Glomerulonefrites Flashcards

1
Q

Quais as 5 sindromes glomerulares?

A

I) GLOMERULONEFRITE AGUDA ou SÍNDROME NEFRÍTICA
II) GLOMERULONEFRITE RAPIDAMENTE PROGRESSIVA
III) SÍNDROME NEFRÓTICA
IV) ALTERAÇÕES URINÁRIAS ASSINTOMÁTICAS:
Hematúria Glomerular Isolada
Proteinúria Isolada
V) DOENÇAS GLOMERULARES TROMBÓTICAS

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2
Q

O que caracteriza o sindroma nefrítico? 4

A
  1. hematúria (estigma da síndrome),
  2. proteinúria subnefrótica (menor que 3,5 g em 24h), oligúria,
  3. edema
  4. hipertensão

Por vezes,
surge também azotemia (retenção de ureia e
creatinina), quando há queda significativa na taxa
de filtração glomerular (< 40% do normal).

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3
Q

O que desencadeia a sindrome nefritica?

A

A síndrome
nefrítica pode ser entendida como sendo o conjunto
de sinais e sintomas que surgem quando
um indivíduo tem os seus glomérulos renais
envolvidos por um processo inflamatório agudo.
Esta “inflamação” dos glomérulos pode
ocorrer de forma idiopática, como doença primária
dos rins, ou ser secundária a alguma doença
sistêmica, como infecções e colagenoses.

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4
Q

Qual a fisiopatologia do edema e da HA no S. nefritico?

A

A redução do débito urinário
provoca retenção volêmica, justificando o edema
generalizado e a hipertensão arterial

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5
Q

Quais as caracteristicas da hematuria na S. nefrítica?

A

A hematúria tem origem nos glomérulos comprometidos,
sendo o sinal mais característico e
mais comum da síndrome nefrítica, devendo ser
esperada na imensa maioria das vezes, na forma
macro ou microscópica. Quando as
hemácias encontradas no sedimento urinário são
de origem glomerular, elas estão quase sempre
deformadas, fragmentadas e hipocrômicas, num
fenômeno conhecido como dismorfismo eritrocitário

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6
Q

Mas por que a hematúria da Glomerulonefrite
Aguda acaba sendo composta por hemácias
dismórficas?

A

A hematúria de origem glomerular resulta da
migração de hemácias através de “rupturas” ou
“fendas” que surgem nas alças capilares dos glomérulos
“inflamados” – as hemácias vão do interior
dos glomérulos para o sistema tubular, e se
deformam ao passarem por estes poros estreitos

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7
Q

Em que exame é detectada a hematuria?

A

A hematúria é detectada
pelo exame do sedimento urinário.

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8
Q

Que alterações são esperadas a sumaria de urina da S. Nefritica?

A

Além do dismorfismo eritrocitário e da presença
de cilindros hemáticos, o sedimento urinário da
síndrome nefrítica comumente revela piúria (leucocitúria)
e cilindros leucocitários, deixando
evidente a natureza inflamatória do processo… A
eliminação destes cilindros celulares na urina é
um indício importante de que a lesão renal se
localiza no parênquima renal (glomérulos ou túbulos).
No caso dos cilindros hemáticos, a localização
da injúria, até que se prove o contrário,
é glomerular.

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9
Q

Como se formam os cilindros?

A

Diariamente, células epiteliais que compõem
a parede da alça de Henle secretam uma
proteína conhecida como “glicoproteína de
Tamm-Horsfall”. Esta proteína segue o fluxo
urinário e acaba se depositando nos túbulos
contorcidos distais e túbulos coletores, originando
uma superfície “pegajosa” em seu
interior. Como consequência, diversas substâncias,
partículas ou mesmo células podem
se aderir a estas proteínas, moldando um
corpo cilíndrico-tubular potencialmente
“descamável”. Qualquer condição que determine
a presença de elementos celulares
(epitélio tubular, hemácias e/ou leucócitos)
no interior do sistema tubular do néfron
pode ser acompanhada pelos cilindros celulares
no exame de sedimento de urina
(EAS).

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10
Q

Qual a classificação dos cilindros?

A

Os cilindros são classificados em
função de sua composição, mas podem ser
divididos basicamente em dois tipos: os
celulares:

  1. Cilindros Granulosos
  2. epiteliais
  3. hemáticos
  4. leucocitários

sempre patológicos

e os acelulares:

  1. Cilindros Hialinos
  2. Cilindros Céreos
  3. Cilindros Largos
  4. Cilindros Graxos

que podem ser encontrados
em indivíduos normais.

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11
Q

Qual o significado dos cilindros hematicos e leucocitários?

A

Os cilindros
hemáticos indicam quase sempre uma doença
glomerular, enquanto os cilindros leucocitários,
apesar de serem encontrados com
frequência nas glomerulopatias, estão mais
associados às nefrites intersticiais

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12
Q

Cilindros hialinos

A

1- Cilindros Hialinos: formados apenas pela proteína de Tamm-Horsfall –
constituídos por material transparente, às vezes de difícil visualização na sedimentoscopia.
Um ou outro cilindro hialino pode ser encontrado em pessoas normais,
mas a presença de uma grande quantidade deles pode indicar desidratação, uso
de diuréticos (especialmente a furosemida), esforço físico ou febre.

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13
Q

Cilindros Céreos:

A

Cilindros Céreos: acredita-se que sejam a evolução natural de um cilindro
granuloso patológico. Apresentam uma cor amarelada e um alto
índice de refração, sendo facilmente visualizado na sedimentoscopia. Estes
cilindros indicam disfunção renal avançada, pois são formados apenas quando
o fluxo tubular é baixo.

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14
Q

Cilindros Largos

A

Cilindros Largos: destacam-se por terem um diâmetro bem maior que os outros
cilindros, tendo geralmente o aspecto granular ou céreo. São formados pela
dilatação dos túbulos coletores, característica da insuficiência renal avançada.
Alguns autores os denominam “cilindros da insuficiência renal crônica”.

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15
Q

Cilindros Graxo

A

Cilindros Graxos: são cilindros birrefringentes que denotam a presença de
gotículas de gordura e são característicos dos estados de lipidúria, como a síndrome
nefrótica.

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16
Q

Cilindros Epiteliais

A

Cilindros Epiteliais: são compostos por células epiteliais descamadas dos
túbulos renais que aderem à matriz proteica. Os cilindros epiteliais
podem evoluir para cilindros granulosos, pela degeneração celular. A presença
de cilindros epiteliais indica lesão tubular renal, como a necrose tubular aguda
e as nefropatias tubulointersticiais. Cuidado para não confundir: o encontro de
células epiteliais pode ocorrer na sedimentoscopia de uma pessoa normal, porém
os cilindros epiteliais quase sempre são patológicos.

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17
Q

Cilindros Granulosos

A

Cilindros Granulosos: geralmente são formados por debris celulares e sua
superfície pode se apresentar finamente ou grosseiramente granulada. Quando
acumulam o pigmento hemoglobínico modificado, tornam-se pardo-escuros,
ganhando a nomenclatura de cilindros granulosos pigmentares. Os cilindros granulosos
indicam lesão tubular e eventualmente glomerular, podendo representar
cilindros celulares degenerados. A necrose tubular aguda é uma causa clássica
de cilindros granulosos, que costumam ser do tipo pigmentares. Uma pessoa
normal raramente pode apresentar um ou outro cilindro granuloso – neste caso,
o aspecto granular deve-se à agregação de proteínas aos cilindros hialinos.

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18
Q

Cilindros Hemáticos:

A

Cilindros Hemáticos: são compostos por hemácias que aderem à matriz
proteica. São indicadores confiáveis de lesão glomerular e são clássicos das
glomerulonefrites.

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19
Q

Cilindros Leucocitários

A

Cilindros Leucocitários (ou Piocitários): são compostos por leucócitos
polimorfonucleares aderidos à matriz proteica. Os leucócitos degenerados são
chamados de piócitos. Podem estar presentes nas glomerulonefrites, mas são
clássicos das nefrites tubulointersticiais, como a pielonefrite aguda bacteriana.
Podem conter bactérias.

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20
Q

Como é a proteinúria da S. Nefritica?

A

A proteinúria é outro achado comum da GNDA,
aparecendo em função de alguns fenômenos,
como alterações da permeabilidade e rupturas
mecânicas na parede dos glomérulos comprometidos.
Diz-se que há proteinúria quando os
níveis de proteína na urina ultrapassam 150 mg/
dia. Na síndrome nefrítica pura, esta proteinúria
não costuma atingir níveis acima de 3,5 g/dia
(considerados “nefróticos”), e, tipicamente, é do
tipo não seletiva

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21
Q

Qula a fisiopatologia da oligúria na S. nefritica?

A

A oligúria deve ser entendida como resultante
do prejuízo da superfície de filtração dos glomérulos,
devido, principalmente, à invasão
pelas células inflamatórias e à contração do
espaço mesangial. Como os glomérulos filtram
menos, sobrevêm retenção hidrossalina e, nos
casos mais graves, azotemia.

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22
Q

Quais as consequencias da retenção de volume na S. nefritica?

A

A retenção volêmica provoca hipertensão arterial
e edema generalizado (anasarca). Uma
prova de que o edema da síndrome nefrítica é
decorrente da retenção renal primária é a presença
de níveis plasmáticos de renina consistentemente
baixos. Por ser nefrogênico, o edema
também acomete a região periorbitária.

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23
Q

Qual o quadro tipico da S. Nefritica?

A

O paciente que desenvolve síndrome nefrítica é
aquele que se queixa de urina “presa” e “vermelho-
-acastanhada”, correspondentes à oligúria e à
hematúria, e desenvolve hipertensão arterial
e edema por congestão hídrica. O sedimento
urinário mostra dismorfismo eritrocitário, piúria
e cilindros celulares (hemáticos e leucocitários),
e a urina de 24h revela proteinúria em níveis de
150 mg a 3,5 g (subnefróticos).

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24
Q

Quais os principais grupos de patologias causadoras de S. Nefrítico? 3

A

1- SÍNDROME PÓS-INFECCIOSA

1.1- Pós-Estreptocócica
1.2- Não Pós-Estreptocócica
Bacterianas: Endocardite, Abscessos, Shunt
VP Infectado, Doença Pneumocócica, Sepse.
Virais: Hepatite B, Hepatite C, Mononucleose
infecciosa, Caxumba, Sarampo, Varicela.
Parasitárias: Malária falciparum, Toxoplasmose.

2- CAUSADAS POR DOENÇAS
MULTISSISTÊMICAS 7

Lúpus Eritematoso Sistêmico
Púrpura de Henoch-Schönlein
Crioglobulinemia
Poliarterite microscópica
Granulomatose de Wegener
Síndrome de Goodpasture
Tumores

3- PRIMÁRIAS DO GLOMÉRULO 6

Doença de Berger
GN Membranoproliferativa (Mesangiocapilar)

GN Proliferativa Mesangial
GN por “imunocomplexos” idiopática
GN antimembrana Basal Glomerular
GN pauci-imune (ANCA positivo)

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25
O S. Nefrítico resulta da deposição glomerular de imunocomplexos?
**Em termos de patogenia, podemos afirmar que mais de 70%** dos casos de GNDA são decorrentes da deposição glomerular de Imunocomplexos, contendo imunoglobulinas (IgG, IgM ou IgA) e fatores do complemento (C3). Tais imunocomplexos aparecem na biópsia renal, quando se faz a imunofluorescência indireta. Possuem o aspecto granular **Menos de 30%** dos casos de síndrome nefrítica aguda cursam sem imunocomplexos na biópsia, sendo, portanto, casos de glomerulonefrite pauci- imune, geralmente relacionados à positividade do autoanticorpo ANCA.
26
O que é a GNPE?
A GNPE deve ser encarada como uma sequela renal tardia de uma infecção por cepas específicas do estreptococo beta-hemolítico do grupo A (ou Streptococcus pyogenes).
27
Que doenças primarias estão imlicadas na GNPE?
As chamadas cepas “nefritogênicas” podem estar presentes numa **piodermite estreptocócica**, como impetigo crostoso ou erisipela , **ou numa faringoamigdalite**
28
Qual o periodo de incubação (infecção-nefrite) na GNPE?
O período de incubação (infecção-nefrite), quando a via é a orofaringe, costuma ficar entre 7-21 dias (média: 10 dias), enquanto para a via cutânea fica entre 15-28 dias (média: 21 dias)
29
Qual a Epidemiologia da GNPE?
Embora possa acometer indivíduos de qualquer idade, a GNPE é tipicamente uma doença de c**rianças e adolescentes, ocorrendo mais frequentemente entre 2 e 15 anos**, acompanhando a epidemiologia da estreptococcia: faixa pré-escolar (2-6 anos) para a piodermite e faixa escolar e adolescência (6-15 anos) para a infecção orofaríngea. **A incidência é maior em meninos do que meninas (2:1).**
30
Qual a fisipatologia da GNPE?
O mecanismo fisiopatogênico da GNPE envolve deposição de imunocomplexos nos glomérulos do paciente, o que ativa a cascata do complemento resultando em inflamação local. De acordo com os estudos mais recentes, o principal mecanismo na maioria dos casos de GNPE parece ser a formação de imunocomplexos in situ, em consequência à deposição glomerular de antígenos estreptocócicos circulantes.
31
Quais as manifestações clínicas da GNPE?
sabe-se hoje em dia que a maioria dos portadores de GNPE é na realidade **assintomática** A apresentação típica se faz com o **início abrupto de hematúria macroscópica**, **oligúria, edema e hipertensão arteria**l, acompanhada de mal-estar e sintomas gastrointestinais vagos (como dor abdominal e náuseas), **e dor lombar bilateral por intumescimento da cápsula rena**l. O paciente refere urina “presa” e “escura” A **hematúria macroscópica de origem glomerular possui tonalidade acastanhada, que pode ser confundida com colúria, além de não apresentar coágulos**. Difere da hematúria vermelho- vivo, com coágulos, proveniente do trato urinário
32
Quais as comolicações mais graves da GNPE? 3
encefalopatia hipertensiva em um pequeno percentual (5-10%). A congestão volêmica sintomática, levando ao edema agudo de pulmão, é outra complicação temida da GNPE. A hipercalemia pode ocorrer em alguns pacientes, pelo hipoaldosteronismo hiporreninêmico.
33
A queda na TFG resulta em hipervolemia (HAS, edema), o que tende a reduzir a secreção de renina, causando um estado de hipoaldosteronismo (e consequentemente uma diminuição da capacidade de excretar potássio?
Na realidade, o PRINCIPAL determinante da secreção ou não de renina pelas células justaglomerulares da arteríola aferente é o grau de distensão (relacionado à pressão hidrostática) da arteríola aferente!!! Assim, a despeito de ocorrer uma diminuição do aporte de NaCl à mácula densa, a preponderância do estímulo promovido pela referida distensão SUPLANTA E MUITO um efeito potencialmente contraditório de ativação da mácula densa. Ao fim e ao cabo, o rim “entende” que a volemia está aumentada, desativando assim o SRAA
34
Existe proteinúria na GNPE?
A proteinúria subnefrótica é comum e cerca de 5-10% dos pacientes evolui para a faixa nefrótica (maior que 3,5 g/1,73 m2/24h em adultos ou 50 mg/kg/dia em crianças), experimentando uma superposição entre as duas síndromes, principalmente durante a resolução da nefrite.
35
Como diagnosticar GNPE?
1) Questionar o paciente sobre faringite ou piodermite recente. 2) Verificar se o período de incubação é compatível. 3) Documentar a infecção estreptocócica através do laboratório\*. 4) Demonstrar uma queda transitória típica de complemento\*\*, com um retorno ao normal em no máximo oito semanas, a contar dos primeiros sinais de nefropatia.
36
Como é feita a Documentar a infecção estreptocócica através do laboratório?
A documentação laboratorial de uma infecção estreptocócica deve ser feita pela cultura (de pele ou orofaringe) e pela dosagem quantitativa dos títulos de anticorpos anti-exoenzimas estreptocócicas. Existem cinco anticorpos principais: (1) antiestreptolisina O (ASLO ou ASO), (2) anti-DNAse B, (3) anti-NAD, (4) anti-hialuronidase (AHase), (5) antiestreptoquinase (ASKase).
37
Demonstrar uma queda transitória típica de complemento na GNPE?
**Na GNPE, temos queda do C3 e do CH50 (atividade hemolítica total do complemento), mas o C1q e o C4 permanecem normais ou discretamente reduzidos. Isso mostra uma ativação preferencial da via alternativa do complemento (“via do C3”), em detrimento da via clássica** (“via do C4”). Em outras causas de glomerulite em que também há ativação do complemento (como o lúpus), tanto o C3 quanto o C4 são igualmente consumidos...
38
Porque é que os anticorpos anti-exoenzimas estreptocócicas são importantes para o diagnóstico de GNPE?
Como a cultura (de pele ou orofaringe) pode estar negativa no momento em que a GNPE se manifesta (pois a GNPE é uma complicação tardia da infecção), a dosagem quantitativa de anticorpos anti-exoenzimas estreptocócicas acaba se tornando o método mais sensível para cumprir este pré-requisito diagnóstico...
39
Quais os anticorpos mais encontrados na GNPE pos- faringoamigdalite? Depois de quanto tempo da infecção se elevam?
Na GNPE pós-faringoamigdalite o anticorpo mais encontrado é o ASLO ou ASO (em 80-90% dos casos), seguido pelo anti-DNAse B (em 75% dos casos). Os níveis de ASLO geralmente se elevam de 2-5 semanas após a infecção estreptocócica, decaindo ao longo de meses.
40
Qual o melhor anticorpo para fazer diagnostico de GNPE-pós-impetigo?
Curiosamente, na GNPE-pós-impetigo o ASLO é, com frequência, negativo, sendo positivo em somente 50% dos casos. A explicação é: existem oxidases no tecido subcutâneo que inativam rapidamente esta exoenzima estreptocócica, não dando tempo para que o sistema imune se “sensibilize” contra tal antígeno... **Assim, no impetigo, o melhor anticorpo (o mais sensível) passa ser o anti-DNAse B**, detectado em 60-70% dos casos, seguido pelo anti-hialuronidase.
41
Qual a grande utilidade de dosear o complemento serico na GNPE?
A grande utilidade da dosagem de complemento sérico reside em seu acompanhamento evolutivo: a GNPE é uma forma autolimitada de GNDA, sendo esperada a normalização do complemento em, no máximo, **oito semanas** (na maioria dos casos o complemento normaliza antes de duas semanas)! As demais formas de GNDA que também consomem complemento de um modo geral são glomerulopatias crônicas em que o complemento permanece reduzido por mais de oito semanas...
42
Quais as indicações de biiopsia na GNPE?
1) Oligúria por mais de uma semana. 2) Hipocomplementemia que não melhora em até oito semanas. 3) Proteinúria \> 3,5 g/24h em adultos ou \> 50 mg/kg/24h na criança (faixa nefrótica). 4) Evidências clínicas ou sorológicas de doença sistêmica. 5) Evidência clínica de Glomerulonefrite Rapidamente Progressiva (GNRP), como anúria ou um aumento acelerado das escórias nitrogenadas. 6) Ausência de evidências laboratoriais de infecção estreptocócica. 7) Complemento sérico normal.
43
Ainda que nao seja necessaria biopsia para confirmar GNPE, qual seria o seu aspecto na Microscopia Óptica?
Microscopia Óptica: padrão de glomerulonefrite proliferativa-difusa, isto é, a maioria dos glomérulos (\> 50%) apresenta infiltrado inflamatório, com neutrófilos e mononucleares invadindo o mesângio e as alças capilares (proliferação endocapilar). Em 5% dos casos observa-se a formação de crescentes no espaço de Bowman (ver adiante, em “glomerulonefrite rapidamente progressiva”), o que indica pior prognóstico. Este último padrão é mais comum em adultos.
44
Ainda que nao seja necessaria biopsia para confirmar GNPE, qual seria o seu aspecto na imunofluorescência?
Imunofluorescência: padrão de glomerulite por imunocomplexos – existem depósitos granulares de IgG/C3 nas paredes dos capilares (endocapilares) e no mesângio.
45
Ainda que nao seja necessaria biopsia para confirmar GNPE, qual seria o seu aspecto na Microscopia Eletrônica?
Microscopia Eletrônica: a microscopia eletrônica revela o aspecto mais característico da GNPE – as “corcovas” ou “gibas” , que são nódulos subepiteliais eletrodensos formados por depósitos de imunocomplexos. Também podemos encontrar nódulos subendoteliais igualmente compostos por imunocomplexos. A quantidade desses nódulos se correlaciona diretamente com a gravidade das manifestações clínicas e, na medida em que os nódulos desaparecem, o paciente evolui com melhora...
46
Qual a diferença na patologia, entre os nódulos subepiteliais e subendoteliais?
Os nódulos subepiteliais distorcem e lesam os podócitos, o que “quebra” a barreira de filtração glomerular gerando proteinúria... Por outro lado, os nódulos subendoteliais atraem e “prendem” os leucócitos na parede dos vasos (proliferação endocapilar), entupindo seu lúmen e levando à glomerulite propriamente dita, com retenção renal de sal e água (pela queda na TFG), além de hematúria dismórfica (pela passagem de hemácias por entre rupturas nas paredes dos vasos)
47
Porque é que a proteinuria melhora só depois da hipervolemia (HA, edema) azotemia e hematuria na GNPE?
Assim, o desaparecimento precoce dos nódulos subendoteliais justifica a melhora relativamente mais rápida da hipervolemia (HAS e edema), da disfunção renal (azotemia) e da hematúria. A proteinúria melhora de forma mais tardia em função do lento desaparecimento dos nódulos subepiteliais.
48
diagnósticos diferenciais da GNPE? 3
são evidentemente as outras doenças que cursam com síndrome nefrítica e hipocomplementemia: 1. **Outras glomerulonefrites pós-infecciosas** 2. **Glomerulonefrite lúpica,** 3. **Glomerulonefrite Membranoproliferativa (GNMP**), também chamada de GN mesangiocapilar.
49
Dos diagnósticos diferenciais de GNPE qual o de mais dificil exclusão e como se diferencia?
Todas estas condições podem ser facilmente excluídas por critérios clínicos e laboratoriais, com exceção de uma: **a GNMP** que pode ocorrer após infecções estreptocócicas em crianças e ainda apresentar um padrão semelhante de ativação da via alternada do complemento. **A GNMP deve ser suspeitada caso haja proteinúria na faixa nefrótica, ou caso a hipocomplementemia persista por mais de oito semanas (ambas indicações de biópsia na GNDA).**
50
Como diferenciar as doenças glomerulares pós-infecciosas específicas (como a GNPE) do papel inespecífico de muitas infecções (principalmente virais), que exacerbam condições renais crônicas?
Tais exacerbações são geralmente caracterizadas por um aumento transitório (ou mesmo surgimento) de proteinúria e hematúria, no curso de uma infecção, **sem que haja um período de incubação compatível**.**Outro dado essencial para a diferenciação com doença de Berger é que esta última NÃO CONSOME COMPLEMENTO!!!**
51
Quais os principios de tratamento da GNPE? 4
1. Repouso e Restrição Hidrossalina (fundamental) 2. Diuréticos de Alça 3. Vasodilatadores (para a hipertensão, se necessário) 4. Diálise (se necessário)
52
Que problema coloca a utilização de IECAS na GNPE?
devem ser feitos com muito cuidado, pelo risco de **hipercalemia secundária ao hipoaldosteronismo hiporreninêmico** que acompanha a GNPE...
53
Como tratar a encefalopatia hipertensiva?
**O nitroprussiato de sódio** é indicado nos casos de encefalopatia hipertensiva.
54
Quando está indicada a diálise na GNPE?
A hemodiálise (com ultrafiltração) será indicada na vigência de **síndrome urêmica,** bem como para tratar a **congestão volêmica grave refratária à terapia medicamentosa**
55
Está indicado usar antibióticos na GNPE?
**A antibioticoterapia não previne nem influencia o curso de uma GNPE**, mas deve ser indicada em todos os portadores de GNPE que têm evidências de colonização persistente pelo estreptococo beta-hemolítico do grupo A (ex.: cultura de pele ou orofaringe positiva no momento do diagnóstico). **O objetivo não é solucionar nem melhorar o quadro agudo de glomerulite, mas sim eliminar da orofaringe (ou pele) as cepas “nefritogênicas” do estreptococo, evitando uma possível recidiva futura, além de reduzir a transmissão para contactantes suscetíveis.**
56
Existe, assim como na febre reumática, a necessidade de utilizarmos antibioticoprofilaxia periódica para todos os que algum dia desenvolveram um episódio de GNPE?
**NÃO-**Indivíduos com história pessoal de GNPE não estão sob maior risco de desenvolver um novo episódio do que a população geral, e a GNPE, ao contrário da febre reumática, não deixa sequelas... Logo, um segundo ou terceiro episódios teriam a mesma expectativa de morbidade que o primeiro, não havendo benefício confirmado na literatura com a antibioticoprofilaxia...
57
Qual o prognóstico da GNPE?
**Noventa por cento dos pacientes recuperam completamente o volume urinário em até sete dias** e, mesmo que tenha sido necessário fazer diálise durante a fase aguda, a tendência é a melhora substancial dos sintomas congestivos (edema, hipertensão) em 1-2 semanas, sem nenhum tratamento específico. ## Footnote **Uma minoria dos pacientes (1-5% dos casos) evolui de forma desfavorável, em particular os adultos de maior idade**
58
Por que razão os adultos podem ter pior prognóstico na GNPE?
**A explicação é que estes indivíduos desenvolvem com mais frequência lesões glomerulares muito graves** (ex.: GNRP), o que resulta em glomeruloesclerose global irreversível (isto é, todo o tufo capilar é “esclerosado”). Se um grande número de glomérulos for assim perdido, os glomérulos remanescentes acabam sendo “sobrecarregados”, o que leva à chamada Glomeruloesclerose Segmentar Focal (GESF) “secundária” (maiores detalhes adiante, na parte de síndrome nefrótica). **Tais indivíduos evoluem com proteinúria progressiva, podendo atingir a faixa nefrótica. Logo, uma proteinúria na faixa nefrótica é sempre um importante fator ominoso no paciente com história prévia de GNPE**
59
Em quanto tempo resolve cada um dos achados na GNPE? 5
1. Oligúria: até 7 dias. 2. - HAS e hematúria macroscópica: até 6 semanas. 3. - Hipocomplementenemia: até 8 semanas. 4. - Hematúria microscópica: até 1-2 anos. 5. - Proteinúria subnefrótica: até 2-5 anos (ou 7-10 anos, segundo alguns autores).
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Que outras condições infecciosas podem cursar com GNDA para além do estreptococo beta-hemolítico do grupo A? 6
Destacamos, como as mais frequentemente envolvidas: 1. endocardite bacteriana subaguda 2. as infecções supurativas crônicas (abscessos viscerais, empiemas cavitários, osteomielite), 3. o shunt VP (Ventriculoperitoneal) infectado 4. pneumonia por micoplasma, 5. hepatite viral 6. mononucleose infecciosa.
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Como se define Glomerulonefrite Rapidamente Progressiva (GNRP)?
quando um paciente que desenvolve síndrome nefrítica, independente da causa, evolui para falência renal de curso acelerado e fulminante, (com necessidade de diálise), de forma que, sem tratamento precoce, acaba caminhando inexoravelmente para o estado de “rim terminal” em semanas ou meses.
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Qual a sintomatologia da Glomerulonefrite Rapidamente Progressiva (GNRP)?
O quadro clínico da GNRP pode ser de início abrupto (como na GNDA) ou, mais comumente, de início subagudo, tomando em seguida um curso acelerado **A oligúria** costuma ser marcante, por vezes evoluindo para **anúria** (um sinal de lesão glomerular gravíssima).**Em muitos casos, os únicos sintomas do paciente são os da “síndrome urêmica**” (insuficiência renal grave), identificados quando a taxa de filtração glomerular torna-se inferior a 20% do normal, com elevação da creatinina além de 5 mg/dl
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Qual o achado típico na biopsia renal na GNRP?
Se um paciente com GNRP for submetido à biópsia renal na fase precoce, provavelmente se encontrará a formação dos chamados **Crescentes** em mais de 50% dos seus glomérulos renais.
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Mas o que são os Crescentes?
Os crescentes são formações expansivas que se estabelecem no interior da cápsula de Bowman e rapidamente invadem o espaço das alças glomerulares, desestruturando toda a arquitetura do corpúsculo de Malpighi
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Como se formam os crescentes?
Sabe-se hoje que eles são formados **pela migração de monócitos** **(macrófagos)** através de alças capilares intensamente lesadas para o interior da cápsula de Bowman – podemos considerar a lesão capilar glomerular o evento inicial deflagrador dos crescentes. A passagem concomitante de **fibrinogênio** para a cápsula de Bowman e sua **conversão em fibrina** propicia a sustentação e o crescimento de toda a estrutura. Posteriormente, ocorre a migração de **fibroblastos** do interstício periglomerular para o espaço capsular. No final, o crescente inflamatório ou celular se converte num **crescente fibroso**, com perda glomerular irreversível.
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Causas de GNRP (organizadas pela doença de origem)
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Tipos de GNRP (organizadas pelo mecanismo de lesão).
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Qual é o exame gold standard para diagnóstico e classificaçao das GNRP?
A Biópsia Renal é o exame padrão-ouro para o diagnóstico e classificação da GNRP, em especial o padrão da Imunofluorescência Indireta (IFI)
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Como é que a biopsia renal distingue os tres tipos de GNRP?
1. No caso da Glomerulonefrite Antimembrana Basal Glomerular, **a IFI demonstra um padrão LINEAR** , representando os depósitos de anticorpo na membrana basal glomerular. 2. Nas Glomerulonefrites por Imunocomplexos, este exame revela um **padrão GRANULAR**. 3. nas Glomerulonefrites Pauci-imunes, **a IFI mostra POUCO ou NENHUM** depósito imune. Apenas a fibrina depositada nos crescentes é visualizada no exame.
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Que três exames sorológicos também auxiliam na classificação da GNRP?
* *1) Anticorpo anti-MBG elevado**: **Tipo I** (GN anti-MBG, síndrome de Goodpasture). * *2) C3, CH50 (complemento sérico) reduzido**: **Tipo II** (GN por imunocomplexos). * *3) ANCA positivo: Tipo III** (GN pauci-imune ou relacionada a vasculites sistêmicas).
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O que é ANCA?
ANCA é o anticorpo anticitoplasma de neutrófilo.
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Qual o tipo mais raro de GNRP?
O tipo mais raro de GNRP (porém o primeiro a ser descrito) **é aquele associado aos anticorpos antimembrana basal glomerular (MBG)**
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Qual a fisiopatologia dos autoanticorpos anti MBG?
Estes autoanticorpos são específicos contra a cadeia alfa-3 do colágeno tipo IV, encontrada apenas na membrana basal dos glomérulos e dos alvéolos pulmonares. O ataque desses anticorpos à membrana basal desencadeia um processo inflamatório grave que pode se manifestar como uma GNRP com ou sem um quadro de pneumonite hemorrágica.
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O que é a Síndrome de Goodpasture?
De todos os pacientes com a doença do anticorpo anti-MBG, cerca de 50-70% (mais da metade) apresenta, além da síndrome glomerular, uma síndrome hemorrágica pulmonar. Estes pacientes, por definição, possuem a Síndrome de Goodpasture. Os 30-50% restantes apresentam apenas a **síndrome glomerular – dizemos que eles têm uma glomerulonefrite anti-MBG primária, correspondendo à GN Crescêntica Tipo I idiopática.**
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Qual a epidemiologia da Síndrome de Goodpasture?
A Síndrome de Goodpasture acomete basicamente **homens jovens** (especialmente entre 20-30 anos), com uma relação **masculino/feminino de 6:1.**
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Quais os factores de risco para Síndrome de Goodpasture?4
1. marcador genético HLA-DR2 2. tabagismo, 3. infecção respiratória recente 4. ou exposição a hidrocarbonetos voláteis (solventes)
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Qual a clínica da Síndrome de Goodpasture?
A hemorragia pulmonar geralmente precede a glomerulite por semanas a meses. **A hemoptise é o sintoma predominante.** **Uma anemia microcítica hipocrômica** pode se associar à síndrome, devido à perda de ferro para os alvéolos. O componente renal da síndrome se manifesta como uma **GNRP clássica**, na verdade, a de evolução mais fulminante e de pior prognóstico!
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Qual a GNRP de pior prognóstico?
Síndrome de Goodpasture.
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Qual o diagnóstico diferencial de Sindrome de Goodpasture?
O diagnóstico diferencial deve ser feito com as outras causas da chamada Síndrome Pulmão-Rim (hemoptise + glomerulite), como a **leptospirose** e **algumas vasculites sistêmicas**.
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Como é feito o diagnóstico de Sindrome de Goodpasture? 4
1. **A radiografia de tórax** mostra infiltrado alveolar bilateral difuso, correspondendo à hemorragia alveolar generalizada. 2. A pesquisa do **anti-MBG no soro é positiva em \> 90% dos caso**s, sendo um importante método diagnóstico. 3. **Agora cuidado:** **cerca de 40% dos pacientes também apresentam o ANCA positivo, o que pode indicar a coexistência de uma vasculite sistêmica.** 4. **O padrão-ouro para o diagnóstico é a biópsia renal, na qual observaremos o padrão linear na IFI e mais de 50% dos glomérulos apresentando crescentes.**
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Quais as principais diferenças entre a Sindrome de Goodpasture e a Glomerulonefrite Anti-MBG primária? Epidemiologia
A Glomerulonefrite Anti-MBG primária apresenta- se numa faixa etária mais tardia **(50-70 anos)** e, ao contrário da síndrome de Goodpasture, predomina no **sexo feminino**. O quadro renal é idêntico ao da síndrome de Goodpasture. ## Footnote **Não afecta o pumão!!!**
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Qual o tratamento da S. de Goodpasture?
A terapia deve ser feita com **Plasmaférese** (troca de plasma) diária ou em dias alternados, até a negativação do anti-MBG no soro. Este é o pilar do tratamento da síndrome de Goodpasture. Juntamente com a plasmaférese, devemos acrescentar **Prednisona** (1 mg/ kg/dia) e um imunossupressor, que pode ser a **Ciclofosfamida** (2 mg/kg/dia) ou a **Azatioprina** (1-2 mg/kg/dia), sendo esta última usada principalmente após a remissão, na terapia de manutenção
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Qual o prognóstico da Síndrome de Goodpasture?
**Os títulos seriados dos anticorpos anti-MBG são monitorados para avaliar a resposta à terapia.** Se o tratamento for iniciado antes da creatinina plasmática ultrapassar o valor de 5 mg/dl, o prognóstico passa a ser bom, com uma sobrevida renal de aproximadamente 90%. Porém, é inferior a 10% para os pacientes que necessitaram de diálise antes de iniciada a terapia.
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O transplante renal é viavel na S. Goodpasture?
O transplante renal é viável, mas, devido à possibilidade de recorrência da doença no enxerto, recomenda-se realizá-lo somente após a negativação do anti-MBG por pelo menos 2-3 meses...
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Qual a importancia da GNRP Pauci-imune (ANCA Positivo)? epidemiologia
Corresponde a quase metade dos casos de GNRP, competindo em frequência com a GNRP por imunocomplexos. **Nos adultos velhos, é a forma mais comum de GNRP!**
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Clínica das GNRP Pauci-imune (ANCA Positivo)?
Clinicamente, não há diferença em relação às outras causas de GNRP, **a não ser a presença eventual dos comemorativos de uma vasculite sistêmica.**
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Qual o principal exame de diagnostico das GNRP Panci-imunes?
O dado mais importante do diagnóstico é a pesquisa do ANCA – Anticorpo Anticitoplasma de Neutrófilo, que está presente na maioria destes pacientes, geralmente em altos títulos.
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O que é o ANCA e que diferentes subtimos podemos encontrar ao exame correspondendo a patologias?
O ANCA na verdade não é um único anticorpo, mas representa qualquer anticorpo que se ligue ao citoplasma de neutrófilos humanos. No caso da **GN pauci- -imune idiopática**, o antígeno principal é a mieloperoxidase, que se concentra na região perinuclear do neutrófilo – neste caso, o padrão do exame é o **p-ANCA (p = perinuclear).** No caso da **Granulomatose de Wegener**, o antígeno- alvo é a **proteinase 3**, que se distribui de forma homogênea pelo citoplasma do leucócito – neste caso, o padrão é o **c-ANCA (c = citoplasmático).** No caso da **Poliangeíte microscópica**, geralmente temos o padrão **p-ANCA**, mas o c-ANCA também pode ser encontrado em alguns casos.
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O que revela a biópsia na GNRP Panci-imune?
A biópsia renal mostra uma **glomerulonefrite proliferativa geralmente focal e segmentar**, apresentando áreas de necrose fibrinoide (glomerulite necrosante) e **crescentes em mais de 50% dos glomérulos**. **A IFI (Imunofluorescência Indireta) NÃO revela imunodepósitos!**
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Tratamento da GNRP Panci-imune?
O tratamento deve ser feito com corticoide e imunossupressores
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Principais ideias da GNRP por imunocomplexos? CLinica Laboratorio biopsia causas em tabela
O quadro clínico é o de uma GNRP clássica, porém há caracteristicamente uma queda do complemento sérico (C3 e CH50), com anti-MBG e ANCA negativos. A biópsia mostra um padrão granular na IFI, contendo depósitos de IgG e C3, principalmente
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Em que glomerulonefrites existe queda de complemento e em quais não existe?
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O que é a síndrome nefrótica?
A síndrome nefrótica deve ser entendida como o conjunto de sinais, sintomas e achados laboratoriais que se desenvolvem quando, por alguma razão, ocorre aumento patologicamente exagerado da permeabilidade dos glomérulos às proteínas, levando à proteinúria maciça.
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Qual a diferença do processo patologico do S. nefritico e s. nefrotico?
Perceba que o processo patológico básico é completamente diferente daquele da síndrome nefrítica, ou seja, o mais importante aqui não é a invasão glomerular por células inflamatórias (glomerulite), mas sim uma grave alteração na permeabilidade dos glomérulos, que passam a não ser mais capazes de reter as macromoléculas, especialmente as proteínas. A maioria dos distúrbios que afetam os glomérulos pode resultar em síndrome nefrótica, incluindo aqueles descritos para a síndrome nefrítica. **Ao contrário desta última, que geralmente se inicia de modo abrupto, a síndrome nefrótica em muitos casos é bastante insidiosa.**
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Quais as caracteristicas do S. nefrótico? 4/5
1- Proteinúria \> 3,5 g/24h (adulto) ou \> 50 mg/ kg/24h (criança) 2- Hipoalbuminemia 3- Edema 4- Hiperlipidemia / Lipidúria
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Que outros achados podem estar presentes no S. nefrótico embora não façam parte da definição da síndrome?
as alterações do sedimento urinário do tipo hematúria microscópica, dismórfica e cilindros hemáticos podem ser detectadas em algumas glomerulopatias nefróticas. A função renal costuma estar relativamente preservada no momento da apresentação e geralmente não há oligúria. A hipertensão arterial é um achado variável, dependendo do tipo de glomerulopatia, não fazendo também parte da síndrome.
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A partir de que valor de proteinuria se fortalece a hipotese de glomerulopatia?
É importante frisar que uma proteinúria superior a 2 g/dia fortalece o diagnóstico de glomerulopatia, já que nas doenças tubulointersticiais a proteinúria não costuma ultrapassar esta cifra.
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Que tipos de proteinúria existem?
A proteinúria da síndrome nefrótica pode ser do **tipo seletiva ou não seletiva**
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Quais os mecanismos de permeabilidade glomerular que permitem a filtragem das proteinas? 2
(1) as fendas de filtração; e (2) a carga negativa da membrana basal. ## Footnote **As fendas de filtração são responsáveis pela “barreira de tamanho”, que impede a filtração das macromoléculas, enquanto a carga negativa da membrana basal é responsável pela assim denominada “barreira de carga”, que dificulta a filtração de qualquer partícula com carga negativa, independente do tamanho.**
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Qual o mecanismo que impede a passagem da albumina?
A “barreira de tamanho” permite a livre passagem de proteínas de pequeno peso molecular, inferior a 20.000 dáltons. Essas proteínas, como a beta- -2-microglobulina, são reabsorvidas no túbulo proximal... A albumina (principal proteína plasmática) tem peso molecular em torno de 65.000 dáltons, transpondo a “barreira de tamanho” com alguma dificuldade. **Entretanto, o maior obstáculo à passagem da albumina é a “barreira de carga”, já que esta molécula se revela um poliânion (carga negativa)**. Por outro lado, o que impede a passagem das globulinas é exclusivamente a “barreira de tamanho”.
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Quando ocorre proteinuria selectiva?
Quando o processo lesivo renal acarreta perda predominante da “**barreira de carga**” (como no caso da nefropatia por lesão mínima), ocorre o que se entende por **proteinúria seletiva**, ou seja, uma proteinúria basicamente à custa de **albumina**
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Quando ocorre proteinúria não selectiva?
quando a lesão glomerular determina perda da **“barreira de tamanho”** **ocorre proteinúria não seletiva** (como na GEFS, ver adiante), com perda proporcional de todas as macromoléculas do plasma (albumina, globulinas etc.)
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Que ECD distingue a proteinuria selectiva da não selectiva?
Um exame chamado eletroforese de proteínas urinárias é capaz de identificar os tipos de proteína que constituem a proteinúria do paciente, classificando- a em seletiva ou não seletiva.
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Que ECD existem para detectar a proteinuria? 3
Tradicionalmente, a quantificação da proteinúria é feita pela **coleta de urina durante 24h, sendo este o “padrão-ouro”...** Entretanto, nos dias de hoje, um método muito mais prático tem sido empregado: coleta de uma amostra urinária (de preferência a primeira urina da manhã), com estimativa da proteinúria diária através da relação proteína total/creatinina ou albumina/creatinina, o que já mostrou excelente correlação com os resultados do padrão-ouro (urina de 24h) O EAS torna-se positivo para a pesquisa de proteína a partir de 300-500 mg/dia, não tendo correlação confiável com os níveis reais de proteinúria e com grande variabilidade de acordo com o volume urinário, servindo apenas como um “alerta” de perda proteica pela urina...
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Do ponto de vista clínico e de prognostico que importancia tem a selectividade ou não da proteinuria?
As condições que determinam perda preferencial da “barreira de carga”, com proteinúria seletiva, não costumam cursar com alterações importantes da estrutura física glomerular. Por outro lado, se existe proteinúria não seletiva, é sinal que ocorreram alterações estruturais dos glomérulos: os podócitos (prolongamentos do epitélio visceral) estão lesados, o que determina um desarranjo arquitetônico das fendas de filtração, permitindo o escape de proteínas.
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Quais as proteinas perdidas no S. nefrótico?
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Porque razão os pacientes com S. nefrotico são mais susceptiveis à infecção por Streptococcus pneumoniae?
na síndrome nefrótica a perda urinária de IgG provoca hipogamaglobulinemia, que, aliada à perda de dois fatores da via alternativa do complemento (fator B e properdina), predispõe à infecção por bactérias encapsuladas, especialmente o Streptococcus pneumoniae. Apesar de uma queda expressiva da IgG, outras imunoglobulinas (IgM, IgA) podem estar até elevadas na síndrome nefrótica.
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Como se forma o edema? Quais as duas forças responsaveis?
As trocas de líquido entre os capilares e o interstício funcionam de acordo com o equilíbrio de duas forças opostas: (1) a pressão hidrostática; e (2) a pressão oncótica (coloidosmótica) – esta última determinada pela concentração de macromoléculas (proteínas) na luz do vaso. O edema se formará sempre que houver um aumento importante da pressão hidrostática (que “empurra” o líquido para fora do capilar) em relação à pressão oncótica (que “puxa” o líquido para dentro do capilar).
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Quais as duas teorias que visam explicar o edema no S. nefrótico?
1. Teoria do Underfilling 2. teoria do Overfilling
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Qual a explicação para o edema pela teoria do underfilling?
Pela teoria clássica, na síndrome nefrótica, o edema generalizado (anasarca) é dependente da queda da pressão oncótica, por efeito da hipoalbuminemia. a queda da pressão oncótica faz o líquido sair do intravascular para o interstício, determinando uma “tendência à hipovolemia” e, consequentemente, ativação do SRAA. O resultado final é uma retenção hidrossalina secundária, na tentativa de compensar a hipovolemia. O líquido retido acaba servindo para manter e agravar o edema. Por esta teoria, o edema da síndrome nefrótica seria “osmótico”, e não “pressórico” como o da síndrome nefrítica.
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Qual o argumento contra a teoria do Underfilling?
estudos demonstram que uma queda gradual da pressão oncótica plasmática geralmente é acompanhada pela queda da pressão oncótica intersticial; mantendo-se o gradiente oncótico, não haveria formação de edema por este mecanismo. Para que o fenômeno do Underfilling ocorra é necessário que haja uma redução aguda ou acentuada da albuminemia (níveis inferiores a 2 g/ dl), quando então o gradiente oncótico realmente cai, permitindo a formação do edema.
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Em que se baseia a teoria do overfilling?
a retenção hidrossalina primária (teoria do Overfilling). Em alguns casos o edema parece ser formado por este mecanismo, no qual a tendência é para a hipervolemia e aumento da pressão hidrostática capilar. Evidências recentes incriminam um fenômeno (ainda pouco compreendido) de reabsorção exagerada de sódio no túbulo coletor de pacientes com certas formas de síndrome nefrótica..
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Qual das teorias do edema no S. nefrotico é mais aceite?
Assim, acredita-se que o mecanismo do edema nefrótico varie de acordo com a patologia glomerular de base e possa variar de paciente para paciente com a mesma glomerulopatia. Em crianças com nefropatia por lesão mínima e hipoalbuminemia grave, por exemplo, predomina o fenômeno do Underfilling, enquanto em adultos com outras glomerulopatias, como a Glomerulosclerose Focal e Segmentar (GEFS), costuma sobressair a retenção hidrossalina primária.
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Como estão os niveis de renina plasmatica nos pacientes com S. nefrotico em funcão da teoria de edema aplicada?
Os níveis plasmáticos de renina tendem a estar suprimidos ou normais nos pacientes com Overfilling, e aumentados nos pacientes com Underfilling.
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Qual o mecanismo da hipercoletrolemia no S. nefrotico?
O mecanismo da hipercolesterolemia é o aumento da síntese hepática de lipoproteínas, estimulada pela queda da pressão oncótica induzida pela hipoalbuminemia. A hipertrigliceridemia é causada muito mais pela redução do catabolismo do VLDL (perda urinária da enzima lipoproteína-lipase, que degrada o VLDL
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Que marcadores no exame de urina revelam hiperlipidemia nefrótica?
É fácil perceber que a hiperlipidemia nefrótica resulta no aumento da filtração glomerular de lipídios, provocando lipidúria. O sedimento urinário passa a conter **corpos graxos ovalados** (células epiteliais com gotículas de gordura) e **cilindros graxos** (formados por tais células aderidas à proteína de Tamm-Horsefall).
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Quais as implicações prognósticas da hiperlipidemia nefrótica?
a hiperlipidemia nefrótica contribui para a **aterogênese e suas complicações** (ex.: um estudo mostrou que o risco de doença coronariana em portadores de síndrome nefrótica é 5,5 vezes maior que no grupo controle). A hiperlipidemia e a lipidúria nefrótica persistente **são fatores que aceleram a perda de função renal (provavelmente por induzir lesão tubulointersticial).**
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Quais as duas principais complicações da S. nefrótica?
(1) fenômenos tromboembólicos; (2) infecções.
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Quais as veias mais susceptiveis de trombose no S.nefrotico?
``` O estado de hipercoagulabilidade da síndrome nefrótica frequentemente resulta em Trombose Venosa Profunda (TVP), **especialmente das veias renais.** ``` **As veias profundas dos membros inferiores e as veias pélvica**s também são comumente afetadas. Em muitos casos, a trombose venosa profunda se complica com e**mbolia pulmonar.**
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Que factores presentes no S. nefrotico propiciam a trombose? 5
**a perda de antitrombina III pela urina é o principal fator determinante da hipercoagulabilidade,** mas existem outros: 1. redução dos níveis e/ou atividade das proteínas C e S, 2. hiperfibrinogenemia 3. comprometimento da fibrinólise 4. e ainda maior agregação plaquetária.
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Quais os sintomas da Tromvose Veia Renal? (6)
1. (a) dor nos flancos ou na virilha; 2. (b) varicocele do lado esquerdo – lembrar que a veia testicular esquerda drena diretamente na veia renal; 3. (c) hematúria macroscópica; 4. (d) aumento significativo da proteinúria; 5. (e) redução inexplicada do débito urinário; 6. (f) edema renal, com assimetria do tamanho e/ou função dos rins (urografia).
122
Quais as doenças que causam síndrome nefrótica e têm maior associação ao desenvolvimento de trombose de veia renal? 3
1. **Glomerulopatia Membranosa (principal)** 2. Glomerulonefrite Membranoproliferativa 3. Amiloidose
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Está indicada anticoagulação nos doentes com S. nefrótico?
A anticoagulação plena está sempre indicada em pacientes nefróticos que tiveram alguma complicação tromboembólica documentada. **Não há, até o momento, indicação de anticoagulação profilática**.
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Como é feita a anticoagulação nos pacientes com S. nefrotico?
A heparina deve preceder o warfarin nesses doentes, e sua dose deve ser maior do que a convencional, sendo ajustada de modo a manter o PTTa entre 2 e 2,5 (lembre-se: os níveis de antitrombina III, seu cofator, são patologicamente reduzidos na síndrome nefrótica). O cumarínico é iniciado somente quando a anticoagulação plena tiver sido atingida (“PTTa na faixa”), sendo mantido pelo tempo em que o paciente permanecer “nefrótico”.
125
Que infecção é bastante comum em doentes com S. nefrotico?
Uma infecção bastante comum em pacientes nefróticos é **a peritonite bacteriana espontânea**, que acomete os pacientes com ascite. **O pneumococo** é o agente mais comum, responsável por metade dos casos, seguido pela **Escherichia coli**.
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Quais as cinco formas de síndrome nefrótica primária por ordem de frequencia?
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Quais As duas principais causas de síndrome nefrótica secundária a doenças sistêmicas?
são o diabetes mellitus (glomeruloesclerose diabética) e a amiloidose (glomerulopatia amiloide)
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Epidemiologia da DLM?
A Doença por Lesão Mínima (DLM) é responsável por 85% de todos os casos de síndrome nefrótica em **crianças** e 10-15% em adultos
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Fisiopatologia da DLM?
A nefropatia por lesão mínima resulta, em última análise, **da perda da carga negativa da barreira glomerular** (perda da “barreira de carga”), originando um tipo seletivo de proteinúria. A reincidência da síndrome em transplantes renais sugere a presença de um f**ator circulante que “neutraliza” a carga negativa glomerular.**
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O que caracteriza a DLM do ponto de vista histológico?
Do ponto de vista histopatológico, o que caracteriza a DLM é a pobreza (e até a ausência) de achados à microscopia óptica. Entretanto, na microscopia eletrônica é característico o achado de **fusão dos processos podocitários.**
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Para além da fusão dos processos podocitários que outras alterações podem estar presentes na DLM e que importancia podem ter no diagnóstico?
Eventualmente existe alguma p**roliferação mesangial, ou mesmo algum grau de esclerose focal e segmentar,** entretanto, se estes achados forem proeminentes, passam a definir os dois próximos padrões de síndrome nefrótica idiopática: 1. **glomerulonefrite proliferativa mesangial** 2. **glomeruloesclerose focal e segmentar**.
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Qual a relação entre DLM. glomerulonefrite proliferativa mesangiale glomeruloesclerose focal e segmentar?
Na verdade, há dúvida quanto à classificação destas duas últimas entidades: diversos autores as consideram como formas histológicas mais graves (e menos responsivas ao tratamento) de doença por lesão mínima, causadas pelo mesmo mecanismo patogênico. Na verdade, não são raros os casos em que elas se desenvolvem tardiamente no curso de uma DLM.
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DLM em que idades é mais comum?
Na verdade, os estudos mostram que a Doença por Lesão Mínima corresponde a 80-90% das Síndromes Nefróticas que ocorrem entre um e oito anos de idade. **É muito rara em menores de um ano**, e em maiores de oito anos possui uma incidência progressivamente menor, até se equiparar com a dos adultos (10-15% das síndromes nefróticas)
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Qual a clínica da DLM?
**Os pacientes geralmente abrem um quadro de síndrome nefrótica clássica, com todos os seus sinais e sintomas.** Em muitos casos, a proteinúria intensa se inicia logo após fatores desencadeantes, como episódios virais ou reações a picadas de inseto. A função renal não costuma estar alterada, a não ser que haja hipovolemia grave, com hipotensão e hipoperfusão renal.
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A que fenômenos patologicos se associa a DLM?
Existe claramente uma associação a fenômenos **atópicos, como asma e eczema**, não sendo incomum que estas manifestações alérgicas também acompanhem as recidivas do quadro.
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Qual a complicação mais grave da DLM?
A instabilidade hemodinâmica com choque circulatório é a complicação mais séria, em especial em crianças, ocorrendo geralmente na fase de formação do edema. Pode ser precipitada pelo surgimento de diarreia, sepse, ou mesmo de forma iatrogênica, pelo uso de diuréticos ou drenagem excessiva de líquido ascítico. O quadro pode se associar a dor abdominal, febre e vômitos, tornando fundamental a investigação de peritonite espontânea, esta última frequentemente causada por Streptococcus pneumoniae.
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A DLM está relacionada a manifestações tromboembólicas?
Como toda síndrome nefrótica, a DLM está relacionada a manifestações tromboembólicas, mas a trombose de veia renal é rara (bem menos frequente que na GN membranosa, membranoproliferativa e amiloidose). Redução da volemia e hemoconcentração aumentam as chances de trombose venosa profunda, que pode evoluir com isquemia e até gangrena de membro inferior
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Quais as principais condições que levam ao aparecimento de DLM "secundária"?
1. **linfoma de Hodgkin** 2. **Os anti-inflamatórios Não esteroidais (AINEs) estão relacionados a uma síndrome que combina síndrome nefrótica por DLM e nefrite tubulointersticial aguda, manifestando-se com insuficiência renal aguda oligúrica e proteinúria nefrótica**
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O que se espera encontar nos ECD na DLM?
O exame do sedimento urinário apresenta **proteinúria, em torno de +3 a +4** na avaliação semiquantitativa. Pode até haver **hematúria microscópica** (20%), mas a forma macroscópica é rara. A bioquímica sérica pode revelar **hipoalbuminemia,** consequente às perdas urinárias, mas caracteristicamente **os níveis de complemento estão normais**. Existe quase sempre uma flagrante **redução dos níveis de imunoglobulinas tipo IgG**, embora as **IgM possam estar até aumentadas.**
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Qual é o curso clínico da DLM?
O curso da DLM é marcado essencialmente por duas características básicas: **(1) períodos de “remissão” e “atividade”; e (2) a resposta dramática à corticoterapia.** A evolução natural da DLM geralmente é boa, sendo que \< 5% dos pacientes evolui para “rins em estado terminal” quando acompanhados por até 25 anos. ## Footnote **Em crianças pode haver remissão espontânea do quadro.**
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Qual o tratamento primário na DLM em adultos e crianças?
Em adultos, um dos mais utilizados consiste em Prednisona 1 mg/kg/dia (máx. 80 mg/dia), uso diário, por oito semanas consecutivas. Em crianças, a dose inicial de prednisona é 60 mg/m2/dia (máx. 60 mg/dia), por 4-6 semanas. **Em 85-95% das crianças com DLM idiopática (e 75-85% dos adultos), observa-se melhora da proteinúria nas primeiras semanas após o início da corticoterapia.**
142
Quando se classifica um paciente de DLM como resistente aos corticoides?
Se a proteinúria persistir por mais de **oito semanas**, em crianças, o paciente é classificado como “resistente aos corticoides”. Um adulto será considerado “resistente aos corticoides” somente se a proteinúria não remitir **após 16 semanas** de tratamento (é esperado que a resposta à corticoterapia em adultos seja comparativamente mais tardia)
143
O que fazer nos pacientes DLM com resistencia à corticoterapia?
Nos casos ditos “resistentes”, em crianças, a biópsia renal estará indicada, e com frequência revela um padrão de GEFS ou proliferação mesangial
144
Qual o curso clínico após um episódio de DLM?
Metade dos respondedores nunca mais desenvolve a doença, ou então apresenta pelo menos mais um episódio que novamente responde bem à corticoterapia (desta vez com remissão permanente). A outra metade desenvolve a forma “recidivante frequente” (\> 4 recidiva/ano).
145
Que tratamentos estão indicados nas recidivas de DLM? Quais os objectivos?
Nestes, devemos associar imunossupressores, sendo a **Ciclofosfamida** (2 mg/kg/dia) a droga de escolha. A terceira opção é a **Ciclosporina**, mas outras drogas também podem ser usadas, como T**acrolimus e Micofenolato**. **Tais associações prolongam o período de remissão e permitem reduzir a dose de corticoide (reduzindo assim seus efeitos colaterais).** O Levamisol (um anti-helmíntico com propriedades imunomoduladoras) também pode ser empregado no tratamento “poupador de corticoide” da DLM. A principal indicação é a doença recidivante frequente, situação em que o levamisol ajuda a diminuir o número de episódios.
146
Quando está indicado fazer biópsia renal na criança com S.nefrótico?
Pelo fato de a DLM ser a responsável por cerca de 85% dos casos de síndrome nefrótica na criança entre 1-8 anos de idade, **não há necessidade de biópsia renal de rotina neste grupo etário.** O pediatra deve **iniciar diretamente a terapia com corticoide e observar a resposta (que costuma ser dramática)**. **A biópsia está indicada nos casos não responsivos, naqueles com recidivas muito frequentes e nos pacientes com menos de um ou mais de oito anos de idade.** Casos com caracteres “atípicos”, c**omo hematúria macroscópica, hipocomplementemia, hipertensão arterial e insuficiência renal progressiva também devem ser submetidos à biópsia renal antes de iniciar o tratamento.**
147
O que significa o termo O termo “Glomeruloesclerose Focal e Segmentar”?
O termo “Glomeruloesclerose Focal e Segmentar” (ou simplesmente “Esclerose Focal”) é genérico, traduzindo apenas um padrão de **lesão glomerular que se caracteriza pelo surgimento de esclerose com colapso capilar em menos de 50% dos glomérulos renais (lesão focal) e em parte das alças de cada glomérulo acometido (lesão segmentar)**
148
Que condições podem cursar com um quadro de Glomeruloesclerose Focal e Segmentar?
Diversas condições sistêmicas específicas, como **anemia falciforme,** A anemia falciforme produz GEFS por dois mecanismos: isquemia glomerular focal, sobrecarregando os outros glomérulos, e vasodilatação renal difusa. **hipertensão arterial** **e infecção pelo HIV**
149
Qual a epidemiologia da GEFS Primária?
embora possa surgir em qualquer faixa etária (incluindo crianças), a maioria dos pacientes tem entre **25-35 anos** de idade.
150
Qual a fisiopatologia da GEFS?
a patogênese proposta para a GEFSi seria semelhante a da DLM: tratar-se-ia de um distúrbio dos linfócitos T, que secretariam uma citocina (ainda não confirmada), responsável pela lesão do epitélio visceral glomerular (podócitos). ## Footnote **Neste caso, a lesão seria mais grave do que na DLM, afetando a arquitetura das fendas de filtração (barreira de tamanho), o que determinaria proteinúria não seletiva.**
151
Na GEFS, ps glomerulos que não apresentam alterações de GEFS, apresentam que outro tipo de alterações?
Os glomérulos que não contêm as alterações da GEFS apresentam as da **DLM (fusão podocitária) e as áreas escleróticas e mesangiais frequentemente evidenciam depósitos de IgM e C3.**
152
O que se entende por esclerose glomerular?
O termo esclerose, nas doenças glomerulares, se refere ao acúmulo de material homogêneo não fibrilar, levando ao colapso de capilares glomerulares.
153
Que tipo de material se deposita nos glomerulos com GEFSi?
Na GEFSi, este material é hialino, derivado de proteínas plasmáticas que extravasam pelo epitélio visceral lesado (hialinose glomerular).
154
Como se desenvolve a lesao glomerular na GEFSi?
Os primeiros glomérulos a serem acometidos são os mais próximos à região medular, chamados “justamedulares”. Ainda nesta fase inicial, a lesão costuma se estabelecer tipicamente nas “pontas” dos glomérulos isto é, nas regiões adjacentes aos túbulos contorcidos proximais. Somente com a progressão da doença é que os glomérulos mais “corticais” vão sendo comprometidos, e que o processo de esclerose se estende para as alças capilares mais próximas ao hilo glomerular (onde estão as arteríolas aferente e eferente). Um outro achado comum é a **hipertrofia glomerular** (aumento do volume glomerular, neste caso à custa de expansão do mesângio).
155
Que achado pode ser um sinal de bom prognóstico ao diagnóstico de GEFSi?
O achado de GEFS, predominando na ponta de glomérulos justamedulares, pode ser sinal de que a doença primária ainda está em suas fases iniciais, anunciando uma expectativa de melhor resposta aos corticoides.
156
A que particularidades devemos estar atentos na realização e analise da biopsia suspeita de GEFS?
A natureza focal do processo determina um conceito importante, que deve ser sempre lembrado: o material colhido por biópsia percutânea nem sempre flagra as alterações patológicas típicas!!! Como na forma idiopática da GEFS os glomérulos que não apresentam a esclerose segmentar apresentam as alterações da DLM, não é rara a confusão diagnóstica, especialmente se tiverem sido extraídos menos de oito glomérulos exclusivamente corticais. ## Footnote **Amostrasde biópsia renal consideradas “representativas” contêm por volta de 10-20 glomérulos, englobando glomérulos justamedulares.**
157
Que Formas Histopatológicas Variantes da GEFSi existem? 2
1. forma colapsante 2. forma celular
158
Quais as características da Forma Colapsante de GEFSi? Etiologia
Existe uma variante da GEFS, a “forma colapsante”, ou “glomerulosclerose focal colapsante”, que se caracteriza pela **esclerose segmentar seguida de colapso de todo o tufo glomerular.** **Esta forma tem um curso clínico marcado por uma rápida deterioração da função renal**. A forma colapsante pode ser **idiopática** ou relacionada à **infecção pelo HIV**
159
Quais as características da Forma celular de GEFSi?
Uma outra variante, chamada “forma celular”, **definida pela presença de hipercelularidade endocapilar segmentar**, associa-se a um **grau maior de proteinúria.**
160
Quais as diferenças na fisiopatologia entre as formas primarias e secundárias de GEFS? 2
(a) a existência das alterações da DLM na GEFS primária, como a fusão dos processos podocitários, nos glomérulos poupados pela lesão segmentar (fato que não ocorre nas formas secundárias); (b) os extensos depósitos de autoanticorpos e complexos imunes nas formas secundárias às doenças da autoimunidade.
161
Quais os mecanismos de lesão glomerular mais frequentemente encontrados nas formas secundárias de GEFS? 3
(1) **sequela de uma doença específica** que acomete diretamente os glomérulos renais, causando lesão de suas estruturas; (2) **sobrecarga dos glomérulos remanescentes,** após qualquer processo que determine perda importante do parênquima renal; **(3) hiperfluxo glomerular**, criado por um estado de vasodilatação arteriolar renal.
162
Quadro resumo DLM
163
Quais as patologias responsaveis pelo desenvolvimento da GEFS secundária na sequencia de uma sequela de uma doença específica que acomete diretamente os glomérulos renais, causando lesão de suas estruturas?
164
Quais as patologias responsaveis pelo desenvolvimento da GEFS secundária na sequencia de uma sobrecarga dos glomérulos remanescentes, após qualquer processo que determine perda importante do parênquima renal?
A **anemia falciforme produz GEFS por dois mecanismos: isquemia glomerular focal, sobrecarregando os outros glomérulos**, e vasodilatação renal difusa.
165
Quais as patologias responsaveis pelo desenvolvimento da GEFS secundária na sequencia de um hiperfluxo glomerular, criado por um estado de vasodilatação arteriolar renal?
A **anemia falciforme produz GEFS** por dois mecanismos: isquemia glomerular focal, sobrecarregando os outros glomérulos, **e vasodilatação renal difusa**.
166
Quais as patologias responsaveis pelo desenvolvimento da GEFS secundária de origem não establecida?
167
Quais as manifestações clínicas da GEFS? Quais as principais diferenças entre GEFSi e GEFS secundária?
**A forma idiopática da GEFS (GEFSi) tende a ter um início abrupto**, e uma**síndrome nefrótica clássica** em geral está presente por ocasião do diagnóstico. **A maior parte das formas secundárias, entretanto, tem início insidioso**, **muitas vezes com níveis subnefróticos de proteinúria**. Podemos dizer que a GEFSi se apresenta com **síndrome nefrótica franca em 2/3** dos casos ou então com **proteinúria subnefrótica, sem edema, sem hipoalbuminemia, associada à hipertensão arterial, hematúria microscópica, piúria e disfunção renal leve, no 1/3 restante**. **Em ambas as formas de GEFS, a proteinúria é do tipo não seletiva**, refletindo as áreas focais de esclerose com desestruturação da arquitetura das fendas de filtração (perda da barreira de tamanho). Um grupo de pacientes também revela, já no momento da apresentação, graus variáveis de **insuficiência renal.** Com frequência são encontradas manifestações que não fazem parte de uma síndrome nefrótica clássica, como a **hipertensão arteria**l (principalmente quando há comprometimento da taxa de filtração glomerular, mesmo que leve) e a **hematúria microscópica** (principalmente quando há lesão mesangial associada). **A GEFS é uma importante causa de hipertensão arterial secundária em adultos!**
168
Quais as alterações laboratoriais características de GEFS? O que diferencia a DLM da GEFS?
**Não existem alterações laboratoriais características de GEFS**, exceto a maior incidência de **hematúria, piúria estéril e a presença de proteinúria não seletiva (diferenciando-a da DLM)**. **Na GEFSi, os níveis de complemento sérico estão normais.** Existem complexos imunes circulantes em até 30% dos casos, e os **níveis de IgG costumam estar marcadamente reduzidos.**
169
Qual o tratamento de base na GEFS?
Tal como na DLM, a base terapêutica da GEFSi é a corticoterapia. **Utiliza-se Prednisona 1 mg/kg/dia**, diariamente – ou 2 mg/kg/dia, em dias alternados – por 3-4 meses, seguindo-se redução paulatina da dose nos 3-6 meses subsequentes, caso haja resposta (melhora da proteinúria). Assim como na DLM, alguns pacientes também sofrem recidivas frequentes após a suspensão do corticoide... **IECA OU ARA** **ESTATINAS**
170
Qual o prognóstico da GEFS?
Os primeiros estudos mostraram um índice de remissão completa \< 20%. **Entretanto, o aumento na duração da terapia propiciou maiores taxas de remissão, atingindo 40-60% com os protocolos atuais.**
171
Que tratamento implemtar na recidiva de GEFS?
**Para aqueles que recidivam, indica-se a Ciclosporina (2-4 mg/kg/dia divididos em duas doses diárias), por 12-24 meses, com “desmame” gradual a partir deste período.**
172
Qual o tratamento nos pacientes não responsivos a corticoides na GEFS? Que medicamento não tem indicação nas formas de GEFSi?
Para os pacientes que não respondem **após quatro meses de corticoterapia** em altas doses recomenda-se reduzir a dose de corticoide (até 15 mg/dia) e associar **ciclosporina** na dose padrão, com manutenção do esquema por seis meses. O **Mofetil Micofenolato** (0,75- 1 g/2x dia) pode ser usado como alternativa nos não-respondedores. Curiosamente, a **ciclofosfamida NÃO É indicada no tratamento da GEFSi**, pois não existe qualquer evidência de benefício com esta droga.
173
Qual é o principal factor de prognóstico na GEFS e de qualquer glomerulopatia crônica?
Sabemos que a história natural das glomerulopatias com proteinúria significativa persistente é evoluir progressivamente para a falência renal, ao longo de alguns anos. **Um conceito importante: o grau de proteinúria é um dos principais fatores prognósticos!** Por exemplo: no caso da GEFS idiopática, os pacientes com proteinúria nefrótica possuem uma “sobrevida renal” de apenas 50% em 6-8 anos, comparado a 80% em dez anos para aqueles com proteinúria subnefrótica
174
Qual o papel da proteinúria na lesão renal?
O aumento da concentração de proteínas no lúmen tubular provoca **lesão tubulointersticial**, por lesar o epitélio, provocando a **liberação de citocinas inflamatórias e fibrosantes (como o TGF-beta)**. Ou seja, a proteinúria maciça contribui para a fibrose tubulointersticial progressiva que irá culminar no tão falado “rim terminal”.
175
Com que fármacos pode ser reduzida a proteinuria nas glomerulopatias crónicas?
Os **Inibidores da ECA** são drogas capazes de reduzir em até 40% a proteinúria desses pacientes, reduzindo assim a progressão para falência renal crônica. Ao inibir o efeito constrictor da angiotensina II na arteríola eferente, o IECA reduz a pressão de filtração glomerular, diminuindo a proteinúria e o efeito “esclerosante” da hiperfiltração. Os **Bloqueadores dos Receptores de Angiotensina II** (BRA) apresentam efeito semelhante ao IECA na proteinúria, servindo como alternativa nos casos de intolerância aos IECA.
176
Qual a indicação dos IECAs, ARAs e Estatinas nos pacientes nefróticos?
os IECA ou os BRA estão indicados em t**odos os casos de GEFS (idiopática ou secundária) com proteinúria acima de 1 g/dia**, a não ser que tenha havido remissão com a terapia imunossupressora. o uso de Estatinas nos **pacientes nefróticos com hipercolesterolemia também contribui para frear a perda da função renal, além de reduzir o risco cardiovascular global.**
177
Qual o prognóstico do transplante renal na GEFS?
O transplante renal é **complicado pela recidiva de GEFS no enxerto em cerca de 50% dos casos**, com **perda do mesmo em 20% dos pacientes.**
178
Como se caracteriza a GLomerulonefrite Proliferativa Mesangial? Quais as principais diferenças da proliferação mesangial entre a GPMi e a GPM secundária?
GPM caracteriza-se, como o nome revela, pela proliferação celular no mesângio dos glomérulos, e representa cerca de **5-10% de todas as causas de síndrome nefrótica idiopática.** O comprometimento glomerular é quase sempre uniforme, apesar de haver alguma acentuação segmentar de hipercelularidade. Na forma idiopática, a proliferação mesangial está associada a **depósitos esparsos de IgM e C3,** ao contrário das glomerulites mesangiais secundárias (LES, pós-infecciosas), em que predominam os depósitos de **IgG e C3**.
179
Que subgrupos de GPM podem ser descritos?
Subgrupos da GN proliferativa mesangial são descritos quando há um extenso depósito de uma classe de imunoglobulina ou um determinado fator do complemento. Assim, alguns autores reconhecem entidades como a “nefropatia por IgM” e a “nefropatia por C1q”, que na verdade possuem um prognóstico mais reservado em relação à GN mesangial cujos imunodepósitos são esparsos. Por definição, os pacientes com GN mesangial à custa de extensos depósitos de IgA no mesângio são categorizados como tendo **Doença de Berger**.
180
Quais as causas de GPM? (7)
181
Qual a relação entre DLM, GEFS e GPM?
Muitos autores não reconhecem a glomerulonefrite Proliferativa Mesangial como condição específica, classificando-a dentro do conceito da DLM (exatamente como acontece com a GEFS). Outros, entretanto, a descrevem em separado, apesar de deixarem claro o fato de alguns pacientes, realmente, se comportarem de forma bastante semelhante aos portadores de lesão mínima. ## Footnote **É provável que exista pelo menos um subgrupo de pacientes que apresenta uma progressão contínua, começando pela lesão mínima, seguindo para a GN mesangial e terminando com a GEFS.**
182
Como se apresenta clinicamente a GPMi?
Clinicamente, a GN Proliferativa Mesangial Idiopática se apresenta como uma **síndrome nefrótica insidiosa, com proteinúria maciça**. A coexistência de **hematúria microscópica é frequente**. Episódios recorrentes de hematúria macroscópica também podem ser notados. **Os níveis séricos de complemento quase sempre se encontram normais**. * *A função renal costuma estar normal ou levemente alterada ao diagnóstico**. * *A GN mesangial é a causa mais comum de proteinúria isolada** (proteinúria com o restante do sedimento urinário normal), correspondendo a 30-70% dos casos.
183
Qual a causa mais comum de proteinúria isolada?
**A GN mesangial é a causa mais comum de proteinúria isolada** (proteinúria com o restante do sedimento urinário normal), correspondendo a 30-70% dos casos.
184
Qual o tratamento da GPMi?
O tratamento da GPM idiopática também deve ser feito com **Prednisona**, apresentando uma taxa de resposta inferior a da DLM, porém, superior a da GEFS... Parece que a adição da **Ciclofosfamida** melhora os resultados da terapia nos casos mais graves.
185
Qual o prognóstico da GPM? Qual o grupo de doentes com melhor prognóstico? Qual o factor de pior prognóstico?
**O prognóstico geralmente é intermediário entre a nefropatia por lesão mínima e a GEFS primária.** **Os pacientes com proteinúria isolada possuem um prognóstico excelente.** Aqueles com hematúria e proteinúria subnefrótica têm ainda um prognóstico bom. **A presença da síndrome nefrótica indica maior probabilidade de evolução para falência renal crônica ao longo dos próximos anos.**
186
Quais as causas de Glomerulopatia Membranosa?
187
Epidemiologia da GM
**é a segunda forma mais comum de síndrome nefrótica** primária em adultos.ocorre na maioria das vezes numa faixa etária entre **30-50 anos**
188
Qual a alteração histopatológica que caracteriza a GM? Uma diferença em relação à GEFS
**Espessamento da Membrana Basal Glomerular (MBG)**, na ausência de proliferação celular. Ao contrário da esclerose focal, a **GM apresenta comprometimento uniforme dos glomérulos (padrão difuso e homogêneo).**
189
Que tipo de depósitos existem na GM?
Pelos dados da imunofluorescência em conjunto com a microscopia eletrônica, **existem imunodepósitos subepiteliais de IgG e C3** que interagem com a matriz da MBG, espessando-a e criando prolongamentos que se pronunciam entre os depósitos.
190
Como se explica a proteinúria nefrótica não seletiva, típica da GM?
Tudo começa pela a**tivação local do sistema complemento, formando o complexo C5-9** (“complexo de ataque à membrana”). Este, por sua vez, estimula as células epiteliais e mesangiais a **produzir proteases e oxidantes, responsáveis em última análise pela degradação da matriz da MBG**, levando à perda da “barreira de tamanho”.
191
De onde provêem os imunodepósitos nas formas secundárias de GM? E nas formas primárias?
Enquanto os imunodepósitos, nas formas secundárias de GM, costumam ser **provenientes do plasma** (ex.: LES), na GM idiopática, **são formados no próprio glomérulo, pelo surgimento de um autoanticorpo** contra um complexo antigênico localizado entre a MBG e o epitélio visceral (**antígeno de Heymann).**
192
Quais as manifestações clínicas da GM? 2 complicações que podem dominar o quadro?
Em 70-80% dos casos, a apresentação clínica da GMi é a de uma **síndrome nefrótica clássica, insidiosa**, que ocorre na maioria das vezes numa faixa etária entre 30-50 anos. Nos 20- 30% restantes, **há proteinúria nefrótica sem sintomas (ausência de edema)**. Duas complicações são esperadas e podem dominar o quadro clínico: * *(1) Complicações tromboembólicas,** * *(2) Glomerulonefrite Rapidamente Progressiva**
193
Quais as duas complicações são esperadas e podem dominar o quadro clínico na GM?
**(1) Complicações tromboembólicas**, tal como a Trombose de Veia Renal (30% dos casos), a embolia pulmonar (20% dos casos) e a trombose venosa profunda (10% dos casos); **(2) Glomerulonefrite Rapidamente Progressiva** **(GNRP**), pela eventual superposição de nefrite por anti-MBG, com formação de crescentes. **Esta última deve ser suspeitada no paciente estável que desenvolve rápida deterioração da função renal, com sedimento “ativo” sugerindo glomerulite.**
194
Quais os achados laboratoriais na GM?
O laboratório da GM costuma mostrar **proteinúria maciça**, que na maioria das vezes é do tipo **não seletiva, hematúria microscópica (30%)** e **complemento sérico normal.** ## Footnote **O achado de hipocomplementemia sugere GM secundária ao LES.**
195
O que sugere o achado de hipocomplementemia na GM?
O achado de hipocomplementemia sugere GM secundária ao LES.
196
Quais as alterações histopatológicas clássicas na GM? MO MIF ME
197
como é feito o diagnóstico de GM?
um paciente adulto desenvolve **síndrome nefrótica franca, mas isolada, sem nenhum outro sintoma que identifique uma causa provável**. É solicitada a **biópsia renal**, na expectativa de flagrar uma das cinco formas primárias da síndrome, encontrando-se como resultado a GM.
198
Qual deve ser o procedimento após diagnosticar GM? Quais os ECD seguintes?
Diante de um paciente com síndrome nefrótica recém-diagnosticado para GM, sempre ficará a pergunta: será mesmo uma forma idiopática, ou será que a lesão renal é secundária a alguma doença sistêmica ainda silente? Dessa forma, como regra geral, todo paciente que desenvolve síndrome nefrótica por nefropatia membranosa deve ser submetido aos exames de “triagem” Se esta investigação se revelar negativa, o diagnóstico de GMi deve ser firmado e o tratamento prontamente iniciado.
199
Quais os diferentes cursos clinicos que a GM pode seguir? 3
(1) 10- 20% dos adultos com GMi apresentam **remissão completa espontânea da síndrome** (com proteinúria \< 200 mg/dia), nos primeiros 3-4 anos do diagnóstico; (2) 25-40% apresentam uma r**emissão espontânea parcial**, mantendo níveis de proteinúria de 200 mg a 2 g/d, sem evoluir para insuficiência renal; (3) os 40-50% restantes apresentam **perda progressiva da função renal**, evoluindo para insuficiência renal crônica num prazo médio de 15 anos.
200
Quais são os factores de mau prognóstico na GM? 9
1. sexo masculino, 2. idade avançada, 3. hipertensão, 4. proteinúria maciça persistente, 5. hipoalbuminemia significativa, 6. hiperlipidemia, 7. insuficiência renal no diagnóstico 8. esclerose focal 9. lesão tubulointersticial associada na biópsia.
201
Qual é o tratamento da GM com bom prognóstico?
Pela possibilidade de remissão espontânea e bom prognóstico pela própria história natural, grande parte dos pacientes com GMi a princípio **não necessita de tratamento específico.** Isso é válido especialmente para os pacientes com SINAIS DE BOM PROGNÓSTICO Todos esses casos devem ser **acompanhados de perto por 3-4 anos**, observando- se a evolução para remissão espontânea ou progressão.
202
Quais os factores de bom prognóstico na GM? 5
1. jovens, 2. mulheres, 3. proteinúria \< 10 g/dia, 4. **ausência** de insuficiência renal 5. e de alterações tubulointersticiais na histopatologia renal
203
Em que situações está indicado tratamento especifico na GM?
a terapia imunossupressora está indicada nos casos de “mau prognóstico” (maior chance de evoluir com falência renal crônica): **proteinúria \> 10 g/dia, hiperlipidemia severa, homens \> 50 anos com proteinúria nefrótica persistente, sinais ominosos na biópsia e creatinina plasmática elevada.** Outra indicação de tratamento da GMi é a ocorrência de um **evento tromboembólico**.
204
Caso esteja indicado qual é o tratamento da GM?
Os melhores resultados são com a associação de um **imunossupressor (Ciclofosfamida ou Clorambucil) com a Prednisona, por um período de 6-12 meses.** Um estudo mostrou remissão completa em 40% dos casos, parcial em 30% e progressão para falência renal em apenas 10% dos pacientes. A **Ciclosporina** pode ser usada como droga alternativa. Tal como na GEFS, o uso de **Inibidores da ECA** ou **Bloqueadores do Receptor de Angiotensina II** (para reduzir a proteinúria) e das **Estatinas** (para o controle lipêmico) tem demonstrado efeito protetor contra a progressão da nefropatia.
205
Quadro resumo GM
206
Qual é a principal caracteristica histopatológica distintiva da GNMP? Como se traduz à microscopia óptica?
A Glomerulonefrite Membranoproliferativa (GNMP), também conhecida como Mesangiocapilar, independente da origem, todas exibem um denominador em comum: **um grande aumento da celularidade mesangial (proliferação mesangial)**, com intensa proeminência destas células por entre as alças capilares e o epitélio visceral (podócitos). Esta interposição confere o aspecto mais característico da GNMP: **a observação, à luz da microscopia óptica, de um espessamento em _“duplo-contorno”_ da parede capilar glomerular.**
207
Que subgrupos de GNMP, classificados em função de determinados padrões histopatológicos específicos? 3
**GNMP tipo I**: com presença de imunodepósitos subendoteliais paramesangiais de **IgG e C3.** **GNMP tipo II (DOENÇA DO DEPÓSITO DENSO):** depósitos intensamente eletrondensos no interior da membrana basal (constituídos apenas por **complemento isolado, sem imunoglobulina**). **GNMP tipo III:** presença de **imunodepósitos subepiteliais** se “comunicando” com **imunodepósitos subendoteliais** através de roturas na MBG (visíveis à microscopia eletrônica).
208
Qual a epidemiologia da GNMP? Qual o principal diagnóstico diferencial?
A GNMP primária está classicamente associada a uma síndrome “mista” (elementos nefríticos e nefróticos) que cursa com hipocomplementemia persistente e atinge **crianças e adultos jovens**. Isso a torna um dos mais importantes **diagnósticos diferenciais da GNPE (GN pós-estreptocócica).**
209
Quais as causas de GNMP?
210
Qual a especial importancia da imunoflurescencia na GNMP?
através da análise por imunofluorescência da biópsia renal, podemos dividir a GNMP em causas associadas à deposição de imunocomplexos **(imunoglobulinas + complemento), que geram os subtipos I e III** de lesão, e causas a**ssociadas à deposição de complemento (com pouca ou nenhuma imunoglobulina), que geram GNMP tipo II**
211
O que é e em que doença esta presente o factor nefrítico C3?
Na GNMP tipo II é comum a detecção, no soro do paciente, do chamado fator nefrítico C3 – um **autoanticorpo anti-C3 convertase!** **A C3 convertase é a enzima que cliva e ativa o C3, constituindo o primeiro passo na cascata de ativação da via alternativa do complemento** (aquela que não necessita da presença de imunoglobulinas)... O anti-C3 convertase “estabiliza” tal enzima, aumentando sua meia-vida, o que promove a geração sustenta-da e exagerada de “fragmentos” do C3 (anafilotoxinas). **A consequência final é uma HIPERATIVAÇÃO do complemento, com deposição de seus produtos nos glomérulos renais, induzindo inflamação.**
212
Quais as manifestações clínicas da GNMP?
Cerca de 30-40% dos casos de GNMP idiopática abrem o quadro com **síndrome nefrótica**; em torno de 25% dos casos se manifestam com **síndrome nefrítica clássica (semelhante à GNPE)**; o restante inicia apenas **proteinúria isolada** (assintomática), na maioria das vezes associada à **hematúria microscópica**. Mais raramente o quadro se inicia com uma síndrome de **GN rapidamente progressiva.** No momento do diagnóstico, metade dos pacientes exibe **redução da taxa de filtração glomerular**, com graus variáveis de **insuficiência renal**, e 30-50% estão **hipertensos**. **Em mais de 50%** dos pacientes existe história recente de infecção respiratória alta, na maioria das vezes com aumento concomitante dos **títulos de ASLO**, evidenciando a **participação estreptocócica.**
213
Quais as diferenças de apresentação clínica dos subtipos de GNMP?
Não existem diferenças significativas na forma de apresentação dos tipos I, II e III de GNMP, **talvez apenas uma maior frequência de síndrome nefrítica clássica no tipo II.**
214
Qual é uma das complicações frequentes da GNMP?
Não devemos esquecer que a GNMP, junto com a **GM** e a **amiloidose**, é uma das formas de síndrome nefrótica mais associadas à **trombose de veia renal...**
215
Quais são as alterações esperadas aos exames laboratorias na GNMP?
chama a atenção a frequente associação de **hematúria e proteinúria**, sendo esta última nefrótica em mais da metade dos casos. É característica a **hipocomplementemia**, que, ao contrário da GNPE, persiste por mais de oito semanas. Nos pacientes com GNMP tipo II pode-se detectar o autoanticorpo **“fator nefrítico C3” (anti-C3 convertase)**
216
Qual a relação prognóstica entre GMi, GEFSi, GNMPi?
**A GNMP idiopática possui um prognóstico a longo prazo pior do que a GN membranosa primária, porém, melhor do que a GEFSi.** **GEFSi:** a maioria evolui para falência renal crônica, se não tratada (50% em 6-8 anos). **GMi**: até 60% apresenta algum grau de remissão espontânea; apenas 40% evolui para falência renal ao longo de 15 anos, se não tratados. **GNMPi:** 50-60% evolui para falência renal em 10-15 anos; 25-40% mantem a função renal estável e ainda 10% remite espontaneamente.
217
Qual o tratamento da GNMP?
A GNMP idiopática com síndrome nefrótica pode ser tratada com **Prednisona**, associandose drogas citotóxicas como a **Ciclofosfamida** nos casos mais graves. Tratamento adjuvante com **IECA ou BRA** (controle da pressão arterial e da proteinúria) e **Estatinas** (controle da dislipidemia) deve ser instituído conforme as indicações habituais. Novas abordagens direcionadas para a GNMP tipo II (ex.: inibidores do complemento, como o **eculizumab**) ainda se restringem ao âmbito da pesquisa científica. A **Plasmaférese** também pode ser utilizada diante da presença do fator nefrítico C3.
218
O que é importante pesquisar num paciente com GNMP antes de iniciar terapeutica imunosupressora?
antes de se pensar no tratamento imunossupressor, é mandatória a investigação de uma CAUSA SECUNDÁRIA, em especial quando a **GNMP é do tipo I**!! Deve- se sempre buscar o diagnóstico de **hepatite C crônica**. O tratamento neste caso é voltado para a doença de base
219
Quadro resumo GNMP
220
Qual a importancia das GLOMERULONEFRITE FIBRILAR E IMUNOTACTOIDE?
**São as duas causas mais raras de síndrome nefrótica primária**, sendo responsáveis juntas por apenas 1% dos casos (por isso, não estão na tabela inicial). Apesar de raras, é importante o seu reconhecimento, uma vez que se tratam de duas **GRAVES formas de glomerulopatia.**
221
O que caracteriza as Glomerulonefrite Fibrilar e Glomerulopatia Imunotactoide? O que as diferencia da amiloidose?
Ambas são doenças de **depósito fibrilar no glomérulo**, porém, são diferenciadas da amiloidose renal pela negatividade do **corante Vermelho-Congo**.
222
Quais os achados à ME e a MIF na Glomerulonefrite Fibrilar?
A Glomerulonefrite Fibrilar é o representante mais comum do grupo. O diagnóstico só pode ser feito pela biópsia renal, utilizando-se a microscopia eletrônica, que **mostrará as fibrilas com um diâmetro em torno de 20 nm,** dispostas em “arranjo aleatório” no mesângio e na parede capilar. **As fibrilas da amiloidose são diferenciadas por serem mais delgadas: 10 nm.** A microscopia óptica revela achados variados, **desde expansão mesangial e espessamento da membrana basal com material PAS positivo até glomerulonefrite proliferativa e crescentes.** **A IFI é positiva para IgG, C3 e cadeias leves de imunoglobulina (kappa e lambda).**
223
Que achados encontramos á ME na Glomerulopatia Imunotactoide?
A Glomerulopatia Imunotactoide é ainda mais rara. A microscopia eletrônica mostra **fibrilas de maior diâmetro (30-40 nm)**, que na verdade são depósitos de microtúbulos organizados.
224
Que condições podem estar associadas à Glomerulopatia Imunotactoide?
Em cerca de metade dos casos, esta entidade está relacionada com doenças linfoproliferativas (LLC, linfomas) ou paraproteinemias (discrasias plasmocitárias).
225
Qual a faixa etária mais acometida pela Glomerulonefrite Fibrilar e Glomerulopatia Imunotactoide?
A faixa etária média está em torno dos 45 anos, variando entre 10-80 anos
226
Qual a apresentação clínica na Glomerulonefrite Fibrilar e Glomerulopatia Imunotactoide?
A apresentação clínica dessas duas patologias glomerulares é marcada pela **síndrome nefrótica franca** em mais de 50% dos casos, **havendo hematúria microscópica em 60-70%**, **hipertensão arterial e insuficiência renal** em 50% dos pacientes.
227
Qual o prognóstico na Glomerulonefrite Fibrilar e Glomerulopatia Imunotactoide?
**O prognóstico é reservado**: metade dos pacientes evolui para “rins terminais” em apenas 2-6 anos
228
Qual o tratamento da Glomerulonefrite Fibrilar e da Glomerulopatia Imunotactoide?
Até o momento, **nenhum tratamento se mostrou consistentemente eficaz** para este grupo de glomerulopatias. Entretanto, uma droga promissora, segundo relatos recentes, é o **Rituximab** (anticorpo monoclonal anti-CD 20). Este medicamento atua inibindo especificamente os linfócitos B, que em alguns casos parecem estar envolvidos na gênese das fibrilas que se depositam no glomérulo.
229
Como se apresenta o complemento nas 5 formas primárias de S. nefrótico?
230
Quais as principais glomerulopatias que costumam se apresentar com hematúria assintomática ou oligossintomática? 3
(1) doença de Berger; (2) doença do adelgaçamento da membrana basal glomerular (3) mal de Alport (“nefrite hereditária”).
231
Qual é a patologia glomerular primária mais comum?
**A doença de Berger** é a mais frequente entre todas as patologias glomerulares primárias, **sendo responsável pela maior parte dos casos de _hematúria macroscópica_ recorrente de origem glomerular.**
232
Qual a epidemiologia da Doença de Berger ou Nefropatia por IgA?
Na maioria das vezes, o início dos sintomas ocorre entre 10-40 anos, e há predominância no sexo masculino (2:1) e em indivíduos de origem asiática. Ou seja, a doença deve sempre ser considerada em homens jovens com hematúria recorrente.
233
Para além da Doença de Berger, qual a única outra doença glomerular que cursa com intensa deposição de IgA no mesângio? Como se distingue da nefropatia por IgA?
**A nefrite lúpica classe II** (nefrite mesangial) é a única outra doença glomerular que cursa com intensa deposição de IgA no mesângio, embora possa ser diferenciada da doença de Berger pela **presença de consumo do complemento (o que não ocorre na nefropatia por IgA).**
234
O que causa a Doença de Berger?
Acredita-se que a origem da doença de Berger esteja em um d**escontrole dos mecanismos que regulam a produção das IgA**, talvez em resposta a algum estímulo ambiental (ao qual os acometidos possam estar cronicamente expostos). Na realidade, metade dos pacientes apresenta elevação considerável dos níveis de IgA séricos. A nefropatia por IgA é idiopática na maioria das vezes, diagnosticada como doença de Berger – uma doença de adultos jovens. Outras vezes, é apenas um componente da púrpura de Henoch-Schönlein – uma vasculite “benigna” da infância.
235
Quais as doenças que podem provocar Nefropatia por IgA secundária?
236
Qual o aspecto histopatológico que caracteriza a doença de Berger?
O aspecto histopatológico que caracteriza a doença de Berger é mais bem evidenciado pelo **método de imunofluorescência: depósitos mesangiais difusos de IgA, acompanhados em menor escala por IgG e C3**. Existe **aumento da celularidade do mesângio e expansão de sua matriz**, alterações que são flagradas pela microscopia óptica – **o padrão costuma ser difuso, mas eventualmente é focal**. Na nefropatia por IgA secundária a outras doenças, frequentemente os **depósitos mesangiais de IgA são encontrados na ausência de proliferação celular.**
237
Para além do aspecto básico que outras alterações mais raras podemos encontrar na histopatologia da doença de Berger? 3
Uma proporção pequena de pacientes desenvolve os crescentes, mas estes em geral são pequenos e não costumam envolver mais que 30% dos glomérulos renais. Raramente, encontram- se mais de 50% dos glomérulos acometidos por crescentes, definindo uma Glomerulonefrite Rapidamente Progressiva (GNRP). Alguns pacientes podem apresentar extensão da proliferação e dos imunodepósitos para o subendotélio paramesangial; nestes casos, a doença costuma ser mais grave, com proteinúria acentuada. um pequeno número de casos pode ter alterações dos podócitos típicas da doença por lesão mínima, evoluindo com síndrome nefrótica altamente responsiva a corticoides.
238
Quais as cinco formas de apresentação da doença de Berger? 4
Hematúria Macroscópica Recorrente Hematúria Microscópica Persistente Síndrome Nefrítica Clássica Doença de Berger complicada: Síndrome Nefrótica (SN) ou GN Rapidamente Progressiva (GNRP).
239
Doença de Berger: Hematúria Macroscópica Recorrente Manifestações clinicas e diagnóstico diferencial.
**o paciente típico se apresenta com episódios recorrentes de hematúria macroscópica (40- 50% dos casos), que duram dois a seis dias.** **Esta é a apresentação clássica das crianças ou adultos jovens**. Apesar dos episódios de hematúria macroscópica geralmente serem **assintomáticos**, em muitos pacientes tais episódios se associam a sintomas constitucionais **leves, como febre baixa, mialgias, astenia, dor lombar e disúria**, fazendo diagnóstico **diferencial com pielonefrite aguda bacteriana ou cistite bacteriana hemorrágica.**
240
Doença de Berger: Hematúria Macroscópica Recorrente Factores provocativos do quadro!
Na maioria das vezes, as crises de hematúria macroscópica são concomitantes (ou imediatamente subsequentes, 1-2 dias) a e**pisódios de infecção respiratória alta** (faringite, amigdalite), daí a sinonímia “nefrite sinfaringítica”. **Outros quadros infecciosos (gastroenterite, ITU**), **exercícios físicos vigorosos e vacinação** também são relatados como fatores precipitantes.
241
Doença de Berger: Hematúria Macroscópica Recorrente Prognóstico e evolução da doença? Qual o mecanismo da IRA?
**A apresentação com hematúria macroscópica marca o grupo de melhor prognóstico da doença de Berger!!** Os episódios de hematúria macroscópica podem se associar a **insuficiência renal aguda reversível**. O mecanismo é a lesão tubular pela toxicidade da hemoglobina e a formação de múltiplos cilindros hemáticos, obstruindo o lúmen tubular.
242
Doença de Berger: Hematúria Microscópica Persistente Clínica, Faixa etária de apresentação, Prognóstico.
A doença pode ser detectada durante avaliação de **hematúria microscópica persistente com ou sem proteinúria subnefrótica** (30-40% dos casos). Em 25% destes pacientes, há também crises de hematúria macroscópica. Curiosamente, o prognóstico deste grupo não é tão bom quanto o do grupo da hematúria macroscópica recorrente sem hematúria microscópica persistente. **A persistência da hematúria (e principalmente da proteinúria!!), na verdade, indica que a injúria glomerular é constante, e, além disso, este padrão costuma ocorrer em indivíduos mais velhos.**
243
Doença de Berger: Síndrome Nefrítica Clássica Clínica, Diagnóstico diferencial
**Deve-se esperar a apresentação clássica de uma síndrome nefrítica (com hipertensão arterial, oligúria, edema e até retenção azotêmica) em 10% dos casos.**Nesta forma de apresentação, se a infecção respiratória alta estiver presente como fator precipitante, pode haver**confusão diagnóstica com GNPE**–**a ausência do período latente, assim como níveis normais de complemento (C3) e ASLO, costuma fazer facilmente a diferenciação entre estas duas condições.** Lembrem-se do que foi dito para a GNPE: “deve-se sempre ter em mente que as manifestações renais que ocorrem durante uma infecção, ou logo após, geralmente representam a exacerbação de uma glomerulopatia crônica preexistente, como a doença de Berger”.
244
Doença de Berger quais as apresentações mais raras?
Em aproximadamente 10% dos pacientes há desenvolvimento de **síndrome nefrótica.** Muitos pacientes com síndrome nefrótica clássica, que apresentam depósitos mesangiais de IgA, e que respondem bem aos esteroides podem ter, na verdade, **doença por lesão mínima + nefropatia por IgA**. Em raros casos (\< 5%), a doença de Berger pode evoluir para a formação extensa de crescentes, assumindo um curso típico de **glomerulonefrite rapidamente progressiva.**
245
Alterações laboratorias da Doença de Berger?
O sedimento urinário do paciente com doença de Berger revela **hematúria de padrão glomerular (dismorfismo, cilindros hemáticos)**. Também é comum a associação da **hematúria à proteinúria**, mas esta costuma ser leve, evoluindo para níveis nefróticos em apenas 10% dos casos. * *O complemento sérico está caracteristicamente normal.** * *Os níveis de IgA sérica estão aumentados** em 50% dos casos, não havendo relação com a atividade da doença.
246
Qual a utilidade da biopsia na doença de Berger?
A biópsia da pele do antebraço revela depósitos capilares de IgA também em metade dos pacientes, sendo útil para investigação daqueles com hematúria recorrente. Se forem encontrados **(1) níveis séricos aumentados de IgA; e (2) depósitos de IgA nos vasos da pele do antebraço de um paciente com hematúria recorrente, é porque provavelmente também existem os depósitos mesangiais de IgA,** tornando a biópsia renal de importância mais prognóstica do que diagnóstica. ## Footnote **Mantida esta exceção, o diagnóstico de doença de Berger só pode ser estabelecido pela realização de biópsia renal.**
247
Em que condições deve ser realizada biopsia na suspeita de Doença de Berger?
A biópsia, apesar de diagnóstica, só deve ser indicada c**aso a hematúria coexista com proteinúria significativa (\> 1 g/dia), sinais de síndrome nefrítica ou mesmo insuficiência renal.** Os pacientes com hematúria isolada (macro ou microscópica) podem ser apenas acompanhados clínica e laboratorialmente.
248
Quais os quatro padroes evolutivos da doença de Berger?
(1) Em 60% dos casos, a doença evolui com permanência assintomática de hematúria microscópica e da proteinúria subnefrótica, intercalada ou não por episódios paroxísticos de hematúria macroscópica, mas com estabilidade da função renal a longo prazo; (2) Em 40% dos casos, há evolução lentamente progressiva para insuficiência renal. Em 20% dos casos, para rins terminais ao longo de 10-20 anos; (3) Evolução para insuficiência renal terminal em menos de quatro anos do diagnóstico, associado ao desenvolvimento dos crescentes (raro); (4) Remissão completa da doença, sem complicações futuras (menos de 4% dos adultos).
249
Quais são os factores de mau prógnostico da Doença de Berger? ## Footnote **A intensidade e frequência das crises de hematúria macroscópica são indicadores prognósticos?**
**A intensidade e frequência das crises de hematúria macroscópica _NÃO_ são indicadores prognósticos!!!**
250
Qual o tratamento e quando tem indicação na doença de Berger?
**Para a maioria dos pacientes não está indicado nenhum tipo de tratamento específico**, entretanto, aqueles que desenvolvem proteinúria maior que 1 g/dia ou hipertensão moderada ou creatinina \> 1,5 mg/dl e os que apresentam alterações à biópsia renal sugestivas de mau prognóstico (como formação de crescentes) devem receber tratamento com **Corticoides.** Em relação às estratégias de “nefroproteção”, destaca se o uso de **IECA ou BRA** para todos os pacientes hipertensos ou que excretam mais de 1 g/dia de proteína na urina (mesmo se não hipertensos). Se houver hipercolesterolemia associada, estará indicado o uso de **Estatinas.** Um dos esquemas recomendados é prednisona 2mg/kg em dias alternados por 2-3 meses, reduzindo se paulatinamente a dose para 20-30 mg/dia, que então será mantida por pelo menos seis meses. Diversos estudos demonstraram que a corticoterapia retarda a progressão da insuficiência renal nesses pacientes. A associação de Imunossupressores como a ciclofosfamida vem sendo estudada em pacientes que apresentam doença progressiva apesar da corticoterapia. **Nos casos de GNRP**, o tratamento se baseia na pulsoterapia com metilprednisolona associada ao uso da **ciclofosfamida ± plasmaferese.**
251
A que patologia corresponde a Hematuria benigna? Qual a etiologia e achados à MO, MIF e ME?
A Hematúria Benigna, na verdade, é uma doença glomerular, de origem familiar ou esporádica, conhecida também como “**Doença do Adelgaçamento da Membrana Basal Glomerular”.** Quando familiar, apresenta herança **autossômica dominante.** O defeito é no gene que codifica a **cadeia alfa-4 do colágeno tipo IV**, presente na membrana basal glomerular. A biópsia renal costuma ser normal pela microscopia óptica e de imunofluorescência, mas a **microscopia eletrônica revela uma redução da espessura da membrana basal (MBG delgada).**
252
Quais as manifestações clínicas da Hematúria benigna? Epideologia Prognóstico e tratamento
A doença geralmente é diagnosticada por exames de rotina (sedimento urinário) **em crianças ou adolescentes.** Além da hematúria microscópica glomerular (dismórfica), pode haver proteinúria de leve intensidade. O prognóstico é ótimo, e a biópsia renal não costuma estar indicada. O médico deve apenas orientar o paciente quanto ao seu caráter benigno.
253
O que é o mal de Alport? Caracteristicas clinicas
**É uma causa rara** (mas de prognóstico reservado) de **hematúria assintomática em crianças.** Trata-se de uma doença g**enética heterogênea, geralmente ligada ao X (mas às vezes autossômica), que pode ter caráter recessivo ou dominante,** dependendo da mutação específica... **O resultado final é sempre um grave defeito no colágeno tipo IV** – um importante constituinte da membrana basal glomerular, presente também em outros órgãos. Produz uma **síndrome clínica multissistêmica, caracterizada por surdez neurossensorial, anormalidades oftalmológicas, hematúria glomerular e insuficiência renal progressiva.**
254
O que é a proteinúria isolada?
É a presença de proteinúria com o restante do sedimento urinário normal e ausência uma doença renal ou urológica prévia.
255
Quadro resumo Doença de Berger
256
Como se classifica a proteinúria?
A faixa de proteinúria considerada “nefrítica” (subnefrótica) varia de 150 mg/dia a 3,5 g/dia. Níveis superiores a 3,5 g/dia são considerados “nefróticos” e indicam fortemente uma origem glomerular.
257
Na proteinúria isolada qual costuma ser a quantidade de proteinas excretada?
A maioria dos pacientes excreta menos de 2 g/dia.
258
Qual é a principal causa de proteinúria isolada em doentes jovens?
A causa mais comum de proteinúria isolada em adultos jovens é a proteinúria ortostática
259
Em que duas formas pode ser classificada a proteinúria isolada?
A proteinúria isolada pode ser classificada em intermitente ou persistente.
260
Quais as origens da Proteinúria isolada persistente?
A forma persistente pode ser determinada por distúrbios glomerulares e tubulares específicos, assim como pelo estado de hiperfluxo proteico (overflow).
261
Qual o quadro clínico na proteinúria isolada persistente? Quando realizar biopsia?
Na maioria das vezes o paciente que se **apresenta assintomático e com proteinúria persistente não nefrótica** (proteinúria isolada persistente) acaba revelando alterações glomerulares caso seja realizada uma biópsia. Independente das suspeitas, em pacientes com proteinúria persistente fixa, menor que 2 g/24h, não acompanhada por hematúria, estigmas de doença sistêmica ou mesmo alterações da função renal, não existe indicação para a realização de biópsia.
262
Que glomerolopatias se podem apresentar inicialmente com proteinuria isolada persistente? 5
Deve-se sempre ter em mente que um quadro de proteinúria isolada persistente pode estar, na verdade, representando a fase inicial de um processo mais amplo. Em cerca de 30-70% dos casos, o achado na biópsia é o de uma **GN Proliferativa Mesangial;** **em 20% dos casos, uma GEFS.** Outras formas de glomerulopatia, como **a GMi, a Nefropatia Diabética e a Amiloidose,** também podem se manifestar inicialmente com proteinúria isolada.
263
O que é a protreinúria isolada intermitente?
A forma intermitente é aquela que ocorre em função de algum fator externo detectável e geralmente não nocivo, originando-se de alterações funcionais dos mecanismos de formação do filtrado.
264
Quais as causas de proteinuria isolada intermitente?
Não existem distúrbios renais propriamente ditos.
265
Qual a fisiopatologia das diferentes causa de proteinuria isolada intermitente?
O hipofluxo renal da ICC, ortostatismo e exercício físico intenso aumentam a fração de filtração glomerular (por dilatação da aferente e contração da eferente), aumentando a filtração de albumina. A gestação aumenta discretamente a albuminúria simplesmente pelo aumento da TFG (de 30-40%) próprio da gravidez. Numa gestante, o normal da excreção urinária de proteína vai até 250 mg/dia. Para afastar a proteinúria ortostática (de excelente prognóstico), deve-se colher a urina pela manhã (antes de se levantar) e repetir a coleta após 4-6h de posição ortostática.
266
Qual é a causa mais comum de insuficiência renal aguda intrínseca em crianças pequenas?
SÍNDROME HEMOLÍTICO-URÊMICA
267
Quais são as causas do SÍNDROME HEMOLÍTICO-URÊMICA?
Na maioria das vezes o quadro seinicia em cerca de três dias após um episódio de gastroenterite invasiva, com diarreia sanguinolenta, sendo o agente etiológico mais comum a **bactéria Escherichia coli sorotipo O157:H7.** Este germe produz uma toxina chamada verotoxina, capaz de desencadear a síndrome. A SHU também se associa às infecções por **Shigella e, menos comumente, outros patógenos (ex.: pneumococo, vírus)**, podendo ainda ser desencadeada por **medicamentos e doenças sistêmicas.**
268
Qual a epidemiologia da SHU?
a epidemiologia da SHU acompanha a da gastroenterite por E. coli. Portanto, sua incidência **é maior nos países subdesenvolvidos de clima quente**. Os casos s**ão mais comuns nos meses de verão (variação sazonal).** O pico etário é **antes dos 2-4 anos de idade**. Não há predomínio de sexo.
269
Qual a fisiopatologia da SHU?
Acredita-se que a patogênese da SHU envolva uma lesão do endotélio glomerular. A resposta é a hiperativação plaquetária e do sistema de coagulação local. O multímero de alto peso do fator de von Willebrand está aumentado e tem um efeito ativador de plaquetas. A consequência principal é o acúmulo de plaquetas e fibrina no interior das alças capilares glomerulares, obstruindo o fluxo glomerular. O inibidor do ativador tecidual do plasminogênio (PAI-1) está elevado, inibindo, assim, o sistema fibrinolítico endógeno.
270
Qual a histopatologia da SHU
**O histopatológico renal demonstra depósitos amorfos subendoteliais e mesangiais, bem como grande quantidade de fibrina no interior das alças glomerulares.** O consumo excessivo de plaquetas leva à trombocitopenia, e a destruição mecânica das hemácias leva à anemia hemolítica microangiopática. **É importante ressaltar, todavia, que uma biópsia renal NÃO é necessária para o diagnóstico na maioria das vezes!!!**
271
Como se costuma establecer o diagnóstico de SHU? 3
Na prática, o diagnóstico costuma ser estabelecido pelo reconhecimento da tríade clássica: 1- Insuficiência renal aguda oligúrica; 2- Trombocitopenia; 3- Anemia hemolítica microangiopática.
272
Quais os factores de risco para a ocorrencia de SHU em adultos?
Já vimos que ela geralmente ocorre em crianças pequenas, mas existem alguns fatores de risco para a sua ocorrência em adultos: puerpério, contraceptivos orais, complicações da gestação (pré-eclâmpsia, DPP, placenta prévia, aborto retido), adenocarcinoma (gastrointestinal, pâncreas, próstata), lúpus eritematoso sistêmico, síndrome do anticorpo antifosfolipídio, infecção pelo HIV, drogas – cisplatina, mitomicina, ciclosporina, tacrolimus, OKT3, aciclovir e valaciclovir.
273
Quais as alterações laboratoriais da SHU?
**A hemólise** é comprovada pelo aumento de **reticulócitos e a microangiopatia é confirmada pelo esfregaço de sangue periférico, que revela “hemácias em capacete” e fragmentos de hemácia (esquizócitos). A enzima LDH (lactato desidrogenase) costuma estar elevada.** A bioquímica mostra a**umento das escórias nitrogenadas e pode revelar hipercalemia e acidose metabólica.** O hemograma demonstra anemia, **plaquetopenia e leucocitose (em torno de 20.000/mm3**) – o que pode levar à suspeita de l**eucemia aguda.** O sedimento urinário frequentemente mostra **hematúria glomerular, cilindros granulares e proteinúria.**
274
Quais os principios de tratamento da SHU?
A doença não possui tratamento específico, porém, na maioria das vezes é autolimitada, havendo recuperação completa da função renal. **Na forma mais comum de SHU, isto é, a forma pós-disentérica, o uso de antimicrobianos para erradicar a infecção intestinal é CONTRAINDICADO, pois a morte das bactérias no intestino pode aumentar a liberação de verotoxina, agravando as lesões microvasculares do glomérulo.** ## Footnote **A insuficiência renal pode ter graus variados, mas não é incomum a necessidade de diálise. A diálise peritoneal é o método preferido, pelo risco aumentado de hemorragia nesses pacientes plaquetopênicos (na hemodiálise utiliza-se heparina).**
275
Quadro resumo SHU
276