Hematologia Flashcards
Homem negro de 62 anos, apresenta-se com dor lombar intensa e lesões líticas em esqueleto axial à radiografia.
Considerando a HD mais provável, quais outros achados são esperados?
Trata-se provavelmente de MIELOMA MÚLTIPLO. A clínica é CRAB:
- Cálcio (hipercalcemia devido à ação osteoclástica);
- Rins com IRA;
- Anemia de doenças crônicas (hemácias em Rouleaux);
- Bones (osso lítico);
📌 Há também imunossupressão.
O diagnóstico é feito por um desses critérios clínicos + BIÓPSIA DE MEDULA com ≥ 10% de plasmócitos.
Na eletroforese de proteínas, espera-se pico monoclonal de anticorpos (componente M) com inversão da relação albumina-globulina. O anticorpo mais frequente, que é também o de melhor prognóstico, é o IgG.
No mieloma múltiplo, qual é o tipo de imunoglobulina:
- Mais comum?
- Melhor prognóstico?
- Pior prognóstico?
IgG é a mais frequente e de melhor prognóstico.
IgD é a de pior prognóstico.
Paciente com suspeita de mieloma múltiplo foi submetido eletroforese de proteínas e imunoeletroforese que demonstraram pico monoclonal de IgM.
Qual é a HD?
Mieloma múltiplo com pico de IgM é muito raro, de modo que nesses casos a principal HD é MACROGLOBULINEMIA DE WALDENSTROM, uma doença em que LINFÓCITOS plasmocitóides CD20+ produzem IgM.
📌 Pode dar sintomas de HIPERVISCOSIDADE. Acomete menos rim e osso do que MM.
Paciente com pico de proteína monoclonal > 3 g/dL e > 10% de plasmócitos no aspirado de medula óssea, porém sem evidências de lesão de órgãos-alvo: sem lesões líticas, anemia, doença renal ou hipercalcemia.
Qual é o diagnóstico?
Quando encontrarmos um paciente com > 10% de plasmócitos na medula óssea e sem nenhuma manifestação clínica, trata-se de MIELOMA INDOLENTE (smoldering myeloma).
O curso clínico é mais arrastado do que o mieloma múltiplo clássico, mas o tratamento quimioterápico deve ser o mesmo.
Paciente masculino de 47 anos, queixa-se há 2 anos de parestesias, astenia e distensão abdominal. Apresenta também impotência sexual e escurecimento da pele.
Ao exame: pálido, hepatoesplenomegalia, ginecomastia. RX mostra lesões osteoblásticas em pelve e crânio. Exames laboratoriais evidenciam anemia de doenças crônicas, leucócitos e plaquetas normais, função renal e hepática normais, cálcio normal e hipotireoidismo. Eletroforese de proteínas mostrou gamopatia monoclonal com aumento de IgA.
Qual é a HD?
SÍNDROME POEMS: polineuropatia, organomegalia, endocrinopatias (hipogonadismo, tireoide…), mieloma osteosclerótico com pico monoclonal, skin changes (hiperpigmentação).
Essa é uma doença rara que serve como diagnóstico diferencial de mieloma múltiplo, na qual as lesões ósseas são BLÁSTICAS.
O que é a gamopatia monoclonal de significado indeterminado?
A gamopatia monoclonal de significado indeterminado apresenta risco de malignização e consiste em:
- Pico monoclonal, porém < 3 g/dL;
- Plasmócitos ocupando < 10% da medula óssea;
- Assintomático.
📌 Lembrando que é critério obrigatório para mieloma múltiplo → plasmócitos ocupando ≥ 10% da medula óssea OU plasmocitoma ósseo OU plasmocitoma de tecidos mole comprovado por biópsia.
Essa entidade é diferente do mieloma indolente (smoldering myeloma), que ocorre quanto temos > 10% de plasmócitos na medula óssea mas não há nenhuma manifestação clínica.
RESUMINDO: diante de pico monoclonal e…
- Plasmócitos > 10% + sintomas = mieloma múltiplo;
- Plasmócitos > 10% + assintomático = smoldering;
- Plasmócitos < 10% + assintomático = gamopatia monoclonal de significado indeterminado.
Qual é o principal marcador de prognóstico do mieloma múltiplo, sendo inclusive utilizado no estadiamento?
Beta2-microglobulina
Mulher de 30 anos com febre, IRA e diminuição do nível de consciência. Exames indicam trombocitopenia severa e anemia com presença de esquizócitos no sangue periférico. Testes de coagulação são normais.
Qual é a principal HD e a conduta?
Primeiramente, note que há PLAQUETOPENIA + COAGULOGRAMA NORMAL → portanto é um distúrbio da HEMOSTASIA PRIMÁRIA.
O quadro clínico é clássico da PÚRPURA TROMBOCITOPÊNICA TROMBÓTICA, que ocorre por deficiência de ADAMTS 13 (“tesoura do fator de Von Willebrand”), resultando em ativação e agregação de plaquetas.
O diagnóstico é feito por ao menos 3 elementos da PÊNTADE = FEBRE + IRA + ENCEFALOPATIA + PLAQUETOPENIA + ANEMIA HEMOLÍTICA MICROANGIOPÁTICA.
Trata-se com PLASMAFÉRESE e transfusão de plasma (que contém todos os fatores da coagulação)! NÃO TRANSFUNDIR PLAQUETAS, pois agravariam os processos trombóticos.
📌 Note que o quadro clínico é semelhante à SHU (anemia + IRA + plaquetopenia) mas com o acréscimo de febre e encefalopatia.
Menino de 4 meses com volumoso hematoma em MSE, após vacina. Exames demonstram plaquetas normais, PTTa alargado (>35seg) e RNI =1.
Qual é a principal HD?
HEMATOMAS EXTENSOS são característicos de distúrbios da HEMOSTASIA SECUNDÁRIA. Aos exames, PTTa ALARGADO e RNI NORMAL indicam alteração na VIA INTRÍNSECA.
A causa hereditária mais frequente é a HEMOFILIA A, causada por DEFICIÊNCIA do FATOR 8.
📌 Outra opção seria a hemofilia do tipo B, por carência do fator 9.
Menino de 3 anos de idade com queixa de epistaxe espontânea. Apresenta equimoses e petéquias evidentes em membros inferiores, sem outras alterações ao exame. A mãe relata gastroenterite viral há 2 semanas, com resolução completa.
Exames: Hb = 13 / plaq = 15.000 / Cr normal.
Qual é o diagnóstico mais provável e a conduta?
Este paciente apresenta um SANGRAMENTO DE MUCOSA, compatível com distúrbio da HEMOSTASIA PRIMÁRIA, “PLAQUETOPENIA E MAIS NADA”. Portanto, trata-se provavelmente de PÚRPURA TROMBOCITOPÊNICA IMUNE (ou idiopática).
Lembre-se que o quadro normalmente é autolimitado e desencadeado por VACINA ou INFECÇÕES VIRAIS (opsonização por IgG e lise esplênica das plaquetas).
Na maioria dos casos, a conduta é EXPECTANTE. Se sangramento intenso, pode-se fazer corticóide ou imunoglobulina. Reposição de plaquetas só é indicada em casos extremos.
📌 Henoch-Schonlein não causaria plaquetopenia.
Mulher de 18 anos com história de epistaxe bilateral recorrente e ciclos menstruais hipermenorrágicos.
Plaq = 320.000 / TAP = 100% / TTPa discretamente alargado.
HD?
A paciente tem clínica de distúrbio da HEMOSTASIA PRIMÁRIA → sangramento de PELE, MUCOSAS e HIPERMENORREIA.
Paralelamente, apresenta PLAQUETAS NORMAIS e TTPa ALARGADO (alteração na via intrínseca). Trata-se de DOENÇA DE VON-WILLEBRAND, uma forma de disfunção plaquetária.
📌 Nos casos mais graves, pode resultar em um déficit do fator 8 (para o qual o fVW é um “escudo”), que se expressa com o alargamento do TTPa.
Como é feito o diagnóstico da púrpura trombocitopênica imune por heparina (HIT)?
Qual é a conduta?
O uso de heparinas é uma CAUSA SECUNDÁRIA DE PTI. Ocorre devido à uma reação imune contra a heparina, que por reação cruzada opsoniza as plaquetas e as ativa → têm-se um quadro paradoxal de PLAQUETOPENIA + TROMBOSE!
CRITÉRIOS:
- Queda em mais de 30-50% do total de plaquetas (porém mantendo > 20.000);
- 5-15 dias após o início do uso de heparina;
- Novo episódio de trombose;
- Ausência de outro diagnóstico.
Como conduta, deve-se substituir a heparina pelos DOACs ou FONDAPARINUX.
Quais são as composições dos principais hemocomponentes?
PLASMA FRESCO CONGELADO (PFC)
- Contém TODOS os fatores da coagulação.
CRIOPRECIPITADO
- Derivado do PFC.
- Rico em fibrinogênio, fator VIII e XIII, fibronectina e o fVW → ou seja, não é rico nos fatores dependentes de vitamina K.
- Principal indicação = CIVD.
COMPLEXO PROTROMBÍNICO
- Fatores de coagulação dependentes da vitamina K (II, VII, IX e X) em uma concentração 25 vezes maior que a do plasma → PRIMEIRA ESCOLHA PARA REVERTER EFEITO CUMARÍNICO DA VARFARINA (que antagoniza a vitamina K).
📌 1 concentrado de hemácia aumenta cerca de 1 na Hb.
Quais dos novos anticoagulantes podem ser introduzidos sem a realização de ponte com heparina em caso de anticoagulação terapêutica (ex: para TEV)?
Os novos anticoagulantes orais (NOACs) agem inibindo diretamente o fator Xa (rivaroxabana, edoxabana e apixabana) ou fator II, que é a trombina (dabigatrana). Têm a vantagem de não necessitar de controle laboratorial.
A rivaroxabana e a apixabana atingem anticoagulação plena imediata. Porém, a DABIGRATANA e a EDOXABANA precisam de PONTE COM HEPARINA.
Dica → “DE”pendem de heparina → D de Dabigratana e E de Edoxabana.
Apesar de improvável, a posologia que tem mais chances de cair na prova é a da rivaroxabana (Xarelto) → 15mg 12-12h durante 3 semanas e após isso 20mg MID no jantar.
📌 Não podem ser utilizados na gestação ou na FA valvar.
📌 Para FA não precisa de ponte.
Descreva se a doença hematológica abaixo tem tendência a COAGULAR ou a SANGRAR:
- Doença de von-Willebrand;
- Hemofilia A;
- Mutação do fator V Leiden;
- Mutação da protrombina;
- Deficiência do fator XIII;
- Deficiência de proteína C;
- Deficiência de proteína S.
- Doença de von-Willebrand → SANGRAR;
- Hemofilia A → SANGRAR;
- Mutação do fator V Leiden → COAGULAR;
- Mutação da protrombina → COAGULAR;
- Deficiência do fator XIII → SANGRAR;
- Deficiência de proteína C → COAGULAR;
- Deficiência de proteína S → COAGULAR.
Cite as principais reações transfusionais (precoces e tardias), como ocorrem e formas de as prevenir.
AGUDAS (até 24h)
- Reação hemolítica aguda (febre, queda intensa do estado geral, hipotensão, hemoglobinúria, etc) → pela incompatibilidade ABO.
- Reação febril não-hemolítica (clínica mais branda que a hemolítica aguda) → pela infusão de leucócitos ou plaquetas em pacientes aloimunizados.
- Reação alérgica → devido a proteínas. É o único quadro que, se leve, ainda pode continuar infusão.
- TRALI = insuficiência respiratória imunomediada, acompanhada de febre e hipotensão;
- TACO = insuficiência respiratória por congestão pulmonar, acompanhada de hipertensão.
📌 As mais COMUNS são FEBRIL NÃO-HEMOLÍTICA e reação ALÉRGICA, que costumam ser as únicas sem potencial de gravidade.
📌 A febril não-hemolítica e a sepse ocorrem mais com a bolsa de plaquetas.
TARDIAS (após 24h)
- Doença do enxerto contra hospedeiro → devido a linfócitos.
- Aloimunização.
- Hemocromatose.
- Transmissão de patógenos.
PREVENÇÃO VIA MANIPULAÇÃO DE HEMOCOMPONENTES:
- Tipagem = identificar antígenos ABO (evita reação hemolítica aguda).
- Filtragem = retirar leucócitos (evita reação febril não-hemolítica).
- Lavagem = retirar plasma (evita alergia).
- Irradiação = inativar linfócitos (evita doença enxerto vs hospedeiro).
Paciente recebe transfusão de concentrado de hemácias e evolui com insuficiência respiratória. Quais são os 2 diagnósticos possíveis?
1) Lesão pulmonar associada à transfusão (TRALI) → é um fenômeno IMUNOMEDIADO que causa EAP NÃO-CARDIOGÊNICO por lesão da membrana alveolar → por ser um quadro inflamatório, esperamos FEBRE e HIPOTENSÃO.
2) Congestão pulmonar associada à transfusão (TACO) → ocorre por SOBRECARGA DE VOLUME, atingindo principalmente idosos, cardiopatas, etc → paciente estará AFEBRIL e HIPERTENSO.
O que indicam os exames de Capacidade Total de Ligação do Ferro (CTLF ou TIBC) e de Índice de Saturação da Transferrina (IST)? Quais são os valores de referência?
CTLF (VR = 250-360) = massa total de sítios de transferrina (tanto os ligados quanto os não ligados ao ferro) → logo, é uma medida indireta da transferrina.
IST (VR = 30-40%) = percentual de sítios de transferrina ocupados por ferro.
Logo, parecem ser semelhantes mas não são. Nas doenças crônicas, pelo estado inflamatório, reduzirá a transferrina (proteína inflamatória negativa). Logo, a IST fica normal ou pode até subir, enquanto a CTLF reduz.
Na anemia ferropriva, há aumento na produção da transferrina com o objetivo de aumentar o transporte de ferro → logo, CTLF vai aumentar e IST reduzir.
Quais são os achados laboratoriais na anemia ferropriva?
Qual é a conduta?
A anemia ferropriva é microcítica e hipocrômica, caracterizada por:
- Ferritina e Fe sérico reduzidos (ambos < 30);
- CTLF aumentado (> 360), refletindo o aumento compensatório da transferrina;
- IST reduzido (< 10%), já que ocorre aumento da transferrina e redução do ferro disponível para ocupá-la.
A reposição é feita com 120-200mg/dia de ferro elementar nos adultos (para crianças: 3-5mg/kg/dia).
📌 Nos adultos, sobretudo > 50 anos, a anemia ferropriva é um sinal de alerta para sangramento do TGI, que devem ser investigados com colonoscopia!
Quais são as respostas esperadas após o início do tratamento de anemia ferropriva?
O primeiro evento observado é o aumento dos RETICULÓCITOS → INICIA por volta de 4 A 5 DIAS e atinge o PICO entre 7 A 10 dias de tratamento.
Depois, observamos o aumento da HEMOGLOBINA que COMEÇA por volta de 7 A 10 DIAS (junto com o pico dos reticulócitos) e NORMALIZA com 6 SEMANAS.
É importante lembrar que o tratamento deve ser mantido por 3 a 6 meses após a normalização.
📌 Essa análise temporal também é muito parecida no tratamento de anemia megaloblástica com reposição de B12.
Qual é a patogênese da anemia de doenças crônicas e como é feito o diagnóstico diferencial para a anemia ferropriva?
A anemia de doenças crônicas é fruto do estado pró-inflamatório no organismo, resultando em baixa biodisponibilidade de ferro.
Está relacionada à ELEVAÇÃO DA HEPCIDINA, uma substância que inibe a absorção intestinal de ferro por causar REDUÇÃO do transportador FERROPORTINA.
O FERRO sérico é DIMINUÍDO, mas, diferentemente da anemia ferropriva, a FERRITINA fica NORMAL OU AUMENTADA, e pode haver REDUÇÃO DA CTLF (já que a transferrina é uma proteína de fase aguda negativa).
Criança de 3 anos com história de anemia grave, crescimento inadequado e deformidades ósseas, com fáscies de esquilo. O baço é palpável na altura da cicatriz umbilical.
Exames: Hb = 4 / VCM = 62 / reticulócitos = 8% / GL = 1500 / Plaq = 80k / Corpúsculos de Howell-Jolly à microscopia óptica.
Qual é a HD ?
Temos uma criança com quadro de pancitopenia, incluindo anemia microcítica e hiperproliferativa. Associam-se deformidades ósseas.
O quadro é típico de BETA-TALASSEMIA MAIOR, uma hemoglobinopatia causada por mutação homozigota B0B0, que torna o indivíduo incapaz de produzir cadeias beta da globina.
Menino de 1 ano, nascido a termo, recebeu aleitamento materno exclusivo até 6 meses e está em uso de reposição profilática de ferro desde então. Apresenta anemia leve, com Hb = 10,1 / VCM = 68 / HCM = 22 / RDW = 12% / GL = 6.000 / Plaq = 300.000.
Qual é a principal hipótese diagnóstica e a sua patogênese?
Essa criança apresenta anemia leve, hipocrômica e muito MICROCÍTICA (VCM < 75). Note que o RDW É NORMAL e não há fatores de risco para deficiência de ferro, o que nos direciona para o diagnóstico de BETA-TALASSEMIA MENOR.
Trata-se de uma hemoglobinopatia hereditária, em que o paciente é heterozigoto para a mutação B0 ou B+ (traço talassêmico). Isso resulta em quadros de anemia leve e assintomática, sem tratamento específico.
Para diagnóstico diferencial da anemia ferropriva, poderíamos recorrer também à cinética de ferro, que é normal na beta-talassemia.
O que é esperado em uma eletroforese de hemoglobina de um paciente talassêmico?
Antes, devemos lembrar que uma hemoglobina normal possui 2 cadeias alfa e 2 beta, sendo chamada de hemoglobina A (ou também HbA1). Nas principais hemoglobinas encontradas em uma eletroforese normal, temos sempre 2 cadeias alfa combinadas com 2 cadeias diferentes:
- Hb A1 (é a normal) → 2 cadeias alfa + 2 cadeias BETA → (VR = 95 a 98%).
- Hb A2 → 2 cadeias alfa + 2 cadeias DELTA (VR = 2 a 3,5%).
- Hb F → 2 cadeias alfa + 2 cadeias GAMA (VR ≤ 2%).
Logo, todas as Hb acima possuem 2 cadeias alfa, mas que só são complementadas pelas cadeias beta na HbA1. Como as talassemias trazem no nome a cadeia que não produzem adequadamente, conseguimos imaginar o que acontecerá com a eletroforese em cada uma delas:
- BETA-talassemia não produz direito cadeias beta → reduz HbA1 (a única que envolve cadeia beta) e aumenta HbA2 e HbF.
- ALFA-talassemia não produz direito a cadeia alfa → ocorrerá prejuízo nas HbA1, HbA2 e HbF → uma coisa que pode ocorrer são 4 cadeias beta se juntarem e formarem a hemoglobina Bart (HbH). Mas, na alfa-talassemia minor, a eletroforese também pode ser normal.
📌 A alfa-talassemia é mais rara.
Lactente de 18 meses, sabidamente portador de drepanocitose, levado ao PA por dispneia, taquicardia e febre de 38,5. Ao exame, SatO2 = 89% com crepitações nas bases dos hemitórax bilateralmente. RX demonstrando pequena condensação pulmonar em ambas as bases.
Qual é o diagnóstico e conduta?
SÍNDROME TORÁCICA AGUDA, que habitualmente é desencadeada por uma infecção respiratória. Seus critérios diagnósticos são → NOVO INFILTRADO pulmonar + UM DOS SEGUINTES:
- Febre;
- Tosse;
- Dor torácica;
- Expectoração purulenta;
- Dispneia; ou
- Hipoxemia.
O tratamento envolve INTERNAÇÃO, hidratação (com cuidado para não hiper-hidratar), O2 se Sat < 92% e analgesia. O ATB na STA deve cobrir bactérias “típicas” e “atípicas”. Logo, as principais opções são:
- Quinolona respiratória em monoterapia (ex: levofloxacino);
- BETALACTÂMICO + MACROLÍDEO.
📌 Faz-se ATB em caso de febre > 38.5ºC, hipotensão, Hb < 5 ou leucopenia < 3 mil. É necessário cobrir as bactérias encapsuladas, que são as principais causadoras de sepse nos pacientes com hipoesplenismo.
A TRANSFUSÃO DE TROCA PARCIAL (visando Hb = 10 g/dl, Ht = 30% e HbS < 30%) está indicada em caso de DESCONFORTO RESPIRATÓRIO INTENSO E/OU HIPOXEMIA REFRATÁRIA à oxigenioterapia (pO2 < 70 mmHg).
Posteriormente, para prevenção secundária, introduz-se HIDROXIUREIA.
Lactente de 15 meses com anemia falciforme é levado ao PA devido à palidez importante, sonolência e dor abdominal. Ao exame: taquicárdico, baço palpável a 5 cm do rebordo costal; Hb = 4,5
Qual é a principal HD e a conduta?
CRISE DE SEQUESTRO ESPLÊNICO é a principal hipótese para esse paciente → falcêmico, com < 2 ANOS, agudização da anemia e esplenomegalia. Ocorre devido a acúmulo intraesplênico de grandes volumes de sangue.
O tratamento consiste em TRANSFUSÃO sanguínea e correção da hipovolemia. Indica-se ESPLENECTOMIA cirúrgica para prevenção de recorrência e profilaxia para germes encapsulados com PENICILINA V ORAL, no mínimo até os 5 ANOS de idade → cuidado com PEGADINHAS de prova, pois é penicilina V oral e não penicilina benzatina!
📌 O principal diagnóstico diferencial é a crise aplásica, desencadeada por uma infecção do Parvovírus B19. Nesse caso, entretanto, ocorre reticulopenia.
OBS: vale lembrar que a principal causa de morte nas crianças falcêmicas é a infecção por germes encapsulados. O pneumococo costuma ser a principal bactéria envolvida nas infecções, mas a Salmonella predomina na osteomielite.
📌 Nos adultos, a principal causa de morte é a STA.
Homem, 24a, com dor intensa em flanco D há 4h e muita falta de ar. HP: anemia falciforme em uso de hidroxiureia desde os 12 anos de idade.
Exame físico: Ictérico +++/4+, 36ºC, 97bpm, dor à palpação de hipocôndrio direito, DB negativa, fígado a 9 cm do RCD, doloroso à palpação.
Hb=5, VCM= 78, reticulócitos = 25%, GL = 15k (65% segmentados, 10% bastão), Plq = 350k, AST= 48, ALT= 61, fosfatase alcalina= 229, GGT= 160, BbD = 7, BbI = 1.
O DIAGNÓSTICO É:
Quadro raro, mas fisiopatologicamente semelhante ao sequestro esplênico… estamos diante de um SEQUESTRO HEPÁTICO → o sangue fica represado nos sinusoides hepáticos devido à vaso-oclusão.
📌 Um diagnóstico diferencial é a colestase intra-hepática, que poderia ocorrer devido à necrose dos hepatócitos devido à crise falcêmica local. Porém, cursaria com um aumento intenso de transaminases.
📌 Outro diagnóstico diferencial é a trombose de veia porta, que se manifesta como dor abdominal leve e febre, a qual o paciente não apresenta. Além disso, não teria hepatomegalia deste tamanho (afinal, o fluxo estaria obstruído a nível pré-hepático).