Nefrologia Flashcards
Quais são os distúrbios hidroeletrolíticos mais frequentes em paciente com vômitos persistentes?
Pacientes com vômitos perdem secreção gástrica rica em HCl, e além disso encontram-se desidratados, com ativação compensatória do SRAA.
Com isso a tendência é que se instale ALCALOSE METABÓLICA HIPOCLORÊMICA e HIPOCALÊMICA.
Paciente com gasometria mostrando: pH = 7,32 / pCO2 = 59 / BIC = 32.
Qual é o diagnóstico do distúrbio hidroeletrolítico? Cite uma condição clínica que poderia causar esse quadro.
Este paciente apresenta pH baixo com pCO2 muito elevado: trata-se, portanto, de ACIDOSE RESPIRATÓRIA. O BIC também está elevado, sinalizando um distúrbio CRÔNICO, em que já ocorreu uma atuação compensatória dos rins.
Esse quadro é compatível, portanto, com um paciente que apresente hipoventilação crônica. O exemplo clássico é o DPOC.
Homem sem comorbidades submetido à RTU de próstata. Dezoito horas após a cirurgia, apresentou crise convulsiva tônico-clônica generalizada.
Qual distúrbio hidroeletrolítico foi o provável responsável e qual deve ser o tratamento?
A RTU de próstata gera risco de HIPONATREMIA HIPOTÔNICA AGUDA, devido ao uso de soluções hipotônicas para irrigação do trato urinário do procedimento (que são amplamente absorvidas pela mucosa).
Na hiponatremia aguda grave (geralmente < 120) pode ocorrer ENCEFALOPATIA HIPOSMOLAR, que cursa com edema cerebral, causado pela translocação do excesso de água livre para o meio intracelular.
O tratamento nesses casos envolve SALINA HIPERTÔNICA (3%), visando a elevar a natremia em 3 mEq/L a cada 3h (com limite de 12 mEq/L/dia).
Menino de 3 anos com crise de asma grave, internado, recebendo oxigenioterapia e nebulização com droga beta-2-agonista a cada 2 horas. No segundo dia de internação, evoluiu com vômitos, distensão abdominal e diminuição dos ruídos hidroaéreos.
Qual é o DHE provavelmente associado e o tratamento?
Beta-2 agonistas predispõem a HIPOCALEMIA, por promoverem o influxo de K para o meio intracelular.
A criança evoluiu com quadro de íleo adinâmico, que é um dos sinais possíveis nos distúrbios de potássio, além de fraqueza muscular, câimbras e arritmias.
O tratamento nos casos agudos e graves deve ser feito com solução salina a 0,45% + KCL para reposição de potássio.
📌 Insulina e bicarbonato também predispõe ao influxo de K para o meio intracelular.
Paciente de 65 anos de idade com diagnóstico recente de carcinoma pulmonar do tipo pequenas células apresentou Na = 125 nos exames de acompanhamento. Ao exame físico está euvolêmica. Nega mudanças nos hábitos alimentares ou ingestão hídrica.
Qual é a hipótese mais provável e a conduta?
EUVOLEMIA com HIPONATREMIA deve levantar a hipótese de SIADH - síndrome da secreção inapropriada de ADH.
É uma síndrome paraneoplásica tipicamente associada ao CARCINOMA DE PULMÃO DE PEQUENAS CÉLULAS. Também ocorre em pneumonia por LEGIONELLA, DOENÇAS DO SNC, ROT e com o uso de algumas medicações psiquátricas (ex: CARBAMAZEPINA).
Cursa com natriurese (sódio urinário > 40), hiponatremia e normovolemia hiposmolar. Outro achado não muito bem elucidado é a hipouricemia.
O tratamento dos quadros crônicos e assintomáticos é feito com o uso de furosemida.
📌 O câncer pulmonar de pequenas células se associa a diversas síndromes paraneoplásicas → SIADH, Cushing e síndrome miastênica de Eaton Lambert.
Qual distúrbio ácido-base é esperado em crises de asma?
Em crises de asma leves-moderadas o distúrbio hidroeletrolítico mais associado é a ALCALOSE RESPIRATÓRIA, devido à hiperventilação.
Entretanto, em casos mais graves associados à fadiga da musculatura respiratória, o paciente pode evoluir com acidose mista, devido à deficiência nas trocas gasosas e hipoxemia.
Quais são os achados eletrocardiográficos esperados na HIPERCALEMIA?
- 1º sinal = ONDA T APICULADA e ENCURTAMENTO de iQT;
- Alargamento do QRS;
- Desaparecimento da onda P.
📌 Em caso hipercalemia grave (K > 6,5) ou com alterações ao ECG, a conduta imediata é a administração de GLUCONATO DE CÁLCIO para para cardioproteção (não interfere nos níveis de K).
Quais são os achados eletrocardiográficos esperados na HIPOCALEMIA?
- APICULAMENTO da ONDA P;
- Achatamento da onda T e do segmento ST (pode haver infra);
- Surgimento de ONDA U (ocorre após a onda T da repolarização ventricular. Acredita-se que representam a repolarização das fibras de Purkinje).
📌 Geralmente, é menos grave do que a hipercalemia, mas pode precipitar TORSADES DES POINTES, devido ao prolongamento do iQT (“hiporsades”).
Qual é o pCO2 esperado para os distúrbios metabólicos?
ACIDOSE METABÓLICA
- pCO2 esperado = 1,5xBIC + 8 (+/- 2).
ALCALOSE METABÓLICA
- pCO2 esperado = BIC + 15 (+/- 2).
Qual é o BIC esperado para os distúrbios respiratórios?
ACIDOSE RESPIRATÓRIA
- Aguda → BIC aumenta 1 a cada aumento de 10 no pCO2;
- Crônica → BIC aumenta 4 a cada aumento de 10 no pCO2.
ALCALOSE RESPIRATÓRIA
- Aguda → BIC reduz 2 a cada redução de 10 no pCO2;
- Crônica → BIC reduz 5 a cada redução de 10 no pCO2.
Sempre consideramos a faixa de variação de +/- 2.
📌 Para diferenciar distúrbios respiratórios agudos e crônico, observamos o BE e o pH:
- Agudo = BE normal + pH muito alterado;
- Crônico = BE alterado + pH perto do normal;
- Crônico-agudizado = BE alterado + pH alterado.
Idoso com astenia e perda ponderal nos últimos 3 meses. Queixava-se de dores lombares e em MMII. Esteve internado há 3 semanas por desorientação e desidratação. Ao exame físico, as alterações eram: descorado 2+/4+, desidratado 1+/4+, taquipneico (26irpm).
Exames complementares: anemia normo-normo, GL = 4500, Na = 133, K = 3,4, Cl = 105, Ca = 11, glicemia = 91, Cr = 2,8, pH = 7,30, pCO₂ = 14, HCO₃ = 4.
Qual distúrbio ácido-básico está presente?
Diante de um pH < 7,35 e de um BIC < 22, chegamos à conclusão de que temos uma acidose metabólica. Com este diagnóstico, o passo seguinte é calcular o ânion-gap (Na - Cl - HCO₃) = 24 (VR = 8 a 12). Logo, estamos diante de uma ACIDOSE METABÓLICA COM AG AUMENTADO.
Agora que entra o conceito a ser aplicado para as questões difíceis: quando temos este diagnóstico, o próximo passo é calcular o DELTA AG / DELTA HCO₃ (sendo ∆AG = 10 - AG; e ∆BIC = 24 - BIC). No caso, a relação é 14 / 20 = 0,7. Mas quais são as implicações dessa relação?
- ∆AG/∆BIC entre 1 e 2 → acidose metabólica com AG aumentado pura.
- ∆AG/∆BIC < 1 → acidose metabólica hiperclorêmica associada (a variação do BIC foi muito grande para a variação do AG). Ex: cetoacidose + diarreia.
- ∆AG/∆BIC > 2 → alcalose metabólica associada (o BIC não variou tanto, ou seja, algo o impediu de abaixar muito). Ex: acidose lática + vômitos.
Voltando ao paciente, ele tem então 2 distúrbios: acidose metabólica com AG aumentado + acidose metabólica hiperclorêmica, que são possivelmente explicados, respectivamente, por IRA + ATR II.
📌 O mieloma múltiplo pode causar tanto IRA quanto ATR II.
📌 A resposta respiratória está adequada, pois o pCO2 está de 14 sendo que o esperado seria de 12 a 16.
DICA: para saber o que vem antes na relação, lembre-se que estamos investigando distúrbios ácido-básicos (“AB”) → o A vem antes do B → AG antes de BIC.
Como são divididas as causas de hiponatremia?
1) Hiponatremias hipotônicas:
- Hipovolêmicas → há redução no sódio corporal → perdas renais (ex: nefropatia perdedora de sal, hipoaldosteronismo, diuréticos e ATRs → Na(ur) > 20) e extrarrenais (Na(ur) < 20);
- Normovolêmicas → não há alteração no sódio corporal → ex: SIADH;
- Hipervolêmica → há aumento do sódio corporal → ex: IC, síndrome nefrótica, cirrose (estas com Na(ur) < 20), e IRA/DRC (esta com Na(ur) > 20).
2) Hiponatremia não-hipotônicas → ex: síndromes hiperglicêmicas ou uso de manitol (ambos aumentam a osmolaridade sanguínea, atraindo água de maneira a diluir o sódio).
📌 Também existe a “pseudo-hiponatremia” → erro de leitura diante de quadro de hiperlipidemia ou de hiperproteinemia (ex: mieloma múltiplo).
Quais são as principais causas de diabetes insipidus?
Diabetes insipidus CENTRAL:
- Há redução da produção de ADH;
- Causas → DOENÇAS E TRAUMAS NO SNC, ingestão aguda de ETANOL;
- Teste da restrição hídrica → aumento > 50% na osmolaridade urinária + ADH continua reduzido;
- Tratamento → soroterapia, dDAVP intranasal.
Diabetes insipidus PERIFÉRICO (nefrogênico):
- Redução da sensibilidade renal ao ADH;
- Causas → sais de LÍTIO, HIPERCALCEMIA, HIPOCALEMIA grave;
- Teste da restrição hídrica → aumento < 50% na osmolaridade urinária + ADH aumenta;
- Tratamento → restrição de sal e proteínas, soroterapia, diuréticos tiazídicos, indometacina (esta última em casos refratários).
Através da fórmula de Adrogue-Madias, como podemos corrigir uma hiponatremia?
A fórmula de Adrogue-Madias calcula quanto vamos variar a natremia diante do uso de um litro de uma solução escolhida (“∆Na com 1L de solução”):
∆Na com 1L de solução = [ Na(sol) - Na(pl) ] / [ 1 + (kg x %H2O) ]
Sendo:
- “Na(sol)” = Na mEq/L na solução a ser infundida → NaCl3% = 513 e NaCl0,9% = 154;
- “Na(pl)” = natremia atual;
- “kg” = peso corporal (em kg);
- “%H2O” = percentual de água por peso corporal → homens = 0,6; idosos e mulheres = 0,5; idosas = 0,45.
- O número “1” da fórmula corresponde ao litro dado do soro.
📌 Que tal entender a fórmula ao invés de decorar? No numerador teremos a diferença de mEq/L de sódio na solução a ser infundida em relação à concentração no plasma. Já no denominador, temos a quantidade total em que esse sódio “extra” será diluído (somamos o 1L da solução com a quantidade de litros já existentes no corpo.
Exemplo → homem de 30 anos com 70 kg, natremia = 120mEq/L e com sintomas de hiponatremia (sendo que optamos pelo NaCl 3% devido à necessidade de correção rápida por conta da presença de sintomas):
∆Na com 1L de NaCl 3% = [ 513 - 120 ] / [ 1 + 42L ]
∆Na com 1L de NaCl 3% = [ 393 ] / [ 43L ]
∆Na com 1L de NaCl 3% = 9,14 mEq/L
Ou seja: cada litro de NaCl 3% utilizado elevará a natremia do paciente em aproximadamente 9mEq/L (de 120 para 129).
📌 Devido ao risco de mielinólise que pode ser gerado por uma correção abrupta da hiponatremia, devemos limitar a elevação em 1 a 2 mEq/L/hora nas primeiras 3 horas e um total de 10 mEq/L em 24 horas.
Sendo assim, ainda nesse exemplo, poderíamos infundir 330mL para elevar a natremia em 3mEq/L nas primeiras 3 horas (isso daria um aumento de 1mEq/L/hora) e o restante ao longo do dia.
Como fazemos a correção de uma hipernatremia?
Como a hipernatremia é uma expressão laboratorial de um déficit de água livre, calculamos:
Déficit de água livre (em L) = [ (Na(pl) - 140) x kg x %H2O ] / 140
Sendo:
- “Na(pl)” = natremia atual;
- “kg” = peso corporal (em kg);
- “%H2O” = percentual de água por peso corporal → homens = 0,6; idosos e mulheres = 0,5; idosas = 0,45.
📌 Que tal entender a fórmula ao invés de decorar? Com ela, descobrimos proporcionalmente quantos mEq/L de sódio nós temos a mais que o ideal (isso é feito pelo cálculo (Na(pl) - 140) / 140. Depois, multiplicamos esse valor pela água corporal total para sabermos quantos % de água também deveríamos ter para diluir o sódio atual para a quantidade normal, que é de 140mEq/L.
Exemplo: mulher de 40 anos, com 50kg, está com natremia de 155mEq/L.
Déficit de água livre (em L) = [ (155 - 140) x 50 x 0,5 ] / 140
Déficit de água livre (em L) = [ 15 x 25 ] / 140
Déficit de água livre = 2,67 L
Ou seja, devemos fornecer 2,67 litros de água livre para que a natremia dela desça de 155 para 140mEq/L. Porém, muito cuidado! Assim com na hiponatremia, não podemos variar o sódio em mais que 1 mEq/L/hora nas primeiras 3 horas ou em mais do que 10 mEq/L/dia.
📌 Na hipernatremia crônica, optamos pelo uso de água potável. Já nas agudas, podemos utilizar NaCl 0,45% ou SG 5% (sendo que em pacientes hipovolêmicos é interessante iniciar com SF0,9% até a estabilização hemodinâmica). Mas lembre-se que NaCl 0,45% não é água livre (nesses casos, precisamos fazer a fórmula de Adrogue).
📌 Diabetes insipidus central, podemos utilizar ainda dDAVP intranasal. Já no nefrogênico, restrição de sal e proteínas, tiazídicos e indometacina. Se for gerada por lítio, a amilorida é uma boa opção.
Mulher de 40 anos e 50kg apresenta hipenatremia sintomática, com Na = 155mEq/L. Através da fórmula de Adrogue, calcule a correção deste distúrbio, sendo que só temos disponível NaCl 0,45%.
Em outros flashcards, citamos a fórmula de Adrogue para a correção da hiponatremia e a fórmula de “déficit de água livre” para a correção da hipernatremia. Porém, a fórmula de Adrogue também pode ser usada na hipernatremia!
∆Na com 1L de solução = [ Na(sol) - Na(pl) ] / [ 1 + (kg x %H2O) ]
∆Na com 1L de NaCl 0,45% = [ 77 - 155 ] / [ 1 + 25 ]
∆Na com 1L de NaCl 0,45% = -78 / 26
∆Na com 1L de NaCl 0,45% = -3mEq/L.
Ou seja, cada litro de NaCl 0,45% reduzirá em 3 mEq/L a natremia. Como a nossa intenção é chegar a 140mEq/L, precisaremos de 5 litros de NaCl 0,45%.
📌 Mas lembre-se: pelo risco de edema cerebral, não podemos variar o sódio em mais que 1 mEq/L/hora nas primeiras 3 horas ou em mais do que 10 mEq/L/dia.
Quais são os cuidados que devemos ter ao corrigir uma hipocalemia?
Antes de entrar na reposição de potássio, devemos pensar em corrigir a causa de base (ex: diarréia, vômitos), suspender medicamentos implicados (ex: diuréticos) e cogitar associar espironolactona.
Sobre a reposição de potássio, devemos seguir alguns princípios e regras gerais:
- Preferir a via oral → via EV fica reservada para intolerância e perdas gastrointestinais ou hipocalemia grave (K < 3mEq/L);
- Concentração da solução → não exceder 60mEq/L em veia periférica ou 120mEq/L em profunda (devido ao risco de flebite);
- Velocidade de infusão → idealmente < 20mEq/h, nunca podendo ultrapassar 40mEq/h (devido ao risco de arritmias);
- Evitar reposição em solução glicosada → idealmente repor em NaCl 0,45%.
📌 Se após 48-72 horas de reposição adequada não houver melhora, possivelmente há uma hipomagnesemia concomitante.
📌 O sal a ser reposto é KCl. As únicas exceções são fosfato ácido de potássio em caso de hipofosfatemia e citrato de potássio ou bicarbonato de potássio em caso de ATR. Se essas últimas formulações forem usadas sem indicação, há riscos de piorar a hipoK (pois geram alcalose, favorecendo o shift para o intracelular).
Como é feito o tratamento da síndrome cerebral perdedora de sal?
Lembrando que esta síndrome entre no diagnóstico diferencial da SIADH, pois ambas geram hiponatremia e podem ser causadas por algum acometimento de SNC. A diferença principal é que a SIADH cursa com euvolemia e a síndrome cerebral perdedora de sal com hipovolemia (nesta veremos, por exemplo, hipotensão).
O tratamento da síndrome cerebral perdedora de sal é → reposição volêmica com SF 0,9% + aumento do aporte de sal na dieta + FLUDROCORTISONA.
📌 Lembrando que a SIADH é tratada com restrição hídrica + dieta hipersódica. Caso não melhorar, podemos usar furosemida oral. Se ainda assim persistir refratária, podemos utilizar dieta rica em ureia, bloqueadores do receptor de vasopressina (VAPTANOS) ou carbonato de lítio.
Para que serve e como é calculado o ânion-gap urinário?
O ânion-gap urinário, ou AG(ur), é aplicável no diagnóstico diferencial das ACIDOSES METABÓLICAS HIPERCLORÊMICAS. Decore:
- Fórmula → AG(ur) = [Na(ur) + K(ur)] - Cl(ur).
- VR = -12 a -8 (isso mesmo, o oposto do AG sanguíneo!).
Mas, como o interpretamos de maneira lógica? É simples: entenda que a EXCREÇÃO RENAL DE CLORO DEPENDE DA EXCREÇÃO RENAL DE H+ (ou seja, depende da acidez da urina). Assim, temos dois resultados possíveis:
- Quadros com URINA ALCALINA fazem o AG(ur) AUMENTAR (ou seja, se tornar mais positivo) devido a uma menor excreção de cloro → ex: acidose tubular renal.
- Por outro lado, quadros com URINA ÁCIDA fazem o AG(ur) DIMINUIR (ou seja, se tornar ainda mais negativo) → ex: perdas digestivas de bicarbonato.
📌 Logo, trata-se de uma ferramenta útil para identificar se a acidose metabólica hiperclorêmica está ocorrendo devido a perdas extrarrenais de bases (urina acidifica e o AG(ur) aumenta) ou por retenção renal de ácido (urina alcaliniza e o AG(ur) diminui).
Homem de 45 anos apresenta sonolência e desorientação há 48 horas. Queixava-se de astenia e tosse seca há 2 meses, associado à dificuldade para concentração.
HP: nega doenças no passado ou medicações.
Ao exame: REG, desidratado ++/4, FR = 28 irpm, FC = 90bpm, ausculta pulmonar sem anormalidades. Tem lesões papulares, placas avermelhadas e nódulos subcutâneos em membros. Linfonodos cervicais palpáveis bilateralmente.
Exames complementares: Na = 145, K = 3,9, Ht = 48%, GL = 5000, plq = 350mil, Ca = 13,5, Mg = 2,5, Cr = 1,7, Bb = 1,1. Radiografia de tórax com linfonodopatia peri-hilar.
Qual é a HD e a explicação para o DHE encontrado?
Diante de um quadro de acometimento crônico PULMONAR + LINFONODAL + DERMATOLÓGICO, devemos pensar em DOENÇAS GRANULOMATOSAS → ex: sarcoidose, tuberculose e coccidioidomicose → dentre essas, a que mais costuma ter manifestações cutâneas é a SARCOIDOSE.
As doenças granulomatosas geram HIPERCALCEMIA devido ao aumento da conversão de 25-OH-vit.D em 1,25-OH-vitD, que é a forma ativa da vitamina D (calcitriol), responsável pelo aumento da absorção intestinal de cálcio.
Trata-se, então, de um HIPOPARATIREOIDISMO SECUNDÁRIO (hipercalcemia PTH-independente), que cursa com CÁLCIO ALTO + PTH BAIXO, e, especificamente, 1,25-OH-VIT.D ALTA.
📌 Caso tivéssemos um laboratório semelhante mas com aumento de 25-OH-vit.D (colecalciferol, a forma inativa), estaríamos diante de um quadro de intoxicação por vitamina D (ex: suplementação dietética).
As manifestações geradas pela hipercalcemia podem ser → POLIÚRIA, desidratação, náuseas e vômitos, fadiga, ansiedade, depressão, anorexia, dor abdominal, constipação e alterações no nível de consciência.
Outras causas de hipercalcemia PTH-independente são: síndrome paraneoplásica (produz PTHrp → CEC PULMONAR), metástases osteolíticas (ex: CÂNCER DE MAMA), MIELOMA MÚLTIPLO, intoxicação por vit.D, tiazídicos, e aumento de 1,25OHvitD (LINFOMAS e doenças granulomatosas - ex: TUBERCULOSE).
📌 Devemos também desconfiar de CEC de pulmão em um paciente com acometimento pulmonar e hipercalcemia (pois essa neoplasia secreta PTHrp). Porém, a história clínica desse paciente não é tão compatível e ele não é tabagista. Lembrando que o PTHrp não é detectado como PTH nos exames (logo, o laboratório é de hipercalcemia + PTH baixo).
Como realizamos a correção da calcemia pela albuminemia?
O cálcio total plasmático circula em duas formas principais:
- 40 a 50% ligada à albumina (forma inativa);
- 50 a 60% na forma LIVRE IONIZADA.
A fração LIVRE IONIZADA é a forma FISIOLOGICAMENTE ATIVA, sendo aquela regulada pelo PTH e pelo calcitriol. Ela está embutida dentro do cálculo do cálcio total, que pode ser alterado diante de mudanças da albumina.
Ou seja, apesar de frequentemente o dosarmos, pouco importa para nós o cálcio total. Porém, caso medirmos ele diante de um quadro de hipoalbuminemia, teremos a falsa sensação de que temos uma hipocalcemia → na verdade, o que aconteceu foi apenas uma redução da fração não-ionizada que fica ligada à albumina, sendo que isso não traz repercussões fisiológicas.
Sendo assim, temos que corrigir o CÁLCIO TOTAL diante de ALTERAÇÕES DA ALBUMINA:
Cálcio total corrigido = mensurado + 0,8x(4-albumina).
Ou seja: como a cada queda de 1 de albumina o cálcio total cai 0,8, devemos acrescentar 0,8 no cálcio total para cada 1 de albumina que cair abaixo de 4 pra chegar no valor real do cálcio (corrigido). Caso já tivermos a dosagem do cálcio ionizado, nem precisamos preocupar com essa correção.
📌 VR, aproximadamente:
- Cálcio total (lembrar de corrigir) = 8,5 a 10,5 mg/dL;
- Cálcio ionizado (livre) = 4,5 a 5,5 mg/dL.
Como calculamos a osmolaridade plasmática efetiva?
2*Na + glicose/18
Após trauma automobilístico, paciente recebeu 18 unidades de concentrado de hemácias, plasma fresco congelado e concentrado de plaquetas. Após laparotomia diagnóstica, encontra-se estável hemodinamicamente, hidratado e com 36,5ºC. Porém, ainda sangra bastante.
Qual é a causa mais provável de sua coagulopatia persistente?
Diante de uma TRANSFUSÃO MACIÇA (≥ 4 CH em 1 hora ou ≥ 10 ao todo) devemos ter atenção redobrada em relação à calcemia. A razão para isso é que os concentrados de hemácias (CH) contém CITRATO como anticoagulante, sendo que ele é QUELA O CÁLCIO. Com isso, temos uma COAGULOPATIA persistente por QUEDA DO CÁLCIO IÔNICO (que é a forma ativa do cálcio).
Outras causas de coagulopatia persistente diante de transfusão maciça são hemodiluição, hipotermia e deficiência de fatores de coagulação. Porém, no caso descrito, não suspeitamos dessas.
📌 O citrato é uma base e também pode causar ALCALOSE METABÓLICA extrarrenal não responsiva a cloreto (ou seja, que não tem vínculo fisiopatológico básico com perda de cloreto).
OBS: alcalose pode precipitar sintomas de hipocalcemia e acidose protege o paciente dos sintomas da hipocalcemia → logo, não podemos fazer BIC em nenhum paciente com hipocalcemia real (redução do Ca ionizado) sem antes corrigir os níveis deste íon.
Julgue o item a seguir como V ou F:
“Pacientes com hipernatremia têm risco elevado de apresentar acidente vascular cerebral.”
VERDADEIRO!
O aumento da osmolaridade sanguínea provocado pela hipernatremia pode promover um “alargamento” do conteúdo intravascular, que pode levar a hemorragias cerebrais por ruptura de vascular.
Com esse conceito, inclusive, podemos diferenciar tipos de desidratação:
Desidratação HIPERTÔNICA:
- Volume migra para dentro dos vasos sanguíneos;
- Sinais fracos de desidratação extracelular → hipotensão é tardia e há pouca alteração em turgor, elasticidade e fontanelas;
- Sinais fortes de DESIDRATAÇÃO INTRACELULAR → excesso de SEDE, MUCOSAS MUITO SECAS, pele quente e seca, febre e irritabilidade, podendo evoluir até para ALTERAÇÕES NEUROLÓGICAS.
Desidratação HIPOTÔNICA:
- Volume migra para dentro das células;
- Sinais fortes de DESIDRATAÇÃO EXTRACELULAR → HIPOTENSÃO precoce (logo, é o tipo MAIS GRAVE), FONTANELA muito deprimida, ENOFTALMIA acentuada, TURGOR e ELASTICIDADE muito reduzidos;
- Sinais fracos de desidratação intracelular → mucosas podem estar úmidas e a diurese presente;
- Em quadro grave pode evoluir com EDEMA CEREBRAL, convulsões e coma.
📌 Apesar de essa divisão existir, a desidratação ISOTÔNICA É A MAIS COMUM.
Como estão o sódio urinário e osmolaridade urinária na hiponatremia euvolêmica?
Se o ADH está elevado, sairá pouca água na urina, causando uma OSMOLARIDADE URINÁRIA ALTA (> 100).
OBS: numa hiponatremia com ADH baixo e osmolaridade urinária baixa, provavelmente a causa é de consumo externo excessivo de água livre.
A pergunta seguinte é: esse ADH está alto patologicamente (SIADH) ou pois o corpo realmente quer reter volume (diante de um quadro de hipoperfusão renal real ou relativa)?
- Se o corpo realmente quiser reter volume, a aldosterona também está agindo, levando a um sódio urinário baixo (< 30).
- Se for SIADH, a aldosterona estará inibida, levando a um sódio urinário alto (> 40).
Agora indp à resposta levando como protótipo a SIADH → logo, teremos muito ADH reabsorvendo água livre, e consequentemente:
- Sódio urinário elevado (> 40 mEq/L);
- Osmolaridade urinária inapropriadamente elevada (> 100 mOsm/L).
Ureterossigmoidostomia causa qual alteração no equilíbrio ácido-base?
Ureterossigmoidostomia → urina passa a ser eliminada pelo sigmoide → no cólon, ela causa absorção de cloreto em troca de eliminação de bicarbonato → logo, gera ACIDOSE METABÓLICA.
Julgue como V ou F:
“A utilização de bicarbonato de sódio para alcalinizar a urina pode ser acompanhada de hipercalcemia”
FALSO!
ALCALOSE predispõe a HIPOCALCEMIA e ACIDOSE a HIPERCALCEMIA.
Dica: assim como acontece com o iQT, o cálcio vai ao contrário do pH.
Na ausência de contraindicações, qual das seguintes opções é a mais efetiva para redução dos níveis séricos de K?
- Poliestireno sulfonato de sódio;
- Salbutamol;
- Bicarbonato de sódio;
- Insulina regular;
- Gluconato de cálcio.
Uso de GLICOINSULINA é o jeito mais rápido e eficaz de reduzir a calemia.
Causa mais comum de acidose metabólica com AG aumentado
Acidose LÁTICA.
É gerada pelo L-lactato, em dois tipos fisiopatológicos diferentes:
- Acidose lática TIPO A está vinculada à HIPÓXIA CELULAR (estimula a respiração anaeróbia) → pode ser causada por ISQUEMIA, sepse, intoxicação por CIANETO (que pode ser derivado do nitroprussiato), intoxicação por MONÓXIDO de carbono, isquemia mesentérica.
- Acidose lática TIPO B não está vinculada à hipóxia, podendo ser causada por outras situações, como RABDOMIÓLISE, grande mal epiléptico, uso de METFORMINA, infecção pelo HIV, insuficiência HEPÁTICA e neoplasias malignas.
📌 Também existe a acidose D-lática, muito menos frequente, causada no contexto de síndrome do intestino curto.
GOLDMARK
É a dica para lembrar das causas de acidose metabólica com AG aumentado:
- G → Glicóis (etileno e propilenoglicol);
- O → Oxoprolina (relacionada ao paracetamol);
- L → L-lactato (acidose lática);
- D → D-ácido lático (acidose d-lática, relacionada à síndrome do intestino curto);
- M → Metanol e etanol;
- A → AAS e salicilatos;
- R → Renal failure;
- K → Ketoacidosis.
📌 Lembre-se de que o cálculo do AG utiliza o sódio NÃO corrigido pela glicemia!
O que é a Síndrome de Gitelman?
Quais são os achados laboratoriais esperados nos exames desses pacientes?
A síndrome de GITELMAN consiste em uma doença autossômica recessiva em que há falha no cotransportador de Na-Cl no TÚBULO CONTORCIDO DISTAL. O quadro é o mesmo de uma intoxicação por TIAZÍDICOS.
📌 Lembre-se, primeiramente, que o TCD reabsorve sódio OU cálcio.
Nesse caso, a incapacidade em reabsorver Na promove aumento da reaborção de Ca e HIPOCALCIÚRIA.
Além disso, o aporte excessivo de NaCl à mácula densa, tornando o filtrado hiperosmolar, ativa o SRAA. A aldosterona irá atuar no túbulo coletor na tentativa de tentar reabsorver o excesso de sódio, gerando HIPOCALEMIA e ALCALOSE METABÓLICA, que se associam também a HIPOMAGNESEMIA.
O que é a Síndrome de Bartter?
Quais são os achados laboratoriais esperados nos exames desses pacientes?
A síndrome de BARTTER consiste em uma doença autossômica recessiva em que há falha no cotransportador de Na-K-2Cl na ALÇA DE HENLE. O quadro é o mesmo de uma intoxicação por FUROSEMIDA.
📌 A porção ascendente da alça de Henle é impermeável à água, e a reabsorção isolada de solutos nesta porção permite concentrar o interstício medular. Isto, por sua vez, é o que permite a atuação do ADH no túbulo coletor: abre canais de aquaporina e, por diferença osmótica, ocorre reabsorção de água livre.
Deste modo, o prejuízo do carreador Na-K-2Cl gera excreção aumentada de NaCl na urina e, além disso, impede indiretamente a ação do ADH. O resultado disso é a ocorrência de POLIÚRIA e HIPOVOLEMIA.
Além disso, o filtrado chegará à mácula densa hiperosmolar, causando ativação do SRAA → HIPOCALEMIA e ALCALOSE METABÓLICA.
Também no TCD, o aporte excessivo de Na irá prejudicar a reabsorção de Ca, causando HIPERCALCIÚRIA e HIPOCALCEMIA.
📌 Lembre-se que o TCD reabsorve Na ou Ca.
Como podemos fazer o diagnóstico diferencial da síndrome de Bartter vs. de Gitelman?
Ambas apresentam ALCALOSE METABÓLICA e HIPOCALEMIA. Porém, alguns achados podem nos ajudar no diagnóstico diferencial:
Síndrome de BARTTER:
- Ocorre mais em MENORES DE SEIS ANOS;
- Cursa com inibição do carreador Na-K-2Cl na alça de Henle, vide furosemida;
- Assim como a furosemida, terá HIPERCALCIÚRIA e HIPOCALCEMIA;
- Apresenta também grande falha na concentração urinária, cursando com polidipsia e poliúria.
Síndrome de GITELMAN:
- Ocorre mais em MAIORES DE SEIS ANOS;
- Cursa com inibição do carreador Na-Cl no TCD, vide tiazídicos;
- Assim como os tiazídicos, terá HIPOCALCIÚRIA (mas não é suficiente para gerar hipercalcemia).
- Apresenta também HIPERMAGNESIÚRIA e HIPOMAGNESEMIA.
Como estará o calemia e o equilíbrio ácido-básico nas seguintes tubulopatias?
- ATR I;
- ATR II;
- Bartter;
- Gitelman;
- ATR IV;
- Liddle.
1) ACIDOSE TUBULAR RENAL I (ATR I):
- Não secreta H+ no néfron distal;
- ACIDOSE metabólica hiperclorêmica e HIPOCALEMIA.
2) ACIDOSE TUBULAR RENAL II (ATR II):
- Não reabsorve NaHCO3 proximal → vide ACETAZOLAMIDA;
- Assim como na ATR I → ACIDOSE metabólica hiperclorêmica e HIPOCALEMIA.
3) SÍNDROME DE BARTTER:
- Inibição do carreador Na-K-2Cl na alça de Henle → vide FUROSEMIDA;
- ALCALOSE metabólica + HIPOCALEMIA.
4) SÍNDROME DE GITELMAN:
- Inibição do carreador Na-Cl no TCD → vide TIAZÍDICOS;
- ALCALOSE metabólica + HIPOCALEMIA.
5) ACIDOSE TUBULAR RENAL IV (ATR IV):
- HIPOALDOSTERONISMO → hiporreninêmico ou pseudo-hipoaldosteronismo por resistência tubular intrínseca → vide ESPIRONOLACTONA;
- ACIDOSE metabólica hiperclorêmica + HIPERCALEMIA.
6) SÍNDROME DE LIDDLE:
- Pseudo-HIPERALDOSTERONISMO por excesso de resposta do néfron à aldosterona → efeito vide ALDOSTERONA;
- ALCALOSE metabólica + HIPOCALEMIA + HAS.
📌 Dicas:
- As “SÍNDROMES” cursam com ALCALOSE;
- A única que cursa com HIPERCALEMIA é a ATR IV.
Paciente de 50 anos, do sexo feminino, foi internada com quadro de anorexia, náuseas, vômitos, fraqueza muscular, poliúria e polidipsia. Durante a investigação, evidenciou-se: glicosúria a despeito de glicemia normal, aminoacidúria, bicarbonatúria com acidose metabólica, hiperfosfatúria, hiperuricosúria e hipocalemia.
Qual é o diagnóstico? Quais etiologias pode se associar a essa síndrome?
Essa paciente apresenta falha generalizada nas funções de reabsorção do TÚBULO CONTORCIDO PROXIMAL → glicose, fosfato, bicarbonato e ácido úrico.
A fosfatúria é responsável por boa parte das manifestações clínicas, devido às alterações no metabolismo do cálcio e fósforo. Por isso, pode cursar com osteomalácia, fraqueza muscular, náuseas e vômitos (como queixou a paciente).
A perda de bicarbonato configura a ACIDOSE TUBULAR RENAL do TIPO 2 (proximal), enquando o aporte excessivo de BIC ao TCD promove perda de K, explicando a HIPOCALEMIA.
O nome dado a essa “falha generalizada” do TCP é SÍNDROME DE FANCONI. A causa mais comum em adultos é o MIELOMA MÚLTIPLO, mas também pode se associar a amiloidose, saturnismo e doença de Wilson.
Dentre a ATR I e a ATR II, qual tende a ficar com urina alcalina? E com ácida?
Ao longo do tempo, a URINA na ATR II passará a ficar ÁCIDA, enquanto na ATR I continuará BÁSICA!
Dica: pense que na ATR II o bicarbonato na urina vai navegar até o néfron distal e encontrar o H+ secretado, deixando a urina menos alcalina (ou seja, mais ácida). Já na ATR I, o bicarbonato que já naturalmente navega na urina vindo do tubulo proximal não vai encontrar H+ direito para a contrapor no túbulo distal, fazendo com que a urina continue básica.
📌 Essa é uma boa dica para diferenciar questões que envolvem quadros clínicos com diagnóstico diferencial entre ATR I e ATR II. Outras dicas são:
- Falou em síndrome de Fanconi ou em mieloma múltiplo? Pensar em ATR II;
- Falou em síndrome de Sjogren? Pensar em ATR I.
Criança de 9 anos apresenta edema de face e de membros inferiores há 1 dia, associado à urina mais escura e de menor volume. Apresentou quadro de faringite há 2 semanas, tratada com amoxicilina. Apresentava PA = 160x100.
Os exames laboratoriais mostravam Cr = 2.5, hematúria dismórfica, ASLO = 750 e C3 diminuído.
Qual é o diagnóstico e o tratamento indicado?
Esse paciente possui um quadro de síndrome NEFRÍTICA → oligúria, edema, HAS e hematúria dismórfica.
O quadro se iniciou 2 semanas após uma faringite, nos direcionando para o diagnóstico da etiologia mais COMUM de síndrome nefrítica, a GLOMERULONEFRITE PÓS-ESTREPTOCÓCCICA (GNPE).
Essa hipótese foi confirmada pelos exames laboratoriais → a ASLO positiva (> 500) comprova a infecção recente por S. pyogenes e a HIPOCOMPLEMENTEMIA (só de C3) é importante para excluir outras causas.
O tratamento é basicamente suportivo/sintomático, já que o quadro é geralmente autolimitado → RESTRIÇÃO HIDROSSALINA e FUROSEMIDA.
📌 Utiliza-se ATB para prevenir a transmissibilidade, mas eles NÃO influenciam a história natural da doença.
Quais são as indicações de biópsia na glomerulonefrite pós-estreptocóccica (GNPE) e quais são os achados esperados à histopatologia?
Biópsia na GNPE só é necessária para os quadros de evolução atípica ou agressiva, para diagnóstico diferencial:
- Oligúria > 7 dias;
- Complemento NORMAL ou persistentemente diminuído (> 8 SEMANAS);
- PROTEINÚRIA NEFRÓTICA;
- Evidências de doença sistêmica ou de GNRP;
- AUSÊNCIA de evidências laboratoriais de infecção estreptocócica (ASLO e anti-DNAse B negativos).
Os achados esperados são:
- MO: glomerulonefrite proliferativa difusa;
- Corcovas (HUMPS) à microscopia eletrônica, que são patognomônicas;
- Imunofluorescência direta com padrão de CÉU ESTRELADO ou EM GUIRLANDA.
Na suspeita de GNPE, qual exame pode confirmar piodermite prévia por estreptococcus?
Nas infecções estreptocócicas da pele, o exame laboratorial mais sensível é a dosagem do anticorpo anti-DNase B.