ser medicada se for esta bactéria): macrólido (azitromicina) e NÃO eritromicina, porque esta está associada a um risco de estenoso hipertrófica do piloro
- Tx suporte
− Oxigénio suplementar;
− Ventilação mecânica;
− Nutrição parentérica;
− Inotrópicos, se houver uma evolução para insuficiência circulatória sistémica
  • Prevenção
    − Vacinação das grávidas contra tosse convulsa até às 32 semanas idealmente (pode ser feito entre as 20 e as36 semanas), de forma a que os RNs que só foram a primeira dose da vacina contra a tosse convulsa aos 2 meses estejam protegidos no período mais crítico.

− Pesquisa de Streptococcus Grupo B no exsudado vaginal e retal de todas as grávidas (35 semanas), para se saber se grávida é portadora ou não.

− Se for portadora, faz profilaxia antibiótica intraparto: ampicilina (≥ 4 horas antes do parto,≥ 2 administrações), isto acontece se:
• Mãe é SGB positivo(como referido);
• Houve rotura prolongada de membranas.

− Manter vigilância muito ativa dos RN de risco:
• Mãe portadora de SGB sem profilaxia intraparto;
• Mãe com SGB desconhecido;
• Mãe com isolamento de SGB na urina, pois sabemos que para estar na urina tem uma carga muito elevada de Strepto B;
• Prematuridade;
• Febre intraparto.

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14
Q

Pneumotórax

A

− Fuga de ar dos pulmões para a cavidade pleural
− Forma mais comum de fuga aérea, mas também existe o pneumomediastino ou o pneumopericárdio.

- FR
− LIG e GIG
− Prematuros com SDR
− Um  dos  principais  fatores  de  risco, RN  termo com  necessidade  de  reanimação  e/ou  ventilação  com  pressão  positiva. Felizmente,  a  maioria  das  maternidades  já  tem  uma  ???(não  percebi,  nem consegui encontrar, mas o que ela diz é “Pécentê”) que é um dispositivo a partir  do  qual  se  programa  de  antemão  uma  pressão  positiva e  sabemos  que não  vai  exceder  o  limite  de  pressão,  entre  os  20  e  os  25  mmHg.  Quando  a ventilação é feita com ventilação manual, com uma bolsa autoinsuflável a que habitualmente se chama Ambu, corremos o risco de fazer demasiada pressão e de causar um pneumotórax.
− Síndrome de aspiração meconial
  • Cx variável
    − Assintomático–achado acidental em radiografia

− Pneumotórax hipertensivo com hipoxemia grave e insuficiência respiratória grave, que até pode levar à morte.

  • Dx
    − Radiografia de tórax

− Transiluminação torácica (em caso de emergência em que não conseguimos ter a radiografia), vai nos permitir também ver se há assimetria dos dois hemitóraxes.

  • Tx
    − Dependente da gravidade: atitude expectante se assintomático e pequeno; toracocentese urgente e drenagem torácica se sintomático e grande

− Oxigénio a 100% (ao contrário do que se defendia a algum tempo)não é eficaz na reabsorção do pneumotórax no RN de termo.

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15
Q

Síndrome de aspiração meconial

A
  • O mecónio é constituído por lanugo, bílis, vernix, enzimas pancreáticas, epitélio descamado, líquido amniótico, e muco/lípidos
  • começa a ser produzido no aparelho digestivo por volta das 16 semanas de gravidez e só às 34 semanas é que ele chega ao cólon descendente, daí que seja muito raro ou impossível mesmo que um bebé abaixo das 34 semanas fazer uma aspiração meconial, simplesmente porque o mecónio ainda não chegou ao colón descendente
  • Quando o feto é submetido a uma situação de grande stress por hipoxia e acidose, isto vai fazer com que uma onda peristáltica com relaxamento do esfíncter anal e sai mecónio para o líquido amniótico.-» Isto aumenta o risco de aspiração de mecónio in útero ou imediatamente após o parto (gasping)
  • Pode nascer um bebé com esta patologia:
    − Mãe teve rotura de bolsa e o líquido é meconial, espesso (RN com líquido amniótico meconial)
    − RN inicia dificuldade respiratória após o parto
    − Sem outra causa aparente
  • O mecónio é uma substância altamente inflamatória -> causa uma pneumonite química e que vai inativar o surfactante e para além disso, vai provocar uma vasoconstrição pulmonar grave e faz a obstrução da via aérea pelo mecónio
  • pH 7,1-7,2
  • Cx:
    − Sintomas começam nas primeiras 12h de vida

− Sinais de dificuldade respiratória

− Tórax em “barril”, porque ao fazer a inspiração, há zonas que ficaram obstruídas pelo mecónio e ficam hiperinsufladas

− Auscultação pulmonar rica em: fervores, roncos dispersos

  • RX:
    − Hipotransparência alveolar algodonosa difusa (infiltrados algodonosos bilaterais) alternando com zonas hiperinsufladas (padrão em favo de mel)
    − Hiperinsuflação pulmonar com aplanamento das cúpulas diafragmáticas
    − Ar ectópico (10 –40%):
    • Muitas vezes desenvolvem pneumotórax (ilustrado na imagem da direita)
    • Enfisema intersticial
    • Pneumomediastino−Resolução radiológica muito lenta
  • Complicação
    − Hipertensão pulmonar(HTP), é uma das principais complicações, não só porque há um consumo do surfactante, mas também por aumento da vasoconstrição pulmonar e hipoxemia, que agravam o quadro
    • Ecocardiograma: abaulamento do septo interventricular, regurgitação tricúspide, shunt direito –esquerdo no canal arterial
  • Tx: começa na sala de partos
    − Não aspirar a via aérea quando ainda não ocorreu expulsão completa
    − RN nasce bem, com choro vigoroso: cuidados gerais
    − RN nasce deprimido (AAP/ AHA 2015):
    • Deve ser feita laringoscopia e aspiração do mecónio da orofaringe
    • Entubação se suspeita de obstrução traqueal
    • Ventilação com pressão positiva (estão nas recomendações de 2015, mas não é consensual) -> entubação, é preferível se tiverem experiência a entubar (o problema é que nem todos os hospitais vão ter esta hipótese disponível, logo devem fazer VPP), para não empurrarem mais mecónio para o interior das vias respiratórias (senão responde a VPP)

− Oxigénio suplementar
− Ventilação mecânica invasiva: convencional ou ventilação de alta frequência
− Surfactante exógeno
− Antibióticos de largo espetro, já que o mecónio é um excelente meio de cultura microbiano.
− Óxido nítrico inalado (para funcionar como vasodilatador pulmonar seletivo)
− ECMO (Extra Corporeal Membrane Oxygenation) pela hipertensão pulmonar

  • Sequelas
    − Compromisso residual da função respiratória é frequente
    − 50% tem hiperreatividade brônquica aos 6 meses
    − Compromisso do neurodesenvolvimento em 21%
  • Prevenção
    − Evitar parto pós termo, depois das 41 semanas (indução do trabalho de parto às 41 semanas)
    − Minimizar exposição in útero a stress e hipoxia
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16
Q

Hérnia diafragmática congénita

A

− 1 / 2500 nados vivos

− Anomalia no desenvolvimento do diafragma

− Herniação do conteúdo abdominal na cavidade torácica, ao longo do desenvolvimento embrionário, os órgãos que deviam estar intra-abdominais crescem para o tórax, levando a um compromisso do desenvolvimento pulmonar, alveolar e da própria musculatura

  • Dx:
    − Pré-natal em 59%(na maioria dos casos)

− Radiografia de tórax: conteúdo abdominal no tórax, vê-se na imagem ao lado o conteúdo abdominal todo no hemitórax esquerdo

  • Tx:
    − Cirurgia, muitas vezes estes doentes têm quadros de hipertensão pulmonar gravíssimos, exatamente porque houve um compromisso no desenvolvimento da musculatura pulmonar.

− Podem também precisar de ECMO

  • Prognóstico
    − Mortalidade 42 -68%, sendo um prognóstico reservado
  • Atenção: quando estes RN têm um diagnóstico pré-natal, a equipa na sala de partos já está preparada e deve entubar de imediato, porque estes bebés, devido à sua baixíssima reserva pulmonar vão precisar de suporte ventilatório e se fizermos ventilação por pressão positiva na face, o que acontece é que vamos estar a distender ainda mais as ansas intestinais, que estão no tórax, portanto vamos comprometer ainda mais a ventilação pulmonar
17
Q

Malformação pulmonar congénita

A

− Malformação adenomatoide quística (MAQ)

− 1 / 10 000 –35 000 nados vivos (são mais raras do que a hérnia diafragmática)

− Pode ter diagnóstico pré-natalou não:
o Lesões grandes: polihidrâmnios por compressão esofágica

− Sequestro pulmonar
o Parte do pulmão sem ligação à árvore brônquica

  • Clínica variável
    − Podem ser assintomáticas
    − Também podem dar quadros graves de insuficiência respiratória
  • Dx:
    − Radiografia de tórax
    − TAC
  • Tx cirurgico
    − Controverso nos casos assintomáticos
    − Defende-se a excisão até aos seis meses de vida versus vigilância, pelo risco de transformação maligna
    − Menos complicações se lesão assintomática
- Complicações
− Risco de transformação maligna
− Pneumotorax
− Pneumonia
− Hemoptises
  • Prognóstico
    − Bom
    − Depende das complicações médicas / cirúrgicas
18
Q

Fístula traqueo-esofágica

A
  • maioria dos casos associada a atrésia do esófago

− 1 / 2500 nados vivos

− FTE e atrésia do esófago –parte da mesma anomalia

− Esporádica ou associada a síndrome genéticos (VACTERL)

  • Vários tipos de atrésia do esófago, sendo que o IIIB e o IIIC são os mais frequentes. O esófago não se desenvolveu como seria habitual, há uma interrupção do mesmo, a parte superior do esófago acaba numa bolsa e a parte inferior do esófago está conectada à traqueia.
  • Cx
    − Sialorreia, logo quando nascem, bebés não conseguem deglutir as secreções, porque o esófago acaba numa bolsa cega
    − Engasgamento quando feita a tentativa de alimentação
  • Dx:
    − Pode ser feito pré-natal, mas não é muito fácil, porque a maioria dos doentes apresenta a físitula vista no tipo IIIB (círculo vermelho), o líquido acaba por passar da traqueia para o esófago e o estômago vai crescer na mesma, só quando não tem fístula, como no tipo I, é que não se vê imagem da câmara gástrica e poderá levantar essa suspeita. Diagnóstico pré-natal: polihidrâmnios, câmara gástrica pequena / ausente

− Confirmação pós natal, quando nasce associado a esta clínica:
• Ausência de progressão da sonda nasogástrica
• Radiografia de torax –sonda enrolada na bolsa proximal do esófago (imagem inferior da esquerda)

  • Tx
    − Inevitavelmente cirúrgico
  • Complicações
    − Aspiração de secreções (sonda no topo proximal em aspiração ativa de baixa pressão até correção cirúrgica)
    − Traqueomalácia –tosse característica
    − Estenose na zona da anastomose esofágica quando são operados
    − Refluxo gastroesofágico
19
Q

Causas extrapulmonares de dificuldade respiratória

A
  • Com SDR
    o Obstrução da via aerea sup - atrésia coanas, Pierre Robin, Fenda do palato
    o Cardíaca- cardiopatia congénita, miocardiopatia, arritmia, derrame pericardico
    o Parede torácica- deformidade, massa, hérnia ou parésia diafragmática
    o metabólica- hipoglicémia, erros congénitos do metabolismo
    o Neuromux- lesão snc, encefalopatia hipoxico isquémica, fármacos, doença neuromx
    o Infeção- sepsis, meningite
    o Outras- distúrbios hidroeletrolíticos, hipo/hipertermia, anemia
20
Q

Conclusões

A

− Dificuldade respiratória no RN pode progredir para insuficiência respiratória se não for reconhecida e tratada atempadamente.
− A causa da dificuldade respiratória pode ser extrapulmonar.
− Apresentação clínica inicial é comum a várias etiologias.
− História, exame físico, exames complementares de diagnóstico e evolução auxiliam no diagnóstico