DESVIOS NUTRICIONAIS Flashcards

1
Q

REFERENCIAS

A
  1. TRATADO DE PEDIATRIA SBP
  2. PEDIATRIA IMIP
  3. PEDIATRIA AMBULATORIAL IMIP
  4. MEDCURSO
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2
Q

INSTRUÇÕES

A

1) Leia a pergunta – sem virar a carta!

2) Em seguida, responda como for melhor no momento: por escrito, em voz alta, ou apenas mentalmente;

3) Depois, clique para virar a carta e conferir a resposta certa;

4) Utilize a escala de 1 a 5 para definir seu domínio naquela carta. Quanto menor o domínio, mais aquela carta se repetirá ao longo do Deck

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3
Q

O que caracteriza a obesidade como doença crônica na infância?

A

A obesidade é caracterizada pelo acúmulo de tecido adiposo, seja localizado ou generalizado, resultante de um balanço energético positivo.

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4
Q

Quais fatores da vida moderna contribuem para os níveis epidêmicos de obesidade?

A

A variedade e disponibilidade de alimentos industrializados, além das facilidades da vida moderna.

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5
Q

Por que o excesso de gordura corporal na infância é preocupante?

A

O excesso de gordura corporal na infância é um fator predisponente para morbidades na vida adulta, como diabetes, hipertensão e doenças coronarianas.

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6
Q

Qual é o risco de crianças obesas se tornarem adultas obesas?

A

Crianças obesas têm risco duas vezes maior de se tornarem adultas obesas, com o risco aumentando com a idade: 30% para pré-escolares e 50% para escolares.

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7
Q

Qual regiao, a obesidade e o sobrepeso são mais prevalentes entre adolescentes no Brasil?

A

Na Região Sudeste, a obesidade e o sobrepeso são mais prevalentes entre adolescentes do que no Nordeste.

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8
Q

Como a prevalência de sobrepeso e obesidade varia com a idade?

A

Resposta: A prevalência de sobrepeso e obesidade é maior na idade pré-escolar, com redução na idade escolar e ainda maior redução nos adolescentes

Bimodal

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9
Q

Quais são os principais fatores que contribuem para a obesidade em crianças?

A

A obesidade em crianças é principalmente exógena, envolvendo uma combinação de fatores genéticos e ambientais, com apenas uma minoria apresentando patologias endócrinas, neurológicas ou síndromes genéticas.

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10
Q

Como o risco de obesidade na infância é afetado pela obesidade dos pais?

A

Ambos os pais obesos: Risco de 90%
Um dos pais obeso: 50%
Nenhum dos pais é obeso: 9%

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11
Q

Quais fatores ambientais e comportamentais estão associados ao aumento da obesidade?

A
  • alimentos com alta densidade energética
  • sedentarismo
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12
Q

Como a alimentação na primeira infância pode influenciar a obesidade exógena?

A

Práticas como desmame precoce, diluição incorreta de fórmulas lácteas e introdução inapropriada de alimentação complementar podem comprometer o hábito alimentar e contribuir para a obesidade exógena.

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13
Q

O que causa o ganho de peso do ponto de vista fisiopatológico?

A

O ganho de peso ocorre devido a um desequilíbrio entre o ganho e o gasto energético, que inclui a taxa metabólica basal, o efeito térmico dos alimentos e a atividade física.

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14
Q

Fisiopatologia

Armazenamento do excesso de calorias

A

armazenado como triglicérides no em:
- tecido adiposo (subcutâneo principalmente)
- vísceras
- músculos.

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15
Q

Quais complicações podem surgir do acúmulo de gordura em partes do corpo além do tecido subcutâneo?

A

O acúmulo de gordura em vísceras e músculos pode levar a complicações como a esteatose hepática.

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16
Q

Qual é o papel do hipotálamo na regulação do peso?

A

o hipotálamo regula o balanço energético através da interação de peptídeos neuronais, intestinais, adipocitários e outros hormônios nos núcleos laterais e ventromedial, com ações orexígenas e anorexígenas.

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17
Q

Quais são os períodos críticos para o ganho de peso na vida de uma criança?

A

Os períodos críticos incluem o último trimestre da gestação, o primeiro ano de vida e a puberdade, onde ocorre um aumento no número de células adiposas (hiperplasia).

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18
Q

Como a distribuição de gordura difere entre meninos e meninas na adolescência?

A

Nos meninos, ocorre armazenamento de gordura principalmente subcutânea a abdominal, enquanto nas meninas, o acúmulo é menos intenso e também ocorre no quadril.

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19
Q

Quais aspectos são fundamentais para o diagnóstico clínico da obesidade?

A

O diagnóstico clínico da obesidade baseia-se na anamnese detalhada, exame físico e dados antropométricos, com exames laboratoriais auxiliando na investigação da etiologia e das repercussões metabólicas.

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20
Q

Que exames complementares são importantes na avaliação do paciente com obesidade?

A

Dosagem de:
* Triglicerídeos (TG),
* Colesterol total e frações,
* Glicemia e insulinemia de jejum,
* AST (TGO),
* ALT (TGP),
* gama-GT,
* Ultrassonografia hepática e
* DXA para composição corporal

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21
Q

Como a resistência insulínica é avaliada no contexto da obesidade?

A

A resistência insulínica pode ser avaliada pelo índice HOMA-IR, que é determinado a partir de exames de glicemia e insulinemia de jejum.

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22
Q

Quais informações são essenciais na anamnese de um paciente com obesidade?

A

Informações sobre a idade de início da obesidade,
fatores desencadeantes, tratamentos anteriores,
percepção e envolvimento da família, e antecedentes pessoais e familiares são essenciais.

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23
Q

Por que é importante registrar os hábitos alimentares e comportamentais de um paciente obeso?

A

O registro detalhado dos hábitos alimentares e comportamentais ajuda a entender os padrões que podem contribuir para a obesidade e a identificar áreas para intervenção.

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24
Q

O que deve ser incluído no exame físico de um paciente obeso?

A

O exame físico deve incluir a
* medida da pressão arterial,
* estádio puberal,
* sinais de doenças associadas ao excesso de peso e
* características de doenças endócrinas ou síndromes genéticas.

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25
Q

Como o peso e a estatura são utilizados para identificar o excesso de peso em crianças e adolescentes?

A

Observando as curvas pondo-estaturais, podemos identificar o excesso de peso e diferenciar entre obesidade exógena (estatura geralmente acima do percentil 50) e endógena (estaturas mais baixas).

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26
Q

Qual é o critério de IMC para definir sobrepeso e obesidade em crianças e adultos?

A

Em crianças, sobrepeso = >Percentil 85 e
obesidade = >Percentil 97 nos gráficos da OMS.

Em adultos, IMC>25 indica sobrepeso e IMC>30 indica obesidade.

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27
Q

Por que a circunferência abdominal é importante na avaliação da obesidade?

A

A circunferência abdominal está fortemente relacionada a alterações do perfil lipídico e ao risco de doenças cardiovasculares, é medida no ponto médio entre a última costela e a crista ilíaca.

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28
Q

Quais métodos são utilizados para analisar a composição corporal na avaliação da obesidade?

A

A composição corporal pode ser medida por impedância bioelétrica ou absortimetria por raios X com energia dual (DXA), enquanto TC e RM são usados para medir a adiposidade visceral e subcutânea.

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29
Q

Quais comorbidades estão associadas à obesidade desde a infância?

A

Distúrbios psicossociais, problemas ortopédicos e alterações metabólicas são comorbidades observadas em crianças obesas.

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30
Q

O que é a síndrome metabólica e quais condições ela engloba?

A

A síndrome metabólica é caracterizada pela associação da obesidade com:
* hipertensão,
* dislipidemia e
* alterações no metabolismo glicídico.

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31
Q

Qual é a abordagem recomendada para o tratamento da obesidade endógena (secundária) ?

A

Na obesidade endógena, a doença de base deve ser diagnosticada e tratada.

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32
Q

Como a Academia Americana de Pediatria recomenda tratar o sobrepeso sem morbidade?

A

Para sobrepeso sem morbidade, a recomendação é a manutenção do peso.

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33
Q

Qual é a recomendação para crianças de 2 a 7 anos com sobrepeso e morbidades?

A

Para crianças de 2 a 7 anos com sobrepeso e morbidades, a recomendação é a manutenção do peso.

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34
Q

O que deve ser feito em casos de obesidade sem morbidade em crianças maiores de 7 anos?

A

Em casos de obesidade sem morbidade em crianças maiores de 7 anos, a recomendação é a redução gradual do peso.

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35
Q

Qual é a abordagem para crianças obesas com morbidades?

A

Para crianças obesas com morbidades, a recomendação é a redução gradual de peso.

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36
Q

Como deve ser a orientação dos pais na reeducação alimentar de seus filhos?

A

Os pais devem oferecer alimentos menos calóricos, sem restrição alimentar, e promover uma dieta balanceada e rica em fibras, evitando o uso excessivo de sal e açúcar refinado.

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37
Q

Cite algumas modificaçoes comportamentais que contribuem para o tratamento da obesidade

A

A modificação dos hábitos alimentares e a prática de atividade física por toda a família são essenciais, assim como evitar comer fora do horário e reduzir o tempo de atividade sedentária para menos de 2 horas/dia.

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38
Q

Quando é considerado o tratamento farmacológico para obesidade em crianças?

A

O tratamento farmacológico é reservado para situações específicas, como a presença de comorbidades sérias ou falha no tratamento convencional.

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39
Q

Qual é o mecanismo de ação da sibutramina?

A

A sibutramina é um regulador central do apetite que inibe seletivamente a recaptação de serotonina, noradrenalina e dopamina.

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40
Q

Quais são os efeitos colaterais da sibutramina?

A

Os efeitos colaterais incluem cefaleia, constipação intestinal, sudorese, taquicardia, insônia e hipertensão.

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41
Q

Como o orlistat atua no tratamento da obesidade?

A

O orlistat é um inibidor da lipase intestinal que reduz a absorção de gorduras no trato gastrointestinal em cerca de 30%.

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42
Q

Quais são os efeitos colaterais do orlistat?

A

Os principais efeitos colaterais são esteatorreia, diarreia, dor abdominal, flatulência e diminuição da absorção de vitaminas lipossolúveis.

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43
Q

Que outros medicamentos podem ser usados no tratamento da obesidade?

A

Resposta: Medicamentos antidepressivos como:
* sertralina,
* fluoxetina e
* topiramato.

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44
Q

O que é a desnutrição energético-proteica (DEP)?

A

Desnutrição
é um deficit energético decorrente de uma deficiência de todos os macronutrientes. Normalmente abrange deficiência de muitos micronutrientes. A desnutrição energético-proteica pode ser súbita e total (inanição), ou gradual.

45
Q

Como a prevalência da desnutrição tem mudado ao longo do tempo?

A

Tem sido observada uma redução importante na prevalência da desnutrição em várias partes do mundo. No Brasil, a prevalência de DEP decaiu de 16% (1974/75) para 5% (2002/03) e, atualmente, encontra-se em 1,5% das crianças brasileiras menores de 5 anos.

46
Q

DEP - quais são suas manifestações comuns em crianças?

A

O retardo de crescimento e, nas formas moderadas e graves, o comprometimento do desenvolvimento neuropsíquico e motor.

47
Q

Quais são as causas da desnutrição?

A

As causas da desnutrição são multisetoriais, incluindo:
* alimentação,
* saúde e
* práticas de cuidados.

Essas causas também são classificadas como:
* imediatas (nível individual),
* subjacentes (nível familiar) e
* básicas (nível social).

48
Q

Explique a interação entre o consumo inadequado de alimentos e a suscetibilidade a doenças por uma criança desnutrida?

A

A interação entre o consumo inadequado de alimentos e as doenças tende a criar um ciclo: a criança desnutrida, por sua imunidade comprometida às doenças, fica doente e piora o seu estado nutricional.

49
Q

Como a desnutrição afeta o coração?

A

A variação mais importante é em relação ao débito cardíaco. Vários estudos mostram diminuição de 30% no estado de desnutrição quando em comparação com o estado de recuperação. Crianças com desnutrição grave apresentam anormalidades cardiovasculares: hipotensão, diminuição da massa muscular do ventriculo esquerdo, arritmias cardíacas, cardiomiopatia, ICC e até morte súbita.

50
Q

Quando a ICC ocorre em crianças gravemente desnutridas?

A

A ICC ocorre na criança desnutrida grave geralmente como uma complicação de hiperhidratação (especialmente quando é feita infusão venosa de líquidos ou oferecidas soluções para reidratação oral com grande quantidade de sal), de anemia grave, transfusão de hemoderivados ou da utilização da dieta com grande quantidade de sódio.

51
Q

Como a desnutrição afeta os rins?

A

A desnutrição compromete a capacidade de concentração e diluição máxima dos rins. Há uma limitação importante na capacidade de excretar íons hidrogênio livres, ácidos tituláveis e amônia em resposta a uma sobrecarga ácida.

Há uma limitação grave e específica na capacidade de excretar o sódio, especialmente em resposta à expansão do volume extracelular.

52
Q

Como a desnutrição afeta o trato gastrointestinal (TGI)?

A

A desnutrição reduz a secreção gástrica, permitindo a colonização do estômago por bactérias intestinais fecais.
A cinética de regeneração do epitélio intestinal está alterada, e há lentificação na proliferação, migração e maturação das células.
A consequência é a redução das enzimas dissacaridases, especialmente a lactase.

53
Q

Como a desnutrição afeta a temperatura corporal?

A

O paciente desnutrido se torna poiquilotérmico.
O mecanismo interno que regula a temperatura se torna prejudicado e uma Pequena redução na temperatura para 22oC ou uma elevação para 33oC na temperatura do ambiente pode levar à hipotermia ou febre.

54
Q

Como a desnutrição afeta a imunidade?

A

A desnutrição tem efeitos adversos nos mecanismos imunológicos específicos e inespecíficos, aumentando a susceptibilidade às infecções. A criança desnutrida tem dificuldade de produzir novos anticorpos. A alteração mais pronunciada é em relação à imunidade celular, com depressão da resposta inflamatória e da defesa contra parasitas e patógenos intracelulares.

55
Q

Como a desnutrição afeta a água corporal?

A

Dentre as implicações clínicas mais importantes na mudança da água corporal na desnutrição, há o surgimento de edema. O mecanismo mais implicado na formação do edema é a hipoalbuminemia.

56
Q

Como a deficiência de potássio é relacionada a outro fator da desnutrição?

A

A depleção de potássio tem relação com a quebra da membrana celular, levando à redução na capacidade de reter potássio e o aumento do sódio e água dentro da célula.

A acumulação do sódio intracelular é um potente estímulo para enzima sódio-potássio ATPase, que apresenta aumento de até duas vezes na atividade de Kwashiorkor, voltando ao normal 4 a 6 semanas após a reabilitação nutricional.

57
Q

O que acontece quando há hiperatividade da bomba de sódio no kwashiokor?

A

A hiperatividade da bomba de sódio no kwashiokor apresenta uma tentativa da célula manter o gradiente catiônico, em face do dano da membrana celular. Essa é uma resposta imediata para a sobrevida da célula, mas leva a um aumento no consumo de energia.

58
Q

Quais são as consequências da diminuição do potássio intracelular?

A

A diminuição do potássio intracelular promove ** etenção de sódio e água, a diminuição da contratilidade miocárdica** e afeta o transporte por meio da membrana celular. Hipocalemia grave provoca apatia, fraqueza, hipotonia, íleo paralítico, alterações no ECG e morte súbita.

59
Q

Por que o zinco é importante na desnutrição?

A

O zinco é particularmente importante na multiplicação celular, pois é componente essencial de enzimas que participam da síntese de proteínas e RNA.
Ele atua ao nível do epitélio intestinal e epiderme e participa na atrofia do timo e distúrbio na imunidade celular. O ganho ponderal é inadequado se há uma dieta com pouco zinco disponível.
O principal efeito da deficiência é a perda do apetite e o distúrbio no crescimento. A concentração plasmática do zinco também cai como parte da resposta da fase aguda da inflamação.

60
Q

Qual é o papel do cobre na desnutrição?

A

O cobre tem um importante papel no metabolismo do ferro e na eritropoiese. O cobre contém enzimas que oxidam o ferro e então ele pode ser transportado do lúmen intestinal para os sítios de estocagem e dos sítios de estocagem para os sítios de eritropoiese, o que explica a anemia na deficiência do cobre. Como o zinco, o cobre deve estar disponível em quantidades suficientes para garantir a formação de novos tecidos.

61
Q

Como a diminuição dos níveis de transferrina no Kwashiorkor afeta o metabolismo do ferro?

A

Relata-se uma diminuição dos níveis de transferrina no Kwashiorkor, o que resultaria em maior disponibilidade do FE+ descompartimentalizado, promovendo um sobrecrescimento bacteriano.

Esse ferro agiria como catalítico, convertendo o radical superóxido relativamente arreativo em radical hidroxil extremamente agressivo e danoso. A consequência seria que esse ferro deslocado promoveria o aumento de radicais livres, que seriam responsáveis pelas manifestações clínicas do Kwashiorkor.

62
Q

Por que a mortalidade do Kwashiorkor permanece muito alta durante a fase de realimentação?

A

O dano oxidativo causado pelo excesso de ferro pode levar a complicações graves, aumentando a mortalidade durante a fase de recuperação nutricional.
A peroxidação induzida pelo ferro pode ser crucial.

63
Q

Qual é o impacto da deficiência de vitamina A na desnutrição?

A

A hipovitaminose A é talvez a deficiência de micronutrientes mais séria, podendo produzir dificuldade visual, inclusive levando à cegueira. No estado de depleção de proteínas, a vitamina A não pode ser prontamente mobilizada e transportada. Com a recuperação devida à ingestão adequada de proteínas, o sistema rapidamente se recupera e, se não houver vitamina A disponível, pode haver a precipitação de complicações oculares.

64
Q

Como a desnutrição afeta a hemoglobina e a anemia?

A

Um aspecto típico da desnutrição é a presença de anemia moderada, com a hemoglobina variando de 8 a 10g/dL. As células vermelhas são de tamanho normal, com conteúdo de hemoglobina normal ou um pouco baixo, e a medula pode exibir eritropoiese normal ou pode ser gordurosa ou hipoplásica.

65
Q

Como a desnutrição afeta o sistema nervoso e o comportamento das crianças?

A

Durante a gestação e os 24 meses de vida, ocorrem alterações estruturais e metabólicas importantes no cérebro, tornando-o um órgão particularmente vulnerável nesse período da vida. Crianças com desnutrição grave têm alteração do afeto, classicamente se tornam apáticas quando deixadas sós e se mostram irritadas ao manuseio. A apatia pode ser profunda de tal modo que podem permanecer imóveis na cama por longos períodos. Quando choram, emitem som monótono diferente do ruído sonoro emitido por crianças normais. Por conta da atrofia das glândulas lacrimais, podem não liberar lágrimas no choro. Essas crianças podem desenvolver uma série de movimentos estereotipados repetitivos, de autoestimulação, que são típicos de privação psicossocial, e ausência de estimulação

66
Q

O que é Marasmo?

A

Marasmo é uma forma grave de Desnutrição Energético-Proteica (DEP) que resulta de uma deficiência total de calorias (energia e proteínas). É mais comum em crianças com menos de um ano de idade, mas não é restrito a este grupo etário.

67
Q

Quais são as características clínicas do Marasmo?

A

As crianças com marasmo apresentam déficit de peso e estatura, atrofia muscular extrema, emagrecimento acentuado com pobreza de tecido celular subcutâneo e pele enrugada. Em geral, o apetite está preservado, ao contrário do kwashiorkor, onde costuma haver inapetência grave. A anemia e a diarreia são comuns e com frequência as crianças apresentam o abdome volumoso. Não há edema nem lesões cutâneas.

68
Q

Qual é a causa mais comum do Marasmo?

A

A causa mais comum do marasmo é a retirada precoce do aleitamento materno, substituído por fórmulas caloricamente deficientes, muitas vezes diluídas para diminuir o gasto financeiro imediato da família. Isso, combinado com a ignorância sobre higiene e atrasos costumeiros na administração de vacinas, leva frequentemente ao desenvolvimento de infecções gastrointestinais evitáveis, deflagrando o ciclo vicioso que leva ao marasmo

69
Q

O que é Kwashiorkor?

A

Kwashiorkor é uma forma de desnutrição que ocorre apesar da ingestão calórica adequada, mas com deficiência dietética de proteína. É mais comum no segundo e terceiro anos de vida.

70
Q

Quais são as características clínicas do Kwashiorkor?

A

As crianças com kwashiorkor geralmente apresentam estatura e peso menores do que os esperados para a idade. A principal característica é o estabelecimento de edema. Além disso, a criança se apresenta apática, hipoativa, anorética e desinteressada pelos fatos que ocorrem ao seu redor.

71
Q

Quais são as alterações físicas observadas no Kwashiorkor?

A

As crianças com kwashiorkor apresentam alterações na pele e nos cabelos. A pele da face está frequentemente despigmentada, desenvolvendo-se dermatoses em áreas de atrito. Os cabelos apresentam alteração de textura e de cor (discromias) e são quebradiços. As fezes podem estar liquefeitas, com sangue e alimentos não digeridos. Anemia está presente na maioria dos casos e é, em parte, devida à deficiência proteica para síntese de eritrócitos, deficiência de ferro e de ácido fólico, parasitoses intestinais e infecções frequentes. Hipoalbuminemia e redução da proteína sérica total, relação com a intensidade do edema, são observadas em praticamente todos os pacientes. Geralmente, as crianças com essa síndrome têm hepatomegalia (esteatose).

72
Q

A gordura subcutânea está presente no Marasmo ou no Kwashiorkor?

A

No Marasmo, a gordura subcutânea está ausente, enquanto no Kwashiorkor, está presente.

73
Q

O edema está presente no Marasmo ou no Kwashiorkor?

A

No Marasmo, o edema está ausente, enquanto no Kwashiorkor, está presente.

74
Q

As dermatoses são comuns no Marasmo ou no Kwashiorkor?

A

No Marasmo, as dermatoses são raras, enquanto no Kwashiorkor, são comuns.

75
Q

A hepatomegalia é comum no Marasmo e no Kwashiorkor?

A

No Marasmo, a hepatomegalia é rara, enquanto no Kwashiorkor, é comum.

76
Q

o que é Kwashiorkor Marasmático?

A

O Kwashiorkor Marasmático ocorre geralmente entre 1-2 anos em decorrência de uma carência proteica da evolução dos marasmáticos ou pela acentuação de hipoalimentação decorrente da anorexia nos casos de Kwashiorkor.

A desnutrição do tipo kwashiorkor marasmática caracteriza-se pela baixa concentração de albumina plasmática, com presença de edema e menos de 60% do peso esperado.

É considerada a etapa final da desnutrição, com alta morbimortalidade, sendo geralmente causada pela deficiência global de nutrientes associada com frequentes infecções agudas.

77
Q

Como a proteína sérica total é afetada no Kwashiorkor e no Marasmo?

A

A proteína sérica total no Kwashiorkor está diminuída devido à baixa de albumina, em consequência à alteração da sua síntese hepática, enquanto no marasmo é normal.

78
Q

Quando é indicada a hospitalização de uma criança com desnutrição grave?

A

A hospitalização é indicada quando a criança apresenta anorexia acentuada, vômitos, diarreia, qualquer sinal de infecção independente da gravidade do quadro, ou quando, apesar de não apresentar alteração clínica, não tem condição de acompanhamento ambulatorial.

79
Q

Quais são as três fases do manejo de uma criança com desnutrição?

A

As três fases são:

Fase inicial, onde são identificados e tratados problemas com risco de morte, corrigidas deficiências específicas e anormalidades metabólicas e a alimentação é iniciada;

Fase de reabilitação, onde há o aumento da alimentação para garantir a recuperação da maior parte do peso perdido;

Fase do acompanhamento, onde após a alta, a criança e a família são acompanhadas para prevenir a recaída e assegurar a continuidade do crescimento e desenvolvimento normais.

80
Q

Quando começa a fase inicial do tratamento da desnutrição grave em crianças?

A

Começa com a admissão ao hospital e dura até que a condição clínica da criança esteja estável, geralmente de 2 a 7 dias.

81
Q

Quais são as tarefas principais durante o tratamento inicial da desnutrição grave?

A

As tarefas principais são:
* tratar ou prevenir a hipoglicemia,
* tratar ou prevenir desidratação e distúrbios eletrolíticos,
* tratar a infecção, tratar o choque séptico,
* começar a alimentar a criança,
* e identificar e tratar outros problemas.

82
Q

Qual é a recomendação para a hidratação oral de desnutridos em relação à solução de reidratação oral da OMS?

A

A solução de reidratação para desnutridos deve ter menor quantidade de sódio e maior de potássio que a solução de reidratação oral da OMS. Recomenda-se a ReSoMal, uma solução com maior adequação de sódio, potássio e micronutrientes.

83
Q

Quanto volume deve ser oferecido de solução de reidratação oral?

A

O volume a ser oferecido é de 5 ml/kg a cada 30 minutos por duas horas por via oral ou sonda gástrica.

84
Q

Quais são os sinais de sobrecarga hídrica que devem ser observados durante a hidratação?

A

Sinais de sobrecarga hídrica incluem aumento na frequência cardíaca e/ou respiratória, ou ingurgitamento da veia jugular.

85
Q

Qual é a recomendação para o tratamento precoce das infecções em crianças desnutridas?

A

As crianças desnutridas devem ser tratadas como possíveis portadoras de infecção, sem esperar sinais incipientes de febre.
Crianças sem sinais aparentes de infecção e sem complicações devem receber amoxicilina VO 25 mg/kg/dose de 12/12 horas por 5 dias. Crianças com complicações devem receber uma combinação de Ampicilina e Gentamicina.

86
Q

Quando é indicada a suplementação de ferro na desnutrição? e transfusão?

A

Na fase inicial, a suplementação de ferro não está indicada.

Os quadros de anemia grave serão tratados com transfusão quando a hemoglobina é < 4 g/dl ou quando há hemoglobina < 6 g/dl na presença de sinais de desconforto respiratório.

LEMBRAR QUE É FEITO FUROSEMIDA 1MG/KG IV NO INICIO DA TRANSFUSÃO

87
Q

Quais são as orientações para a dieta na fase inicial da desnutrição?

A

Volume total (oral + venoso): 120-140 ml/kg/dia.
Calorias: 80-100 kcal/kg/dia.
Proteínas: 1-1,5 g/kg/dia.

Baixa osmolaridade e baixo teor de lactose.
Fórmulas padronizadas como F75 podem ser usadas.

88
Q

```

Como podemos determinar o sucesso do tratamento na fase inicial da desnutrição?

A

O tratamento terá tido sucesso se a criança melhorar e voltar a ter apetite. O término da fase inicial do tratamento ocorre quando a criança recupera o apetite, indicando controle das infecções e melhora das anormalidades metabólicas. Após sete dias, a criança estará preparada para iniciar a fase de reabilitação.

89
Q

O que pode ocorrer após a primeira semana de tratamento e quais são as principais manifestações clínicas?

A

Após a primeira semana de tratamento, pode ocorrer um quadro grave de hipofosfatemia conhecido como síndrome de realimentação. As principais manifestações clínicas quando os níveis séricos de fosfato caem abaixo de 0,5 mmol/L incluem: alteração no nível de consciência, convulsões, fraqueza, rabdomiólise, disfunção de neutrófilos, arritmias e morte súbita.

90
Q

Qual é a duração da segunda fase do tratamento da desnutrição?

A

A segunda fase, chamada de reabilitação, tem duração de 2 a 6 semanas.

91
Q

Qual é o objetivo da fase de reabilitação (2º) do tratamento da desnutrição?

A

O objetivo da fase de reabilitação é a recuperação nutricional através da administração de uma dieta hiperproteica, hipercalórica, com reposição de vitaminas e micronutrientes, visando alcançar um alto ganho de peso diário.

92
Q

Quais são as indicações para a entrada na fase de reabilitação?

A

A criança entra na fase de reabilitação quando seu apetite retorna e o edema periférico começa a regredir. Uma criança alimentada por sonda nasogástrica não é considerada pronta para entrar na fase de reabilitação.

93
Q

Quais são as recomendações dietéticas para a fase de reabilitação?

A

As recomendações dietéticas para a fase de reabilitação incluem:
Calorias: 150 a 220 calorias/kg/dia.
Proteínas: 4 a 6 g de proteínas/kg/dia.

94
Q

Qual é a duração da terceira fase do tratamento da desnutrição?

A

A terceira fase tem duração da 7ª à 26ª semana do tratamento.

95
Q

Qual é o objetivo da terceira fase do tratamento da desnutrição?

A

O objetivo é acompanhar a criança e sua família para prevenir recaídas e assegurar a continuidade do desenvolvimento emocional, físico e mental da criança.

96
Q

Como é recomendado o acompanhamento da criança durante a terceira fase?

A

A criança deve ser vista regularmente, especialmente porque o risco de recaída é maior logo após a alta. Se algum problema for encontrado, as visitas devem se tornar mais frequentes até que o problema seja solucionado.

97
Q

Quais são os critérios para a alta hospitalar de uma criança com desnutrição grave?

A

Cura da doença que motivou o internamento ou possibilidade de continuar o tratamento ambulatorialmente e a criança estar aceitando bem a quota programada da dieta pela boca.
Ganho médio de peso > 10g/kg/dia durante os últimos 3 dias.
Recebimento de orientações pela mãe (pelo menos 3 dias antes da alta) sobre cuidados de higiene pessoal, preparo dos alimentos, atenção à temperatura da criança e à alimentação.

98
Q

Por que é essencial ensinar à mãe/cuidador a preparar refeições específicas para a criança com desnutrição grave antes da alta?

A

No dia da alta, a criança não está totalmente recuperada nutricionalmente, portanto, é essencial ensinar à mãe/cuidador a preparar refeições que assegurem a meta nutricional específica para a reabilitação da criança com desnutrição grave, inclusive a preparação láctea utilizada. Se isso não for feito, o tratamento estará prejudicado e o estado nutricional da criança poderá piorar após a alta.

99
Q

Quais são as recomendações a serem feitas no momento da alta hospitalar?

A

Fazer um sumário da história da criança, tratamento, dieta, exames realizados e diagnóstico(s), registrar o CID, condições de alta e recomendações pós-alta a serem entregues à família para levar na primeira consulta de retorno.
Garantir o seguimento após a alta em uma unidade de saúde compatível com o caso, com programação de acompanhamento ambulatorial com retorno para
reavaliação em 10 dias e, a partir daí, mensalmente ou conforme a necessidade de cada caso

100
Q

O que é a síndrome de recuperação nutricional e quando ocorre?

A

É uma complicação hidroeletrolítica considerada grave, com potencial de morte, que acontece após o processo de reintrodução da dieta por via oral, enteral ou mesmo parenteral.
ocorre durante o tratamento correto dos casos de desnutrição grave, sendo mais exuberante nos casos de kwashiorkor, e é observada entre o 20º e o 40º dia de tratamento.

101
Q

Quais são as manifestações clínicas comuns da síndrome de recuperação nutricional?

A

As manifestações clínicas comuns incluem
* hepatomegalia (principalmente do lobo esquerdo),
* distensão abdominal com circulação venosa colateral e
* ascite,
* fácies de lua cheia,
* alterações de pele e fâneros, e
* telangiectasias visíveis na face.

102
Q

Quais são as alterações bioquímicas frequentes associadas à síndrome de recuperação nutricional?

A

As alterações bioquímicas frequentes incluem
* hipergamaglobulinemia,
* eosinofilia e
* aumento da volemia.

103
Q

**

Quais são os componentes do tratamento para deficiência de micronutrientes?

A

O tratamento NA FASE INICIAL inclui:
Suplemento multivitamínico.
Ácido fólico: 5mg no 1º dia e após 1mg/dia.
Sulfato ferroso: iniciar após ocorrer ganho de peso, com dose de 3mg de ferro elemento/kg/dia.
Vitamina A: administrada via oral no 1º dia da admissão, com doses de 50.000 UI para crianças menores de 6 meses, 100.000 UI para crianças de 6 a 12 meses, e 200.000 UI para crianças maiores de 12 meses.

104
Q

O que fazer se a criança apresentar manifestação ocular de deficiência de vitamina A?

A

Se a criança apresentar manifestação ocular de deficiência de vitamina A, é necessário repetir a dose específica para a idade no 2º dia de internamento e fazer uma 3ª dose 2 semanas após a 2ª.

105
Q

Quais são os sinais clínicos de hipoglicemia em crianças com desnutrição grave?

A

Os sinais clínicos incluem hipotermia, letargia, incoordenação e perda de consciência. Sonolência, crises convulsivas e coma são sinais de gravidade que podem levar ao óbito. Na criança desnutrida grave, a sudorese e a palidez não são comuns.

106
Q

Qual é o valor de referencia para diagnóstico de hipoglicemia na criança?

A

O diagnóstico é confirmado quando a glicemia é inferior a 50mg/dL.

107
Q

Quais são as medidas de tratamento para hipoglicemia em crianças desnutridas graves?

A

Se a criança pode beber, administrar 50mL de glicose a 10% ou solução de sacarose via oral (VO) ou sonda orogástrica (SOG) e iniciar a primeira alimentação assim que estiver disponível. Alimentar a cada 2 horas (dia e noite), pelo menos no 1º dia. Administrar antibióticos indicados.

Se a criança não pode beber, utilizar SOG com o mesmo volume dado por VO. Se não for possível, infundir 5mL/kg de solução glicosada a 10% intravenosa (IV).

108
Q

Como deve ser feita a monitoração e prevenção da hipoglicemia?

A

Se a medida inicial foi baixa, deve ser repetida após 30 minutos da intervenção. Se ainda estiver baixa ou a criança estiver sonolenta, repetir a glicose a 10% ou a solução de sacarose.

Na monitoração, repetir sempre que houver** hipotermia e/ou queda do nível de consciência e tratar de acordo**.

Para prevenção, alimentar a criança a cada 2 ou 3 horas