Cornea Flashcards
Substância própria da córnea
As fibrilas de colágeno da córnea apresentam como colágeno predominante no seu interior o Colágeno tipo I, com pequena quantidade de colágeno tipo V.
Fora das fibrilas é possível encontrar o colágeno tipo VI, formando filamentos com periodicidade de 100nm.
A matriz extracelular contém proteoglicanos, compostos por mucoproteínas e glicoproteínas, que são responsáveis pela manutenção da posição adequada entre as fibrilas corneanas.
A periodicidade das fibras de colágeno na córnea é de 65nm, sendo menor do que no resto do corpo, como nos tendões que é de 67nm.
Inervação da córnea
ramos da porção oftálmica do V par craniano (nervo trigêmeo)
A inervação corneana é proveniente dos nervos ciliares longos, ramos da porção oftálmica do V par craniano e penetra na córnea de forma radial no estroma para depois anteriorizar e formar o plexo subepitelial com inúmeras terminações nervosas livres, localizado sob a lâmina limitante anterior.
Importante ressaltar que o endotélio e a substância própria posterior não possuem inervação
Além disso a densidade de terminações nervosas é maior na região central, diminuindo em direção a periferia.
Síndrome Sjogren
A Síndrome de Sjögren é uma doença autoimune caracterizada por inflamação crônica das glândulas lacrimal e salivar ocasionando uma deficiência aquosa do filme lacrimal (xeroftalmia) e da boca (xerostomia)
Ela pode ser primária, quando apresenta-se isoladamente, ou secundária, quando há associação com doenças reumatológicas sistêmicas, sendo a Artrite Reumatóide a principal delas.
O quadro clínico é bastante variável, podendo ser assintomática, ou apresentar hiperemia ocular, sensação de areia nos olhos, irritação ocular, queimação ocular, sensação de corpo estranho, fotofobia e turvação visual. Na biomicroscopia podemos evidenciar sinais de ceratoconjuntivite seca.
Para o diagnóstico laboratorial podemos solicitar a pesquisa de anti-SSA/Ro e anti-SSB/La como marcadores mais frequentemente associados a forma primária
Outros marcadores são: Anti-MUC3 e anti-alfa-fodrin. Os demais marcadores apresentados pelo enunciado podem estar presentes nas formas secundárias como: c-ANCA na Granulomatose de Wegener, p-ANCA na Poliangeíte microscópica e Poliarterite nodosa, Anti-CCP na Artrite Reumatóide e Anti-peroxidadese nas tireoidites
ceratoconjuntivite límbica superior
é caracterizada pela hipertrofia papilar do tarso superior com espessamento e hiperemia conjuntival tarsal e bulbar superior, podendo ter associação com anormalidades da Tireóide, e acomete mais mulheres entre 30 e 55 anos
Conjuntivite neonatal por Neisseria
cada vez mais rara
devido a profilaxia com o método Credé que consiste no uso de Nitrato de Prata a 1% (e não mercúrio)
podendo sim causar uma conjuntivite química leve e autolimitada
Uma vez diagnosticada deve ser tratada sistemicamente pelo risco de lesões oculares e complicações sistêmicas com injeção dose única IM de Ceftriaxona 125 mg ou com Cefotaxima 25mg/kg EV ou IM 8/8h durante 7 dias.
conjuntivite neonatal
Chlamydia trachomatis
A conjuntivite neonatal apresenta como principal agente etiológico a Chlamydia trachomatis.
Essa conjuntivite não apresenta folículos devido à imaturidade do sistema imune nos recém nascidos.
. Pode apresentar-se com secreção mucopurulenta e evoluir com formação de pseudomembranas.
Horner-Trantas
Os pontos de Horner-Trantas são elevações esbranquiçadas de macroagregados de eosinófilos degenerados e restos de células epiteliais.
Eles podem ser encontrados na forma limbar da ceratoconjuntivite primaveril ou vernal frequentemente associados a um espessamento limbar com aspecto gelatinoso.
Os pontos de Trantas também podem estar presentes na Ceratoconjuntivite Atópica.
ceratoconjuntivite primaveril ou vernal
apresenta-se de forma crônica e bilateral, com exacerbações sazonais mais frequentes na primavera e verão, e em regiões de clima quente e seco.
Mais frequente em meninos entre 2 a 10 anos, com tendência a resolução espontânea após a puberdade.
Clinicamente, pode apresentar em 3 formas diferentes.
A forma palpebral encontramos hipertrofia papilar na conjuntiva tarsal superior. A presença de secreção entre as papilas gigantes é denominada sinal de Maxwell-Lyons.
Na forma mista, encontra-se tanto as papilas no tarso superior quanto o limbo gelatinoso. A córnea pode apresentar ceratite puntata superficial, podendo frequentemente evoluir com úlcera em escudo.
Eritema Multiforme.
Síndrome de Stevens-Johnson (SSJ), juntamente com a Necrólise Epidérmica Tóxica (NET)
Elas são doenças inflamatórias agudas caracterizada pelo acometimento súbito de pele e mucosas como resposta imunológica exacerbada a antígenos externos.
. Podem ocorrer lesões em qualquer região da pela, mucosa oral, conjuntival e genital. A diferença entre elas é justamente a porcentagem corporal acometida, sendo o Eritema multiforme uma forma mais leve (menos de 10%), a SSJ intermediária (entre 10 a 30%) e a NET a forma grave da doença (mais de 30% da superfície corporal).
Existem vários fatores desencadeadores descrito como fármacos, vírus, bactérias, fungos, irradiação, carcinoma, linfomas e algumas colagenoses, como Lúpus. Entre os fármacos os mais associados são: sulfonamidas, fenilbutazona, penicilina, tetraciclina, antipirina, barbitúricos, ácido acetilsalicílico, procaína, alopurinol, sais de ouro, hidantoína e carbamazepina.
Córnea Verticilata
A prevalência desse efeito colateral é maior com a cloroquina do que com a hidroxicloroquina.
Sendo assim, a córnea verticilata é um achado da doença de Fabry, e não a causadora dela. que é causada pela deficiência de alfa-galactosidase
Clinicamente, a Córnea Verticilata não gera nenhum prejuízo visual ao paciente, não sendo necessário a suspensão da droga. Foi observado também que os depósitos desaparecem com a suspensão da droga.
Várias substâncias podem causar esse depósito, sendo as mais comuns: amiodarona, cloroquina, hidroxicloroquina, indometacina, naproxeno, suramina e clofazimina.
COGAN ou Mapa-ponto-impressão digital (Do inglês: Map-dot-fingerprint)
considerada a mais frequente de todas as distrofias de córnea.
distrofia de Cogan tem herança autossômica dominante com alteração no gene TGFB1 localizado no cromossomo 5q31, sendo mais frequente em mulheres após os 30 anos.
Clinicamente, apresenta lesões em forma de pontos acinzentados que são microcistos epiteliais, além de lesões maiores, de formato irregular, bem delimitadas, que se assemelham a mapas, e também linhas refráteis paralelas que simulam impressões digitais.
Podem cursar com erosões recorrentes, se beneficiando de tratamento sintomático com lubrificantes, hiperosmóticos, e lente de contato terapêutica
Em alguns casos refratários, podemos tentar micropuntura, Nd:Yag laser e ceratectomia fototerapêutica (PTK).
Ceratocone
doenças ectásicas da córnea são alterações não inflamatórias que cursam com alteração da forma corneana (protrusão) gerando prejuízo funcional (baixa visão devido ao astigmatismo irregular).
Entre elas, a forma mais prevalente é o Ceratocone, que provavelmente apresenta uma herança autossômica dominante com penetrância incompleta.
O Ceratocone é bilateral, assimétrico, e costuma se manifestar com progressão durante a adolescência. Ele é caracterizado por um afinamento na mesma região de ectasia da córnea.
O sinal clínico considerado mais precoce é a presença de reflexo em tesoura à retinoscopia.
Pode apresentar um depósito de ferro em formato de anel na base do cone (Anel de Fleischer)
linhas verticais, paralelas, finas, de estresse no estroma corneano (Linhas de Vogt)
Ao se iluminar a córnea temporal no Ceratocone, pode ser observado um reflexo cônico na córnea nasal (Sinal de Rizzutti).
Nos estágios avançados, ao olhar para baixo a córnea projeta a pálpebra para frente e para baixo (sinal de Munson). A progressão pode levar ao rompimento da Membrana de Descemet gerando edema corneano agudo grave, chamado hidropsia.
Degeneração marginal pelúcida
doenças ectásicas da córnea são alterações não inflamatórias que cursam com alteração da forma corneana (protrusão) gerando prejuízo funcional (baixa visão devido ao astigmatismo irregular).
é bilateral, não hereditária, caracterizada pelo afinamento corneano periférico inferior, e consequente protrusão da córnea subjacente superior, com manifestação clínica mais comum após os 20 anos.
O sinal topográfico mais comum é o astigmatismo em pata de caranguejo
Ceratoglobo
As doenças ectásicas da córnea são alterações não inflamatórias que cursam com alteração da forma corneana (protrusão) gerando prejuízo funcional (baixa visão devido ao astigmatismo irregular).
O Ceratoglobo, por sua vez, é uma condição clínica rara, bilateral, presente ao nascimento devido a falhas na embriologia, sem padrão familiar
Ao exame, a córnea apresenta-se com afinamento e protrusão difusos com aspecto globular.
O diâmetro corneano pode estar alterado. Não é progressivo, porém, resulta em fragilidade corneana, sendo recomendado a proteção ocular.
ceratite infecciosa
aguda associada ao herpes zoster
lesões na ponta do nariz (sinal de Hutchinson
O zoster oftálmico é causado pelo vírus varicela-zoster, gerando um quadro com lesões vesiculares, ulceradas e crostosas em hemiface respeitando a região do dermátomo do ramo oftálmico do nervo trigêmeo.
A presença) é indicativo de acometimento de toda a região inervada pelo ramo oftálmico, podendo-se deduzir que também apresentará lesões corneanas ipsilaterais.
O tratamento do Herpes Zóster Oftálmico deve ser feito com antiviral sistêmico, instituído de forma mais precoce possível (preferência nas primeiras 72h de início dos sintomas) e mantido por 7 a 10 dias com a dose dobrada em relação ao tratamento do Herpes Simples, seguindo as doses descritas na tabela abaixo.
sendo o necessário de apenas 7 a 10 dias pelo livro Livro Doenças externas oculares e Córnea, coleção CBO.
Fanciclovir é de 250 mg 3x/dia
Valaciclovir 1000 mg por tomada, três vezes ao dia, por sete dias
lembrando que para o Zoster Oftálmico a dose é dobrada com valor correto de 800 mg 5x/dia.
O aspecto da ceratite por herpes zoster é de lesões vesiculares confluentes formando uma ceratite epitelial com pseudo-dendritos, dada a ausência de bulbos terminais
ceratite infecciosa
Após trauma com corpo estranho vegetal,
ceratite infecciosa de evolução lenta, com aumento progressivo na intensidade dos sintomas
O exame biomicroscópico da córnea evidencia um infiltrado central maior com bordas “hifadas”, além de infiltrados satélites menores.
descreve uma ceratite infecciosa sugestiva de fungos filamentosos
considerando os fungos filamentosos, o mais comum é o Fusarium sp., seguido por Aspergillus sp., Penicillium sp. e Scedosporium sp.
Conjuntivite por Zika
Conjuntivite não purulenta
O Zika vírus é um vírus com RNA pertencente à família Flaviviridae, gênero Flavivírus, transmitido através da picada do mosquito Aedes aegypti e Aedes albopictus.
Os humanos e outros primatas são os maiores reservatórios, sendo descrito a transmissão sexual e materno-fetal.
A forma congênita da infecção pode apresentar-se de forma grave com lesão cerebral, ocular e do sistema nervoso central. Tem sido muito associado a microcefalia e anormalidades cranianas. Ao exame físico, o paciente pode apresentar contraturas congênitas e hipertonia com envolvimento extrapiramidal.
Na fundoscopia pode apresentar cicatriz macular e alteração pigmentar focal retiniana.
Na forma não-congênita o mais descrito é a apresentação na forma de conjuntivite não purulenta e rash maculopapular cutâneo.
Podendo apresentar também: uveíte anterior não granulomatosa, coriorretinite multifocal não necrotizante, uveíte posterior com vitreíte, neurorretinite e maculopatia em alvo aguda.
O diagnóstico é clínico e auxiliado com a sorologia viral específica para Zika (IgM e IgG). O tratamento é sintomático de acordo com a apresentação, para controle dos sintomas e manutenção dos sinais vitais nas formas graves.
Lesões córneanas durante o parto
O trauma durante o parto (ou tocotrauma) pode gerar estrias verticais ou oblíquas no estroma posterior da córnea com edema progressivo nos primeiros dias após o nascimento.
Essa ruptura geralmente cicatriza resultando em linhas de fibrose na membrana de descemet, geralmente associada a ambliopia e alto astigmatismo, no qual o meridiano mais curvo é paralelo as estrias.
Um dos diagnósticos diferenciais é o Glaucoma congênito, que cursa com aumento da PIO e estrias de Haab (que são horizontais, diferentemente das geradas no tocotrauma), além da diferença na direção das estrias, nos casos de tocotrauma não há aumento de PIO.
Segundo o livro de Córnea, 4ª Edição, Mannis and Holland (Antigo Krachmer) apresenta-se geralmente unilateral e com maior frequência nos olhos esquerdos devido a apresentação do feto mais comum ser a posição occipito-anterior esquerda.