Interpretação da Gasometria Arterial Flashcards

1
Q

pH de uma solução

Como se originam as bases e os ácidos de uma solução?

A

A molécula de água (H2O) é capaz de se dissociar em dois componentes: o H+ (íon hidrogênio ou próton) e o OH- (íon hidroxila), na seguinte reação química: H2O ↔ H+ + OH-.

O número de íons H+ e OH- é infinitamente pequeno em relação ao número de moléculas de H2O. Portanto, as concentrações desses íons são extremamente diminutas em uma solução aquosa pura. A concentração de H+ iguala-se à concentração de OH, ambas situando-se em 0,0000001 Mol/L ou 10-7 Mol/L. Convertendo- -se esse valor para a unidade mEq/L (aquela utilizada na mensuração dos eletrólitos séricos), seria de 0,0001 mEq/L ou 10-4 mEq/L.

As soluções aquosas, entretanto, normalmente não são puras, contendo uma série de substâncias químicas diluídas. Algumas dessas substâncias podem liberar quantidades excedentes de H+ ou OH- no meio aquoso, alterando as concentrações desses elementos.

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2
Q

pH de uma solução

O que é e qual a importância da constante de dissociação da água?

A

É de fundamental importância a compreensão de que as concentrações de H+ e de OH- são interdependentes. Quando uma está baixa, a outra se encontra proporcionalmente alta e vice-versa. O motivo é a existência de um equilíbrio químico da reação H2O ↔ H+ + OH-, em que o produto [H+] x [OH-] é uma constante, igual a 10-14, para as concentrações dadas em Mol/L. Esta é a constante de dissociação da água. Devemos considerar, portanto, que [H+] x [OH-] = 10-14. Em qualquer solução, dada a concentração de H+, podemos concluir a concentração de OH- e vice-versa. Por exemplo, se [H+] = 10-3 Mol/L, logo concluímos que [OH-] = 10-11 Mol/L, pois 10-3 x 10-11 = 10-14.

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3
Q

pH de uma solução

Acidez vs Alcalinidade

A

Acidez é a concentração de íons H+ de uma solução aquosa.

Alcalinidade é a concentração de íons OHde uma solução aquosa.

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4
Q

pH de uma solução

Definição de pH

A

Em vez de trabalhar com números decimaisb muito pequenos, como 0,0000001 ou 10-7, podemos transformá-los em números inteiros.
Para transformar números decimais em números inteiros, utiliza-se a função matemática cologaritmo ou logaritmo negativo. Representa- se logaritmo pela sigla log. Pela propriedade, afirmamos que - log 10-n = n, isto é, o logaritmo negativo (ou cologaritmo) de 10-n é igual a um número inteiro. Surgem, então, o pH e o pOH.

Definição de pH: É o logaritmo negativo da concentração de H+, em Mol/L. pH = - log [H+]. Logo, se a concentração de H+ for de 10-7 Mol/L, o pH será: - log 10-7 = 7,00. Se a concentração de H+ for de 10-3 Mol/L, o pH será 3,00, e assim por diante. É importante observar que o número 10-3 (0,001) é maior que o número 10-7 (0,0000001). Portanto, uma solução com concentração de H+ de 10-3 é mais ácida do que uma solução com uma concentração de H+ de 10-7. O pH da primeira é 3,00 e o da segunda é 7,00. A conclusão é que, quanto menor o pH, mais ácida é a solução, pois, quanto menor o pH, maior a concentração de H+ no meio.

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5
Q

pH de uma solução

Definição de pOH

A

A definição de pOH é análoga à definição de pH. pOH = - log [OH-]. Os valores do pH e do pOH são interdependentes. O somatório dos dois é igual a 14, isto é, pH + pOH = 14. Esta fórmula, na verdade, representa o cologaritmo da fórmula: [H+] x [OH-] = 10-14. Se o pH da solução for de 3,00, logo o pOH será de 11,00, pois 3 + 11 = 14.

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6
Q

pH de uma solução

SOLUÇÃO NEUTRA

SOLUÇÃO ÁCIDA

SOLUÇÃO ALCALINA

A

SOLUÇÃO NEUTRA: É uma solução com pH = 7,00 ou [H+] = 10-7 Mol/L. Esta solução é a água destilada. Na solução neutra a concentração de H+ iguala-se à concentração de OH-.

SOLUÇÃO ÁCIDA: É uma solução com pH < 7,00 ou [H+] > 10-7 Mol/L. Nesta solução, a concentração de H+ é maior do que a concentração de OH-.

SOLUÇÃO ALCALINA: É uma solução com pH > 7,00 ou [H+] < 10-7 Mol/L. Nesta solução, a concentração de OH- é maior do que a concentração de H+.

Uma observação importante em relação ao pH é que uma pequena variação sua pode significar uma grande variação da concentração de H+, pois a escala do pH é logarítmica. Por exemplo, se o pH cai de 7,00 para 5,00, a queda foi de apenas 2 pontos, contudo significa que a concentração de H+ aumentou 100 vezes (2 pontos da escala log).

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7
Q

ÁCIDOS E BASES

O que é um ácido?

Exemplos de 2 ácidos

A

Ácido é uma substância química que, quando adicionada à solução aquosa, libera íons H+ ou consome íons OH-.

Como exemplos clássicos de ácidos, temos o ácido clorídrico (HCl) e o ácido sulfúrico (H2SO4). Quando estas substâncias são diluídas em uma solução aquosa, sofrem as seguintes reações químicas:

HCl → H+ + Cl- (cloreto)

H2SO4 → 2H+ + SO4-2 (sulfato)

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8
Q

ÁCIDOS E BASES

O que é uma base?

A

Base é uma substância química que, quando adicionada à solução aquosa, libera íons OH- ou consome íons H+.

Como exemplos clássicos de bases, temos o hidróxido de sódio (soda cáustica) e o hidróxido de cálcio (cal). Quando estas substâncias são diluídas em uma solução aquosa, sofrem as seguintes reações químicas:

NaOH → Na+ + OH-

Ca(OH)2 → Ca+2 + 2OH-

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9
Q

ÁCIDOS E BASES

Interdependencia de H+ e OH-

A

É importante observar que, devido à interdependência entre as concentrações de H+ e OH-, a liberação de H+ leva necessariamente à queda na concentração de OH-, pois o OH- existente é consumido por uma parte do H+ liberado, na formação de H2O. Do mesmo modo, a liberação de OH- leva necessariamente à queda na concentração de H+, pois o H+ existente é consumido por uma parte do OH- liberado. A manutenção do equilíbrio [H+] x [OH-] = 10-14 não pode ser violada.

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10
Q

ÁCIDOS E BASES

Ácidos fortes

A

O ácido clorídrico e o ácido sulfúrico são exemplos de ácidos fortes, pois, quando dissolvidos, liberam quase todo o H+ de suas moléculas, aumentando enormemente a acidez da solução.
Ao adicionar 1 mMol de HCl a 1 litro de água destilada, o pH final será de 3,00. O hidróxido de sódio e o hidróxido de cálcio são exemplos de bases fortes, pois, quando dissolvidos, liberam quase todo o OH-, aumentando intensamente a alcalinidade da solução. Ao adicionar 1 mMol de NaOH a 1 litro de água destilada, o pH final será 11,00.

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11
Q

ÁCIDOS E BASES​

Ácidos fracos

A

Nem todos os ácidos são fortes… O ácido carbônico,
assim como o ácido acético, é exemplo
de ácido fraco, pois, quando dissolvido, libera
menos de 5% do seu H+, aumentando apenas
moderadamente a acidez da solução. As reações
de dissociação dos ácidos carbônico e
acético são:

H2CO3 (ácido carbônico) → H+ + HCO3- (bicarbonato)
Dissociação = 0,18%

CH3-COOH (ácido acético) → H+ + CH3-COO-(acetato)
Dissociação = 2%
Se adicionarmos 1 mMol de ácido carbônico (H2CO3) a 1 litro de água destilada, o pH final será 5,74, em vez de 3,00. Isso acontece devido ao fato de apenas 0,18% do H+ deste ácido ser efetivamente liberado em solução. Se a dissociação fosse de 100%, a concentração final de H+ seria 1 mMol/L ou 10-3 Mol/L (pH = 3,00). Como a dissociação é de 0,18%, a concentração final de H+ será em torno de 10-6 Mol/L (pH próximo a 6,00). Essa pequena diferença de pH significa uma concentração de H+ quase 1.000 vezes menor.

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12
Q

ÁCIDOS E BASES​

Bases fracas

A

As bases fracas são substâncias que, quando em solução aquosa, reagem com o H+ de forma incompleta, isto é, uma parte significativa da substância fica na forma não ligada ao H+. Portanto, aumentam apenas moderadamente a alcalinidade da solução. Vamos exemplificar a reação de uma base fraca clássica – a amônia (amoníaco).
NH3 (amônia) + H+ ↔ NH4+ (amônio)

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13
Q

ÁCIDOS E BASES​

O que são sais?

A

Os ácidos e as bases, quando se dissociam em solução, liberam, além dos respectivos H+ e OH-, outros íons denominados sais. Os sais dos ácidos são ânions (nos exemplos acima: cloreto, sulfato, bicarbonato, acetato). Os sais das bases são cátions (nos exemplos acima: sódio, cálcio, amônio). Como os sais são sempre íons, podemos dizer que em solução aquosa os ácidos e as bases sofrem reações de ionização.

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14
Q

SOLUÇÃO TAMPÃO

A

SOLUÇÃO TAMPÃO é aquela que contém substâncias capazes de torná-la resistente a variações expressivas do pH. Essas soluções contêm, em concentrações significativas, um ácido fraco e o seu sal correspondente, ou então uma base fraca e o seu sal correspondente.

A observação experimental mostra que uma solução contendo uma concentração expressiva de um ácido fraco com o seu respectivo sal, ou então de uma base fraca com o seu respectivo sal, possui certa resistência à variação do pH. Imaginemos o preparo de uma solução na qual adicionamos a 1 litro de água, 0,5 Mol de ácido acético (ácido fraco) e 0,5 Mol de acetato (sal). Esta solução terá um pH de 4,74, após o equilíbrio. Se adicionarmos agora 1 mMol de HCl, o que acontecerá com o pH? O pH cai apenas para 4,72, ou seja, quase nada. A adição de 1 mMol de NaOH leva o pH desta solução para 4,76, uma elevação desprezível. Acabamos de preparar uma solução tampão…

Portanto, para preparar uma solução tampão, podemos adicionar quantidades semelhantes de ácido acético e acetato, ou ácido carbônico e bicarbonato, ou ácido cítrico e citrato, ou amônia e amônio, etc. No entanto, ácidos fortes e bases fortes não conferem a propriedade tampão à solução.

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15
Q

SOLUÇÃO TAMPÃO

Qual é o mecanismo da propriedade tampão?

A

Exemplificando com o ácido acético e o acetato.
Vamos escrever novamente a reação de dissociação:
CH3-COOH (ácido acético) ↔ H+ + CH3-COO-(acetato)
Pelo fato do ácido acético ser um ácido fraco, a sua reação de dissociação é reversível, isto é, a reação ocorre da esquerda para direita e da direita para a esquerda. Se as concentrações de ácido acético e de acetato forem semelhantes, ambas expressivas, quase todo o H+ que for adicionado à solução se ligará ao acetato para formar ácido acético, enquanto quase todo o OH- que for adicionado à solução será consumido pelo H+ liberado pelo ácido acético, ao converter-se em acetato. Este é o motivo pelo qual o pH pouco se altera na solução tampão, mesmo após a adição de ácidos ou bases fortes.

É interessante observar que o sal acetato, na verdade, comporta-se como uma base, pois pode consumir íons H+ da solução. Neste caso, podemos chamar o sal acetato de base conjugada. De uma forma geral, todo ácido fraco, quando dissolvido, gera uma base conjugada, que é um sal aniônico (ex.: acetato). Do mesmo modo, toda base fraca, quando dissolvida, gera um ácido conjugado, que é um sal catiônico, capaz de liberar H+ em solução (ex.: amônio).

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16
Q

SOLUÇÃO TAMPÃO

A fórmula de Henderson-Hasselbalch

A

O poder de tamponamento de uma solução é máximo quando a concentração do ácido fraco é igual à da sua base conjugada, ou a concentração da base fraca é igual à do seu ácido conjugado.
A relação ácido fraco/base conjugada é dependente do pH da solução, assim como o pH da solução é dependente da relação ácido fraco/ base conjugada. O mesmo vale para a relação base fraca/ácido conjugado. Essas relações são dadas pelas seguintes fórmulas:

A primeira é a fórmula que associa diretamente a concentração de H+ com as concentrações de ácido fraco e base conjugada. A segunda é a famosa fórmula de Henderson-Hasselbalch, que nada mais é do que o cologaritmo da primeira. Os químicos costumam representar o ácido fraco como HA e a base conjugada como A-. HA ↔ H+ + A-.
A fórmula de Henderson-Hasselbalch é representada como:
pH = pKa + log [A-]/[HA].
O Ka e o pKa são constantes que dependem do ácido em questão. Por exemplo, o pKa do ácido acético é 4,74. Como o pKa é o cologaritmo do Ka, quanto menor o pKa, mais forte é o ácido (maior a constante de dissociação). Observando atentamente a fórmula de Henderson- -Hasselbalch, podemos concluir que, se o pH da solução for igual ao pKa do ácido, então a concentração do ácido iguala-se à concentração da base conjugada. Neste caso, o poder de tamponamento da solução é máximo.

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17
Q

SOLUÇÃO TAMPÃO

O poder de tamponamento de uma solução de ácido fraco [HA] e base conjugada [A-] depende de dois fatores:

A

1- A concentração total da substância tampão (ácido + base conjugada).
2- O pH da solução, em relação ao pKa do ácido. Este fator vai determinar, em última análise, a relação [A-]/[HA].

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18
Q

SOLUÇÃO TAMPÃO

Exemplo do ácido ácetico

A

A solução contém 0,5 Mol/L de ácido acético e 0,5 Mol/L de acetato. Concentração total do tampão = 1 Mol/L. Podemos adicionar quantidades progressivas de H+ (através de um ácido forte – HCl) ou de OH (através de uma base forte – NaOH).
O pH inicial da solução é 4,74, igual ao pKa do ácido acético, pois as concentrações de ácido acético e acetato são iguais. Observe no gráfico ao lado a variação do pH após a adição de HCl e de NaOH.
Partindo-se do pH inicial de 4,74, à medida que vamos adicionando quantidades cumulativas de HCl (ácido forte) à solução, estamos caminhando do ponto central para a esquerda do gráfico. À medida que vamos adicionando quantidades cumulativas de NaOH (base forte), estamos caminhando do ponto central para a direita do gráfico. Observe que, na zona de pH próxima ao pKa, a variação de pH é relativamente pequena, quando comparada às zonas de pH afastadas do pKa. Quanto mais próximo do pKa estiver o pH da solução, maior o poder de tamponamento e mais próximas entre si estão as concentrações de ácido e base conjugada. Especificando melhor, o tamponamento acidobásico é mais eficiente na faixa de pH que varia de 1 ponto abaixo até 1 ponto acima do pKa.

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19
Q

Fisiologia Acidobásica – “os nossos sistemas tampão”

Qual a importância de regular o pH?

A

O nosso organismo é 50-60% de água. O plasma, o interstício e o meio intracelular, todos são soluções aquosas, possuindo um pH e uma série de substâncias com poder tampão, isto é, substâncias que funcionam como ácidos fracos e suas respectivas bases conjugadas, assim como bases fracas com seus respectivos ácidos conjugados. Logo, podemos afirmar que o nosso organismo é banhado por uma solução tampão formada por uma série de substâncias com diferentes poderes de tamponamento. Algumas dessas substâncias são mais importantes no compartimento extracelular, enquanto outras o são no compartimento intracelular. Ainda é muito importante, como veremos, o papel dos ossos no tamponamento acidobásico.

É de extrema importância que os nossos líquidos tenham um grande poder de tamponamento, pois a função celular só é possível dentro de uma pequena faixa de pH. Os íons H+ e OH- são altamente reativos e, portanto, podem alterar as propriedades das proteínas celulares, como as enzimas, responsáveis pela função celular. A grande variação de pH pode até desnaturar uma proteína. No capítulo de distúrbios acidobásicos, veremos também que variações importantes de pH, mesmo dentro da faixa compatível com a vida, podem levar a consequências graves, comprometendo a função cerebral e cardiovascular.

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20
Q

Fisiologia Acidobásica – “os nossos sistemas tampão”

Qual o valor normal de pH?

Qual a importãncia do pH intracelular?

A

O pH do fluido extracelular está em torno de 7,40, sendo a faixa compatível com a vida entre 6,50 a 7,90. Contudo, as enzimas e proteínas importantes para a fisiologia estão no ambiente intracelular. Portanto, é o pH intracelular que assume maior importância do ponto de vista fisiológico. O pH intracelular (pHi) é menor do que o pH extracelular e é diferente em diversos compartimentos da célula (citossol, núcleo, mitocôndria), variando de 6,60 a 7,20. Na prática, não há como medir o pHi de modo confiável, porém, pode se mensurar facilmente o pH plasmático. Em geral, o pH intracelular reflete o pH plasmático, variando de forma proporcional.

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21
Q

Fisiologia Acidobásica – “os nossos sistemas tampão”

TAMPÃO EXTRACELULAR -sistema bicarbonato-co2

A

Entre as várias substâncias que funcionam como tampão, o sistema mais importante em nosso organismo é o sistema bicarbonato-CO2.
Este é o principal responsável pelo tamponamento extracelular. Abaixo estão representadas suas reações químicas:
CO2 + H2O ↔ H2CO3 « H+ + HCO3-

Na faixa de pH extracelular (7,40), o H2CO3 logo se transforma em CO2 + H2O ou em H+ +HCO3-. Sua concentração plasmática se torna muito pequena e desprezível. Então, é melhor escrever a reação:
CO2 + H2O ↔ H+ + HCO3-
Na reação acima, o CO2 funciona como o ácido fraco, sendo o bicarbonato, a base conjugada. O pKa desta reação é 6,10, aproximando-se do pH normal do plasma, de 7,40. Veja a fórmula de Henderson Hasselbalch para o sistema bicarbonato- CO2:
pH = 6,10 + log [HCO3-]/[CO2]

A concentração de CO2 é proporcional à pressão parcial de CO2 (PCO2): [CO2] = 0,03 x PCO2
Logo, podemos reescrever a equação de Henderson Hasselbalch da seguinte forma:
pH = 6,10 + log [HCO3-] /0,03PCO2

Os valores normais do HCO3- e da PCO2 no sangue arterial são, respectivamente, 24 mEq/L e 40 mmHg, então, a relação normal [HCO3-]/CO2 será

24/0,03 x 40 = 24/1,2 = 20.
Pela fórmula: pH = 6,10 + log 20

Logo: pH = 6,10 + 1,30 = 7,40
Analisando esta fórmula, concluímos o conceito mais importante do equilíbrio acidobásico no organismo:
O pH plasmático é determinado pela relação

[HCO3 -]/CO2

O HCO3- funciona como base conjugada e o CO2, como ácido fraco. É fácil memorizar: o pH plasmático depende da relação base/ácido do principal sistema tampão do compartimento extracelular.

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22
Q

Fisiologia Acidobásica – “os nossos sistemas tampão”

Eficácia do Sistema Bicarbonato-CO2

A

Vimos que o pKa deste sistema é de 6,10. A eficácia do sistema tampão dá-se numa faixa de pH que vai de 1 ponto abaixo do pKa até 1 ponto acima do pKa. Logo, o pH plasmático (7,40) encontra-se fora dessa faixa, pois está 1,3 pontos acima do pKa (6,10). Teoricamente, então, o sistema bicarbonato-CO2 não seria um tampão extracelular eficaz… No entanto, existe um fator fundamental que o torna um sistema tampão especialmente eficaz: o controle dos níveis de CO2 pela ventilação alveolar. O arco aórtico possui sensores de pH plasmático que se conectam ao centro respiratório (presente no bulbo) por intermédio de neurônios que seguem pelo nervo vago. A queda do pH, devido a um excesso de H+, estimula esses sensores, aumentando a ventilação alveolar e eliminando mais CO2. A elevação do pH, devido a um excesso de OH-, desestimula os sensores, reduzindo a ventilação alveolar e retendo CO2.
Esse mecanismo faz com que os níveis de CO2 acompanhem os níveis de HCO3-, mantendo o pH plasmático sem maiores variações.

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23
Q

Fisiologia Acidobásica – “os nossos sistemas tampão”

Eficácia do Sistema Bicarbonato-CO2

O que aconteceria se não fosse o controle do CO2 pela ventilação alveolar?

A

O sistema seria muito pouco eficaz. O acúmulo de apenas 5 mMol de H+ em cada litro de sangue poderia ser fatal. Veja o que aconteceria… O bicarbonato faria o tamponamento do excesso de H+ na seguinte reação: H+ + HCO3- → CO2 + H2O. Cerca de 5 mMol/L de bicarbonato seriam consumidos nesta reação, surgindo mais 5 mMol/L de CO2. O bicarbonato final seria 24 – 5 = 19 mEq/L, enquanto que o CO2 final seria 1,2 + 5 = 6,2 mEq/L (correspondente a uma PCO2 de 206 mmHg). A relação [HCO3-]/CO2 seria 19/6,2 = 3,06. Pela equação de Henderson- -Hasselbalch, o pH final chegaria a 6,58.
Contudo, a queda inicial do pH plasmático exacerba a ventilação alveolar, eliminando-se muito mais CO2, reduzindo, assim, a PCO2 para cerca de 34 mmHg, correspondente a uma concentração de CO2 de 1,02 mEq/L. Logo, a relação [HCO3 -]/CO2 será então 19/0,9 = 18,6, em vez de 3,06. O pH final será de 7,36, em vez de 6,58. Ou seja, a compensação respiratória é fundamental para que o sistema bicarbonato- CO2 seja um tampão extracelular altamente eficaz.
Outro fator que contribui para o poder de tamponamento
são os altos níveis plasmáticos de
bicarbonato (24 mEq/L). Em relação aos outros
tampões plasmáticos, sua concentração é
muito maior. O tampão fosfato, por exemplo,
é pouco eficaz, já que a concentração do fosfato
é de apenas 1 mMol/L.

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24
Q

Fisiologia Acidobásica – “os nossos sistemas tampão”

TAMPÃO SANGUÍNEO

A

O tamponamento acidobásico do organismo depende de substâncias do extracelular, das hemácias, do intracelular e do osso. No extracelular (plasma e interstício), o principal sistema tampão, como já descrito, é o sistema bicarbonato- CO2, altamente eficaz devido às elevadas concentrações plasmáticas de bicarbonato e à regulação do CO2 pela ventilação alveolar. No intracelular e no osso, entretanto, outros meios de tamponamento acidobásico são utilizados.

TAMPÃO SANGUÍNEO: o H+ intravascular pode ser tamponado pelo plasma (sistema bicarbonato- CO2) ou pelas hemácias. As hemácias participam do tamponamento sanguíneo, por conterem uma grande quantidade de hemoglobina e fosfato, que funcionam como bases tampão (tal como o bicarbonato). Veja as reações de tamponamento:
H+ + Hemoglobinato- ↔ Hemoglobina+ (na hemácia)

H+ + HPO4 -2 (fosfato monoácido) ↔ H2PO4- (fosfato diácido)

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25
Q

Fisiologia Acidobásica – “os nossos sistemas tampão”

TAMPÃO SANGUÍNEO

A

TAMPÃO CELULAR: O excesso de H+ que não pôde ser tamponado no sangue e extracelular pode ainda ser tamponado pelas células, por conterem uma variedade de proteínas que servem como bases tampão, além de suas reservas de fosfato. Veja as reações de tamponamento:
H+ + Proteinato- ↔ Proteína+

H+ + HPO4 -2 (fosfato monoácido) ↔ H2PO4- (fosfato diácido)
O H+ penetra nas células através da troca por cátions intracelulares, tais como o Na+ (sódio) e o K+ (potássio), ou através do influxo celular junto a um ânion, como o Cl- (cloreto). Estes processos ocorrem por meio de proteínas trocadoras ou carreadoras, presentes na membrana celular. Por isso, o excesso de H+ causa um aumento do total de Na+ e K+ do extracelular. No caso do K+, pode chegar a produzir um aumento significativo da calemia. O excesso de OH- do extracelular pode ser tamponado através do influxo celular de cátions (Na+ e K+) em troca de H+. Assim, o excesso de OH- leva à diminuição do total de Na+ e de K+ do extracelular, podendo causar reduções significativas da calemia.

26
Q

Fisiologia Acidobásica – “os nossos sistemas tampão”

TAMPÃO ÓSSEO​

A

TAMPÃO ÓSSEO: O excesso de H+ do extracelular também pode ser tamponado pelo osso. O mineral ósseo é capaz de liberar substâncias tampão, quando em contato com um excesso de H+. Essas substâncias são inicialmente NaHCO3 (bicarbonato de sódio), KHCO3 (bicarbonato de potássio) e, posteriormente, CaCO3 (carbonato de cálcio) e CaHPO4 (fosfato monoácido de cálcio). O tamponamento ósseo do excesso de H+, portanto, pode levar à desmineralização óssea, por fazer perder cálcio e fosfato.

27
Q

Fisiologia Acidobásica – “os nossos sistemas tampão”

Buffer Base (BB) e Base Excess (BE):

A

Quando somamos o total de bases do sangue (Buffer Base ou BB), incluímos o total de bicarbonato e dos tampões eritrocíticos (hemoglobina e fosfato). Em indivíduos normais, o valor normal do BB é de 48 mEq/L, o dobro do valor do bicarbonato (24 mEq/L). Quando o aparelho de gasometria calcula o Base Excess (BE), ele está se referindo à variação do BB do paciente em relação ao BB normal (48 mEq/L). Um BE positivo significa um aumento do BB (excesso de bases). Um BE negativo significa uma redução do BB (deficit de bases).

28
Q

Fisiologia Acidobásica – “os nossos sistemas tampão”

Qual a importaância relativa da cada tampão?

A

Um experimento realizado em cães demonstrou o papel relativo de cada um dos principais sistemas de tamponamento do organismo. Ao se infundirem cerca de 180 mMol de HCl em cada um de cinco cães, com peso médio de 19 kg, encontrou- se o seguinte percentual de tamponamento:

Podemos dizer, portanto, que cerca de 40% de uma carga ácida é tamponada no extracelular, pelo Buffer Base, e cerca de 60% é tamponada no intracelular e ósseo, por outros sistemas tampão.
O sistema bicarbonato-CO2 é eficaz para tamponar qualquer ácido, menos o H2CO3 (ácido carbônico), proveniente de um excesso de CO2 devido a um distúrbio respiratório. Não há como o HCO3-(bicarbonato) tamponar o H+ liberado pelo H2CO3, já que o próprio H2CO3 é formado na reação de tamponamento do HCO3. Nesse caso, o tamponamento dá-se apenas pelos tampões intracelular e ósseo.

29
Q

Regulação renal do equilíbrio acidobásico

Qual o ácido mais produzido pelo nosso corpo?

Como é eliminado?

A

O metabolismo celular normal produz continuamente uma série de substâncias ácidas. Delas, o ácido produzido em maior escala é o CO2, pelo metabolismo dos carboidratos e ácidos graxos. Cerca de 22.000 mEq de CO2 são produzidos pelo metabolismo diário. O CO2 celular chega ao plasma e é levado aos capilares pulmonares como HCO3- dentro da hemácia, para então ser eliminado como CO2 na ventilação alveolar. Devido à enorme velocidade de produção de CO2, uma pequena redução da ventilação alveolar causa um aumento importante na PCO.

30
Q

Regulação renal do equilíbrio acidobásico

Ácido volatil vs ácido não volatil?

Quais são e de onde proveêm os ácidos não volateis?

Como são eliminados?

A

O CO2 é um ácido volátil, pois é eliminado pela ventilação alveolar. O H2CO3, por ser prontamente convertido em CO2, também é considerado volátil. Todos os outros ácidos produzidos pelo metabolismo são denominados ácidos não voláteis. A principal fonte de ácidos não voláteis é o metabolismo proteico, através da quebra dos tioaminoácidos. Neste processo, é liberado o ácido sulfúrico. O metabolismo dos nucleotídeos libera ácido fosfórico e ácido úrico, enquanto o ácido lático e os cetoácidos são liberados, respectivamente, pelo metabolismo anaeróbico dos carboidratos e pela cetogênese.
O somatório de todos os ácidos não voláteis corresponde a cerca de 50-100 mEq por dia lançados na circulação pelo metabolismo celular. Estes ácidos não podem ser eliminados pelo pulmão, gerando um excesso de H+ que, a princípio, é tamponado pelo sistema bicarbonato- CO2, pelas hemácias e pelos tampões intracelular e ósseo. Contudo, é necessário que haja uma excreção deste excesso de H+, para que não ocorra um esgotamento progressivo das reservas de tamponamento do organismo.
Os rins são encarregados desse processo.

31
Q

Regulação renal do equilíbrio acidobásico

Como é feita a excreção de H+ pelos rins?

A

A excreção renal de H+ depende da secreção tubular. O processo de secreção tubular de H+ ocorre no néfron distal, particularmente no túbulo coletor cortical, pela ação das células intercaladas. Para cada H+ secretado no lúmen tubular, 1 HCO3 - é regenerado no plasma. Por isso, o processo de secreção de H+ é também chamado de regeneração de bicarbonato.
As células intercaladas apresentam em sua membrana luminal uma enzima – a H+- ATPase. Esta enzima é capaz de secretar H+ contra um gradiente de concentração, mantendo assim o pH do lúmen tubular bem mais ácido que o plasmático. Este pH é o pH da urina (pH urinário = 4,50).

32
Q

Regulação renal do equilíbrio acidobásico

Por que a secreção de H+ regenera bicarbonato?

A

O H+ derivado dos ácidos não voláteis é tamponado no plasma, consumindo 1 HCO3- e formando 1 CO2.
Este CO2 penetra na célula do túbulo coletor (intercalada) seguindo a reação

CO2 + H2O → H2CO3 → H+ + HCO3-.

Este H+ é secretado no lúmen pela H+-ATPase, sobrando 1 HCO3-, que então é “devolvido” ao plasma, passando pela membrana basolateral da célula por um carreador de bicarbonato.

33
Q

Regulação renal do equilíbrio acidobásico

Quais são os determinantes da secreção tubular de H+?

A

A secreção tubular de H+ está interligada à reabsorção de sódio e à secreção de potássio no túbulo coletor, um processo estimulado pela aldosterona. Para cada sódio reabsorvido, 1 K+ ou 1 H+ deve ser secretado, para manter o equilíbrio eletroquímico do lúmen tubular. Portanto, tudo que estimula a reabsorção de sódio no túbulo coletor (aldosterona, aporte de sódio ao néfron distal) também estimula a secreção de H+. Alterações da calemia também possuem uma grande influência neste processo. Na hipocalemia, há pouco K+ para ser secretado, portanto o H+ é secretado no lugar do potássio (perda urinária de H+). Por outro lado, na hipercalemia, o K+ acaba sendo secretasecretado no lugar do H+ (retenção renal de H+).

34
Q

Regulação renal do equilíbrio acidobásico

De que outra forma é eliminado H+ além da excreção na célula intercalada?

A

A secreção tubular de H+ é necessária, porém não é suficiente para a excreção renal dos 50-100 mEq diários de H+ produzidos pelo metabolismo. Mesmo acidificada ao máximo, isto é, com pH de 4,50, a concentração de H+ urinária é de apenas 0,04 mEq/L ([H+] correspondente ao pH de 4,50). Nesta concentração, uma diurese de dois litros irá eliminar apenas 0,08 mEq de H+ por dia, em vez dos necessários 50-100 mEq.
Entretanto, o H+ não é excretado pela urina na forma livre, mas sim ligada a bases urinárias, capazes de combinar-se com o H+ secretado no túbulo coletor. Essas bases são a amônia (NH3) e o fosfato monoácido (HPO4-). Dos 50-100 mEq de H+ excretados na urina diariamente, 2/3 estão ligados à amônia, sob forma de NH4 + (amônio), e 1/3 está ligado ao fosfato monoácido, sob a forma de H2PO4 -2 (fosfato diácido). A amônia é produzida nas células do túbulo proximal, pelo metabolismo do aminoácido glutamina. O fosfato monoácido é filtrado pelo glomérulo.

A excreção renal de H+ pode variar de acordo com a necessidade fisiológica. O principal fator determinante da excreção renal de H+ é a produção de NH3 (amônia) pelas células tubulares proximais. Esta é altamente dependente do pH intracelular e pode aumentar em até dez vezes o seu valor basal. Uma parte da amônia produzida é armazenada no interstício medular após ser captada do lúmen pelo carreador Na+/K+/2Cl- presente na porção ascendente da alça de Henle. Um aumento da acidificação urinária permite uma maior reciclagem da amônia armazenada no interstício, que agora volta ao lúmen para se combinar com o excesso de H+ e formar NH4+.

35
Q

Regulação renal do equilíbrio acidobásico

Reabsorção de Bicarbonato

A

Reabsorção de Bicarbonato: para que se mantenha on equilíbrio acidobásico no organismo, é fundamental que praticamente todo o bicarbonato filtrado pelo glomérulo seja reabsorvido, processo este que ocorre no túbulo proximal.
Uma filtração glomerular de 170 L por dia faz com que sejam filtrados cerca de 4.000 mEq de bicarbonato diariamente. Se este bicarbonato não fosse reabsorvido, rapidamente se esgotariam as reservas de tamponamento do corpo. É importante relembrarmos que este processo é altamente dependente da reabsorção de Na+, através do trocador Na+/H+ e da ação da anidrase carbônica luminal e celular.
Para ser reabsorvido, o bicarbonato luminal precisa se transformar em CO2. Isso é feito através do H+ secretado no túbulo proximal em troca do Na+ reabsorvido. A anidrase carbônica luminal (ligada às microvilosidades do epitélio tubular) cataliza a reação de conversão
H+ + HCO3 - H2CO3 - CO2 + H2O.
O denominado limiar de bicarbonato é o nível plasmático de bicarbonato acima do qual começa a haver bicarbonatúria, pelo fato de não ser reabsorvido todo o bicarbonato filtrado.
Este limiar situa-se em torno de 28 mEq/L. Em condições patológicas, que alteram a reabsorção tubular proximal de bicarbonato, este limiar pode alterar-se. Na hipovolemia, hipocloremia e hipocalemia, o limiar aumenta. Na acidose tubular renal tipo II o limiar diminui.

36
Q

farmacocinética dos ácidos e bases

(1) ácido acetilsalicílico;

A

Sabemos que o Ácido Acetilsalicílico (AAS) é mais absorvido quando o pH do suco gástrico está ácido (estômago vazio), e menos absorvido quando o pH do suco gástrico está alcalino (estômago cheio). Sabemos também que, na intoxicação por AAS, devemos alcalinizar a urina para aumentar a sua excreção urinária.

Como o pH do estômago e o da urina interferem tanto nesses processos?
Analise a reação de ionização dos ácidos fracos:
HA ↔ H+ + A- HA = forma não ionizada
A- = forma ionizada
Exemplo:
Ácido acetilsalicílico - H ↔ H+ + Salicilato-

(forma não ionizada) (forma ionizada)
Pela lei de ação das massas para reações químicas, o aumento da concentração de H+ (redução do pH) na solução faz com que as reações acima tendam para a esquerda. Portanto, a redução do pH, isto é, a acidificação do meio, aumenta a concentração da forma não ionizada em relação à da forma ionizada.
Ora, a forma não ionizada é lipofílica, passando livremente pela membrana celular (rica em fosfolipídeos). Portanto, se o AAS estiver mais na forma não ionizada, é mais bem absorvido pelas células da mucosa gástrica. A forma ionizada não pode ser absorvida, pois não passa pela membrana celular fosfolipídica.
Regra 1: Os ácidos fracos (ex.: AAS) ficam mais na forma não ionizada em pH ácido. Portanto, são mais absorvidos pelo estômago, quando o pH do suco gástrico está ácido (estômago vazio).
Por outro lado, a forma ionizada é mais eliminada na urina do que a forma não ionizada, pois esta última é quase toda reabsorvida pela célula tubular. Então, se quisermos aumentar a excreção renal de um ácido fraco (AAS), devemos transformá-lo ao máximo na sua forma ionizada, por meio da alcalinizaçãourinária (feita com bicarbonato de sódio). Observe as reações acima e veja que, se o pH aumentar, a redução do H+ puxará a reação para direita, aumentando a forma ionizada (salicilato).

Regra 2: Os ácidos fracos (ex.: AAS) ficam mais na forma ionizada em pH alcalino. Portanto, têm maior excreção renal, quando a urina está alcalina (administração de bicarbonato de sódio).

37
Q

farmacocinética dos ácidos e bases

(2) cimetidina.

A

A regra para as bases fracas é oposta à dos ácidos fracos. Exemplificaremos com a cimetidina.
Analise a reação de ionização das bases fracas:
B + H+ ↔ BH+ B = forma não ionizada
BH+ = forma ionizada
Exemplo:
Cimetidina + H+ ↔ Cimetidina-H+
(forma não ionizada) (forma ionizada)
Olhe para as reações acima e observe que, se o pH estiver alcalino, a redução do H+ puxará a reação para a esquerda, aumentando a forma não ionizada. Por isso, as bases fracas (ex.: cimetidina) são mais absorvidas em pH alcalino. Neste caso, a absorção ocorre no intestino delgado.
Por outro lado, observe que, se o pH estiver ácido, o aumento do H+ levará a reação para direita, aumentando a forma ionizada. Por isso, a acidificação da urina (feita com vitamina C – ácido ascórbico) aumenta a excreção renal das bases fracas.

Regra 3: As bases fracas (ex.: cimetidina) ficam mais na forma não ionizada em pH alcalino. Portanto, são mais absorvidas pelo intestino, cujo lúmen tem pH alcalino.
Regra 4: As bases fracas (ex.: cimetidina) ficam mais na forma ionizada em pH ácido. Portanto, têm maior excreção renal, quando a urina está ácida (administração de vitamina C – ácido ascórbico).

38
Q

A interpretação da gasometria arterial

Como se determina o pH plasmático?

A

O pH plasmático é determinado pela relação entre o bicarbonato (HCO3-) e o dióxido de carbono (CO2). Esta relação é expressa pela fórmula de Henderson- Hasselbach – abaixo.

o pH plasmático depende da relação bicarbonato/CO2.

39
Q

A interpretação da gasometria arterial

Qual é o principal tampão do meio interno?

A

Este é o sistema bicarbonato-CO2, o principal sistema TAMPÃO do meio interno – seu objetivo é evitar variações bruscas do pH!
Perceba que o bicarbonato é a base do sistema, pois consome íons H+, enquanto o CO2 funciona como ácido, já que libera H+, após se transformar em ácido carbônico, por ação da anidrase carbônica das hemácias circulantes.

O aumento da concentração plasmática da base (bicarbonato) eleva o pH, isto é, alcaliniza o sangue, pois a base consome H+. Já o aumento da concentração plasmática do ácido (CO2), por outro lado, reduz o pH, ou seja, acidifica o sangue, pois o ácido libera H+

40
Q

A interpretação da gasometria arterial

O que o aparelho de gasometria mede?

Quais os valores normais?

Como são calculados os paramentros que a gasometria não mede directamente?

A

O aparelho de gasometria só é capaz de medir o pH e os gases sanguíneos sob a forma de pressão parcial do gás (PO2 e PCO2). Todos os demais parâmetros fornecidos pela gasometria são calculados, e não medidos.
Devemos conhecer os valores normais:
pH normal = 7,35-7,45;
PCO2 normal = 35-45 mmHg.

Sabendo a PCO2, podemos calcular a verdadeira concentração de CO2 no plasma:
CO2 = 0,03 x PCO2;
CO2 normal = 1,05-1,35 mEq/L.
O HCO3 real (actual HCO3) é calculado a partir do TCO2 (total de CO2). Como isso é feito? Através de um pequeno artifício… O aparelho adiciona HCl (ácido clorídrico) ao sangue – o excesso de H+ originado deste ácido forte combina-se com o bicarbonato, formando H2CO3 e depois CO2 + H2O. Assim que todo o HCO3 for convertido em CO2, teremos o TCO2 (total de CO2), que representa o somatório do CO “verdadeiro” com o CO2 proveniente do HCO3. Equivale dizer que: TCO2 = CO2+ HCO3. Ou seja: HCO3 = TCO2 – CO2.
Pode-se escrever que: HCO3 = TCO2 – 0,03 x PCO2 (confira esta relação em qualquer gasometria…)
TCO2 normal = 27-28 mEq/L
HCO3 real normal = 22-26 mEq/L

41
Q

A interpretação da gasometria arterial

O que se calcúla com o método de interpolação de Astrup?

A

Utilizando o método de interpolação de Astrup, o aparelho (ou o próprio laboratorista) calcula outros parâmetros da gasometria, tais como o HCO3 padrão (standard HCO3), o Buffer Base (BB) e o Base Excess (BE).

42
Q

A interpretação da gasometria arterial

HCO3 padrão ou standard – o que é?

A

É o HCO3 do sangue após a correção da PCO2 para 40 mmHg (PCO2 normal). Veja para que serve…
Sempre que temos um distúrbio da PCO2 (distúrbios respiratórios), o HCO3 real sofre uma alteração imediata, pela dinâmica da reação HCO3- +H+ CO2 + H2O. Se a PCO2 estiver alta, o HCO3 real ficará mais alto; e, se a PCO2 estiver baixa, o HCO3 real ficará mais baixo. O HCO3 standard não sofre esta influência. Este parâmetro só estará alterado quando houver um excesso ou deficit real de bicarbonato no sangue do paciente, significando um distúrbio metabólico primário ou compensatório.

HCO3 standard normal = 22-26 mEq/L.

43
Q

A interpretação da gasometria arterial

Buffer Base (BB) – o que é?

A

É o total de bases presente no fluido extracelular do paciente. Pode ser representado como BBecf (ecf é a abreviatura de Extracelular Fluid). Aqui o termo “fluido extracelular” inclui o interstício, o plasma e as hemácias. O bicarbonato é a principal, mas não é a única base deste compartimento. A hemoglobina das hemácias e algumas proteínas plasmáticas também funcionam como bases, contribuindo com o sistema tampão. O BB pode ser “traduzido” como “total de bases”. Ele serve para o cálculo do base excess.

BB normal = 45-51 mEq/L.

44
Q

A interpretação da gasometria arterial

Base Excess (BE) – o que é?

A

É a diferença entre o buffer base do paciente e o buffer base normal (48 mEq/L). Pode ser representado como BEecf (ecf é a abreviatura de Extracelular Fluid). Veja para que serve… Se o BE for positivo e maior que + 3,0 mEq/L, significa que existe um aumento do total de bases, isto é, o organismo está retendo bases, devido a um distúrbio metabólico primário (alcalose metabólica) ou compensatório (retenção renal de HCO3 para compensar o aumento da PCO2 de uma acidose respiratória crônica). Se o BE for negativo, mais negativo do que – 3,0 mEq/L, significa que houve uma redução do total de bases, ou seja, o organismo perdeu bases, devido a um distúrbio metabólico primário (acidose metabólica) ou compensatório (excreção renal de HCO3 para compensar a diminuição da PCO2 de uma alcalose respiratória crônica). O BE não se alterab nos distúrbios respiratórios agudos, pois não há tempo hábil para a resposta compensatória renal.
BE normal = – 3,0 a + 3,0 mEq/L.
Obs.: o BEecf pode ser calculado diretamente por uma fórmula que depende do HCO3 real e do pH. Segue a fórmula:
BEecf = (HCO3 real – 24) + 14,8 x (pH – 7,40)
Esta fórmula não deve ser memorizada. Ela foi colocada apenas para o leitor ter uma ideia de como o BE é determinado pela maioria dos aparelhos de gasometria na atualidade.

45
Q

A interpretação da gasometria arterial

Quais os parametros necessários para diagnosticar distúrbio ácido base?

Quais são os disturbios acidobásicos?

A

O diagnóstico do distúrbio acidobásico pela gasometria necessita apenas de três parâmetros: pH, PCO2 e HCO3. Os outros elementos dados pelo método (HCO3 standard e BEecf, principalmente) auxiliam no diagnóstico, mas não são essenciais para tal.

São quatro: acidose respiratória, alcalose respiratória, acidose metabólica, alcalose metabólica

46
Q

A interpretação da gasometria arterial

Como interpretar a gasometria? Passo 1

A

Passo 1: Olhe para o pH – está normal, ácido ou alcalino?
Se o pH estiver ácido (acidemia), é porque existe uma acidose.
Se o pH estiver alcalino (alcalemia), é porque existe uma alcalose.
Se o pH estiver normal, de duas uma: ou não há distúrbio acidobásico, ou há dois distúrbios que se contrabalançam (“distúrbio misto”).

47
Q

A interpretação da gasometria arterial

Como interpretar a gasometria? Passo 2

A

Passo 2: Qual é o distúrbio acidobásico que justifica este pH?
pH ácido (< 7,35):
Pode ser justificado pelo aumento da PCO2 (acidose respiratória) ou pela redução do HCO3 (acidose metabólica).

pH alcalino (\> 7,45):
Pode ser justificado pela redução da PCO2 (alcalose respiratória) ou pelo aumento do HCO3 (alcalose metabólica).
48
Q

A interpretação da gasometria arterial

Interprete as gasometrias arteriais abaixo (obtidas de casos reais):
Gaso 1:
pH = 7,52 / PCO2 = 20 mmHg / HCO3 = 16 mEq/L
Gaso 2:
pH = 7,30 / PCO2 = 27 mmHg / HCO3 = 13 mEq/L

Gaso 3:
pH = 7,33 / PCO2 = 60 mmHg / HCO3 = 31 mEq/L

Gaso 4:
pH = 7,47 / PCO2 = 44 mmHg / HCO3 =31 mEq/L

Gaso 5:
pH = 7,36 / PCO2 = 36 mmHg / HCO3 =20 mEq/L

A

Vamos às respostas…
Gaso 1: Como está o pH? Alto. Qual é a alcalose? PCO2 baixo – Alcalose Respiratória.

Gaso 2: Como está o pH? Baixo. Qual é a acidose? HCO3 baixo – Acidose Metabólica.

Gaso 3: Como está o pH? Baixo. Qual é a acidose? PCO2 alto – Acidose Respiratória.

Gaso 4: Como está o pH? Alto. Qual é a alcalose?
HCO3 alto – Alcalose Metabólica.

Uma observação importante: quando o distúrbio acidobásico é leve, o pH pode se encontrar no limite da faixa normal. Veja o exemplo…

Gaso 5: Como está o pH? No limite inferior. Existe alguma acidose leve? Sim – acidose metabólica.

49
Q

Interpretação da Gasometria Arterial

Distúrbios Acidobásicos Mistos

Mas o que são os distúrbios mistos?

A

Como vimos acima, existem quatro distúrbios acidobásicos: acidose metabólica, alcalose metabólica, acidose respiratória e alcaloserespiratória. Estes distúrbios induzem alterações compensatórias (respiratórias e renais) na tentativa de se evitar grandes oscilações do pH, ou seja, para cada distúrbio específico, um certo grau de compensação é esperado. Por exemplo: se aumentarmos o bicarbonato sérico de um paciente em 1 mEq/L, a alcalose metabólica gerada faz com que o pulmão retenha 0,6 mmHg de CO2, através de uma discreta redução no drive ventilatório… O importante é perceber que a alteração inicial sempre determina a ocorrência de uma alteração dita compensatória, e que toda vez em que analisarmos uma gasometria arterial devemos verificar se a resposta compensatória ocorreu ou não conforme o esperado… Por que essa verificação é tão importante? Por causa da existência dos chamados “distúrbios mistos”. Mas o que são os distúrbios mistos??? Por definição, existe um distúrbio misto quando estão presentes dois ou três distúrbios acidobásicos independentes.
Neste caso, não estamos diante de uma alteração “compensatória” – se o pH se normalizou ou está próximo disso, o motivo é a presença de um segundo (ou terceiro) distúrbio acidobásico independente, que pode “mover” o pH na direção contrária do primeiro distúrbio.

50
Q

Interpretação da Gasometria Arterial

Resposta Compensatória

Quais as 2 regras?

A

Como o pH plasmático depende diretamente da relação HCO3/CO2, a resposta compensatória de um distúrbio acidobásico visa manter esta relação o mais próxima possível do normal.
Por exemplo, como seria a resposta compensatória de uma acidose metabólica. Ora… Por definição, a acidose metabólica é decorrente da redução do HCO3. Na tentativa de manter a relação, o organismo responde reduzindo a PCO2, por uma hiperventilação compensatória (respiração de Kussmaul). Portanto, na acidose metabólica “pura” devemos encontrar, além de um HCO3 baixo, também uma PCO2 baixa.
Na acidose respiratória crônica, o aumento primário de PCO2 deve ser compensado com um aumento do HCO3, por intermédio da retenção renal de bicarbonato.

Regras da resposta compensatória
1- A resposta compensatória é sempre no mesmo sentido do distúrbio primário: a redução do HCO3 (acidose metabólica) deve ser acompanhada de uma redução da PCO2; o aumento da PCO2 (acidose respiratória) deve ser acompanhado pelo aumento do HCO3; o aumento do HCO3 (alcalose metabólica) deve ser acompanhado pelo aumento da PCO2; a redução da PCO2 (alcalose respiratória) deve ser acompanhada pela redução do HCO3.
2- Excetuando-se os distúrbios leves, podemos dizer que a resposta compensatória nunca é completa, isto é, ela não corrige o pH para a faixa normal!!! A resposta compensatória apenas evita que haja uma grande variação do pH plasmático, o que poderia ser fatal para o paciente.

51
Q

Interpretação da Gasometria Arterial

Resposta Compensatória

Gaso 6: pH = 7,05 / PCO2 = 55 mmHg / HCO3 = 15 mEq/L

A

Se o pH está ácido, é porque existe acidose. Qual é a acidose? Como você está percebendo, existe tanto uma acidose respiratória (PCO2 alta) como uma acidose metabólica (HCO3 baixo). Por isso, o pH encontra-se MUITO baixo! Trata-se de uma acidose mista. Neste caso, a primeira regra sobre a resposta compensatória não pôde ser respeitada. Aliás, não houve resposta compensatória.

52
Q

Interpretação da Gasometria Arterial

Resposta Compensatória

Gaso 7: pH = 7,80 / PCO2 = 20 mmHg / HCO3 = 30 mEq/L

A

Se o pH está alcalino, é porque existe alcalose. Qual é a alcalose? Na verdade existem duas alcaloses – respiratória (PCO2 baixa) e metabólica (HCO3 alto). Por isso, o pH está extremamente alto, pondo em risco a vida do paciente.
Trata-se, portanto, de uma alcalose mista.

Na acidose mista e na alcalose mista o pH costuma estar bastante alterado, o que pode pôr em risco a vida do paciente.

53
Q

Interpretação da Gasometria Arterial

Resposta Compensatória

Gaso 8: pH = 7,42 / PCO2 = 19 mmHg / HCO3 = 12 mEq/L

A

Como está o pH? Está normal. Mas observe a PCO2 e o HCO3 – estão bastante alterados. O que aconteceu é que existem dois distúrbios acidobásicos graves que literalmente “se equilibraram”, mantendo o pH normal. Neste caso, trata-se de uma alcalose respiratória (PCO2 baixa) associada a uma acidose metabólica (HCO3 baixo). Não poderia ser uma resposta compensatória (o pH está normal, e a PCO2 está muito abaixo do “esperado” na resposta compensatória

54
Q

Interpretação da Gasometria Arterial

Resposta Compensatória

Gaso 9: pH = 7,42 / PCO2 = 60 mmHg / HCO3 = 38 mEq/L

A

Mais uma vez o pH está normal, apesar de uma grande alteração da PCO2 e do HCO3. Os dois distúrbios estão se equilibrando. Trata-se de uma acidose respiratória (PCO2 alta) associada a uma alcalose metabólica (HCO3 alto).

Quando estamos diante de um pH normal e, ao mesmo tempo, amplas variações da PCO2 e do HCO3, com certeza existe um distúrbio acidobásico misto – uma acidose associada a uma alcalose.

55
Q

Interpretação da Gasometria Arterial

Resposta Compensatória

Gaso 10: pH = 7,11 / PCO2 = 32 mmHg / HCO3 = 10 mEq/L

A

Como está o pH? Baixo. Qual é a acidose? HCO3 bbaixo – Acidose Metabólica. Tudo bem… Você fez o diagnóstico… Contudo, existe um problema além da acidose metabólica nesta gasometria: a resposta compensatória foi aquém do esperado. Em uma acidose metabólica grave como esta, em que o HCO3 está 10 mEq/L, era para a PCO2 ter caído mais – por volta de 23 mmHg. Portanto, existe um segundo distúrbio que aumentou a PCO2 de 23 mmHg para 32 mmHg – uma acidose respiratória. Trata- se, portanto, de um distúrbio misto.

Para descobrir este tipo de distúrbio misto, devemos saber qual é a PCO2 esperada na acidose metabólica.
PCO2 esperada = (1,5 x HCO3) + 8

No exemplo acima, com um HCO3 = 10 mEq/ L, pela fórmula, esperar-se-ia uma PCO2 de 23 mmHg.

56
Q

Interpretação da Gasometria Arterial

Resposta compensatória esperada

A
57
Q

Interpretação da Gasometria Arterial

Bicarbonato Standard e Base Excess

Gaso 11: pH = 7,18 / PCO2 = 80 mmHg / HCO3 real =29 mEq/L
HCO3 standard = 24 mEq/L
Base excess = 0,0 mEq/L

A

Vamos mostrar por meio de exemplos como o HCO3 standard e o base excess podem ajudar no diagnóstico gasométrico.

Como está o pH? Baixo. Qual é a acidose? PCO2 alta – Acidose Respiratória.
Veja que existe um aumento do HCO3 real, mas o HCO3 standard e o base excess estão normais. Por quê? O que acontece é que o aumento do HCO3 real é decorrente apenas da reação:
HCO3 + H+ CO2 + H2O
Que foi deslocada para a esquerda, pelo aumento do CO2. Como não houve tempo de os rins reterem bicarbonato, o HCO3 standard encontra-se normal e o base excess não se modificou. Conclusão: trata-se de uma acidose respiratória aguda. Este paciente está evoluindo com hipoventilação aguda e, se não for logo intubado, terá uma parada cardiorrespiratória.

58
Q

Interpretação da Gasometria Arterial

Bicarbonato Standard e Base Excess

Gaso 12: pH = 7,34 / PCO2 = 80 mmHg / HCO3 real = 42 mEq/L
HCO3 standard = 37 mEq/L
Base excess = +5,0 mEq/L

A

Nesta acidose respiratória, o HCO3 standard está aumentado e o base excess mostra retenção de bases. Neste caso, houve tempo suficiente para os rins acumularem bicarbonato necessário para uma boa resposta compensatória.
Conclusão: trata-se de uma acidose respiratória crônica. Este paciente não precisa ser intubado.

59
Q

Interpretação da Gasometria Arterial

Bicarbonato Standard e Base Excess

Gaso 13: pH = 7,62 / PCO2 = 20 mmHg / HCO3 real= 19 mEq/L
HCO3 standard = 24 mEq/L
Base excess = 0,0 mEq/L

Gaso 14: pH = 7,46 / PCO2 = 20 mmHg / HCO3 real
= 13 mEq/L
HCO3 standard = 18 mEq/L
Base excess = – 11 mEq/L

A

Conclua você mesmo que a gaso 13 corresponde a uma alcalose respiratória aguda e a gaso 14 corresponde a uma alcalose respiratória crônica (pois houve uma perda compensatória de bicarbonato pelos rins). No primeiro caso, é provável que o paciente encontre-se sintomático (tontura, sonolência), enquanto, no segundo caso, esteja assintomático.

O HCO3 standard e o base excess são parâmetros importantes para diferenciarmos os distúrbios respiratórios agudos – geralmente graves – dos distúrbios respiratórios crônicos – geralmente sem repercussão clínica imediata. Nos primeiros, estes parâmetros estão dentro da faixa normal, enquanto nos últimos, apresentam-se sempre alterados.

60
Q

Interpretação da Gasometria Arterial

Bicarbonato Standard e Base Excess

Gaso 15: pH = 7,25 / PCO2 = 100 mmHg / HCO3 real
= 44 mEq/L
HCO3 standard = 37 mEq/L
Base excess = +5,0 mEq/L

A

O pH despencou! Trata-se de uma acidose respiratória crônica “agudizada”. É o que acontece com pacientes DPOC retentores crônicos de CO2 descompensados, por exemplo, por uma infecção respiratória…

61
Q

Interpretação da Gasometria Arterial

Que tipos de acidose respirtória podemos encontrar?

Como separá-las pela gasometria?

Utilidade do BE

A

podemos encontrar, na verdade, três tipos de acidose respiratória:
(1) aguda (Gaso 11);

(2) crônica compensada
(Gaso 12); e

(3) crônica agudizada (Gaso15).

1- Aguda: pH muito baixo, BE normal.
2- Crônica compensada: pH normal/quase normal, BE alto.
3- Crônica agudizada: pH muito baixo, BE alto.

A regra serve também para a alcalose respiratória. Generalizando: nos distúrbios respiratórios, um BE alterado diz que o distúrbio é obrigatoriamente crônico: neste caso, se o pH estiver muito alterado, este distúrbio certamente está descompensado (agudizado).

O base excess também ajuda a estimar a gravidade dos distúrbios metabólicos. Um BE menor que – 10 mEq/L é um critério de acidose metabólica grave, e um BE maior que +10 mEq/L é um critério de alcalose metabólica grave. O base excess também é utilizado para se calcular a fórmula de reposição de bicarbonato de sódio no paciente com acidose metabólica grave.