Acidentes por animais peçonhentos Flashcards
Distribuição geográfica das serpentes brasileiras de importância médica
(1) Botrópicos (jararaca) -> 90% dos acidentes
I. Bothrops atrox -> norte
II. Bothrops erythromelas -> interior nordeste
III. Bothrops neuwiedi -> interiorsul, sudeste, centro-oeste e nordeste
IV. Bothrops jararaca -> litorais do sul, sudeste e nordeste
(2) Crotálicos (cascavel): campos abertos, áreas secas, arenosas e pedregosas
(3) Laquéticos (surucucu): áreas florestais como amazônia, mata atlântica e algumas enclaves de matas úmidas do nordeste.
(4) Elapídicos (coral verdadeira): todo o território
Ações do veneno dos botrópicos (jararaca) e repercussão clínica
(1) Ação Proteolítica: edema, bolhas e necrose
(2) Ação coagulante: ativa fator X, protrombina e trombina: coagulopatia por consumo -> CIVD-smile
(3) Ação hemorrágica: ação das hemorraginas -> lesões na membrana basal dos capilares + plaquetopenia e alterações da coagulação -> sangramentos
Classificação dos acidentes por botrópicos (jararaca)
(1) Leve: Dor e edema local pouco intenso ou ausente
(2) Moderado: Dor e edema evidente que ultrapassa o segmento anatômico picado
(3) Grave: Edema local endurado intenso e extenso, podendo atingir todo o membro picado ou manifestações sistêmicas presentes:
I. Hipotensão arterial
II. Choque
III. Oligoanúria
IV. Hemorragias intensas
Conduta em acidentes por botrópicos (jararaca)
A. INESPECÍFICO
(1) Manter elevado e estendido o segmento picado;
(2) Analgésicos
(3) Hidratação
(4) Antibioticoterapia se evidência de infecção: Clindamicina + Gentamicina
B. ESPECÍFICO
I. Soro antibotrópico (SAB) EV conforme gravidade:
a) Leve = 2-4
b) Moderada = 4-8
c) Grave = 12
d) Se TAP alterado após 24h -> + 2 amps de SAB
II. Fasciotomia, se síndrome de compartimento + transfusão de hemocomponentes [se distúrbio da hemostasia]
III. Debridamento de áreas necrosadas
IV. Drenagem de abscessos
Ações do veneno dos crotálicos (cascavel) e repercussão clínica
(1) Neurotóxica: Crotoxina -> inibe a liberação de acetilcolina -> bloqueio neuromuscular -> paralisias motoras (fáscies miastênica) e parestesias
(2) Miotóxica: rabdomiólise [mialgia] -> enzimas e mioglobina no soro e urina escura [mioglobinúria]-> dano renal
(3) Coagulante: ativação da trombina -> hemorragia discreta ou ausente
Classificação dos acidentes por botrópicos (jararaca)
(1) Leve: neurotoxicidade leve e tardia, mialgia discreta e sem alteração de urina
(2) Moderado: neurotoxicidade discreta e precoce, mialgia discreta e urina pouco alterada
(3) Grave: neurotoxicidade evidente e intensa, mialgia intensa e generalização e urina escura
Tratamento em acidentes por crotálicos (cascavel)
A. ESPECÍFICO
(1) Soro anticrotálico (SAC) EV conforme gravidade:
a) Leve: 5 amps
b) Moderada: 10 amps
c) Grave: 20 amps
B. GERAL
(2) Prevenir IRa: fluxo urinário -> 1 ml a 2 ml/kg/h=criança; 30 a 40 ml/h=adulto
I. HIDRATAÇÃO abundante
II. Solução de manitol a 20% (5 ml/kg=criança;100 ml=adulto)
III. Oligúria persistente -> furosemida EV (1 mg/kg/dose=criança; 40mg/dose=adulto).
(3) Bicarbonato de sódio [manter pH urinário > 6,5]
Ações do veneno dos Laquéticos (surucucu) e repercussão clínica
(1) Proteolítica: dor, edema e necrose cutânea
(2) Coagulante
(3) Hemorrágica: limitado ao local da picada
(4) Neurotóxica: sindrome vagal -> hipotensão, tonturas, bradicardia e diarreia (DDx do acidente por botrópico)
Tratamento em acidentes por Laquéticos (surucucu)
Soro antilaquético (SAL), ou antibotrópico-laquético (SABL), 10-20 amps EV
Ações do veneno dos crotálicos Elapídicos (coral verdadeira) e repercussão clínica
(1) Neurotoxinas de ação pós-sináptica: antagonistas da acetilcolina (Ach) nos receptores N da junção neuromuscular -> Dor + parestesias com progressão proximal rapidamente + fraqueza muscular progressiva
(2) Neurotoxinas de ação pré-sináptica: bloqueia liberação de Ach
Tratamento em acidentes por crotálicos Elapídicos (coral verdadeira)
(1) Soro antielapídico (SAE) 10 amps EV
(2) Se IRa e apnéia:
I. Suporte ventilatório
II. Atropina primeiro
III. Anticolinesterásicos (neostigmina) Depois
Principais espécies de escorpião causadora de acidentes e localização geográfica
(1) Tityus serrulatus (escorpião-amarelo): Sul, sudeste, Goiás e Bahia [mais grave]
(2) Tityus bahiensis (marrom-escuro): Sul, sudeste e Mato Grosso do Sul
(3) Tityus stigmurus (amarelo-escuro): Nordeste
(4) Tityus cambridgei (negro): região amazônica
(5) Tityus metuendus (vermelho-escuro): Amazonas, Acre e Pará
Ações do veneno de escorpião
(1) Dor local
(2) Altera canais de sódio -> despolarização das terminações nervosas pós-ganglionares -> liberação de catecolaminas e acetilcolina -> DISAUTONOMIA
(3) Miotoxica: rabdomiólise
Quadro clínico de acidente por escorpião
(1) Dor local +/- parestesias.
(2) Em minutos até poucas horas -> manifestações sistêmicas:
I. Gerais: hipo ou hipertermia e sudorese profusa.
II. Digestivas: náuseas, vômitos, sialorréia
III. Cardiovasculares: arritmias cardíacas, hipertensão ou hipotensão arterial, ICC e choque.
IV. Respiratórias: taquidispneia e EAP
V. Neurológicas: agitação, sonolência, confusão mental, hipertonia e tremores.
Fatores que influem no prognóstico de acidente por escorpião
(1) Diagnóstico precoce
(2) Tempo decorrido entre a picada e a administração do soro
(3) Manutenção das funções vitais.