Ortopedia e traumatologia Flashcards
Quais são os red-flags da lombalgia?
Red-flags para a lombalgia indicam exame de IMAGEM:
- ≥ 50 ANOS;
- Traumatismo importante;
- Deficit neurológico (sensitivo ou motor);
- Perda de peso não explicada;
- Suspeição de espondilite anquilosante;
- Abuso de álcool ou drogas;
- HP de neoplasia;
- Uso de corticoides;
- Febre > 48h;
- Visita recente ao médico (< 1 mês) pelo mesmo motivo, sem melhora do quadro;
- Duração > 6 semanas.
O que devemos fazer para prevenir embolia gordurosa em fraturas ósseas?
A embolia gordurosa, que gera uma VASCULITE TÓXICA, é prevenida com TRATAMENTO PRECOCE DA FRATURA (uma prova da USP-SP até recomendou um PRAZO IDEAL DE 12-48 HORAS para a fixação).
Clínica: CONFUSÃO mental, DISPNEIA, FEBRE, taquicardias e PETÉQUIAS pelo corpo, surgindo em torno de 24-72 HORAS após o traumatismo.
O que devemos saber sobre tumores ósseos?
Tema pouco cobrado, mas aqui vão alguns tópicos importantes sobre prevalência:
- Os tumores musculoesqueléticos malignos mais comuns são as METÁSTASES;
- … mas, dos primários, o mais comum é o MIELOMA MÚLTIPLO;
- … mas, dos primários não-hematológicos, o mais comum é o OSTEOSSARCOMA.
Agora, vamos a alguns pontos específicos sobre os tumores ósseos primários não-hematológicos:
A) OSTEOSSARCOMA:
- Como já dito, é o TUMOR ÓSSEO MALIGNO PRIMÁRIO NÃO-HEMATOLÓGICO MAIS COMUM;
- Mais comum em HOMENS JOVENS (adolescentes e adultos jovens);
- Acomete METÁFISE de OSSOS LONGOS, principalmente na região do JOELHO;
- Clínica → DOR (PIOR À NOITE) e tumoração local;
- Radiografia → reação periosteal em TRIÂNGULO DE CODMAN ou em “RAIOS DE SOL”.
B) SARCOMA DE EWING:
- É o terceiro tumor ósseo maligno primário não-hematológico mais comum;
- Predomina em CRIANÇAS DE 5-15 ANOS e é RARO EM NEGROS;
- Acomete a região META-DIAFISÁRIA de OSSOS LONGOS;
- Clínica → SIMULA OSTEOMIELITE → quadro de infecção local, com dor, tumefação, flogose e FEBRE;
- Radiografia → lesão permeativa com padrão predominantemente LÍTICO (“ROÍDO DE TRAÇAS”), com reação periosteal em padrão de “CASCAS DE CEBOLA”;
Quais são os músculos do manguito rotador? Qual movimentação cada um essencialmente faz? Quais testes semiológicos podemos realizar para cada um?
O manguito rotador é composto por 4 músculos:
1) SUBESCAPULAR → rotação INTERNA (medial) → teste de GERBER;
2) SUPRAESPINHAL → ABDUÇÃO do braço → teste de JOBE;
3) INFRAESPINHAL → rotação EXTERNA (lateral) → teste de PATTE;
4) REDONDO MENOR → rotação EXTERNA.
📌 Esses testes citados são de INTEGRIDADE. Também podemos realizar testes de impacto (Hawkins, Neer e Yokum) e de amplitude (Apley).
📌 Testes de integridade da cabeça longa do bíceps são Speed (Hands up) e Yergason.
Adolescente de 14 anos joga basquete diariamente. Há cerca de 6 meses vem queixando de dor em ambos os joelhos durante os jogos. Ao exame, apresenta dor à palpação na tuberosidade anterior da tíbia, com aumento do volume local. RX mostra fragmentação na tuberosidade tibial bilateralmente.
Qual é o diagnóstico e a conduta?
Trata-se de DOENÇA DE OSGOOD-SCHLATTER.
É uma necrose avascular idiopática da tuberosidade da tíbia, que cursa com inflamação (epifisite tibial proximal). É mais comum em MENINOS de 8-15 ANOS e praticantes de ESPORTES, como no caso.
O tratamento é CONSERVADOR, feito com analgésicos + AINES, repouso e uso de joelheira.
Durante o trabalho em uma plantação de alfaces, um homem sofreu acidente com fratura exposta na extremidade distal da tíbia. Qual é a classificação de Gustillo-Anderson e a antibioticoprofilaxia que deve ser instituída?
A classificação de Gustillo-Anderson para fraturas expostas considera o tamanho da ferida de partes moles e também o agente causador do trauma:
- I: ferida de até 1 cm → pode-se usar apenas cefazolina;
- II: ferida > 1 cm;
- III: ferida > 10 cm ou contaminação severa.
Nos tipos II e III, a ATBprofilaxia deve ter cobertura para gram+ e gram- = CEFAZOLINA + AMINOGLICOSÍDEO (ou cefalosporina de 3ª).
Entretanto, existe um detalhe: traumas ocorridos em área rural, como no caso, são sempre classificados como Gustillo III, devido ao maior potencial de contaminação. Deve-se acrescentar PENICILINA ao esquema para cobrir anaeróbios.
📌 Lesões por PAF também são automaticamente Gustillo III.
Propedêutica e indicações de cirurgia em trauma contuso abdominal
Indicações IMEDIATAS de cirurgia (laparotomia exploradora):
- PERITONITE;
- PNEUMOPERITÔNIO (indica ruptura de víscera oca);
- INSTABILIDADE hemodinâmica (entretanto, em caso de politrauma, primeiramente realizar FAST ou LPD para verificar se a origem do sangramento é abdominal).
Se a princípio o abdome não for cirúrgico e o paciente estiver ESTÁVEL, realizar FAST seguido de TC com contraste, para avaliar o grau da lesão e orientar a conduta subsequente (tratamento não-operatório ou operatório).
Indicações de cirurgia em trauma penetrante de abdome
- Choque;
- Peritonite;
- Evisceração;
- Lesão por PAF na região anterior.
Classificação de perda volêmica segundo o ATLS
- Classe 1 (perda < 15% / 750mL): PA normal (PAS > 90) e Fc < 100;
- Classe 2 (perda < 30% / 1500mL): PA normal e Fc > 100;
- Classe 3 (perda < 40% / 2000mL): hipotenso e Fc > 120;
- Classe 4 (perda > 40% / > 2000mL): hipotenso e Fc > 140 ou anúria.
Para as classes 3 e 4 (choque avançado), há indicação de hemoderivados. Na classe 4, faz-se transfusão maciça (1 CH para 1 concentrado de plaquetas para 1 PFC) + ácido tranexâmico.
📌 O ácido tranexâmico, que é um anti-fibrinolítico está indicado nas primeiras 3h de um choque hemorrágico grau 4 em 1g de bolus EV.
Classificação de TCE
Glasgow 13 a 15 = leve;
Glasgow 9 a 12 = moderado;
Glasgow < 8 = grave (indica via aérea artificial).
Indicações de TC no TCE
- TCE moderado ou grave (Glasgow < 13);
- Idoso (> 65 anos);
- Glasgow < 15 após 2h do acidente;
- Perda de consciência > 5 minutos;
- > 2 episódios de vômitos (para criancinhas muito pequenas, poucos vômitos são aceitáveis);
- Amnésia > 30 minutos;
- Suspeita de fraturas de crânio → otorreia ou otorragia, rinorreia ou rinorragia; hematoma de Battle; sinal dos olhos de guaxinim;
- Mecanismo perigoso (ejeção de veículo, atropelamento, queda > 1m).
Descreva o A do ATLS
A = Air pathway (coluna cervical + via aérea)
1) Estabilizar a coluna → COLAR CERVICAL + prancha rígida;
2) Avaliar perviedade das vias aéreas;
3) Se não está pérvia, afastar a possibilidade de corpo estranho e instituir via aérea artificial.
Descreva o B do ATLS
B = breathing (ventilação e respiração)
1) Oferecer O2;
2) Colocar OXÍMETRO;
3) Exame respiratório.
Descreva o C do ATLS
C = circulação + controle de hemorragia
1) 2 acessos venoso periféricos e reposição com 1L de CRISTALÓIDES (ou 20 mL/Kg para crianças);
2) CLASSIFICAR A PERDA VOLÊMICA > avaliar PA e Fc (paciente hipotenso deve receber hemotransfusão);
3) SONDAR para avaliar diurese, que é a melhor maneira de verificar a perfusão (EXCETO se: uretrorragia, hematoma perineal, fraturas de pelve ou retenção urinária);
4) Compressão simples e uso de torniquete, se necessários.
📌 O uso de mais de 2L de cristalóides piora o prognóstico do paciente, pois promove hemodiluição dos fatores de coagulação, e o aumento da pressão também pode favorecer o sangramento.
📌 Lembre-se que a pressão, isoladamente, NÃO pode ser considerada sinal de choque. Nem todo hipotenso está chocado, assim como pacientes com hipoperfusão tecidual podem apresentar PA normal. No choque hipovolêmico, por exemplo, a PA só se altera em quadros avançados, após perda de > 1500 mL de sangue!
Descreva o D do ATLS
D = disfunção neurológica
1) Avaliar escala de coma de Glasgow;
2) Avaliar pupilas.
Descreva o E do ATLS
E = exposição + controle de ambiente
1) Expor o paciente e buscar lesões;
2) Aquecer para prevenir hipotermia.
Descreva a escala de coma de Glasgow
ABERTURA OCULAR (1 a 4): ausente, à pressão, à sons, espontânea.
RESPOSTA VERBAL (1 a 5): ausente, pronuncia sons, palavras, confuso, orientado.
RESPOSTA MOTORA (1 a 6): ausente, extensão (descerebração), flexão anormal (decorticação), flexão normal (retira o membro), localiza a dor, obedece a comandos.
Há uma ATUALIZAÇÃO NO ATLS 10 → devemos avaliar a fotorreatividade pupilar, subtraindo -1 para cada pupila não-reativa → logo, agora a menor nota possível no Glasgow é 1.
Quadro clínico e conduta no pneumotórax hipertensivo
Lembre-se que o diagnóstico é clínico!
CLÍNICA = MV diminuído, hipertimpanismo, desvio da traqueia, hipotensão e ingurgitamento jugular (devido à compressão dos vasos da base).
Conduta = imediatamente TORACOCENTESE DE ALÍVIO do lado acometido, no 5º EIC entre as linhas axilares anterior e média. A conduta definitiva é toracostomia (drenagem).