Envolvimento Renal na HTA Flashcards

1
Q

Qual o nome dado à lesão renal provocada pela HTA?

Quais os 2 tipos?

A
  • *Nefroesclerose hipertensiva (ou nefroangioesclerose)** é o termo aplicado à lesão decorrente do efeito da hipertensão arterial sistêmica sobre os rins, afetando particularmente as pequenas artérias (arqueadas, interlobulares), as arteríolas aferentes e os glomérulos. Dois tipos de nefroesclerose hipertensiva são descritos:
  • *(1) Nefroesclerose hipertensiva benigna;
    (2) Nefroesclerose hipertensiva maligna.**
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2
Q

Qual a importancia da nefrosclerose hipertensiva?

A

A nefroesclerose hipertensiva é uma importante causa de “rins em fase terminal”. Na população negra, é a causa mais comum de doença renal terminal, responsável por 35-40% dos casos. Na população branca, a nefroesclerose hipertensiva é a segunda causa de “rins terminais”

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3
Q

Qual a taxa de hipertensos que evolui para IR?

A

Existe um curioso paradoxo em relação à nefroesclerose hipertensiva: apesar de ser a primeira ou segunda maior causa de “doença renal terminal” nos centros de diálise, sabe-se que esta entidade é uma complicação relativamente rara da hipertensão arterial, ocorrendo em < 2% dos pacientes após cinco anos de acompanhamento.
Este fato possui três explicações plausíveis:

(1) o número de hipertensos é tão grande que mesmo uma pequena percentagem de nefropatia hipertensiva neste grupo resulta em número expressivamente alto de renais crônicos;
(2) a taxa de progressão da insuficiência renal é extremamente lenta na nefroesclerose benigna, não aparecendo após cinco anos;
(3) boa parte dos pacientes em diálise no grupo “nefropatia hipertensiva”, na verdade, teria uma nefropatia primária agravada pela hipertensão arterial.

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4
Q

PATOLOGIA E PATOGÊNESE

Nefroesclerose

A

O marco histopatológico da nefropatia hipertensiva é o acometimento das pequenas artérias interlobulares e das arteríolas aferentes (arterioloesclerose), que são as principais estruturas renais a sofrer com o aumento da pressão hidrostática intraluminal. A redução do lúmen desses vasos provoca graus variados de isquemia glomerular e tubulointersticial. Um conceito fundamental: a lesão glomerular da nefroesclerose NÃO é o evento inicial, mas sim secundário ao acometimento arteriolar.

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5
Q

PATOLOGIA E PATOGÊNESE

Nefroesclerose Benigna

Quais os dois tipos de resposta vascular?

A

O aumento da pressão arterial em longo prazo lesa diretamente as artérias e arteríolas renais. A lesão endotelial é um dos principais fatores implicados neste processo. Dois tipos de resposta vascular são observados:

  • *(1) Hipertrofia da camada média e espessamento da íntima** das pequenas artérias renais (arqueadas e interlobulares) – uma resposta inicialmente adaptativa, ao “poupar” os glomérulos do aumento pressórico. Quando exagerada, a redução do lúmen das pequenas artérias renais contribui para o processo de isquemia glomerular.
    (2) Arteriolosclerose hialina: deposição de material hialino (derivado de proteínas plasmáticas e lipídios) na parede das arteríolas aferentes, com redução progressiva do lúmen e isquemia glomerular satélite.
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6
Q

PATOLOGIA E PATOGÊNESE

Nefroesclerose Benigna

Fisiopatologia da lesão glomerular

Tipos histológicos de esclerose glomerular

Evolução da lesão

A

A isquemia glomerular leva à glomerulosclerose focal global (focal: alguns glomérulos; global: o glomérulo inteiro) que, por sua vez, provoca a perda do néfron. A esclerose glomerular global pode ser subdividida em dois tipos histológicos: solidificado (no qual todo o tufo é homogeneamente envolvido) e obsolescente (no qual o tufo capilar é retraído e o restante da cápsula de Bowman é preenchido por um material colágeno-símile).

O tipo solidificado é mais comum na raça negra. Como inicialmente apenas alguns glomérulos são acometidos pela esclerose global, os remanescentes começam a hiperfiltrar, o que provoca uma nova lesão: a glomerulosclerose segmentar.
Os glomérulos com esclerose segmentar encontram se hipertrofiados pelo hiperfluxo, enquanto aqueles com esclerose global estão atrofiados. A Glomerulosclerose Focal e Segmentar (GEFS), na verdade, é uma lesão secundária ao processo de nefroesclerose hipertensiva, mas não deixa de contribuir significativamente para a progressão da proteinúria e da insuficiência renal nesses pacientes.
Agora você pode entender melhor a dúvida de muitos patologistas ao analisar a biópsia de um hipertenso com proteinúria e insuficiência renal: quem veio primeiro, a nefroesclerose hipertensiva ou a GEFS?? Lembre-se de que a GEFS idiopática cursa frequentemente com hipertensão arterial secundária…
A lesão tubulointersticial contém dois componentes: o inflamatório (nefrite intersticial crônica) e o atrófico (atrofia tubular). A isquemia tubular pode alterar antígenos presentes nas células epiteliais, provocando uma espécie de injúria “autoimune”.

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7
Q

PATOLOGIA E PATOGÊNESE

Nefroesclerose Maligna

defenição de hipertensão maligna

A

O paciente que tem este tipo de lesão renal, na verdade, apresenta uma síndrome multissistêmica, denominada “Hipertensão Maligna”, ou “hipertensão acelerada maligna”.

Esta síndrome é definida pelo aumento abrupto dos níveis tensionais, atingindo valores > 120-130 mmHg para a PA diastólica e > 200-220 mmHg para a PA sistólica, e provocando graves lesões de órgãos-alvo, particularmente retinopatia hipertensiva grau III (hemorragias em “chama de vela” e exsudatos moles esparsos) ou grau IV (papiledema). O edema agudo de pulmão hipertensivo, a encefalopatia hipertensiva e a nefroesclerose maligna são apenas componentes da síndrome (que podem ou não estar presentes).

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8
Q

PATOLOGIA E PATOGÊNESE

Nefroesclerose Maligna

Achados à macróscopia optica

TIpos de lesão na parede das arteriolas aferentes e interlobulares

A

Na macroscopia, podemos encontrar rins de tamanho aumentado e múltiplas petéquias corticais (“rins com picada de pulga”), decorrentes da rotura de pequenos vasos. Dois tipos de lesão surgem na parede das arteríolas aferentes e artérias interlobulares:

(1) Necrose fibrinoide – depósito de material eosinofílico composto por fibrina, muitas vezes contendo infiltrado inflamatório (leucócitos), surgindo a nomenclatura arteriolite necrosante.

(2) Arterioloesclerose hiperplásica – espessamento da média devido à proliferação concêntrica de células musculares lisas entremeadas a um depósito laminar de colágeno (lesão em “bulbo de cebola”).

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9
Q

PATOLOGIA E PATOGÊNESE

Nefroesclerose Maligna

Lesão dos glomerulos e consequencias

A

A insuficiência renal rapidamente progressiva se instala pela acentuada isquemia glomerular difusa, provocando síndrome urêmica grave e necessidade de diálise.

Os glomérulos apresentam necrose isquêmica, trombose intracapilar e infiltração neutrofílica (glomerulonefrite necrosante). Esta glomerulite explica a hematúria (que inclusive pode ser macroscópica), a proteinúria significativa (por vezes na faixa nefrótica) e o eventual aparecimento de cilindros hemáticos e leucocitários. A trombose capilar contribui para a degradação mecânica de hemácias, o que leva a uma anemia microangiopática, com presença de esquizócitos (fragmentos de hemácia) na periferia.

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10
Q

PATOLOGIA E PATOGÊNESE

Nefroesclerose Maligna

Consequencia da isquemia glomerular

Prognóstico

A

A isquemia glomerular estimula a liberação de renina, fazendo aumentar a angiotensina II e, consequentemente, a aldosterona. Este fenômeno contribui para o aumento progressivo da pressão arterial nesses pacientes (um ciclo vicioso).
A hipocalemia é descrita em conjunto com uma alcalose metabólica, explicada pela elevação dos níveis de aldosterona (hiperaldosteronismo).
Contudo, em estágios mais avançados, a acidose metabólica da própria síndrome urêmica acaba obscurecendo os efeitos do hiperaldosteronismo, e o indivíduo desenvolve acidose hipercalêmica.
Não tratada, a nefroesclerose maligna culmina em semanas ou meses no “estado de rins terminais”, uma condição irreversível de falência renal.

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11
Q

MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS E DIAGNÓSTICO

Nefroesclerose Benigna

Diagnóstico diferencial

A

O diagnóstico clínico da nefroesclerose benigna
deve ser feito em um hipertenso de longa data, com elevação da creatinina sérica que apresenta alguns dos critérios a seguir:

  • *(1) Retinopatia grau I ou II.
    (2) Hipertrofia ventricular esquerda.
    (3) Sedimento urinário relativamente normal.
    (4) Proteinúria < 1,5 g/24h (média de 500 mg/24h).
    (5) Leve redução do tamanho renal.
    (6) Insuficiência renal lentamente progressiva.
    (7) Exclusão de outras causas de nefropatia crônica.**

Os principais diagnósticos diferenciais a serem excluídos são as doenças renais primárias (ex: glomerulopatias), a nefropatia isquêmica por estenose bilateral de artéria renal e uma forma mais branda do ateroembolismo por colesterol.
No primeiro caso, deve-se atentar para o nível de proteinúria em 24h. Se > 1,5 g, uma nefropatia primária deve ser afastada por biópsia renal!

A nefroesclerose benigna frequentemente cursa com proteinúria de pequena monta, porém, pode evoluir com proteinúria elevada (> 1,5 g/24h) em 40% dos casos, com 20% na faixa nefrótica (> 3,5 g/24h). Outra alteração possível na sedimentoscopia é a hematúria microscópica.
A nefropatia isquêmica deve ser investigada nos pacientes com risco alto ou intermediário para estenose de artéria renal, principalmente em idosos de raça branca que apresentam piora súbita da hipertensão e da função renal.
Neste caso, a revascularização renal pode levar
à melhora da função renal ou pelo menos a uma
estabilização do quadro.

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12
Q

MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS E DIAGNÓSTICO

Nefroesclerose Maligna

DD

A
  • *O paciente (geralmente negro, ou branco com hipertensão secundária) cursa com hipertensão muito grave (PA diastólica > 120 mmHg) e progressiva, associada a insuficiência renal, proteinúria acentuada (> 4 g/24h em 30% dos casos), hematúria micro ou macroscópica e lesões retinianas compatíveis com hipertensão acelerada-maligna (grau III ou IV). O sedimento urinário pode revelar também sinais de lesão glomerular, como a presença de cilindros hemáticos, piocitários e granulosos. Encefalopatia hipertensiva pode estar presente, assim como anemia hemolítica microangiopática. Na ausência de outra nefropatia que explique este quadro, o diagnóstico de nefroesclerose maligna se impõe.**
  • *O diagnóstico diferencial deve ser feito com a crise renal da esclerodermia, ateroembolismo por colesterol, estenose bilateral de artéria renal, GNDA e Síndrome Hemolítico-Urêmica (SHU).**
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13
Q

TRATAMENTO

Nefroesclerose Benigna

A

O tratamento se baseia no controle pressórico com medicações anti-hipertensivas. É importante frisar que, por razões desconhecidas, alguns pacientes evoluem para insuficiência renal lentamente progressiva, a despeito de um controle pressórico adequado… Mas, pelo menos, o tratamento anti-hipertensivo reduz o declínio da taxa de filtração glomerular mesmo nesses pacientes.

Tantos os IECA quanto os BRA (Bloqueadores do Receptor At1 de Angiotensina Ii) promovem o que se chama de “nefroproteção” em portadores de qualquer forma de insuficiência renal crônica proteinúrica (independentemente da etiologia): ao induzirem vasodilatação preferencial da arteríola eferente, diminuem a pressão intraglomerular e a proteinúria, desse modo prevenindo ou atrasando a evolução para rins em estado terminal! Logo, IECA ou BRA são as drogas de escolha no tratamento da nefropatia hipertensiva proteinúrica. Em pacientes que não apresentam proteinúria, qualquer anti-hipertensivo comprovadamente eficaz em
eduzir a morbimortalidade cardiovascular relacionada à hipertensão pode ser usado, sendo a preferência geral pelos diuréticos tiazídicos (pois são baratos, seguros e eficazes).

Os guidelines mais recentes preconizam como meta pressórica para pacientes nefropatas crônicos uma PA < 130 x 80 mmHg.

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14
Q

TRATAMENTO

Nefroesclerose Maligna

Principios de tratamento

Fármacos utilizados

A

Considerada uma “emergência hipertensiva”, seu tratamento se baseia no rápido controle da pressão arterial com drogas parenterais. O
ontrole criterioso e precoce da PA pode “salvar” o rim do paciente, impedindo a evolução para rins terminais…
Existem algumas regras a serem seguidas:

(1) a pressão arterial diastólica deve ser reduzida em, no máximo, 25% nas primeiras 2-6h, tendo como alvo inicial uma pressão diastólica entre 100-105 mmHg;

(2) em seguida, a pressão deve ser reduzida ao alvo em 2-3 meses. Uma queda abrupta > 25% do valor inicial, ou para valores < 100 mmHg de diastólica, pode provocar isquemia cerebral, miocárdica e/ou renal! O motivo é que nas “emergências hipertensivas” a autorregulação do fluxo sanguíneo nestes territórios encontra-se prejudicada, não ocorrendo vasodilatação compensatória para manter o fluxo quando de uma queda exagerada da PA… Durante o tratamento inicial da nefroesclerose hipertensiva maligna, mesmo respeitando-se a queda progressiva da PA, pode haver uma discreta piora da função renal. O motivo é a piora
transitória da isquemia glomerular, pois as
arteríolas aferentes ainda se encontram obstruídas,
necessitando de altos níveis pressóricos
para manter a perfusão dos glomérulos. A conduta, nesse momento, é manter o tratamento anti-hipertensivo… Após alguns dias, a função renal começará efetivamente a melhorar, já que a lesão arteriolar (necrose fibrinoide) vai desaparecendo paulatinamente.
Muitos pacientes que precisaram de diálise podem não mais depender deste procedimento, pela recuperação de seus rins.
Quais são os anti-hipertensivos recomendados
no tratamento da nefroesclerose maligna?

A fase inicial (primeiras 2-6h) necessita de drogas parenterais, como o nitroprussiato de sódio ou outros (nicardipina, labetalol, hidralazina);

a segunda fase do tratamento exige o início de medicamentos orais regulares, permitindo o “desmame” das drogas parenterais. Os IECA devem ser dados com cuidado, pela possibilidade de estenose bilateral de artéria renal (importante diagnóstico diferencial).

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15
Q

Quadro resumo HTA

A
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16
Q

NEFROESCLEROSE HIPERTENSIVA BENIGNA

Quadro resumo

A
17
Q

NEFROESCLEROSE HIPERTENSIVA MALIGNA

Quadro resumo

A