Cirrose hepática e suas complicações Flashcards
Fisiopatologia da Fibrose hepática
Agressão crônica ao fígado ➡ modificação funcional da célula estrelada quiescente, que fica no espaço de Disse ➡ ativação de tais células ➡ iniciam a produção de fibrose ➡ perda das fenestras nos sinusoides hepáticos ➡ sem interação direta entre hepatócito e sangue proveniente do sinusoide ➡ retração do espaço de Disse ➡ aumento da pressão dentro do sinusoide ➡ pressão é transmitida para a veia porta retrogradamente
Traves de fibrose desfuncionantes (hepatócitos ficam cercados por fibrose) ➡ disfunção do hepatócito ➡ tentativa de regeneração hepática frustrada (nódulo de regeneração) ➡ falha na multiplicação ➡ risco de CHC
Manifestações da hipertensão porta (4)
Varizes
Ascite
Esplenomegalia
Circulação colateral
Manifestações da insuficiência hepática (4)
Icterícia (BD)
⬇ síntese de proteínas ➡ hipoalbuminemia, coagulopatia
Encefalopatia ➡ ⬇ eliminação de toxinas
⬇ regulação hormonal ➡ ⬆ estrogênio ➡ ginecomastia, telangiectasias, eritema palmar, atrofia testicular, disfunção erétil
Como estão as transaminases na cirrose hepática?
Normais ou discretamente elevadas ➡ não há mais hepatócitos viáveis para morrer e elevar as transaminases
Classificação de Child-Pugh avalia quais critérios? (5)
Bilirrubina Encefalopatia Albumina TAP Ascite (BEATA) 5 a 15 pontos
Graus da classificação de Child-Pugh
Grau A: 5-6
Grau B: 6-9
Grau C: > 10
Classificação de MELD avalia quais critérios? (3)
Bilirrubina
INR
Creatinina
(BIC)
O transplante hepático é organizado pelo escore de Child-Pugh. V ou F?
Falso. É com o escore MELD
Causas da cirrose hepática
VIDA!
Vírus B/C
Infiltração gordurosa: álcool ou não-álcool
Depósito: cobre (Wilson) e ferro (hemocromatose)
Autoimune: colangite biliar primária, hepatite autoimune
Parâmetros laboratoriais que sugerem abuso de álcool constante (4)
⬆ GGT (persistente)
⬆ VCM
Pancitopenia
TGO > TGP
Limites seguros do consumo etílico
Homens: 21 U/sem
Mulheres: 14 U/sem
1 lata = 1.7 U
Questionário sobre abuso de ácool
CAGE
Cut-down
Annoyed
Guilty
Eye-opener
3 formas com que o álcool pode lesar o fígado
Esteatose alcoólica ➡ libação
Hepatite alcoólica ➡ libação no bebedor crônico
Cirrose alcoólica ➡ bebedor crônico
A esteatose alcoólica pode ocorrer por qualquer episódio de libação. V ou F?
Verdadeiro, mas após o cessar do consumo, é considerada reversível
Substância presente no álcool capaz de cursar com lesão hepática do tipo hepatite alcoólica
Acetaldeído
Características clínicas e laboratoriais da hepatite alcoólica (3 clínicos e 2 laboratoriais)
Febre
Icterícia
Hepatomegalia dolorosa
TGO > TGP ➡ não costuma ultrapassar de 300
Reação leucemoide (leucocitose) ➡ acetaldeído é quimiotáxico para leucócitos
Tratamento da hepatite alcoólica
Abstinência
Suporte nutricional
Se grave (índice de Maddrey > 33): prednisolona por 4 semanas
Fisiopatologia da Doença hepática gordurosa não-alcoólica
Síndrome metabólica (resistência insulínica) ➡ ⬆ [insulina] ➡ acúmulo de gordura no fígado ➡ ácidos graxos induz o hepatócito a secretar TNF-alpha e IL-6 ➡ inflamação crônica ➡ NASH
Evolução da Doença hepática gordurosa não-alcoólica
Esteatose ➡ esteato-hepatite (NASH) ➡ cirrose
Manifestações clínicas da Doença hepática gordurosa não-alcoólica
Assintomático
Pode haver dor abdominal ou ⬆ transaminases (TGP > TGO)
Diagnóstico da Doença hepática gordurosa não-alcoólica
Diagnóstico de exclusão ➡ procurar outras causas!
USG detecta a esteatose
Tratamento da Doença hepática gordurosa não-alcoólica
- Dieta + exercício físico
- Glitazona: diminui a resistência periférica
- Vitamina E: reduz radicais livres que agridem o fígado em pacientes não diabéticos
Metformina pode ser feita para diminuir a resistência insulínica na Doença hepática gordurosa não-alcoólica. V ou F?
Falso. Sem comprovação científica
Fisiopatologia da doença de Wilson
Mutação genética que atrapalha a excreção de cobre pelo fígado ➡ também ocorre ⬇ ceruloplasmina (proteína proteína transportadora plasmática) ➡ cobre passa a circular de forma livre ➡ deposição de cobre nos tecidos
Manifestações clínicas da doença de Wilson
- Doença hepática (aguda/crônica/cirrose)
- Alterações de movimento ➡ depósito de cobre nos gânglios da base
- Distúrbio psiquiátrico
- Anel de Kayser-Fleisher ➡ acúmulo ocular de cobre ➡ lâmpada de fenda
Diagnóstico da doença de Wilson
Dosar cobre urinário ou [cobre] no parênquima hepático (bx ➡ padrão-ouro)
Ceruloplasmina
Tratamento da doença de Wilson
Reposição de zinco ➡ inibe a absorção intestinal de cobre e aumento da síntese hepatica do quelante de cobre endógeno metalotioneína
Quelante de cobre: trientina
Índice de Nazer > 9 ➡ transplante
Fisiopatologia da hemocromatose
Mutação do gene HFE ➡ cursa com ⬆ absorção intestinal de ferro
Manifestações clínico-laboratoriais da hemocromatose
⬆ saturação de transferrina e ⬆ ferritina
6Hs:
-Hepatopatia
-Hiperglicemia: DM por fibrose pancreática
-Hiperpigmentação (diabetes bronzeado)
-Heart: ICC, dilatação ventricular
-Hipoandrogenismo e hiperestrogenismo: amenorreia, ⬇ libido, atrofia testicular
-Hartrose: osteoartite com deposição de pirofosfato cálcico, principalmente em MCF
Diagnóstico da hemocromatose
Teste genético (mutação C282Y)
Biópsia hepática evidenciando ⬆ ferro hepático
Tratamento da hemocromatose
- Flebotomia (sangrias) ➡ ferritina +- 50
- Evitar suplementos com ferro e vitamina C, além de ingesta excessiva de carne vermelha
- Evitar frutos do mar ➡ risco de infeção por Vibrio vulnificus
- Transplante não cura, mas só se cirrose hepática ➡ o problema é no intestino
Epidemiologia dos pacientes com colangite biliar primária
Mulheres de 40-60 anos
Fisiopatologia da colangite biliar primária
Auto-anticorpos IgM que provoca lesão imune seletiva de pequenos ductos BILIARES intra-hepáticos no espaço porta ➡ dificuldade de escoamento da bile (colestase intra-hepática) ➡ ⬆ sais biliares no hepatócito (substância tóxica) ➡ lesão crônica do hepatócito ➡ cirrose hepática
Manifestações clínico-laboratoriais da colangite biliar primária
Assintomático (maioria) Prurido (sal biliar) Fadiga Xantelasma (colesterol) Icterícia (fígado) ⬆ FA Hipercolesterolemia Deficiência de vitaminas lipossolúveis
2 doenças autoimune associadas com a colangite biliar primária
Sjogren
Tireoidite de Hashimoto
Diagnóstico da colangite biliar primária
⬆ FA
Anticorpo antimitocôndria (AMA)
Tratamento da colangite biliar primária
Ácido ursodesoxicólico ➡ sal biliar sintético não-tóxico ➡ atrasa a evolução da doença
Colestiramina ➡ prurido
Transplante
Fisiopatologia da hepatite autoimune
Agressão autoimune contra o fígado por imunoglobulina igG
Tipos de hepatite autoimune e seus autoanticorpos
Tipo 1: FAN, antimúsculo liso
Tipo 2: anti-LKM1
Tipo 3: anti-SLA
Manifestações clínicas da hepatite autoimune
Assintomáticos
Doença hepática (aguda/crônica/cirrose)
Fadiga, anorexia, icterícia, artralgia, amenorreia etc
Tratamento da hepatite autoimune
Prednisona + azatioprina
Veias que drenam para a veia porta (7)
- V. mesentérica superior ⬅ VV retais superiores e médias
- V esplênica ⬅ mesentérica inferior, VV gástricas E e D, VV gástricas curtas, V gastroepiploica,
- V umbilical (recanaliza)
Achados da hipertensão porta
Varizes esôfago-gástricas
Esplenomegalia
Varizes retais (DIFERENTE DE HEMORROIDAS)
Cabeça de medusa
Sinal de Cruveilhier-Baumgarten
Encefalopatia (toxinas sem serem metabolizadas para o SNC)
Sinal de Cruveilhier-Baumgarten (significado)
Frêmito na altura da cabeça de medusa
Todo paciente com hipertensão porta tem ascite. V ou F?
Falso. Só há ascite se o paciente também tiver hipertensão sinusoidal
Classificação da hipertensão porta
Pré-hepática
Intra-hepática: pré/sinusoidal/pós
Pós-hepática
Principais causas de hipertensão porta por doenças pré-hepáticas
Trombose de veia porta (PRINCIPAL)
Trombose de veia esplênica
Causas de trombose de veia porta
Hipercoagulabilidade (trombofilia)
Infecção de veia umbilical (população pediátrica)
CHC!!
Aco
Causa de trombose esplênica
Hipertensão porta segmentar ➡ pancreatite crônica
Principal causa de hipertensão porta por doença intra-hepática pré-sinusoidal
Extra: outra causa tradicional
Esquistossomose ➡ parasita fica nos espaços-porta
Extra: CBP na fase pré-cirrótica
Causas de ascite na esquistossomose
Quando evolui para cirrose (passa a ser sinusoidal)
Infestação grande ➡ reação granulomatosa (ovo do parasita) nas vênulas hepáticas ➡ evolui acometendo sinusoides ➡ manifestações de HP na ausência de injúria hepatocelular importante
Principal causa de hipertensão porta por doença intra-hepática sinusoidal
Cirrose
Principal causa de hipertensão porta por doença intra-hepática pós-sinusoidal
Doença veno-oclusiva hepática➡ oclusão da veia centrolobular por deposição de matriz de fibronectina ➡ observada na doença enxerto-hospedeiro, doença do chá da jamaica
Principais causas de hipertensão porta por doenças pós-hepáticas (4)
ICC
Pericardite constrictiva
Síndrome de Budd-Chiari ➡ trombose da veia hepática
Obstrução de veia cava ➡ trombose, neoplasia
Diagnóstico de hipertensão porta
US com Doppler ➡ avalia calibre da porta (>12 mm) e da esplênica (> 9 mm), fluxo hepatofugal
Elastografia >= 15-21 kPa
Gradiente pressórico entre porta e VCI > 5 ➡ exame invasivo, não utilizado ➡ cateterização da veia hepática após punção da jugular interna
Abordagem das varizes no cenário 1: nunca sangrou (Profilaxia primária)
Rastrear varizes:
- Paciente sem varizes ➡ EDA a cada 2-3 anos
- Paciente com varizes de pequeno calibre sem sinais de risco ➡ EDA anualmente
- Paciente com varizes de alto risco ou de médio/grande calibre ou CHILD B ou C ➡ PROFILAXIA PRIMÁRIA
Profilaxia primária:
a) BB: propranolol (dose máxima que o paciente tolerar) !!OU!!
b) Ligadura elástica por EDA
Características de varizes de alto risco para sangramento
Calibre médio >= 5 mm / grosso > 20
Cherry-red spots
CHILD B e C
Gradiente de pressão venosa hepática (HVPG) > 12 mmHg
Abordagem das varizes no cenário 2: está sangrando
-Estabilização hemodinâmica
-Cristaloides
-Prazol (pode ser úlcera)
-Terlipressina/octreotide ➡ vasoconstrictores esplâncnicos
-Profilaxia de PBE ➡ ceftriaxona
+- Plasma fresco se INR > 1.7
+- Hemácias se Hb < 7
+- Plaquetas < 50.000
+- IOT se rebaixamento do nível de consciência
Endoscopia: ligadura elástica (escolha para varizes esofágicas) preferencialmente nas 1as 12 horas
Terapêutica para varizes gástricas
Cianoacrilato
Quando paciente for refratário ao tratamento de escolha para HDA por varizes esofagogástricas
Balão (Sengstaken-Blakemore) por 24-36 horas até paciente se apresentar hemodinamicamente estável para fazer o procedimento cirúrgico/endoscópico
Quando paciente é refratário ao balão no tratamento de HDA por varizes esofagogástricas
TIPS (shunt portossintêmico intra-hepático transjugular)
Vantagem do TIPS
“ponte” para o transplante ➡ não impede a cirurgia