Envolvimento Renal nas Colagenoses Flashcards

1
Q

LÚPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO

Epidemiologia

Critério renal de diagnóstico

A

O LES é uma doença inflamatória autoimune, multissistêmica, que acomete especialmente mulheres jovens. Dos onze critérios diagnósticos, pelo menos quatro são necessários para a confirmação da doença. O “critério renal” é definido pela presença de pelo menos um dos seguintes achados: (1) proteinúria persistente > 500 mg/24h ou ≥ 3+ no EAS; ou

(2) sedimento urinário contendo cilindros celulares (hemáticos, leucocitários, epiteliais ou granulosos).

How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
2
Q

LÚPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO

Como se dá o envolvimento renal?

A

A nefrite lúpica é uma complicação frequente no LES (> 70% em algum momento na evolução da doença). O envolvimento renal nesta colagenose se dá principalmente nos glomérulos (“Glomerulopatia Lúpica”), local onde se depositam os imunocomplexos produzidos durante a atividade da doença. Contudo, outras estruturas renais também podem ser afetadas (vasos sanguíneos, túbulos e interstício). O espectro clínico da nefrite lúpica varia de discretas alterações na sedimentoscopia até síndrome nefrótica, GN rapidamente progressiva e rins terminais. De todas as manifestações sistêmicas do LES, o comprometimento renal é sem dúvida aquela que mais influi na morbimortalidade da doença, merecendo, portanto, rastreamento criterioso.

How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
3
Q

LÚPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO

Manifestações da Nefropatia Lúpica

A
How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
4
Q

LÚPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO

PATOGÊNESE E PATOLOGIA

Quais os imunoclomplexos mais encontrados

Activação do complemento

A

A formação de imunocomplexos e sua deposição glomerular, levando à ativação do complemento e quimiotaxia de células inflamatórias, são peças fundamentais na gênese da glomerulonefriten lúpica. Estes imunocomplexos podem se formar na circulação e “cair” nos glomérulos, ou podem se formar diretamente nestes últimos, pela ligação de um anticorpo circulante a um antígeno ali presente (formação in situ)…

Dentre os imunocomplexos mais encontrados, destaca-se aquele formado pela ligação do DNA dupla-hélice (“ds” ou double strand,em inglês) com seu autoanticorpo (o anti-DNAds, ou “anti-DNA nativo”).
A ativação do complemento é a regra na glomerulite lúpica, sendo bem demonstrada pelos depósitos de C3, C4 e C1q, indicando o envolvimento tanto da via clássica (C4) quanto da via alternativa (C3). A imunofluorescência mostra ainda depósitos de IgG, IgM e IgA.
De fato, a histopatologia da nefrite lúpica é variável, e possui como característica a capacidade de mudança (em 15-40% dos casos), com evolução ou involução do padrão histológico, de forma espontânea ou terapêutica…

How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
5
Q

LÚPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO

Classificação histopatológica da nefrite
lúpica (6)

A
How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
6
Q

LÚPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO

TESTES SOROLÓGICOS

Quais são e para que servem?

A

A presença de anticorpos anti-DNA dupla-hélice num paciente com LES está fortemen-te associada ao desenvolvimento de lesão renal!
A atividade da doença renal pode (e deve) ser monitorizada acompanhando-se os níveis séricos do anticorpo anti-DNAds e também os níveis séricos do complemento total (CH50) e seus componentes (C3 e C4)
.

How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
7
Q

LÚPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO

Temos que biopsiar o rim de todo paciente com lúpus e sinais clinicolaboratoriais de nefropatia?

A

Na maioria dos estudos realizados, a biópsia renal foi capaz de adicionar informações úteis e confiáveis quanto ao prognóstico da nefrite lúpica, incluindo, além da classe, a análise dos índices de atividade e cronicidade.

Entretanto, a biópsia renal NÃO está indicada em todos os casos!
Vamos dar um exemplo prático. Imagine um paciente lúpico com sedimento urinário sugestivo de glomerulite (proteinúria, hematúria dismórfica, cilindrúria), mas com proteinúria na faixa subnefrótica e função renal normal. Se houver uma pronta resposta ao tratamento com corticoide (prednisona) em baixas doses, podemos praticamente excluir a lesão classe IV (proliferativa difusa) e, portanto, a biópsia renal será desnecessária. No outro extremo, temos um paciente lúpico que evolui com síndrome nefrítica e insuficiência renal rapidamente progressiva. Neste caso, o tratamento deve ser iniciado para a classe IV de forma empírica – fazer ou não biópsia não mudará esta conduta…

How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
8
Q

LÚPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO

INDICAÇÃO DE BIÓPSIA (3)

A

Antes de decorar uma lista de indicações para a realização de biópsia renal no LES, pondere sobre a seguinte afirmativa: a biópsia renal estará indicada sempre que seu resultado for supostamente capaz de modificar o tratamento, isto é, na situação em que o quadro clinicolaboratorial nos deixar em dúvida entre classes histológicas distintas, com tratamento e prognóstico diferentes (desse modo demandando uma confirmação precisa). Subtratar uma classe histológica mais grave pode resultar em perda renal irreversível…

How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
9
Q

LÚPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO

Descrição clínica das diferentes classes de glomerulopatia lúpica focal (3)

A

LÚPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO

Descrição clínica das diferentes classes de glomerulopatia lúpica difusa (3)

How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
10
Q

LÚPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO

Prognóstico das várias formas de lesão renal ativa do LES

A
How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
11
Q

LÚPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO

TRATAMENTO DA LESÃO RENAL

nefrite mesangial

A

Os portadores de nefrite mesangial possuem excelente prognóstico e não necessitam de terapêutica específica para o dano renal.

How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
12
Q

LÚPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO

TRATAMENTO DA LESÃO RENAL

nefrite proliferativa focal (classe III)

A

Nos pacientes com nefrite proliferativa focal (classe III), o tratamento dependerá da gravidade do achado histológico… Aqueles com lesões proliferativas esparsas (< 25% dos glomérulos), sem áreas de necrose fibrinoide ou crescentes, possuem bom prognóstico e geralmente respondem a um curto período de corticoterapia oral isolada (60 mg/dia de prednisona na primeira semana, depois, desmame para 15 mg/dia ao longo de três meses, com manutenção dessa dose por mais três meses). Quando os achados histológicos revelarem lesões glomerulares mais disseminadas, com necrose e formação de crescentes, devemos instituir terapêutica similar a da nefrite proliferativa difusa.

How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
13
Q

LÚPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO

TRATAMENTO DA LESÃO RENAL

nefrite proliferativa difusa (classe IV)

A

A nefrite proliferativa difusa (classe IV), como já assinalado, é a forma mais grave e mais frequente de doença renal lúpica, exigindo medidas agressivas na tentativa de se evitar o desenvolvimento de “rins terminais”.

A base terapêutica da nefrite lúpica grave é a associação de corticoide + imunossupressores!
A maneira de ministrar os corticosteroides depende de como a doença se manifesta… Naqueles com glomerulonefrite rapidamente progressiva, a melhor conduta é a pulsoterapia com metilprednisolona (1 g – 500 mg IV/dia por três dias), para atingir o efeito mais rapidamente.
Nos pacientes com evolução mais arrastada, pode-se iniciar o tratamento com prednisona oral 1 mg/kg/dia, reduzindo-se paulatinamente após a estabilização do quadro renal.
Os imunossupressores devem ser prontamente iniciados, pois seu efeito só começa a aparecer por volta de 14 dias, atingindo um máximo após o primeiro mês de tratamento.
O tratamento deve ser dividido em duas fases:

(1) indução de remissão;

(2) manutenção.

Na indução, o imunossupressor de escolha é a ciclofosfamida, administrada sob a forma de pulsos mensais, na dose 1 g/m2, durante seis meses. O uso diário da ciclofosfamida via oral, aparentemente, tem a mesma eficácia terapêutica, porém, se associa a mais efeitos adversos.

  • *O mofetil micofenolato** também pode ser usado na indução, pela via oral, e, segundo evidências recentes, ele seria preferencial à ciclofosfamida em pacientes negros e hispânicos.
  • *As drogas de escolha na terapia de manutenção são o mofetil micofenolato** (preferencial para todos os pacientes na atualidade) e a azatioprina (alternativa), usados por 18 a 24 meses (ou mais, se necessário) em associação ao glicocorticoide.
  • *A ciclosporina** pode ser utilizada como terceira escolha.
How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
14
Q

LÚPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO

TRATAMENTO DA LESÃO RENAL

nefrite membranosa (classe V)

Principios gerais de tratamento de todas as classes

A

O tratamento da nefrite membranosa (classe V) permanece controverso… Pacientes assintomáticos não requerem tratamento. A remissão espontânea ocorre em 50% dos casos! A doença moderada geralmente responde à corticoterapia isolada (1 mg/kg/dia de prednisona).
Naqueles que não respondem, e evoluem com piora da função renal e síndrome nefrótica grave, os imunossupressores estão indicados.

Os IECA e BRA são benéficos no controle da proteinúria e da hipertensão arterial, e os diuréticos melhoram o edema associado. Estatinas são empregadas para controlar a hipercolesterolemia.
É importante atentar para o risco cardiovascular aumentado que acompanha a nefropatia lúpica (ex: síndrome nefrótica, que promove dislipidemia) – sempre pesquise os fatores de risco para aterosclerose, tão comuns nesses doentes! O alvo pressórico para os portadores de nefropatia lúpica proteinúrica é uma PA < 130 x 80 mmHg. Deve-se objetivar também uma redução da proteinúria de pelo menos 60% em relação ao basal ou, se possível, para um nível abaixo de 500 mg/dia.

How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
15
Q

LÚPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO

TRATAMENTO DA LESÃO RENAL

Como fazer o acompanhamento dos doentes?

Qual a percentagem de pacientes que evolui para DRT?

Qual a taxa de recorrencia após o transplante?

Quais os efeitos adversos dos principais fármacos utilizados?

A
  • *No acompanhamento dos portadores de nefrite lúpica, todo cuidado é pouco com os efeitos colaterais dos medicamentos utilizados.**
  • *A resposta ao tratamento deve ser monitorada com parâmetros clínicos e laboratoriais. Os mais usados são: EAS, proteinúria, clearance de creatinina, complemento sérico e título do anti-DNA dupla hélice.**

Apesar da terapia imunossupressora, cerca de 20% dos pacientes com nefrite lúpica grave evolui para rins em fase terminal, necessitando de diálise ou transplante renal. Os resultados do transplante são bons, sendo a recorrência da nefrite um evento incomum.

How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
16
Q

ESCLERODERMIA

Como se caracteriza?

Quantos padrões clínicos da coença existe? quais afectam o rim?

A

A Esclerodermia (ou Esclerose Sistêmica Progressiva) é uma doença do tecido conjuntivo caracterizada por fibrose, distúrbios degenerativos e lesões vasculares que acometem a pele, articulações, músculos esqueléticos e vários órgãos internos, principalmente coração, pulmão, trato gastrointestinal e o rim.

  • *Existem três padrões clínicos da doença esclerodérmica:
    (1) forma cutânea limitada ou síndrome CREST;**

(2) forma cutânea difusa; e

(3) forma visceral exclusiva.

O envolvimento renal se faz presente nas duas últimas formas.

Na grande maioria dos casos, as manifestações renais só aparecem após o surgimento de outras características clínicas da doença – somente cerca de 5% dos pacientes abre o quadro com lesão renal isolada. Com base em estudos de autópsia, entretanto, percebeu-se que a incidência de doença renal na esclerodermia aproxima-se a 80%.

17
Q

ESCLERODERMIA

Quais são as estruturas renais primariamente
acometidas pela esclerodermia? Como se caracteriza essa lesão?

Em que padrões distintos pode ser dividido o envolvimento renal da esclerodermia?

A

São as artérias arqueadas, interlobulares e arteríolas aferentes. A lesão, denominada endarterite proliferativa, é caracterizada pela proliferação celular da camada íntima, adelgaçamento da média e deposição de colágeno na adventícia (semelhante à nefroesclerose hipertensiva). Áreas de necrose fibrinoide e microinfartos na parede das arteríolas aferentes podem ser encontradas.

As alterações glomerulares são, geralmente, inespecíficas e secundárias à isquemia. Podemos encontrar múltiplos infartos corticais e glomerulosclerose, com depósitos imunes, além de atrofia tubulointersticial.

  • *Hipertensão arterial** é um achado bastante comum. Nada que nos surpreenda! O acometimento difuso e progressivo das pequenas artérias renais provoca isquemia renal, estimulando a secreção de renina.
  • *O envolvimento renal da esclerodermia pode ser dividido clinicamente em dois padrões distintos:
    (1) forma crônica;**

(2) forma aguda ou “crise renal da esclerodermia”.

18
Q

ESCLERODERMIA

Forma crônica

A

Nesta forma, o curso é indolente, havendo alterações discretas no sedimento e proteinúria subnefrótica durante vários anos. A lesão glomerular secundária justifica esses achados.
Pode ou não haver hipertensão arterial. Quando surge azotemia, a doença progride rápido, evoluindo para rins em fase terminal numa média de 1 ano.

19
Q

ESCLERODERMIA

Forma aguda

Defenição, epidemiologia, manifestações clínicas

A

A “crise renal da esclerodermia” é um evento agudo, potencialmente reversível, definido pelo início súbito de hipertensão arterial acelerada maligna, associada à insuficiência renal aguda rapidamente progressiva. A incidência desta “crise” varia entre 5-15%, e os pacientes com a forma cutânea difusa da doença são os mais frequentemente acometidos, ocorrendo geralmente nos primeiros cinco anos do diagnóstico (precoce).

  • *Os sintomas estão relacionados à elevação da pressão arterial, como cefaleia, retinopatia hipertensiva, encefalopatia e insuficiência ventricular esquerda (com edema agudo de pulmão) e ao desenvolvimento de síndrome urêmica, que quase sempre indica diálise. A proteinúria é universal, mas raramente nefrótica, e o sedimento urinário revela hematúria e cilindros celulares, podendo, todavia, ser normal.**
  • *Outras manifestações clínicas importantes da “crise renal da esclerodermia” incluem a anemia hemolítica microangiopática (que pode preceder a crise) e a trombocitopenia, ambas comuns a outras formas de hipertensão maligna.**
20
Q

ESCLERODERMIA

Forma aguda

Mas qual é a origem desta “crise”?

Quais os factores de risco para desenvolver esta forma
fulminante de acometimento renal? (6)

Factor protector?

A

Acredita-se que seja causada por uma espécie de “fenômeno de Raynaud” dos rins: os pacientes experimentam um vasoespasmo renal severo, especialmente das artérias interlobulares, determinando isquemia cortical difusa. A consequência é a ativação generalizada do sistema renina-angiotensina aldosterona, numa forma periférica de hipertensão renovascular. A atividade de renina plasmática está bastante aumentada durante a “crise”.

Os principais fatores de risco para esta forma fulminante de acometimento renal são:

(1) sexo masculino;

(2) raça negra;

(3) forma cutânea difusa com rápida disseminação nos primeiros 2-3 anos;

(4) presença de atrito em tendões periféricos;

(5) autoanticorpos contra RNA polimerase I e/ou RNA polimerase III;

(6) uso recente de corticoide em altas doses…

Por outro lado, um fator que se associa ao baixo risco de crise renal (“fator de proteção”) é a presença de anticorpos anticentrômero.

21
Q

ESCLERODERMIA

Forma aguda

Histopatologia/DD

A

Do ponto de vista histopatológico, observa-se nefroesclerose arteriolar acelerada, muito semelhante à observada na nefroesclerose hipertensiva maligna. Os rins estão ligeiramente reduzidos, e os infartos corticais cuneiformes com hemorragias petequiais são comuns. As arteríolas aferentes apresentam arterioloesclerose hiperplásica (lesão em “bulbo de cebola”) e há áreas de necrose fibrinoide em sua parede.
A necrose glomerular e nefrite tubulointersticial isquêmica são evidentes.

22
Q

ESCLERODERMIA

TRATAMENTO DA LESÃO RENAL

Aspecto mais importante do prognóstico

Faramacos de 1 linha e 2linha

Farmacos contra indicados

Dialise

Quando propor para transplante?

A

Antes do advento dos inibidores da ECA, nosanos 80, a maioria dos acometidos morria em função das complicações hipertensivas, no período de um a três meses.

Em relação à “crise renal da esclerodermia”, o aspecto mais importante, que define o prognóstico, é a sua detecção precoce seguida do rápido controle da pressão arterial.
Os inibidores da ECA são a classe de escolha, e o captopril é a droga preferida, por ser aquela que foi mais estudada. Devem ser administrados inicialmente em doses baixas (captopril 6,25 a 12,5 mg 8/8h) com aumento progressivo até a normalização da pressão arterial (obtida preferencialmente nos três primeiros dias). É impressionante o quanto esta classe de drogas reduz a letalidade desses pacientes! Vale lembrar que a piora da função renal após a normalização da pressão arterial deve ser esperada e que a continuação dos IECA é fundamental para a sua recuperação posterior.
A “crise renal da esclerodermia” deixou de ser a causa mais comum de óbito da forma cutânea difusa ou visceral da doença, devido ao sucesso do tratamento (quando instalado precocemente). Agora a pneumopatia esclerodérmica (fibrose pulmonar) passou a liderar…
Quando não se consegue o controle pressórico após dose máxima dos IECA, outros anti-hipertensivos podem ser utilizados, principalmente os antagonistas do cálcio. De uma forma geral, os diuréticos devem ser evitados, pois a queda da volemia aumenta ainda mais os níveis séricos de renina (através da ativação do sistema renina-angiotensina-aldosterona).
Os corticosteroides e outros imunossupressores não são úteis, e podem agravar o dano renal (lembre-se: uso de corticoide é fator de risco para crise renal da esclerodermia)…
Nos pacientes que evoluem com síndrome urêmica, métodos dialíticos devem ser realizados (hemodiálise ou diálise peritoneal).
Nos casos que evoluem para doença renal terminal e irreversível, o transplante renal tem sido uma medida de sucesso, porém, recomenda- se que ele seja considerado somente após 1 ano de terapia renal substitutiva. O motivo é que muitos pacientes, mesmo necessitando de diálise por longos períodos, acabam recuperando a função renal desde que continuem utilizando os IECA corretamente (existem relatos de pacientes que saíram da hemodiálise até 18 meses após o início do tratamento dialítico!!!)…

A forma crônica de lesão renal da esclerodermia também se beneficia parcialmente com o uso dos IECA e controle rígido da pressão arterial, pois tais medidas reduzem a sobrecarga dos néfrons remanescentes.

23
Q

SÍNDROME DO ANTICORPO ANTIFOSFOLIPÍDIO

Caracterização

Classificação

A

A Síndrome do Anticorpo Antifosfolipídeo (SAAF) é um distúrbio caracterizado pela ocorrência de tromboses vasculares recorrentes, abortos de repetição e trombocitopenia associados à elevação persistente dos níveis de anticorpos antifosfolipídeos (anticoagulante lúpico, anticardiolipina e anti-β2 glicoproteína I). Várias outras manifestações clínicas podem ocorrer como resultado de eventos trombóticos (em veias e/ou artérias), incluindo distúrbios da pele, válvulas cardíacas e sistema nervoso central.
A SAAF pode ser classificada em primária, quando não conseguimos identificar a razão do surgimento dos anticorpos contra os fosfolipídios, ou secundária, quando associada a outras condições tais como lúpus eritematoso sistêmico, medicamentos e infecções. Apesar destas diferenças etiológicas, os aspectos clínicos são semelhantes em ambos os grupos.

24
Q

SÍNDROME DO ANTICORPO ANTIFOSFOLIPÍDIO

Como se caracteriza a lesão renal? DD

A
  • *O acometimento dos rins ocorre em cerca de 25% dos pacientes com SAAF. A lesão é caracterizada por trombose dos vasos sanguíneos renais, que pode ocorrer em qualquer ponto do sistema, desde os capilares glomerulares até as artérias ou veias renais principais. Nos glomérulos, podemos observar uma lesão bastante semelhante à encontrada na síndrome hemolítico- urêmica (uma doença trombótica intraglomerular).**
  • *Em pacientes com lúpus eritematoso sistêmico, este padrão glomerular está presente em 10% das biópsias renais, associado ou não a outras manifestações de nefropatia lúpica!!!**
25
Q

SÍNDROME DO ANTICORPO ANTIFOSFOLIPÍDIO

Diagnóstico

A

Na presença de biópsia renal com padrão histológico compatível com nefropatia associada à SAAF (isto é, trombose da microvasculatura), excluídos outros diagnósticos diferenciais, esse resultado satisfaz o critério diagnóstico de “trombose” da SAAF, necessitando então apenas da positividade dos anticorpos antifosfolipídeos em duas ocasiões distintas, separadas por um intervalo mínimo de 12 semanas, para diagnosticar a síndrome

26
Q

SÍNDROME DO ANTICORPO ANTIFOSFOLIPÍDIO

Manifestações renais

A

As manifestações renais mais frequentes são: proteinúria (às vezes na faixa nefrótica), hipertensão arterial e piora progressiva da função renal. Trombose de veia renal cursa com dor em flanco, insuficiência renal aguda e hematúria/ proteinúria. A obstrução arterial leva ao infarto renal agudo.

27
Q

SÍNDROME DO ANTICORPO ANTIFOSFOLIPÍDIO

Tratamento

A

O tratamento crônico da SAAF deve ser realizado com anticoagulação plena para o resto
da vida do paciente.
Estudos comparando a anticoagulação com INR entre 2-3 ou 3-4 não mostraram benefício consistente da anticoagulação mais intensa em todos os pacientes.Desse modo, no uso do warfarin (anticoagulante oral), a princípio deve-se ter como objetivo um INR entre 2-3.Agentes imunossupressores e corticosteroides não estão indicados no tratamento crônico de manutenção, porém, nos casos em que o paciente se apresenta com insuficiência renal aguda por microangiopatia trombótica (trombose intraglomerular difusa), o tratamento deve ser feito com plasmaférese + pulsoterapia com metilprednisolona (1g IV 1x/dia por três dias). Em tais casos – geralmente relacionados à SAAF catastrófica, isto é, SAAF + disfunção aguda trombótica de três ou mais órgãos – é preciso tratar também qualquer fator desencadeante que venha a ser identificado (ex.: infecções).

28
Q

SÍNDROME DE SJÖGREN

Caracterização

A

A síndrome de Sjögren é uma doença inflamatória autoimune crônica, na qual as glândulas exócrinas do corpo sofrem destruição progressiva resultante da invasão por linfócitos e plasmócitos, num processo que compromete caracteristicamente as glândulas lacrimais e salivares.
Embora na maioria dos casos a doença se restrinja ao envolvimento das glândulas exócrinas, pode ocorrer o comprometimento de vários órgãos, principalmente os pulmões, trato gastrointestinal, tireoide, articulações e rins.

29
Q

SÍNDROME DE SJÖGREN

Em que forma da doença é mais frequente o envolvimento renal?

A

A síndrome de Sjögren pode ser primária ou secundária (associada a outras doenças autoimunes, mais comumente a artrite reumatoide).
As manifestações extraglandulares, como a lesão renal, são mais frequentes na forma primária da doença.
O acometimento renal ocorre em cerca de 10-25% dos pacientes com síndrome de Sjögren,

30
Q

SÍNDROME DE SJÖGREN

Quais as duas formas de lesão renal? Como se caraterizam?

Qual a mais comum?

A
  • *Em resumo, podemos afirmar que o tipo de lesão renal mais comum e característico desta colagenose é a nefrite intersticial crônica**, marcada pelo surgimento de algumas síndromes tubulares, como a síndrome de Fanconi (disfunção do túbulo proximal), a acidose tubular renal tipo I e o diabetes insipidus nefrogênico (formas de disfunção do túbulo distal)
  • *Um pequeno número de pacientes pode apresentar glomerulopatia por imunocomplexos. A glomerulonefrite membranoproliferativa tipo I e a glomerulopatia membranosa são as lesões esperadas.**
31
Q

SÍNDROME DE SJÖGREN

Prognóstico

Tratamento

A

Insuficiência renal significativa como resultado da nefrite intersticial é extremamente rara na síndrome de Sjögren. Os glicocorticoides (ex.: prednisona 1 mg/kg/dia, máx. 60 mg/dia) são indicados nesses casos. Nos pacientes que se tornam cortico dependentes (isto é, o desmame da medicação resulta em recidiva da nefrite), deve-se trocar o esquema para uma droga menos tóxica em longo prazo, como a
azatioprina (1-2 mg/kg/dia). A acidose tubular renal deve ser tratada com reposição de citrato de potássio por via oral (1-2 mEq/kg/dia); o citrato é convertido em bicarbonato pelo fígado, corrigindo a acidemia, a hipocalemia, e revertendo a tendência à nefrolitíase. Pacientes com glomerulonefrite por imunocomplexo e síndrome de Sjögren são tratados com corticosteroides e imunossupressores.

32
Q

ARTRITE REUMATOIDE

Quais os três mecanismos básicos que podem provocar lesão renal?

A

Os rins podem ser acometidos nos pacientes com artrite reumatoide através de três mecanismos básicos:

(1) manifestação direta da própria doença;

(2) desenvolvimento de amiloidose secundária ao estado inflamatório crônico;

(3) como consequência dos medicamentos nefrotóxicos utilizados em seu tratamento.

33
Q

ARTRITE REUMATOIDE

Qual é a forma mais clássica de acometimento renal
na AR?

Qual o padrão clínico?

A

A forma mais clássica de acometimento renal na AR é a amiloidose secundária (tipo AA), pela deposição glomerular da proteína amiloide A em forma de fibrilas Vermelho-Congo positivas. Atualmente, vale dizer, a amiloidose secundária se tornou relativamente infrequente nesses indivíduos, graças aos novos regimes terapêuticos que promovem um melhor controle da atividade inflamatória.

A glomerulopatia amiloide costuma se manifestar com síndrome nefrótica, perda progressiva da função renal e rins de tamanho aumentado (nefromegalia).

34
Q

ARTRITE REUMATOIDE

Que alterações histopatologicas costuma ser encontradas?

E que formas de doença?

A
  • *Apesar de manifestações clínicas de doença renal serem raras na artrite reumatoide, o encontro de alterações histopatológicas não é incomum. Mais de 25% dos pacientes com artrite reumatoide que são submetidos à biópsia renal revelam nefrite mesangial, com proliferação celular e depósitos de IgM e IgA (raramente de IgG) e complemento. O clearance glomerular do fator reumatoide já foi implicado na gênese destas alterações.**
  • *Outra forma de glomerulopatia descrita na artrite reumatoide é glomerulonefrite necrosante** que ocorre na ausência de vasculite sistêmica, associada à formação de crescentes, geralmente sem deposição de imunocomplexos (GN pauci-imune). O tratamento pode ser tentado com prednisona e ciclofosfamida.
  • Aqueles que desenvolvem vasculite sistêmica, quase sempre associada a altos títulos de fator reumatoide, podem experimentar alterações renais semelhantes as da poliarterite nodosa clássica**. Inflamação e necrose acometem vasos de médio calibre do leito arterial renal, podendo levar à *_necrose glomerular isquêmica._