IRC Flashcards
Como se define IRC?
Existe Doença Renal Crônica (DRC) quando há “dano renal” (geralmente detectado pela presença de albuminúria ≥ 30 mg/dia, ou alterações equivalentes) e/ou “perda de função renal” (definida como uma taxa de filtração glomerular < 60 ml/min/1.73 m2), por um período maior ou igual a três meses.
Este pré-requisito temporal é importante para diferenciar entre DRC e IRA…
Qual a diferença na fisiopatologia da IRC e DRC?
Fisiopatologia DRC
De um modo geral, as causas de doença renal crônica são processos patológicos lentamente progressivos. Ao contrário do que se observa na maioria dos casos de IRA, na DRC não ocorre regeneração do parênquima renal, e por isso a perda de néfrons, por definição, é irreversível.
Em que dois exemplos clássicos se pode verificar DRC de instalação aguda?
Às vezes, no entanto, a doença renal crônica pode se instalar de forma aguda, tal como acontece em dois exemplos clássicos – necrose cortical aguda e glomerulonefrite rapidamente progressiva. Nestas entidades, a capacidade de regeneração do parênquima renal pode ser abolida, e o paciente “se torna agudamente um nefropata crônico” (pois previsivelmente continuará em insuficiência renal após três meses)…
Qual a definição de DRFT?
Quais as alterações histológicas dos rins nessa fase?
Todas as nefropatias crônicas, após um período variável (geralmente entre 3 a 20 anos), podem evoluir para a chamada Doença Renal em Fase Terminal (DRFT), em que se observam níveis residuais de TFG (< 15% do normal).
Neste momento, a histopatologia renal perde as características específicas da nefropatia inicial, apresentando uma alteração universal: fibrose glomerular e intersticial, aliada à atrofia dos túbulos (ou seja, “perda total” dos néfrons).
Como é feita a classificação e diferenciação em diversos estadios de DRC?
Como você pode perceber, além da taxa de filtração glomerular, valoriza-se também o grau de albuminúria, uma vez que este parâmetro é capaz de predizer o prognóstico independentemente da TFG…
Assim, a classificação final será composta pela combinação dos estágios “G” +
“A”, devendo-se acrescentar a letra “D” se o paciente estiver em diálise
Quais as 2 principais etiologias de DRC em até 70% dos casos?
Diabetes Mellitus e Hipertensão Arterial
Existem meios de prevenir ou retardar a instalação
da DRFT?
Sim!!! O segredo está no diagnóstico e intervenção precoces… Uma albuminúria ≥ 30 mg/24h, quando persistente, sinaliza os pacientes com maior risco de evoluir para DRC progressiva e rins em fase terminal, independentemente da etiologia. Na realidade, quanto maior for o nível de proteinúria, mais rápida será a queda anual na taxa de filtração glomerular.
Fisiopatologia da DRC4
3 fases
À medida que a perda de néfrons progride, os néfrons remanescentes vão sendo “sobrecarregados”, isto é, eles tentam excretar – além de sua carga básica de solutos os solutos que os néfrons perdidos excretariam, um processo conhecido como Hiperfiltração Adaptativa
Entretanto, a própria hiperfiltração adaptativa acaba induzindo lesão glomerular, inicialmente pelo processo de glomeruloesclerose segmentar focal (justificando a proteinúria crescente), que com o tempo evolui para glomeruloesclerose global difusa, acompanhada de fibrose e atrofia de todo o néfron (justificando a DRFT)…
Assim, após certo grau de injúria renal já ter se estabelecido (com perda de grande número de néfrons), mesmo que a doença inicialmente responsável pela lesão seja controlada ou eliminada, a própria DRC entrará numa fase de autoperpetuação, um ciclo vicioso!!!
Qual o objectivos do uso de IECAs e ARAs na DRC?
O uso de Inibidores da ECA ou Bloqueadores do Receptor de Angiotensina II produz uma redução no grau de proteinúria bem acima do esperado somente pela queda dos níveis tensionais (fato relacionado à dilatação da arteríola eferente e redução da hipertensão intraglomerular)!
Estudos sugerem que, além de reduzir a hiperfiltração e a proteinúria (isto é, a “sobrecarga” dos néfrons remanescentes), tais drogas possuem efeito antifibrótico e anti-inflamatório no rim, retardando a progressão da nefropatia através de vários mecanismos complementares.
Assim, um dos principais “alvos terapêuticos” com o objetivo de evitar ou atrasar a evolução para DRFT é o controle da proteinúria para níveis inferiores a 0,5-1 g/dia, ou, pelo menos, uma queda superior a 50-60% em relação ao valor inicial. As drogas de escolha com este intuito, conforme já explicado, são os IECA ou os BRA
Quais os riscos da associação IECA+ARA?
A associação dessas duas classes, por outro lado, apesar de reduzir a proteinúria de forma mais intensa que a monoterapia, não é recomendada, devido a um maior risco de piora da função renal e hipercalemia.
Quais os alvos de TA na prevenção de DRC?
a PA deve obrigatoriamente ser mantida abaixo de 140 x 90 mmHg em todos os pacientes (uma vez que isso é importante para reduzir o risco cardiovascular global) e, se possível (isto é, desde que a intensificação do tratamento não acarrete muitos efeitos colaterais), o ideal é mantê-la abaixo de 130 x 80 mmHg em nefropatas, particularmente nos portadores de DRC proteinúrica.
Que outros factores devem ser abordados para minimizar o risco de DRC? 4
- tabagismo,
- controle glicêmico rigoroso (em diabéticos)
- tratamento da acidose metabólica com reposição
- de bases
- Restrição moderada de proteínas na dieta
Mecanismos fisiopatológicos da S. urêmica. 8
A partir de que valores a ureia apresenta efeito tóxico?
Quais as mainfestações?
A ureia apresenta efeito tóxico apenas quando em altas concentrações (> 380 mg/dl). Sua toxicidade é primariamente gastrointestinal (anorexia, náuseas e vômitos) e hematológica (sangramento).
É importante ressaltar que, apesar da baixa toxicidade, seus níveis elevam-se juntamente com os de outras substâncias nitrogenadas tóxicas e, por conseguinte, ela pode ser usada omo “marcador substituto” da síndrome urêmica (sendo, inclusive, de fácil dosagem laboratorial, ao contrário das demais toxinas)…
A partir de que valores de ureia se manifestam os sinais e sintomas de S. urêmica?
Os sinais e sintomas da síndrome urêmica costumam ocorrer com ureia sérica > 180 mg/dl, em não diabéticos, e > 140 mg/dl, em diabéticos.
Na falência renal crônica lentamente progressiva, esses níveis podem cursar sem sintomas importantes, devido aos mecanismos de adaptação.
O que é a S. residual?
Com frequência, pacientes em programa de diálise apresentam sintomas como astenia, falta de energia, distúrbios do sono e cognição, alterações psiquiátricas, disfunção sexual e deficit de crescimento e maturação sexual em crianças e adolescentes.
A hipótese de que o tratamento dialítico não é inteiramente capaz de depurar todas as toxinas que deveriam ser eliminadas e/ou metabolizadas no rim, causando seu acúmulo e o surgimento da síndrome residual, é corroborada pelo fato de que, estes pacientes, quando transplantados, evoluem com melhora importante dos referidos sintomas…
Quais os principais Distúrbios Hormonais na DRC? 5
O principal parece ser a elevação dos níveis de Paratormônio (PTH), devido ao hiperparatireoidismo secundário.
Eritropoietina
Calcitriol
A deficiência na produção de Amônia (NH3) pelo parênquima renal contribui para a acidose metabólica da uremia. Um deficit na produção de Óxido Nítrico renal contribui para a hipertensão arterial.
O que é a S. urêmica?
Dá-se o nome de Síndrome Urêmica ao conjunto de sinais e sintomas que aparece na insuficiência renal grave, quando a filtração glomerular está < 30 ml/min.
Quais as manifestações da síndrome urêmica
respondem bem à diálise? 9
Quais as manifestações da síndrome urêmica que não
respondem bem à diálise? 9
Qual o valor de urêmia normal?
Urémia normal = 20-40mg/dL
Quais os Distúrbios hidroeletrolíticos mais frequentes
na síndrome urêmica? 7
Como é que o rim aumenta a excreção de sódio nos casos de maior ingestão?
Se de uma hora pra outra o indivíduo passar a consumir uma carga maior de sódio – ex.: 350 mEq – o rim, após 3-5 dias, aumenta a excreção de sódio para 350 mEq/dia.
Este aumento é garantido pela supressão do sistema renina- angiotensina-aldosterona, associado a uma maior liberação de peptídeo atrial natriurético.
De que forma o rim reduz a excreção de sódio?
Por outro lado, se o indivíduo reduzir a ingesta de sódio para 30 mEq/dia, o rim, após 3-5 dias, também é capaz de reduzir a excreção sódica para 30 mEq, pela ativação do sistema renina-angiotensina-aldosterona e supressão do peptídeo atrial natriurético