Défcit Neurológico Focal E Difuso Flashcards
Tipos de déficit neurológico
Focal e difuso
Déficit neurológico focal
Compromete apenas um grupo de neurônios, um foco. Pode ser classificado de acordo com o tempo de instalação.
- Agudo: AVE, trauma, hipoglicemia.
- Crônico: neoplasias, doenças degenerativas.
Déficit neurológico difuso
O paciente perde diversas funções neurológicas, inclusive cognitiva e vitais. Pode ser classificado de acordo com o tempo de instalação.
- Agudo: metabólicas, trauma extenso, coma
- Crônico: demência
Diagnóstico diferencial de coma
- Mutismo acinetico: paciente está alerta, mas não verbaliza nem faz movimentos espontâneos
- Síndrome “Locked in”: movimenta os olhos, mas tem quadriplegia e déficit de alguns nervos cranianos
- Doenças psiquiátricas
- Delirium: estado confusional agudo
Estruturas anatômicas importantes do encéfalo
- Lobos: frontal, temporal, parietal, occipital e ínsula
- Ventrículos: laterais, 3o ventrículo (onde deságua os ventrículos laterais)
- Núcleos da base: São núcleos de massa cinzenta no interior do encéfalo. Putâmen (mais lateral), Globo pálido (medial ao putâmen), núcleo caudado (lateral ao ventrículo)
Putâmen + Globo pálido: corpo lentiforme
Putâmen + núcleo caudado: estriado - Coroa Radiada: extensão da cápsula interna (avenida de axonios)
- tálamo: posterior, próximo ao ventrículo lateral posterior
- Sulco Interhemisferico. A única parte que não é dividida é o corpo caloso
- Fissura de Sylvius: divide o lobo frontal do temporal
Acidente vascular encefálico
isquêmico = 80% Hemorrágico = 20%
Importância dos exames de neuroimagem no ave
Utilizado para diferenciação entre ave isquêmico e ave hemorrágico.
O padrão ouro é a ressonância e o primeiro exame a ser utilizado é a Tc de crânio sem contraste
Papel da Tomografia de Crânio no Ave
- AVE isquêmico: no início é normal. Aparecimento de lesão hipodensa 24-72h após (edema citotóxica)
- AVE hemorrágico: lesao hiperdensa (sangue tem elevado teor proteico)
Obs.: no primeiro momento o objetivo é afastar ou não AVEh
Papel da Ressonância Magnética no AVE
Exame padrao ouro. Consegue avaliar melhor as lesões. Melhores técnicas:
- Difusão (DWI): avalia o edema causado pelo infarto desde o primeiro segundo.
- Perfusão (PWI): consegue avaliar mínimas alterações perfusionais. Mostra áreas de neurônios que sofrem com isquemia, mas que são viáveis -> áreas de penumbra isquemica (vale o investimento para salvar a área)
Fisiopatologia do AVE isquêmico e suas etiologias
Oclusão aguda de artéria intracraniana do território carotídeo ou vertebrobasilar, levando a isquemia. O neurônio começa a infartar em poucos minutos, levando a sua morte.
- Embolico: trombo formado a distância
- Aterotrombose: trombo formado na placa de ateroma da artéria culpada pelo AVE.
Principal fator de risco para AVEi
Hipertensão arterial
Artérias mais incriminadas no AVEi aterotrombotico
Carótida interna e a vertebral. Grande parte dos AVEi são precedidos por AIT.
Relação com estenose >50% das artérias carótida ou vertebral
O que é embolia arterioarterial
Embolo formado em placa de ateroma de um vaso, que se desloca ate a porção mais distal.
Classificação dos tipos de AVEi
- Aterotrombotico: grande parte dos casos é precedida por episódios de AIT (pela estenose de ateroma). O AVE apresenta evolução progressiva com déficit neurológico se instalando em horas ou ate 2 dias. Uma estenose de carótida quase nunca leva a isquemia e infarto de todo o território irrigado por ela. Pode ocasionar embolia arterioarterial
- Cardioembolico: causa de déficit neurológico súbito. Oclusão arterial por embolo, principalmente de origem cardíaca (ex.: FA)
- Lacunar: ave pequeno (até 2cm), isquêmico, relacionado com pequenas artérias perfurantes, que irrigam a área central do cérebro e do tronco. Apesar de pequeno, pode causar bastante dano (ex.: atingir a cápsula interna). Pode estar relacionado com ateroembolismo e lipo-hialinos.
Diagnóstico de AVE
Déficit neurológico focal de instalação aguda > 15min = Forte suspeita de AVE
Internar e realizar exames de imagem
Sinais de déficit neurológico
Hemiplegia, afasia, disartria, hemineglicencia, hemianopsia, agnosia, amnésias, diplopia, vertigem central, paralisia de nervos cranianos.
Objetivo da estabilização clínica no tratamento agudo do AVEi
- Controle das vias aéreas
- Controle da glicemia: hiper ou hipoglicemia podem piorar isquemia
- Controle da temperatura: hipertermia está relacionado a piora da isquemia
- Controle do sódio: hiponatremia pode causar edema cerebral (evitar soluções hipotonicas)
Manejo dos níveis pressóricos no AVE isquemico
HAS permissiva -> o aumento da pressão arterial permite melhor perfusão cerebral. No entanto os níveis devem ser mantidos até um limite, pelo risco da transformação da área de isquemia em área de hemorragia (pela fragilidade tecidual).
Baixar nível de PA se >220x120 ou se >180x110 (quando houver objetivo de trombólise)
Terapia trombolítica no AVE isquêmico
Usado para tratar a área de penumbra isquemica.
Delta T = 4,5h. O tempo porta-agulha=60minutos
Trombolitico: rtPA (alteplase) -> 0,9mg/kg (dose máxima 90mg) EV
- Contra indicações: TCE/AVE nos últimos 3 meses, AVEh previo, sangramento interno ativo, diatese hemorrágica aguda (plaquetopenia, uso de anticoagulantes, inibidores de trombina), iam nos últimos 3 meses.
Terapia endovascular no AVE isquêmico
Delta T = 6h. Trombectomia mecânica. Indicada em casos de oclusão de grande artéria anterior (ex.: carótida interna)
Escala de NIHSS
Escala usada para graduar o déficit neurológico no AVEi. Baseia-se em 11 itens. Varia de 0 a 42. >25 = AVE grave
Uso de antiagregante plaquetario e heparina no tratamento agudo do AVEi
- AAS (profilático): posso começar na fase aguda (primeiras 48h). Adiar início em 24h se paciente tiver feito trombólise.
- Heperina (profilático): evitar caso de TVP/TEP
Causas de Revaixamento do nível de consciência no ave isquêmico
- Edema cerebral próprio ave isquêmico
- Degeneração hemorrágica do ave isquêmico
- Crise convulsiva
- Distúrbios metabólicos (glicemia, sódio)
- Infecções bacterianas
Neurocirurgia descompressiva no ave isquêmico
Ave de cerebelo com importante edema levando a herniaçao de amígdala e comprimindo o bulbo, levando a apneia
Exames para iniciar profilaxia secundaria de AVE isquêmico
Ecg, eco, dupplex scan de carótidas e vertebrais, Doppler transcraniano (ave aterotrombotico de vasos intracranianos) (definir causa do ave)
Profilaxia secundaria no ave isquêmico de origem Cardioembolico
FA, endocardite, prótese valvar.
Anticoagulação plena.
Se ave extenso = aguardar 14dias pelo risco de degeneração hemorrágica
Profilaxia secundaria no ave isquêmico de origem aterotrombotico
Causada por aterosclerose, vasculite.
AAS + controle dos fatores de risco (estatina, anti-hipertensivo)
Definição de AIT
Evento isquêmico cerebral transitório E sem infarto cerebral
Clássicamente o sinal neurológico dura menos que 10 minutos.
Mecanismos do AIT
- AIT por baixo fluxo das grandes artérias: estenose grave das artérias extracranianas. Um pequeno trombo se forma sobre uma placa de ateroma instável determinando obstrucao parcial variável do vaso. Os déficits são efêmeros e repetem-se com frequência.
- AIT Embolico: fonte emboligenica manda pequenos êmbolos que se alojam em artérias distais e são pulverizados pelo organismo. Os sinais duram um pouco mais e repetem-se pouco. Quando recidivam mudam o tipo de déficit.
- AIT lacunar: baixo fluxo causado pela isquemia cerebral no território de pequenas artérias perfurantes.
- Amaurose fugaz: perda subita visual unilateral, que dura poucos segundos. Doença aterotrombotica que envia microembolos para artéria oftálmica.
Diagnóstico do AIT
Excluir infarto cerebral (neuroimagem) + encontrar mecanismo do AIT
Qual o objetivo ao investigar um AIT
Investigar a causa e prevenir AVE
Quando internar um paciente com AIT
Se > 3 desses: idade >= 60anos, hipertenso, diabético, duração > 10min, distúrbio na fala ou motor = INTERNAR E INVESTIGAR (descartar AVE ou iniciar prevenção)
Tratamento do AIT
Tratar de forma semelhante a profilaxia do ave isquêmico, de acordo com a causa base.
Diferença entre o sistema piramidal e extra piramidal
Ambos relacionados com motricidade.m
- Sistema piramidal: mais grosseiro. Relacionado com função motora básica (levantar a mão, mexer a boca…)
- Sistema Extrapiramidal: mais fino. Regula o piramidal e da suavidade e destreza aos movimentos. (Refinamento do movimento)
Trato anatômico do Feixe Piramidal
O feixe piramidal origina-se no córtex motor frontal (Primeiro neurônio motor) e seus axonios descem uma longa via, passando pela substância branca (coroa radiada e cápsula interna) e pela região anterior do tronco encefálico (pedunculo mesencefalico, base da ponte e pirâmide). A grande maioria das fibras cruzam para o lado oposto na decussação das pirâmides, descem pelo cordão lateral da medula espinhal e fazem sinapse com o neurônio da ponta anterior da medula (segundo neurônio motor), que dará origem ao nervo periférico.
- Se lesao acima da decussação = contralateral
- Se lesao abaixo da decussação = ipsilateral
Síndrome Piramidal = Síndrome do 1o Neurônio Motor
Diminuição (paresia) ou perda (plegia) da força muscular, hiper-reflexia tendinosa (o primeiro neurônio motor tem papel inibitório no arco reflexo), espasticidade, sinal de babinski
Como se manifesta a Síndrome Piramidal na fase aguda do AVE
Inicialmente o déficit motor é do tipo flácido arreflexo, podendo evoluir para o tipo espástico hiper-reflexo.
Relação da via piramidal e extra piramidal na síndrome do primeiro neurônio motor
As alterações de tonus e reflexo decorrem de lesão concomitante da via Extrapiramidal, razão pela qual sua lesão causa espasticidade muscular (hipertonia) e exacerbação de reflexos.
Feixe motor dos nervos cranianos
Os nervos cranianos tem função motora semelhante a via piramidal. 1o neurônio parte do córtex motor até o núcleo do segundo neurônio (sendo este o nervo craniano propriamente dito). O primeiro neurônio cruza um pouco antes de chegar ao segundo neurônio.
(trato de corticonuclear)
Lobos cerebrais e suas funções
- Frontal: Motor (motricidade - comanda o lado oposto. Os neurônios que mexem a perna ficam mais mediais ); Linguagem (Área de Broca. Fica no lado dominante - Fala. Lesao nessa área a pessoa consegue entende mas não executa = afasia motora); Área do olhar conjugado; Comportamento.
- Parietal: Sensitivo (organiza-se semelhante a função motora - Perna é mais medial. Sensibilidade -> sente do lado oposto. Cruza na medula espinhal)
- Temporal: Linguagem (área de Wernick: Compreensão -> em caso de isquemia: afasia sensitiva. Só existe no hemisfério dominante); memória; audição; música.
- Occipital: Visual
- Tronco Encefálico: de onde emergem a maioria dos nervos cranianos.
- Cerebelo: coordenação (ataxia)
Vascularização anterior e posterior que dá origem ao polígono de Willis
- Circulação Posterior (Vertebrobasilar): subclávia (2) -> vertebrais (2) -> Basilar (Ramo cerebelar e tronco cerebral)
- Circulação anterior (Carotidea): Carótida comum -> Carótida Interna
Obs.: as duas circulações se anastomosam para evitar isquemia e dar origem ao polígono de Willis
Constituintes do Polígono de Willis
- Território Carotídeo: Cerebral anterior (irrigação medial), Cerebral Média (irrigação lateral)
- Território Vertebrobasilar: Cerebral posterior (irrigação posterior)
Entre a Cerebral média e a posterior = Comunicante posterior
Entre a Cerebral anterior = Comunicante anterior
Obs.: todos os componentes do polígono de Willis são extraparenquimatosas.
Síndrome isquemica da Artéria Cerebral Média
Principal artéria do cérebro, bifurca-se no ramo superior e inferior; Motor + Sensitivo contralateral (pode poupar a perna, por ser medial), afasia motora (área de broca), afasia sensitiva (área de Wernick).
- Ramo Superior: irriga grande porção Frontoparietal
- Ramo Inferior: irriga quase todo o lobo parietal e a porção lateral do temporal.
Ramos perfurantes da artéria cerebral média
Artérias lenticuloestriadas -> irrigam a cápsula interna.