Ortopedia e traumatologia Flashcards

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1
Q

Quais são os red-flags da lombalgia?

A

Red-flags para a lombalgia indicam exame de IMAGEM:

  • ≥ 50 ANOS;
  • Traumatismo importante;
  • Deficit neurológico (sensitivo ou motor);
  • Perda de peso não explicada;
  • Suspeição de espondilite anquilosante;
  • Abuso de álcool ou drogas;
  • HP de neoplasia;
  • Uso de corticoides;
  • Febre > 48h;
  • Visita recente ao médico (< 1 mês) pelo mesmo motivo, sem melhora do quadro;
  • Duração > 6 semanas.
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2
Q

O que devemos fazer para prevenir embolia gordurosa em fraturas ósseas?

A

A embolia gordurosa, que gera uma VASCULITE TÓXICA, é prevenida com TRATAMENTO PRECOCE DA FRATURA (uma prova da USP-SP até recomendou um PRAZO IDEAL DE 12-48 HORAS para a fixação).

Clínica: CONFUSÃO mental, DISPNEIA, FEBRE, taquicardias e PETÉQUIAS pelo corpo, surgindo em torno de 24-72 HORAS após o traumatismo.

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3
Q

O que devemos saber sobre tumores ósseos?

A

Tema pouco cobrado, mas aqui vão alguns tópicos importantes sobre prevalência:

  • Os tumores musculoesqueléticos malignos mais comuns são as METÁSTASES;
  • … mas, dos primários, o mais comum é o MIELOMA MÚLTIPLO;
  • … mas, dos primários não-hematológicos, o mais comum é o OSTEOSSARCOMA.

Agora, vamos a alguns pontos específicos sobre os tumores ósseos primários não-hematológicos:

A) OSTEOSSARCOMA:

  • Como já dito, é o TUMOR ÓSSEO MALIGNO PRIMÁRIO NÃO-HEMATOLÓGICO MAIS COMUM;
  • Mais comum em HOMENS JOVENS (adolescentes e adultos jovens);
  • Acomete METÁFISE de OSSOS LONGOS, principalmente na região do JOELHO;
  • Clínica → DOR (PIOR À NOITE) e tumoração local;
  • Radiografia → reação periosteal em TRIÂNGULO DE CODMAN ou em “RAIOS DE SOL”.

B) SARCOMA DE EWING:

  • É o terceiro tumor ósseo maligno primário não-hematológico mais comum;
  • Predomina em CRIANÇAS DE 5-15 ANOS e é RARO EM NEGROS;
  • Acomete a região META-DIAFISÁRIA de OSSOS LONGOS;
  • Clínica → SIMULA OSTEOMIELITE → quadro de infecção local, com dor, tumefação, flogose e FEBRE;
  • Radiografia → lesão permeativa com padrão predominantemente LÍTICO (“ROÍDO DE TRAÇAS”), com reação periosteal em padrão de “CASCAS DE CEBOLA”;
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4
Q

Quais são os músculos do manguito rotador? Qual movimentação cada um essencialmente faz? Quais testes semiológicos podemos realizar para cada um?

A

O manguito rotador é composto por 4 músculos:

1) SUBESCAPULAR → rotação INTERNA (medial) → teste de GERBER;
2) SUPRAESPINHAL → ABDUÇÃO do braço → teste de JOBE;
3) INFRAESPINHAL → rotação EXTERNA (lateral) → teste de PATTE;
4) REDONDO MENOR → rotação EXTERNA.

📌 Esses testes citados são de INTEGRIDADE. Também podemos realizar testes de impacto (Hawkins, Neer e Yokum) e de amplitude (Apley).

📌 Testes de integridade da cabeça longa do bíceps são Speed (Hands up) e Yergason.

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5
Q

Adolescente de 14 anos joga basquete diariamente. Há cerca de 6 meses vem queixando de dor em ambos os joelhos durante os jogos. Ao exame, apresenta dor à palpação na tuberosidade anterior da tíbia, com aumento do volume local. RX mostra fragmentação na tuberosidade tibial bilateralmente.

Qual é o diagnóstico e a conduta?

A

Trata-se de DOENÇA DE OSGOOD-SCHLATTER.

É uma necrose avascular idiopática da tuberosidade da tíbia, que cursa com inflamação (epifisite tibial proximal). É mais comum em MENINOS de 8-15 ANOS e praticantes de ESPORTES, como no caso.

O tratamento é CONSERVADOR, feito com analgésicos + AINES, repouso e uso de joelheira.

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6
Q

Durante o trabalho em uma plantação de alfaces, um homem sofreu acidente com fratura exposta na extremidade distal da tíbia. Qual é a classificação de Gustillo-Anderson e a antibioticoprofilaxia que deve ser instituída?

A

A classificação de Gustillo-Anderson para fraturas expostas considera o tamanho da ferida de partes moles e também o agente causador do trauma:

  • I: ferida de até 1 cm → pode-se usar apenas cefazolina;
  • II: ferida > 1 cm;
  • III: ferida > 10 cm ou contaminação severa.

Nos tipos II e III, a ATBprofilaxia deve ter cobertura para gram+ e gram- = CEFAZOLINA + AMINOGLICOSÍDEO (ou cefalosporina de 3ª).

Entretanto, existe um detalhe: traumas ocorridos em área rural, como no caso, são sempre classificados como Gustillo III, devido ao maior potencial de contaminação. Deve-se acrescentar PENICILINA ao esquema para cobrir anaeróbios.

📌 Lesões por PAF também são automaticamente Gustillo III.

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7
Q

Propedêutica e indicações de cirurgia em trauma contuso abdominal

A

Indicações IMEDIATAS de cirurgia (laparotomia exploradora):

  • PERITONITE;
  • PNEUMOPERITÔNIO (indica ruptura de víscera oca);
  • INSTABILIDADE hemodinâmica (entretanto, em caso de politrauma, primeiramente realizar FAST ou LPD para verificar se a origem do sangramento é abdominal).

Se a princípio o abdome não for cirúrgico e o paciente estiver ESTÁVEL, realizar FAST seguido de TC com contraste, para avaliar o grau da lesão e orientar a conduta subsequente (tratamento não-operatório ou operatório).

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8
Q

Indicações de cirurgia em trauma penetrante de abdome

A
  • Choque;
  • Peritonite;
  • Evisceração;
  • Lesão por PAF na região anterior.
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9
Q

Classificação de perda volêmica segundo o ATLS

A
  • Classe 1 (perda < 15% / 750mL): PA normal (PAS > 90) e Fc < 100;
  • Classe 2 (perda < 30% / 1500mL): PA normal e Fc > 100;
  • Classe 3 (perda < 40% / 2000mL): hipotenso e Fc > 120;
  • Classe 4 (perda > 40% / > 2000mL): hipotenso e Fc > 140 ou anúria.

Para as classes 3 e 4 (choque avançado), há indicação de hemoderivados. Na classe 4, faz-se transfusão maciça (1 CH para 1 concentrado de plaquetas para 1 PFC) + ácido tranexâmico.

📌 O ácido tranexâmico, que é um anti-fibrinolítico está indicado nas primeiras 3h de um choque hemorrágico grau 4 em 1g de bolus EV.

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10
Q

Classificação de TCE

A

Glasgow 13 a 15 = leve;

Glasgow 9 a 12 = moderado;

Glasgow < 8 = grave (indica via aérea artificial).

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11
Q

Indicações de TC no TCE

A
  • TCE moderado ou grave (Glasgow < 13);
  • Idoso (> 65 anos);
  • Glasgow < 15 após 2h do acidente;
  • Perda de consciência > 5 minutos;
  • > 2 episódios de vômitos (para criancinhas muito pequenas, poucos vômitos são aceitáveis);
  • Amnésia > 30 minutos;
  • Suspeita de fraturas de crânio → otorreia ou otorragia, rinorreia ou rinorragia; hematoma de Battle; sinal dos olhos de guaxinim;
  • Mecanismo perigoso (ejeção de veículo, atropelamento, queda > 1m).
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12
Q

Descreva o A do ATLS

A

A = Air pathway (coluna cervical + via aérea)

1) Estabilizar a coluna → COLAR CERVICAL + prancha rígida;
2) Avaliar perviedade das vias aéreas;
3) Se não está pérvia, afastar a possibilidade de corpo estranho e instituir via aérea artificial.

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13
Q

Descreva o B do ATLS

A

B = breathing (ventilação e respiração)

1) Oferecer O2;
2) Colocar OXÍMETRO;
3) Exame respiratório.

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14
Q

Descreva o C do ATLS

A

C = circulação + controle de hemorragia

1) 2 acessos venoso periféricos e reposição com 1L de CRISTALÓIDES (ou 20 mL/Kg para crianças);
2) CLASSIFICAR A PERDA VOLÊMICA > avaliar PA e Fc (paciente hipotenso deve receber hemotransfusão);
3) SONDAR para avaliar diurese, que é a melhor maneira de verificar a perfusão (EXCETO se: uretrorragia, hematoma perineal, fraturas de pelve ou retenção urinária);
4) Compressão simples e uso de torniquete, se necessários.

📌 O uso de mais de 2L de cristalóides piora o prognóstico do paciente, pois promove hemodiluição dos fatores de coagulação, e o aumento da pressão também pode favorecer o sangramento.

📌 Lembre-se que a pressão, isoladamente, NÃO pode ser considerada sinal de choque. Nem todo hipotenso está chocado, assim como pacientes com hipoperfusão tecidual podem apresentar PA normal. No choque hipovolêmico, por exemplo, a PA só se altera em quadros avançados, após perda de > 1500 mL de sangue!

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15
Q

Descreva o D do ATLS

A

D = disfunção neurológica

1) Avaliar escala de coma de Glasgow;
2) Avaliar pupilas.

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16
Q

Descreva o E do ATLS

A

E = exposição + controle de ambiente

1) Expor o paciente e buscar lesões;
2) Aquecer para prevenir hipotermia.

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17
Q

Descreva a escala de coma de Glasgow

A

ABERTURA OCULAR (1 a 4): ausente, à pressão, à sons, espontânea.

RESPOSTA VERBAL (1 a 5): ausente, pronuncia sons, palavras, confuso, orientado.

RESPOSTA MOTORA (1 a 6): ausente, extensão (descerebração), flexão anormal (decorticação), flexão normal (retira o membro), localiza a dor, obedece a comandos.

Há uma ATUALIZAÇÃO NO ATLS 10 → devemos avaliar a fotorreatividade pupilar, subtraindo -1 para cada pupila não-reativa → logo, agora a menor nota possível no Glasgow é 1.

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18
Q

Quadro clínico e conduta no pneumotórax hipertensivo

A

Lembre-se que o diagnóstico é clínico!

CLÍNICA = MV diminuído, hipertimpanismo, desvio da traqueia, hipotensão e ingurgitamento jugular (devido à compressão dos vasos da base).

Conduta = imediatamente TORACOCENTESE DE ALÍVIO do lado acometido, no 5º EIC entre as linhas axilares anterior e média. A conduta definitiva é toracostomia (drenagem).

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19
Q

Definição e conduta de pneumotórax simples

A

O pneumotórax SIMPLES é um pneumotórax não-hipertensivo. No pequeno, a perda de parênquima é menor do que 1/3.

CONDUTA:

  • No pequeno, na maioria das vezes a drenagem só é necessária em caso de transporte aéreo ou ventilação mecânica (pelo risco de evoluir para pneumotórax hipertensivo).
  • No grande, é necessária a toracostomia com DRENAGEM EM SELO D’ÁGUA.

📌 Extra: a causa mais comum de pneumotórax SECUNDÁRIO é a DPOC.

20
Q

Definição e conduta de pneumotórax aberto

A

O pneumotórax aberto é causado por uma ferida criando uma solução de continuidade entre a pleura e o ar atmosférico.

Se o diâmetro da ferida for maior do que 2/3 DO DIÂMETRO DA TRAQUEIA, irá causar insuficiência respiratória.

A conduta imediata deve ser a colocação de CURATIVO DE 3 PONTAS, seguida de TORACOSTOMIA e DRENAGEM em selo d’água.

21
Q

Critérios de retirada de dreno em um pneumotórax

A

Reexpansão pulmonar e ausência de borbulhamento por 48 a 72h.

22
Q

Diagnóstico e conduta de tamponamento cardíaco

A

O tamponamento é causado por presença de líquido no espaço pericárdico (100-150 mL).

O diagnóstico é clínico e ecocardiográfico. Observa-se a tríade de BECK: INGURGITAMENTO JUGULAR + HIPOTENSÃO + BULHAS HIPOFONÉTICAS.

Além disso, pode haver pulso paradoxal (redução da PAS em mais de 10 mmHg durante a inspiração) e sinal de Kussmaul (aumento da turgência jugular na inspiração).

📌 Entenda o pulso paradoxal: durante a inspiração, o aumento do retorno venoso promove uma redução leve e fisiológica do débito cardíaco. Em situação de tamponamento isto é agravado, causando uma redução expressiva da PAS.

A conduta é, idealmente, toracotomia e reparo. Faz-se pericardiocentese de alívio se isso não for possível.

23
Q

Descreva a profundidade, aspecto e conduta das queimaduras de TERCEIRO GRAU

A

A queimadura de 3º grau atinge até o TECIDO CELULAR SUBCUTÂNEO ou hipoderme (também chamada de queimadura de “espessura total”).

Se apresenta como uma ESCARA ENDURECIDA e INDOLOR, podendo ter coloração variada.

O tratamento preconizado é o encaminhamento para centro especializado em queimados, ESCAROTOMIA e ENXERTIA PRECOCE (24-72h).

24
Q

Descreva a profundidade, aspecto e conduta das queimaduras de SEGUNDO GRAU

A

Queimaduras de 2º grau (“espessura parcial”) acometem até a DERME, e são caracterizadas pela presença de BOLHAS.

Dividem-se em:

  • SUPERFICIAL, que atinge até a derme PAPILAR;
  • PROFUNDAS, que acometem até a derme RETICULAR (tem aspecto mais seco e maior comprometimento estético).

A conduta envolve limpeza, uso de ATB tópicos (sulfadiazina de prata) e curativos oclusivos. Se a queimadura for profunda, indica-se enxertia precoce.

25
Q

Descreva a profundidade, aspecto e conduta das queimaduras de PRIMEIRO GRAU

A

As queimaduras de 1º grau (“superficiais”) são RESTRITAS À EPIDERME, sem acometimento de anexos cutâneos.

📌 Ela não entra no cálculo de superfície corporal queimada!

Apresentam-se com ERITEMA e ardência, sem bolhas.

A conduta é limpeza, analgesia, e hidratantes.

26
Q

Descreva a profundidade, aspecto e conduta das queimaduras de QUARTO GRAU

A

Queimaduras de 4º grau atingem OSSO E MÚSCULOS.

São mais encontradas em queimaduras ELÉTRICAS, e estão relacionadas a complicações como rabdomiólise (cuidar da hidratação!) e síndrome compartimental (fasciotomia).

27
Q

Descreva a Fórmula de Wallace para cálculo da superfície corporal queimada (SQC)

A

Trata-se da “Regra dos 9”:

  • Membros superiores e cabeça: 9% cada;
  • Membros inferiores: 18% cada;
  • Tronco + abdome: 36%;
  • Mãos, pescoço e genitália: 1% cada.
28
Q

Descreva a fórmula de Parkland e a recomendação do ATLS para reposição volêmica de grandes queimados

A

A fórmula de Parkland, clássica nos livros, prevê reposição com solução cristalóide de 4mL x Kg x SCQ nas primeiras 24h após o acidente.

O ATLS 10 (2018) modificou a fórmula para:

  • 2mL x Kg x SCQ.
  • 3mL x Kg x SCQ (se < 14 anos ou < 30kg).
  • Mantém 4 mL x Kg x SCQ para queimadura elétrica.

A preferência é por Ringer Lactato. A metade do volume deve ser infundido nas primeiras 8 horas após a queimadura, e a outra metade nas 16h seguintes.

29
Q

Diferencie a clínica, diagnóstico e conduta de lesão térmica de vias aéreas e lesão pulmonar por inalação

A

Vítimas de queimadura por chama, sobretudo em espaços fechados, podem ser acometidas por lesão térmica da via aérea e/ou lesão por inalação.

Comprometimento da VA tem como sinais indiretos queimaduras de face e pescoço, chamuscamento de cílios e vibrissas nasais. Pode evoluir com ROUQUIDÃO, EDEMA DE CORDAS VOCAIS E ESTRIDOR. O diagnóstico pode ser confirmado com LARINGOSCOPIA e o tratamento consiste em IOT precoce.

Já a lesão pulmonar por inalação ocorre por inalação de partículas em combustão. A clínica consiste em SIBILOS, ESCARRO CARBONÁCEO E INSUFICIÊNCIA RESPIRATÓRIA que evolui em cerca de 24h. A BRONCOSCOPIA confirma o diagnóstico. O tratamento é feito com nebulização com broncodilatadores e heparina.

30
Q

Mulher de 27 anos vítima de incêndio em ambiente fechado. Ao exame, apresenta-se em estabilidade hemodinâmica, SatO2 = 99% e queixando-se de náuseas e dor de cabeça.

Qual é a HD e a conduta?

A

Quando tivermos incêndios em ambientes fechados, devemos pensar obrigatoriamente em INTOXICAÇÃO POR MONÓXIDO DE CARBONO!

A clínica é justamente de náuseas, cefaléia e rebaixamento da consciência.

📌 Atenção! A gasometria e o oxímetro de pulso serão normais, pois não conseguem distinguir a carboxihemoglobina.

A confirmação pode ser feita com dosagem da carboxi-hemoglobina. A conduta consiste em oxigenioterapia de alto fluxo a 100%.

31
Q

Quais são as recomendações gerais para o tratamento de um TCE grave (Glasgow ≤ 8)?

A
  • INTUBAÇÃO orotraqueal.
  • Cabeceira a 30 graus.
  • Monitorização da PIC.
  • Cristalóides para manter paciente euvolêmico e com PAS ≥ 90mmHg (se necessário, associar drogas vasoativas), evitando a hiperhidratação.
  • Se HIC (PIC > 20mmHg por ≥ 5mins) escalonar tratamento: drenagem liquórica → bloqueio neuromuscular e sedação → manitol/NaCl3% → hiperventilação cautelosa → barbitúricos → craniotomia descompressiva.

📌 Em hipotensos/hipovolêmicos, a salina hipertônica pode ser útil, enquanto o manitol e os barbitúricos são contraindicados.

📌 Manitol é mais indicado diante de suspeita de herniação (vista por uma deterioração clínica rápida).

📌 A hiperventilação reduz a PIC pois gera vasoconstrição das artérias cerebrais. Porém, pode reduzir a PPC por redução do fluxo sanguíneo, piorando a isquemia. Por isso, deve ser cautelosa, por pouco tempo e mantendo PaCO2 entre 25 e 30mmHg.

📌 Corticóides NÃO são indicados.

32
Q

Na queimadura, quais são as metas de diurese?

A

Adultos → 0,5 mL/kg/h;

Crianças (≤ 30 kg) → 1 mL/kg/h;

Queimadura elétrica → devido ao risco de rabdomiólise → 2 mL/kg/h ou 100 mL/h (adultos) e 1-1,5 mL/kg/h (crianças).

33
Q

Qual é a tríade da fratura de laringe e qual conduta devemos ter diante dela?

A

Tríade da fratura de laringe = FRATURA PALPÁVEL + ROUQUIDÃO + ENFISEMA SUBCUTÂNEO. O exame de escolha é a TC, e não a laringoscopia.

A presença dela contraindica a IOT e os procedimentos de cricotireoidostomia → fazemos TRAQUEOSTOMIA DE URGÊNCIA (normalmente a traqueostomia é um procedimento eletivo).

Outra indicação para traqueostomia de urgência pode ser criança < 12 anos, visto que cricotireoidostomia cirúrgica não pode ser feita nesses pacientes (mas, normalmente, na urgência, é feita a cricotireoidostomia por punção, que não é uma via definitiva).

34
Q

Diante de um trauma cervical, quando devemos proceder com cervicotomia exploradora?

A

São indicações de cervicotomia exploradora:

  • Instabilidade hemodinâmica;
  • Hematoma em expansão ou sangramento ativo;
  • Obstrução de vias aéreas;
  • Piora dos sinais neurológicos;
  • Enfisema subcutâneo progressivo.

📌 Em pacientes estáveis, procedemos com realização de exames complementares → TC e doppler de carótidas.

As vias de acesso para o tratamento cirúrgico são:

  • Zona I = prolongada para esternotomia ou toracotomia;
  • Zona II (melhor prognóstico) = borda anterior do ECM;
  • Zona III = deslocamento da mandíbula.

📌 As zonas I e III são de difícil abordagem cirúrgica. Sempre que possível, devem ser investigadas com angiografia pré-operatória.

35
Q

Quais são as principais contraindicações à IOT e à cricotireoidostomia cirúrgica?

A

Contraindicações à IOT:

  • Trauma maxilofacial grave;
  • Trauma de pescoço com distorção anatômica;
  • Incapacidade de ver as cordas vocais;
  • Trauma de laringe.

📌 Mas atenção: se a questão citar que há fraturas ósseas em face, mas não der nenhum sinal de dificuldade expressiva, podemos sim tentar fazer a IOT! Se falhar, passamos para outras técnicas.

Normalmente, a cricotireoidostomia cirúrgica é indicada diante de impossibilidades de IOT (exceto no trauma de laringe, que é contraindicação para ambas). Porém, não pode ser feita em CRIANÇAS < 12 ANOS ou em APNEIA IMINENTE.

Nesses casos, diante de contraindicação à IOT e à cricotireodostomia cirúrgica, as condutas são:

  • Apneia iminente = cricotireoidostomia por punção;
  • Criança < 12 anos = cricotireoidostomia por punção (não é via aérea definitiva) e depois traquestomia.
  • Fratura de laringe = traqueostomia de urgência.
36
Q

Qual é a utilidade da intubação nasotraqueal?

A

A INT é uma opção se a IOT não for possível devido a fatores bucais (ex: manipulação bucal durante a cirurgia, trauma grave em dentes, etc).

Está contraindicada em caso de fratura de base de crânio ou em pacientes sem respiração espontânea.

📌 Para ser feita, o paciente deve estar respirando espontaneamente, pois, como não vemos o tubo entrando na glote, sabemos que está bem localizado se ele ficar embaçado devido à respiração.

37
Q

Qual é a diferença entre hipertensão intra-abdominal e síndrome do compartimento abdominal?

A

A HIPERTENSÃO intra-abdominal é definida como a elevação persistente pressão intra-abdominal ≥ 12 MMHG. Pode ser dividida em:

  • Grau I = 12 a 15mmHg;
  • Grau II = 16 a 20mmHg;
  • Grau III = 21 a 25mmHg;
  • Grau IV ≥ 25mmHg.

Por sua vez, a SÍNDROME DO COMPARTIMENTO abdominal é definida como esta pressão sustentada ≥ 20 MMHG e que se associa a nova DISFUNÇÃO orgânica.

📌 A medida é feita por sondagem intra-VESICAL.

38
Q

Nos TCE, qual é a ordem de frequência dos hematomas?

A

Ordem de frequência dos hematomas:

  • 1º = intraparenquimatoso (aneurismas);
  • 2º = subdural (veias ponte);
  • 3º = epidural (meníngea média).
39
Q

Clinicamente, como diferenciamos as queimaduras de 2º grau superficial e profunda?

A

A queimadura de 2º grau SUPERFICIAL acomete até a DERME PAPILAR. Já a PROFUNDA acomete também a RETICULAR. A característica principal das queimaduras de 2º grau ao exame físico é a presença de flictenas (BOLHAS com líquido) e dor.

Na clínica, há uma dica para diferenciar:

  • Superficial → eritema DESAPARECE com a digitopressão;
  • Profunda → eritema NÃO DESAPARECE com a digitopressão.

📌 A ENXERTIA PRECOCE é indicada a partir da queimadura de 2º grau PROFUNDA.

40
Q

Quando o ácido tranexâmico está indicado no trauma? E qual é o padrão de tromboelastograma para o qual ele está indicado?

A

O ácido tranexâmico está indicado em 1g bolus EV nas PRIMEIRAS 3 HORAS de um CHOQUE HIPOVOLÊMICO CLASSE 4, juntamente com a transfusão maciça (1:1:1).

O tromboelastograma é um exame com aspecto gráfico que podemos utilizar para avaliar o processo formação e dissolução de um trombo. Diante de um padrão de fibrinólise, temos ainda mais força para indicar o ácido tranexâmico, que é um antifibrinolítico.

📌 Fica difícil de saber sem imagens, mas imagine a descrição dos seguintes padrões do tromboelastograma:

  • Normal → formato de U com a “boca” para a direita;
  • Hipercoagulabilidade → U mais gordo que que no ‘normal’;
  • Antiagregantes plaquetários → U mais fino que o no ‘normal’;
  • Anticoagulantes ou trombofilia → espessura parecida com no ‘normal’, mas com aspecto mais de V com a boca para a direita;
  • Fibrinólise → aspecto de cone com a ponta para a direita, como se fosse um V com a boca para a esquerda (ou seja, a coagulação começa normal, mas o trombo vai sendo consumido rapidamente).
41
Q

Indicações de encaminhamento para o centro especializado em queimaduras

A

São indicações queimaduras:

  • SQC ≥ 10%;
  • Áreas nobres (face, mãos, pés, genitália, períneo ou principais articulações);
  • 3º ou 4º grau;
  • Elétricas ou químicas;
  • Lesões por inalação;
  • Paciente com comorbidades que possam complicar o tratamento;
  • Associada a trauma.
42
Q

Nas queimaduras, quando indicamos escarotomia vs. fasciotomia?

A

Mentalize que a ESCAROTOMIA é destinada principalmente para queimaduras TÉRMICAS CIRCUNFERENCIAIS, onde a compressão anelar extrínseca pode prejudicar a circulação sanguínea.

Por outro lado, tente correlacionar a FASCIOTOMIA às queimaduras ELÉTRICAS gerando um contexto de de SÍNDROME COMPARTIMENTAL com o aumento da pressão interna.

📌 Mas nada impede que as duas sejam realizadas dependendo do contexto.

43
Q

O que é o “índice de choque”?

A

Índice de choque = FC / PA sistólica

📌 Valores ≥ 0,9 apontam para a necessidade de abordagem agressiva à hemorragia, com possibilidade de transfusão.

OBS: é em ordem alfabética (em cima F e embaixao P)

44
Q

Mnemônico ‘DOPE’ para problemas na ventilação invasiva

A

“Don’t be a DOPE!”

D - Displacement → mau posicionamento (ex: tubo soltar);

O - Obstrução (ex: secreções acumuladas no tubo);

P - Pneumotórax (e também hemotórax e pneumomediastino);

E - Estrutura (ex: se o paciente está bem acoplado à máquina ou se há algum vazamento).

45
Q

Indicação de TC de coluna cervical

A

O protocolo NEXUS, se não pontuar nada, exclui clinicamente chances de fratura de cervical.

Porém, se qualquer um dos pontos estiver presente, devemos fazer a TC de cervical.

  • N = déficits ‘N’eurológicos focais;
  • E = ‘E’tanol ou outra intoxicação;
  • X = lesões e’X’tremas (ex: fratura exposta);
  • U = ‘U’nstable ou ‘U’nconcious
  • S = midline ‘S’pinal pain